Pokémon - Laço Eterno escrita por Benihime


Capítulo 10
Elos




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— Ei, Caly!

Calista parou de andar ao ouvir a familiar voz masculina que a chamava. Antes que a jovem kantoniana pudesse se virar, Ash se aproximou por trás de sua irmã mais velha e passou um braço por seus ombros.

— Ei! — A morena protestou, rindo. — Sai pra lá, seu garoto bobo!

— Então admita. — O rapaz rebateu maliciosamente. — Admita que eu sou o máximo e o Gary é um babaca.

Calista encarou seu irmão com uma sobrancelha erguida, seus olhos verdes ainda brilhando de malícia.

— O que o Gary tem a ver com isso, pirralho?

— Nada. — Ash admitiu com uma gargalhada. — Eu só quero te ouvir admitir isso.

— Seu bobalhão! — Calista exclamou jocosamente, se virando para dar em seu irmão um empurrãozinho sem força. — O babaca aqui é você, garoto.

— Há! Boa, Caly! — Os dois ouviram Gary dizer, rindo. — Toma essa, Ashzinho!

Um olhar rápido da nova Rainha de Kalos foi o bastante para fazer com que Ash a soltasse. Ela então se aproximou de seu noivo. Sua expressão neutra era completamente gelada e ilegível, mas o neto do professor Carvalho viu raiva e frustração ardendo em fogo lento nas profundezas daqueles olhos cor de esmeralda. Ela com certeza não esquecera a discussão que tiveram mais cedo.

— Retiro o que eu disse. — Calista declarou friamente. — O Ash não é o babaca aqui hoje.

— É ... — Gary corou, passando uma das mãos pelos cabelos já desalinhados. — Sobre isso ... Preciso mesmo falar com você. Podemos ... ?

— Não. —  A jovem interrompeu. — Não agora, pelo menos. Preciso ir.

— Pensei que você fosse assistir aos fogos de encerramento conosco, Lina.

A profunda voz masculina fez Calista se virar, e seu rosto relaxou em um sorriso ao ver Samuel Carvalho se aproximando, acompanhado por Dehlia.

— Eu adoraria, professor, mas não posso. — A morena respondeu, seu tom agora muito mais caloroso. — Prometi me encontrar com um amigo. Sinto muito.

— Isso é interessante. — Ash riu zombeteiramente. — Posso perguntar que "amigo" é esse, mana?

— Ash, deixe a sua irmã em paz! — Dehlia repreendeu. — Não seja curioso, menino.

— Está tudo bem, mãe. — A Rainha de Kalos disse, abrindo um sorriso malicioso. — É Steven Stone. Ele me convidou hoje mais cedo. Satisfeito agora, Ash?

— Muito! — O rapaz exclamou alegremente. — Que competição! Se deu mal, Gary!

— Cale essa boca, Ash!

— Meninos, já chega! — O professor Carvalho ordenou. — Nada de criancices hoje. Especialmente você, Gary. Não me envergonhe, rapaz.

— 'Tá bem. — Gary cedeu com um suspiro. — Desculpe, vovô.

— Tudo bem, agora preciso ir. — Calista declarou. — Meu amigo está me esperando.

Gary relaxou com a óbvia ênfase na palavra "amigo", dirigindo à sua noiva um sorriso relutante enquanto ela se afastava. Mal deu alguns passos, Calista ouviu o toque de seu celular. Sem parar de andar, ela o pegou e conferiu a nova mensagem. Era de Cynthia.

Vai mesmo aceitar o convite do Steve?

Vou sim. A jovem respondeu, seus dedos digitando agilmente. Indo encontrá-lo agora.

Certo. Nos vemos lá.

Você decidiu ir?!

Digamos que sim. Quem mais vai ficar de olho no idiota do meu irmão?

Eu.

Boa tentativa. Mas aposto que Hitoshi acabaria com você.

Você é má, loira. A morena não conseguiu conter um sorriso. Te vejo daqui a pouco.

Ainda sorrindo, a jovem deslizou o celular para dentro de sua bolsa e apressou o passo.

O corredor que levava à saída lateral indicada por Steven estava completamente deserto. Calista aproveitou a oportunidade, passando as mãos por seus cabelos sempre rebeldes na tentativa de domá-los, considerando se deveria prendê-los no seu habitual rabo de cavalo.

— Eu não me preocuparia com isso. — Uma voz feminina declarou calorosamente. — Seus cachos são lindos. E combinam com você.

Apesar do tom leve e brincalhão daquela voz, a irmã de Ash pulou de susto, o que fez com que sua interlocutora misteriosa desse uma risadinha.

— Diantha! — A irmã de Ash exclamou. — Mas o que ...?

— Desculpe se a assustei. — Diantha disse delicadamente. — Não foi minha intenção.

Claro que não. Calista pensou ironicamente. Por isso mesmo a atriz resolvera esperá-la após uma curva do corredor, de onde só seria vista quando já estivessem praticamente frente a frente.

— Você não me assustou. — A Rainha de Kalos garantiu polidamente. — Mas como soube onde me encontrar? Ninguém sequer sabia que eu viria assistir às finais da Liga. Foi uma decisão de último momento.

— Steven. — A atriz explicou simplesmente. — Sinto muito se foi intromissão de minha parte, mas não pude evitar. Não depois de vê-lo falando com você durante o intervalo. Tive de convencê-lo de que deveria ser eu a vir encontrá-la.

Aquela declaração inesperada pegou Calista completamente de surpresa. Ao encarar a atriz, a morena reparou em um detalhe: aqueles cabelos castanhos, presos em uma delicada trança lateral, estavam enfeitados por uma rosa branca. Uma flor que a irmã de Ash reconheceu imediatamente.

— Você me mandou a coroa de flores! — A treinadora kantoniana percebeu, incrédula.

— Sim. — Diantha confirmou, abrindo um sorriso tão reluzente quanto o próprio sol. — Pense nisso como uma oferta de paz.

— Eu não entendo. — Calista balançou a cabeça, cada vez mais confusa. — O que isso quer dizer?

— Ora, vamos, Calista, não me diga que não se lembra.

— Você não ... — A nova Rainha de Kalos encarou a ex campeã, seus olhos se arregalando ao compreender. — Isso não é sobre quando a desafiei, é?

— Claro que sim. — A atriz kalosiana declarou. — Eu a tenho observado, Calista, e você não é a mulher que pensei que fosse. Ter recusado seu desafio naquela época foi um tremendo erro de minha parte. Eu precisava consertar as coisas de algum modo.

— Isso foi há dois anos, Diantha. — Calista rebateu, desconfiada. — Por que não me disse isso na época?

— Não tive a chance. — Diantha confessou. — Eu tentei mas, quando finalmente tive tempo de encontrá-la, você já havia deixado Kalos. Honestamente, fiquei bastante desapontada. Eu queria ter esclarecido as coisas antes que você partisse.

Calista ficou sem palavras por um breve momento, pega de surpresa, mas enfim se rendeu a um sorriso.

— Como eu disse, isso foi há dois anos. O passado que fique no passado. — Ela declarou gentilmente. — Sem ressentimentos.

Diantha não teve tempo de responder, pois passos apressados soaram no corredor, se aproximando cada vez mais.

— Era Calista, eu juro. — Uma garota dizia animadamente. — Eu a vi vindo por aqui, tenho certeza!

A irmã de Ash praticamente congelou. Não queria ter que lidar com fãs, não naquele momento. Não antes de ter certeza absoluta de que não seria vítima de um ataque da mídia.

— Venha comigo. — Diantha ordenou. — Rápido.

A jovem não teve opções a não ser obedecer, e se viu levada para uma sala vazia. Era uma sala de treinamento virtual, equipada para simulações de batalha. Grandes telas cobriam a parede mais distante, e várias poltronas se encontravam em frente a elas. Óculos de realidade virtual descansavam no encosto de cada assento, mas fora isso o lugar estava às escuras e deserto.

— Obrigada. — A jovem disse, sua voz mal um sussurro.

— Disponha. — Diantha respondeu gentilmente. — Você está bem?

— Estou. Eu só não quero encarar o público agora. Aposto que a maioria ainda apoia Aria.

— E tem razão sobre isso. — A atriz declarou, acomodando-se graciosamente em uma das poltronas. — Onde há talento, sempre haverá alguém disposto a tentar ofuscá-lo. É assim que funciona, infelizmente.

— Acho que ninguém saberia disso melhor do que você, não é?

O comentário de Calista lhe ganhou um sorriso conspiratório. A jovem relaxou, acomodando-se na poltrona ao lado da de Diantha. As duas mulheres puderam ouvir as vozes no corredor, meninas envolvidas em uma discussão acalorada. Isso fez com que a performer kantoniana ficasse tensa mais uma vez.

— Não se preocupe. — Diantha disse gentilmente. — Elas não vão pensar em procurar aqui. Só precisamos esperar.

— Como pode ter tanta certeza?

— Prática, meu bem. Anos e anos de prática.

A morena se rendeu a uma risada. É claro que, sendo Diantha uma atriz mundialmente famosa, já havia tido sua cota de problemas com o público. Ninguém teria tanta experiência quanto aquela mulher. Estava em boas mãos naquele momento.

— Como você faz isso? — A irmã de Ash inquiriu. — A forma como você lida com a fama ... Quase faz tudo isso parecer fácil.

— É como eu já disse: prática. — Foi a resposta, seguida por uma risadinha. —Exatamente como você. Suas performances são as mais inspiradoras que já vi em muito tempo, e você as faz parecer a coisa mais fácil do mundo.

— Mas é fácil. — Calista respondeu, corando pelo fato de alguém como Diantha elogiar seu trabalho. — Só precisamos dançar. Aposto como atuar é muito mais difícil.

— Nem tanto. — A atriz declarou, dando de ombros delicadamente. — Na verdade, acho que é bem semelhante a uma performance. A única diferença é que eu só preciso me preocupar com as câmeras.

— Mas você é famosa. A pressão não é muito maior?

— De certa forma. — Diantha admitiu casualmente. — A não ser que eu esteja muito enganada, você descobrirá em breve.

— Realmente espero que não. — Calista confessou. — Quando entrei na competição, eu não tinha pensado nisso. No que acontece depois. Não quero ser famosa. Nunca quis, na verdade.

— Às vezes não é sobre o que queremos. — A ex campeã de Kalos a lembrou. — Você não acredita em destino, Calista?

— Eu não sei. E você, acredita?

— Talvez. — A atriz respondeu pensativamente. — Me diga ... Como conseguiu fazer aquele dragão de fumaça?

— Estou surpresa com essa pergunta, vinda de você. — A nova Rainha de Kalos provocou, aliviada com a mudança de assunto. — Quer dizer, você tem uma Gardevoir no seu time. Pensei que reconheceria nosso truque imediatamente.

A jovem não pôde deixar de sorrir ante a expressão confusa da ex campeã.

— Minha Vivillon também tem poderes psíquicos. — Calista explicou. — É assim que ela controla as chamas e a fumaça. Por isso mencionei Gardevoir. Tenho certeza de que ela conseguiria fazer algo parecido.

— Impressionante. Eu não sabia que era possível para uma Vivillon ter poderes psíquicos.

— Nem eu. Até onde sei, Demetria é única.

— Oh, sim. Augustine me disse que você tem um dom para encontrar pokemon raros.

A irmã de Ash corou. Augustine Sycamore havia sido o amigo que a ajudara a regatar Demetria na floresta de Santalune, e também quem lhe dera sua Charizardite Y. As semanas em que trabalharam juntos, logo que a morena chegara a Kalos, seriam algo que não esqueceria facilmente.

Antes que algo mais pudesse ser dito, Calista recebeu outra mensagem. Ela checou rapidamente.

Steven já chegou há séculos. Onde você está?

Me escondendo. A morena digitou em resposta. Alguém me viu saindo e resolveram me seguir. Vamos chegar assim que pudermos.

No plural?

Diantha está comigo. Ela me ajudou a escapar dos tubarões. Sério, essa mulher é minha nova heroína.

Que seja. A loira respondeu, e Calista sorriu. Podia imaginar a expressão irritada de sua amiga. Tentem não demorar muito.

— Deixe-me adivinhar. — Havia uma nota de malícia na voz de Diantha, uma leve sugestão de riso na posição daqueles lábios pintados de escarlate. — Cynthia. E ela está preocupada, querendo saber por que você está demorando tanto.

— Uau, você é boa. — A rainha de Kalos respondeu, levemente impressionada. — Como adivinhou?

— Eu vi vocês duas juntas durante as finais. Me pareceram bastante próximas, daí minha suposição.

— Oh! — A morena corou, pensando nos comentários ácidos de Cynthia sobre atriz kalosiana. — Sim, é verdade.

Diantha pareceu ter compreendido exatamente o motivo da hesitação da jovem, mas não fez comentários. Simplesmente se pôs de pé e foi até a porta.

— Creio que o caminho está limpo agora. — A atriz declarou. — Você vem?

Calista assentiu, seguindo a ex campeã de volta ao corredor, permitindo que ela lhe mostrasse o caminho. Sua opinião sobre aquela mulher mudara rapidamente, no espaço dos breves minutos em que estiveram conversando. Não havia nela nem sequer um traço da arrogância que se esperaria encontrar em uma estrela de cinema mundialmente famosa, apenas gentileza, charme e honestidade, numa personalidade solar que atraía pessoas como mel atrairia Combees. Era praticamente impossível não gostar daquela mulher.

As duas mulheres deixaram o estádio, sempre caminhando em silêncio. Atingiram, enfim, a base de uma colina. A silhueta de um gazebo podia ser vista no alto, recortada contra o céu noturno.

Ao atingirem o topo, ficou claro que não se tratava de um gazebo, mas sim de uma antiga arena a céu aberto. Arquibancadas de pedra cercavam a estrutura, dando-lhe um ar de altivez. Era como se o lugar estivesse parado no tempo. Mais adiante, a luz de chamas brilhava no que parecia ser uma enorme tocha.

— Que lugar é esse? — Calista inquiriu, impressionada.

— O antigo estádio da Liga de Kalos. — Diantha respondeu. — É lindo, não acha?

— Sim, é. Parece saído de um livro de história.

A ex campeã pareceu gostar daquele comentário. Conforme se aproximavam do círculo de luz emitido pelas chamas, Calista ofegou. Lá, sentado casualmente nas arquibancadas de pedra, com a capa negra displicentemente jogada por sobre os ombros e os cabelos ruivos rutilando como o fogo, estava um homem que ela conhecia muitíssimo bem.

Ele se interrompeu no meio de uma frase, seus olhos castanhos se fixando em Calista. O Dragonite, que estava ao lado de seu mestre, também a encarou. Ambos pareceram igualmente surpresos. Momentos depois o ruivo pulou de pé, abrindo um enorme sorriso.

Chiisairyu! — Ele exclamou. — Não acredito que é você!

A irmã de Ash deu uma risadinha, sorrindo para o campeão da Liga Índigo. Tanto tempo havia se passado, e mesmo assim ele obviamente não mudara nem um pouco.

— Olá, Master Lance. — Ela disse calorosamente. — É bom revê-lo.

Ante que Lance pudesse sequer se mover, seu Dragonite soltou um rugido e voou ao encontro de Calista, arrebatando-a do chão ao abraçá-la.

— Ei! — A jovem riu. — Me solte, seu brutamontes!

O campeão da Liga Índigo riu alto ao ver Dragonite obedecer imediatamente, parecendo envergonhado. Assim que ele a pôs no chão, a morena jogou os braços ao redor do Pokemon Dragão num abraço apertado.

— Você não tem jeito, Dragonite. — Ela declarou carinhosamente. — Seu dragão brutamontes bobalhão.

— Já faz muito tempo. Aposto como Dragonite estava com saudades. — Lance provocou. — Além do mais, ele sempre teve uma quedinha por você.

— Muito engraçado. — A jovem revirou os olhos ironicamente. — Também senti falta de vocês. É muito, muito bom revê-los.

— Você não se cansa de me surpreender, Cal. — Cynthia, sentada junto à Garchomp um pouco mais acima nas arquibancadas, comentou jocosamente. — Desde quando você e Lance se conhecem?

— Bem ... Há muito, muito tempo. Master Lance foi meu professor. — A morena confessou. — Ele me ensinou tudo o que sei.

— Explica por que você ainda não conseguiu me vencer. — A loira declarou, lançando um sorriso malicioso para o campeão ruivo.

— Muito engraçado, Cynthia. — Lance rebateu acidamente, indo em defesa de sua antiga aluna. — Que eu me lembre, nossa última batalha culminou em vitória para mim.

— Porque nós permitimos. — A loira respondeu com petulância, seus olhos brilhando travessamente.

— Você não tem jeito, Cynth. — Steven declarou, balançando a cabeça em reprovação. — Continua a mesma sonsa arrogante de sempre.

— Falou o Príncipe de Hoenn em pessoa.

— Já chega. — Um homem mais velho, com longos cabelos ruivos cheios de mechas grisalhas, declarou. — Deixem essas briguinhas para depois.

— Alder tem razão. — Lance concordou. — Falando nisso ... Onde está o seu irmão, Cynthia? Ele já deveria estar aqui.

— Hitoshi teve um problema de último minuto. — A loira respondeu. — Ele não vai demorar.

— Falando de mim, nee-chan?

— Ah, sim, ela estava. — Steven respondeu antes que Cynthia pudesse articular sequer uma sílaba. — Cynthia estava dizendo que você não chegaria na hora nem que sua vida dependesse disso.

— Steven! — A campeã de Sinnoh exclamou em reprovação.

O campeão de Hoenn simplesmente riu. Hitoshi e a irmã trocaram um rápido olhar enquanto o jovem se acomodava ao seu lado. Calista não deixou de perceber a expressão irritada da loira. Ela ainda estava com raiva pelo que acontecera na batalha final da Liga.

A irmã de Ash acabou sentada entre Lance e Diantha. O ruivo logo deu um jeito de monopolizar sua atenção, querendo saber o que acontecera com sua aluna desde que seguiram caminhos separados. Calista se rendeu, sabendo que não adiantava tentar discutir com o mestre do tipo Dragão.

Conversas permeavam o grupo. Alder, Hitoshi e Steven riam de alguma piada qualquer contada por Diantha, enquanto Calista e Lance se atualizavam sobre o que acontecera em suas vidas durante aqueles anos. A única que permanecia calada era Cynthia. Calista não precisava conhecê-la tão bem para saber o motivo daquele comportamento.

— Ei, nee-chan, que tal uma batalha? — Hitoshi desafiou de repente, correndo até o centro da antiga arena. — Vamos lá, eu te desafio!

— Se começarmos a batalhar, vamos perder os fogos.

— Não seja estraga prazeres. — O garoto rebateu. — Ainda temos mais de uma hora.

— Está bem, garoto. — A loira se rendeu com um suspiro de frustração. — Que tipo de batalha?

— Um contra um. — O jovem respondeu, cheio de arrogância. — Sem chance de troca e sem limite de tempo.

— Aceito o desafio. Pode fazer o primeiro movimento.

— Já está me dando vantagem, nee-chan? Desistindo tão cedo?

— Não. — Cynthia rebateu acidamente enquanto ela e o irmão assumiam posições na antiga arena. — Só estou lhe dando uma chance de não ser massacrado.

— Não fale cedo demais. Vamos nessa, Charizard!

— Togekiss, dança de batalha!

Hitoshi ergueu uma sobrancelha ao ver o pássaro branco, num gesto de provocação, deixando claro que ainda achava que Cynthia estava entregando a batalha. Ela sabia muito bem que seu Charizard podia lidar com tipos Fada, fora idiota em escolher Togekiss.

— Asa de Aço. — O novo campeão de Kalos ordenou.

— Desvie com Velocidade Extrema.

Togekiss pareceu ficar invisível, reaparecendo de repente e investindo contra Charizard, atingindo o Pokemon Chama por trás com toda a força.

— Derrube essa galinha branca com Soco Trovoada!

— Evasiva!

O pássaro branco desviou graciosamente com uma pirueta, voando para fora de alcance. Charizard, porém, foi em seu encalço. Os dois pokemon do tipo Voador lutavam com incrível velocidade, parecendo quase dançar no céu noturno, sem porém serem capazes de atingir um ao outro.

— Afaste-o com Esfera de Aura. — Cynthia ordenou.

— Desvie! Lança Chamas agora!

Togekiss se deixou atingir pelo Lança Chamas, o que apenas serviu para ganhar tempo. Uma esfera azul cortou as as chamas de repente, dividindo o ataque flamejante ao meio e atingindo Charizard direto no peito. Hitoshi xingou em voz baixa. Tinha esquecido que aquele ataque jamais errava.

— Charizard, use Asa de Aço!

— Evasiva com Velocidade Extrema.

Mais uma vez Togekiss desapareceu em pleno ar, investindo contra Charizard por trás momentos depois, acertando-o com força suficiente para fazer o oponente recuar alguns metros.

— Soco Trovoada! Pegue ele, Charizard!

— Corte Aéreo.

As afiadas lâminas de ar lançadas pelas asas de Togekiss fizeram Charizard vacilar, incapaz de prosseguir com seu ataque. Hitoshi ordenou que seu pokemon usasse Lança Chamas mais uma vez. O adversário, porém, evitou o ataque voando baixo, lançando mais uma Esfera de Aura em retaliação. O golpe atingiu Charizard na barriga com tanta força que o pokemon fez uma pirueta no ar.

— Agora, Charizard, use Asa de Aço de novo!

— Onda de Choque com força total! Mostre a eles, Togekiss!

Cada pena do fofo corpo branco do Pokemon Jubileu se eriçou devido à eletricidade. O ar à sua volta crepitou, e então Togekiss liberou uma onda de raios que atingiu Charizard em cheio por todos os lados, fazendo-o rugir de dor. Antes que Hitoshi e seu pokemon pudessem contra atacar, Cynthia encerrou a batalha com mais um Velocidade Extrema que levou o oponente ao chão.

— E a vitória é minha. — A loira declarou. — Grande batalha, Togekiss.

O pokemon chilreou alegremente ao pousar ao lado de sua treinadora, esfregando seu rosto contra o dela. Cynthia sorriu e lhe acariciou a cabeça plumosa carinhosamente.

— Isso não valeu! — Hitoshi protestou, corando de fúria. — Quero uma revanche!

— Você já teve sua chance, irmãozinho. Não seja um mau perdedor.

E, dizendo isso, a loira voltou-lhe as costas e se dirigiu novamente para seu lugar ao lado de Garchomp.

— Essa batalha de vocês me deu uma ideia. — Lance declarou animadamente. — Que tal um torneio?

— Um torneio total? — Steven perguntou, interessado.

— Não, isso demoraria demais. Especialmente em se tratando de você e Cynthia. Estou falando de batalhas um contra um.

— Parece interessante. — Diantha aprovou com um largo sorriso. — Conte comigo.

— Certo. — Steven anuiu. — Estamos nessa também.

— Estou dentro! — Alder exclamou, animado.

— Ótimo. E, já que a ideia foi minha, é justo que a próxima batalha também seja. Todos concordam?

O grupo assentiu. Os olhos de Lance brilharam ainda mais, assumindo uma expressão travessa que Calista havia aprendido a temer.

— Muito bem, então. — O campeão da Liga Índigo sorriu. — Calista, eu desafio você.

A jovem apenas o encarou, boquiaberta. Não podia acreditar que Lance havia dito aquilo. Na verdade, acreditava sim. Era a cara dele fazer uma coisa daquelas.

— Eu ... Eu não posso. Sinto muito, Master Lance.

— Ora essa! — O ruivo exclamou, surpreso com a recusa. — Vamos, Caly, simplesmente aceite.

— Não posso.

— E por que não?

— Faz muito tempo. — A morena explicou, corando. — Eu ... Não sou mais a treinadora de que você se lembra. Estou destreinada. Não quero desapontá-lo.

— Vá em frente, Cal. — Cynthia instou. — Você é ótima. Além do mais, Lance não vai desistir até conseguir o que quer.

— Cynthia tem razão, chiisai.

— Está bem, está bem. — A irmã de Ash cedeu com um suspiro resignado. — Aceito seu desafio.

E, com o coração aos pulos, a jovem assumiu sua posição na arena. Lance lhe lançou aquele sorriso de garoto travesso que, no passado, costumava acalmar todos os seus temores.

Mas não funcionou naquela noite. O máximo que Calista podia fazer era esperar que seu antigo professor não notasse suas mãos trêmulas quando a batalha começasse.


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