A Bruxa Forasteira escrita por Lilien


Capítulo 2
2 — Prison Break


Notas iniciais do capítulo

* 1.000.000 ienes em é muito, e eu até posso considerar isso um exagero meu. Se supor que os dois últimos zeros do valor equivalem aos "centavos", este seria aproximadamente o equivalente em dólares: 10.000,00.



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E por sorte, a viagem de seu pai realmente aconteceu, semanas mais tarde. Talvez Tahine tenha demorado demais para perceber isso, e ele poderia voltar a qualquer momento, então ela precisava agir rápido. Numa tarde, foi a uma LAN house próxima para enviar uma mensagem à tia por correio eletrônico, pedindo que pudesse ser buscada no mesmo dia. Voltou para casa, para fazer as malas, e percebeu que sua madrasta havia saído também, até porque Tahine tentou chamar pelo seu nome, para se certificar de que ela não estava.

Voltando a fazer as malas, duas eram o suficiente, já como Tahine não tinha muita coisa além de roupas, livros, materiais da escola, utensílios pessoais e dinheiro, que foi roubado do pai. Pensou que precisava de mais dinheiro, e decidiu que entraria no quarto do pai para furtar mais, mas quando foi tentar abrir a porta do quarto, descobriu que estava trancada… Ela estava determinada a invadir, nem que precisasse quebrar a porta; afinal, ela iria fugir e não voltaria mais, então o pai nunca a puniria por isso.

Tahine voltou para a cozinha e tentou encontrar um objeto que pudesse cortar ou quebrar a porta de madeira que levava ao quarto do pai. Encontrou vassouras em um canto, facas e um abridor de garrafas nas gavetas, e panelas nos armários como possíveis objetos. Mas nenhum era potente o suficiente para conseguir quebrar a porta.

Será que a vassoura poderia ser usada para ser queimada, para assim queimar a porta? ...E eis que Tahine concluiu que a melhor opção seria quebrar a janela ao invés da porta, e ela podia fazê-lo pelo lado de fora, já como a casa que ficava no chão, ao invés de no alto de um prédio. Porém, a janela de vidro ainda era muito resistente, e faria muito barulho, o que poderia incomodar os vizinhos.

Mas era necessário.

A garota não pensou que fosse fazer diferença, mas acendeu uma boca do fogão e aqueceu o aço do abridor de garrafas sobre o fogo por alguns minutos, para que pudesse ter mais chances de quebrar a janela.

Feito isso, foi ao lado de fora de casa, e posicionando-se em frente à janela do quarto do pai, atingiu a janela de vidro com o abridor de garrafas, o segurando fortemente pela parte revestida de plástico, para que sua mão não escorregasse para a parte quente e ela acabasse se ferindo, e, enfim, atingiu com força no vidro.

E o vidro se quebrou. Foi estilhaçado em pedaços tanto por dentro quanto por fora de casa. Os cacos de vidros pareciam muito perigosos de se tocar. Assim que o vidro foi explodido pelo impacto, cortes surgiram na mão de Tahine, e sangue saiu por eles. Foi doloroso, mas não tanto quanto pensar que esse esforço foi inútil: sendo deficiente, a mobilidade de Tahine seria muito difícil dentro do quarto, considerando que não conseguiria passar pela janela junto com a cadeira de rodas, e o chão estava cheio de vidros, o que dava a sensação de ser um campo minado, e iria ferir ainda mais a garota, quando tocasse no chão. E mesmo do lado de fora de casa, chances haviam de suas rodas furarem entre tantos cacos de vidros.

Mas era muito cedo para desistir. Ela chegou mais perto da janela e, para sua conveniência, seus braços conseguiam alcançar uma gaveta em um criado-mudo e um terno em um cabide. Abrindo a gaveta, havia apenas uma maleta, a qual Tahine olhou e pensou que poderia ter o dinheiro que procurava. A maleta estava trancada com senha, mas pensou que poderia abri-la à força com o aço aquecido. Levou-a para dentro de casa, pela porta da entrada, e se dirigiu à cozinha, para aquecer mais um pouco o abridor de latas e finalmente enfiá-lo fortemente no plástico da maleta.

Um pequeno buraco se abriu no plástico danificado. Partindo deste buraco, ela continuou a forçar o aço superaquecido sobre a maleta, para abri-la mais, até que viu que lhe era conveniente: dentro da maleta havia muito dinheiro em papel. Deve haver pelo menos cem mil ienes… Não, duzentos mil… Ou trezentos mil…? Não… Provavelmente, havia pelo menos um milhão de ienes*. Era um número tão alto que a jovem de onze anos não conseguia calcular o valor. Mas, ela sabia que era muito dinheiro, e ficou assustada, o rosto suando frio e sorrindo.

“Eu devo levar tudo isso?”, se perguntou por poucos segundos que pareciam durar horas.

— Argh…! Eu já fiz um enorme estrago aqui... Não há mais tem como disfarçar…! — Pensou um pouco alto demais. Em seguida, pegou a maleta inteira, e voltou para dentro de casa, para guardar a maleta recém-adquirida em uma das malas, e saiu apressada para ir ao encontro da tia, com uma mala entre as costas e a cadeira de rodas, e outra entre as coxas, as partes das pernas que não foram amputadas e que ela ainda conseguia mexer um pouco.

 

Por fim, ela encontrou o carro da tia e entrou nele, pela porta de trás. De início, a tia ficou assustada, pensando que a garota estava suando muito. Tahine explicou que estava muito nervosa, por estar em uma situação muito arriscada.

E o carro caminhou por vários minutos. Parecia que estava indo para o outro lado do mundo. Tahine pensou que estavam indo tão longe que ela ainda não havia passado por aqueles lugares quando fugia de casa. Era mais cedo do que no outro dia em que esteve no mesmo carro, então o sol ainda estava para se pôr. Mas, de tão longa que era a viagem, deu tempo do sol se abaixar.

No meio da viagem, a garota tão cautelosa pegou a maleta e examinou-a, para verificar se havia um aparelho rastreador ou coisas importantes, mas nada encontrou além de várias notas de 10.000 ienes.

Bastante tempo passou, e Tahine finalmente pensou que o carro havia chegado ao seu destino. Olhou a casa em que viveria, e viu que era maior que a de seu pai.

A tia havia descido do carro para ajudar a menina a se transportar para a cadeira de rodas, mas a mais nova disse que não precisava:

— Tia Fuchihana… Está tudo bem, eu sei fazer isso por mim mesma. E não precisa fazer tanto por mim, a senhora já fez muito. Muito obrigada…

— Não é nada. É um favor que devo à sua mãe. Mesmo se não fosse, eu ainda faria questão de ajudar você. — Então, abriu-se um grande portão de grade com um belo design antigo no muro da casa. — Entre, e me espere ali na porta da entrada. Daqui a pouco irei arrumar um quarto para você. — Disse confortando-a, e voltou ao carro, para estacioná-lo na segurança da parte de dentro do muro.

Agora, parecia que os dias sofridos de Tahine teriam fim. Tahine estaria morando em outra casa, vivendo com a tia, o marido dela e os três filhos do casal. Todos se davam bem com ela, mas Tahine ainda era muito fechada, e quase não falava com os outros, no início. Ainda assim, ela se sentia feliz, muito agradecida pela gentileza da tia de oferecer uma moradia segura e pelas pessoas serem tão educadas e amigáveis com ela.


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Notas finais do capítulo

Eu não esperava que essa historinha fizesse tanto sucesso!
Tanto que, de agora em diante, irei postar dois capítulos por semana (o próximo na quinta-feira).
Agradeço a quem está lendo.



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