Quarto de Azulejos escrita por Yuma Ashihara


Capítulo 11
Abrindo-se


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo está pesado, triste e fofo ao mesmo tempo.

MAS EU NÃO LIGO.

Boa leitura.



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Jung Hoseok levou Namjoon de volta para o hospital psiquiátrico da melhor forma que conseguiu, acomodando-o em seu quarto. Passou praticamente a noite inteira ao lado do Kim, certificando-se de que ele estivesse bem, no entanto, o rapaz sequer conseguiu cochilar. Seu corpo ainda tremia, tomado por um nervosismo sem precedentes e Hoseok não poderia sair dali para pegar alguma coisa que pudesse acalmar Namjoon, limitando-se à garrafa de água que estava sobre a sua mesa de cabeceira.

Por mais que soubesse que deveria questioná-lo sobre o que havia acontecido, sabia perfeitamente que aquele não era o melhor momento para isso, então se resumiu a olhar por Namjoon durante a noite e a tentar distraí-lo com conversas e perguntas aleatórias que nunca eram correspondidas. Apenas respirou profundamente e aliviado quando o Kim finalmente pareceu relaxar na cama, os olhos fechados, ressonando um merecido sono.

Hoseok voltou os olhos para a janela do quarto de Namjoon, o dia já havia amanhecido, porém não se sentia cansado por ter passado a noite em claro. Afinal, ainda tinha muito em que pensar. Deixou o Kim sozinho no quarto e rumou de volta para o corredor, seguindo para o quarto de azulejos. Assim que chegou, abriu a porta e entrou, encarando aquele peculiar cômodo que era o palco de seus pesadelos infernais nos últimos dias. Suspirando, o Jung fechou a porta e instintivamente olhou para a superfície de madeira, os olhos escuros arregalando-se logo em seguida ao contemplar o que havia ali.

Eram letras espalhadas ali, cravadas na madeira como se tivessem sido arranhadas por unhas pequeninas. Hoseok engoliu em seco, tocando suavemente naquela superfície que se lembrava muito bem de não estar assim na última noite em que havia passado no quarto. Em um suspiro tenso, afastou-se, lendo o que estava escrito ali.

Puxe a tomada

Termine a dor

Corra e lute para a vida

A única coisa em que conseguiu pensar naquele momento foi no galpão em que foi durante a madrugada com Namjoon, e sentia o estômago se revirar apenas em imaginar que pudesse ter algo realmente revelador ali.

[...]

Estava procurando por Namjoon. Já era fim de tarde e o cansaço de uma noite em que passou em claro já começava a tomar conta do corpo de Jung Hoseok. As olheiras estavam fundas e ainda mais escuras, os olhos levemente caídos evidenciando o cansaço.

Por fim, desistiu de procurar pelo Kim e voltou para o quarto de azulejos, sendo surpreendido quando encontrou o rapaz ali, sentado em sua cama com os braços cruzados.

— Onde estava? – Namjoon perguntou, voltando os olhos delineados para o Jung, que suspirou cansado, fechando a porta arranhada atrás de si.

— Te procurando. – Respondeu simplista, os pés se arrastando, em seguida se sentando ao lado do Kim apenas para jogar o corpo na cama na medida em que suspirava pesadamente por conta do cansaço. – Está se sentindo melhor?

Namjoon não respondeu, e então Hoseok voltou os olhos escuros para ele. Era perceptível como estava tenso, visto que os músculos do seu braço se contraíram de repente. O Jung então voltou a se sentar, cruzando os braços também enquanto encarava o outro com seriedade no olhar.

— Não vai me contar o que houve? – Perguntou com os olhos cerrados para o Kim que apenas abaixou a cabeça. – Namjoon eu preciso saber. Você sabe o que poderia ter acontecido ali? Poderíamos ter sido pegos por algum médico ou enfermeiro, ou por aquela pessoa desconhecida, e muito dificilmente conseguiríamos sair escondidos assim de novo.

Namjoon abaixou a cabeça, crispando os lábios em desconforto aparente enquanto descruzava os braços, unindo as mãos à frente do corpo e entrelaçando os próprios dedos com certa força. Estava nitidamente nervoso, fechando os olhos em um aperto um tanto exagerado na visão de Hoseok.

— Aquele lugar... Fez com que algumas memórias ruins surgissem de repente. Memórias que eu não imaginava que poderiam voltar de novo desta forma. – Comentou e o Jung franziu o cenho, curioso e sem entender. – Desculpe Hoseok, mas eu não vou poder voltar lá de novo.

— Huh? – O rapaz piscou diversas vezes, surpreso pelas palavras de Namjoon. – Como assim? Namjoon, você não pode fazer isso comigo agora, eu preciso da sua ajuda! Eu não vou conseguir fazer isso sozinho!

— Eu vou continuar te ajudando, seu idiota. – O Kim estreitou os olhos levemente agressivos para o rapaz ao seu lado. – Eu só não posso voltar lá.

— Por que? – Perguntou, até mesmo estranhando o quão firme a voz saiu naquele momento. Os olhos pequenos encaravam um Namjoon que estava com os castanhos levemente arregalados para si, provavelmente também surpreso pelo tom de Hoseok. – Se quisermos seguir em frente com isso eu vou precisar saber o que está acontecendo com você, Namjoon. Eu sou a única pessoa com quem você pode contar nesse momento, assim como você é a única pessoa com quem eu posso contar. – Continuou, e então se aproximou mais do Kim, passando o braço pelos ombros do mesmo, puxando-o para mais perto. – Eu posso ser um cagão, como você mesmo diz, por conta dessa loucura toda que está acontecendo, mas se podemos tirar algo de bom disso tudo é que pelo menos Reila nos aproximou de alguma forma e me fez perceber que você não é o cara maníaco que eu pensava ser e me fez confiar em você. Então por favor. – Fitou o Kim nos olhos naquele momento. – Confia em mim também.

Se houvesse alguma palavra no mundo que pudesse descrever a expressão no rosto de Kim Namjoon naquele momento, esta seria: incredulidade. Os olhos escuros estavam arregalados para a expressão firme e determinada de um Hoseok que ainda o encarava firmemente, agora com uma das mãos sobre o seu rosto em formato de coração. Namjoon estava completamente confuso, como há muito tempo não se sentia, ao ponto de morder o lábio inferior que começou a tremer involuntariamente, ao mesmo passo em que as imagens daqueles últimos dias em que passou ao lado de Hoseok se fizeram presentes. Nem mesmo a sua aproximação de Seokjin fora tão rápida e tão intensa, ao ponto de se ver procurando por uma pessoa como estava fazendo por Hoseok.

Em outras palavras, Namjoon agora estava um pouco assustado, e não sabia dizer se isso se dava apenas por estar sensível por conta dos acontecimentos mais recentes.

O Jung se afastou de Namjoon quando o mesmo se levantou de repente, colocando-se à frente de si com um olhar agora um tanto determinado. Porém, ergueu uma das sobrancelhas quando o Kim segurou a barra da camisa que usava e começou a se despir.

— O que você está fazendo?! – Hoseok arregalou levemente os olhos e Namjoon parou a camisa no meio do caminho.

— Você precisa ver. Se você realmente quiser entender o que houve comigo dentro daquele galpão, você vai precisar ver isso. – Namjoon respondeu sério, e Hoseok apenas engoliu em seco quando o viu continuar, encabulado.

No entanto, sequer teve tempo para deixar com que o rosto ficasse rubro de vergonha, os olhos se arregalando no mesmo instante em que Namjoon jogou a camisa no chão. Hoseok separou os lábios, incrédulo, enquanto os olhos pequenos caíam sobre o abdômen do Kim, onde uma enorme cicatriz desenhava alguns caracteres em hangul sobre a pele de Namjoon.

— Mas... Que porra é essa... – Hoseok levou as duas mãos aos lábios, completamente horrorizado com aquela visão.

— Kim Soo Min. Esta aqui é a assinatura da minha mãe, feita por ela mesma. – Namjoon respondeu ainda com o tom de voz sério, e então se virou de costas para Hoseok. – E esta é a assinatura do meu pai, Kim Hyeon.

O Jung queria vomitar, sentia o estômago se revirando com aquilo e até mesmo desviou o olhar para um ponto qualquer para que não fosse obrigado a encarar aquelas cicatrizes tão fundas. Mas então a atenção dos seus olhos foi tomada por outra coisa, mais especificamente pelos pulsos de Kim Namjoon que estavam visíveis pela primeira vez para si.

— Nam... Joon... Os seus pulsos... – Hoseok engoliu em seco, passando freneticamente as mãos suadas por conta do nervosismo sobre o tecido da calça que usava. O Kim voltou a ficar de frente para o Jung, erguendo os pulsos para si por breves momentos, encarando as cicatrizes que os envolviam.

— Ah... Isso também. – Namjoon estava assombrosamente sério, os olhos estreitos e pesados, como se tudo o que se passasse em sua mente fossem imagens dolorosas demais. – Eu costumava ficar de castigo quando fazia algo errado, e para evitar que eu acabasse fugindo meus pais prendiam os meus pulsos e tornozelos com arame. – Namjoon levou as mãos à barra da calça naquele momento e Hoseok ergueu as próprias.

— Por favor... Chega disso, Namjoon. – Pediu suplicante, e o rapaz voltou os olhos para ele.

— Não era você quem queria saber sobre o meu passado? Agora aguente. – Tendo dito isso, o Kim abaixou as calças e as retirou por completo.

Hoseok apertou os olhos, o corpo estava tremendo violentamente enquanto uma agonia profunda subia pela sua espinha. Namjoon tinha as mesmas marcas dos pulsos nos tornozelos, exatamente como dissera anteriormente, mas aquilo definitivamente não era o pior. As pernas de Kim Namjoon eram marcadas com as mais diversas cicatrizes, desde cortes profundos à graves marcas de queimaduras. Hoseok sequer percebeu quando as lágrimas começaram a escorrer pelo rosto, mas quando finalmente criou coragem para reabrir os olhos, viu que Namjoon estava se vestindo novamente, em silêncio.

Encarou o rapaz fazer o seu trabalho e se sentar ao seu lado quando terminou, apoiando os cotovelos sobre as coxas enquanto encarava a porta com os olhos pesados, lendo as palavras que provavelmente Reila havia deixado lá. Puxe a tomada, termine a dor, corra e lute para a vida.

Aquilo foi o suficiente para que Namjoon deixasse um pesado suspiro escapar de suas narinas.

— Eu nunca mostrei isso para alguém, nem mesmo para o Jin. – Comentou com a voz rouca, atraindo os olhos de Hoseok para si. – Eu... – Fraquejou um pouco, porém engoliu em seco antes de continuar. – Eu cresci em um pequeno orfanato afastado do centro da cidade. Na época em que meus pais biológicos me abandonaram, quando ainda era um bebê, houve um número muito grande de crianças que também foram abandonadas naquele orfanato. A grande maioria teve a sorte de ser adotada cedo, mas eu fui ficando para trás. – Deu uma pausa, encarando o vazio por um longo período de tempo. – Crianças mais velhas não são adotadas com frequência, e com o tempo acabam se tornando um peso para os cuidadores do orfanato, o que foi o meu caso. – Fechou ambas as mãos em punho, o que não passou despercebido por Hoseok.

— O que... Eles faziam? – Perguntou, por mais que estivesse morrendo de medo da resposta.

— Eu era deixado de lado, literalmente. Houve momentos em que fui obrigado a dormir nos corredores quando eles antecipavam o toque de recolher por causa das crianças mais novas e não me avisavam. – Explicou. – Mas isso nem de longe foi o pior que aconteceu naquele lugar. O pior era o que as outras crianças faziam. – Voltou os olhos para um Hoseok confuso. – Elas faziam piadinhas sobre o fato de eu ser o único que nunca era adotado, sobre eu ser uma criança que ninguém queria por perto, e, claro, nunca perdiam a oportunidade de me humilhar em público. Fosse me espancando, fosse me fazendo passar por situações que... Eu nem gosto de me lembrar.

Namjoon levou as duas mãos ao rosto, esfregando ali freneticamente. Naquele momento Hoseok se aproximou mais e voltou a passar o braço pelos ombros do Kim, que abaixou a cabeça logo em seguida.

— Quando eu completei doze anos, um casal estranho chegou ao orfanato. – Continuou. – Disseram que estavam procurando uma criança, qualquer uma. Eles não faziam distinção de idade e sexo. E então os donos acharam que seria uma boa oportunidade para se livrarem de mim finalmente. O meu processo de adoção foi o mais rápido se bem me lembro... Mas na época eu não estranhei aquilo. Eu estava tão feliz porque finalmente alguém me queria que eu simplesmente não conseguia parar de sorrir. Até que cheguei na minha nova casa, no centro da cidade. – Namjoon crispou os lábios e franziu o cenho. – Meus novos pais se chamavam Kim Soo Min e Kim Hyeon. Eles me explicaram que a partir daquele dia eu passaria a me chamar Kim Namjoon, e também me explicaram as razões por trás da minha adoção. – Ergueu os olhos para Hoseok, que sentiu um arrepio percorrer a espinha. – Eles odiavam crianças, e deixaram bem claro que apenas me adotaram para não perderem a herança do meu avô paterno, Kim Myung Dae. Parece que no testamento especificava a existência de um filho para que o dinheiro pudesse ser liberado, e foi por isso que fui adotado. – Suspirou novamente. – Eles também estipularam algumas regras para que a nossa convivência fosse minimamente confortável. Eu não deveria me dirigir a eles a não ser que fosse extremamente necessário, deveria ser o filho carinhoso em público e chama-los por mãe e pai principalmente na frente do meu avô, precisava desenvolver o meu intelecto o mais rápido possível para me tornar uma pessoa independente e que não precisasse deles e nunca, em hipótese alguma, comentar sobre o plano de conseguir a herança de Myung Dae. Em troca eles me proporcionariam o melhor ensino da Coréia do Sul, e o privilégio de carregar o nobre nome da família Kim.

— Que horror... – Hoseok deixou escapar e Namjoon naquele momento riu nasalmente, balançando a cabeça.

— Eu admito que a princípio foi bem estranho, mas acabei me acostumando com o tempo. Além disso, eu sempre aprendi tudo rápido, literalmente eu não precisava dos meus pais para nada desde aquela época. E eu realmente não teria problemas em passar o resto da minha vida vivendo desta forma, mas tudo começou a mudar depois de alguns anos. – Namjoon então fez uma pausa mais longa, abaixando os olhos na direção do chão. – Eu tive um surto de crescimento entre os treze e quinze anos, meu corpo se desenvolveu rápido demais para um adolescente, eu já parecia um homem feito, e minha mãe percebeu isso muito rapidamente.

Os dois trocaram olhares naquele momento, e não foi preciso Namjoon comentar mais nada para que Hoseok pudesse entender aonde ele queria chegar.

— Ela começou a abusar de você. – Concluiu, o Kim assentindo ao seu lado.

— Escondido do meu pai. Àquela altura eu já sabia exatamente como o sexo funcionava, apesar de nunca ter tido relações nesse nível. Mas era difícil demais negar quando você era ameaçado com uma faca no pescoço pronta para te cortar. – Namjoon voltou a fechar a mão em punho. – E as coisas começaram a piorar quando meu pai descobriu. Ele... Começou a achar que era eu quem estava me insinuando para a minha mãe, e os dois juntos tiveram a ideia de me ensinar uma lição que acabou se prolongando por quase dez anos. – Hoseok se afastou brevemente, sentindo o estômago embrulhar mais uma vez. – Eles me amarravam com arame para não fugir enquanto me torturavam por horas. Segundo meu pai, tudo era culpa do meu rápido desenvolvimento. – Namjoon engoliu em seco e Hoseok percebeu sua respiração ficar mais pesada. – Teve um dia que meu pai estava disposto a... Você sabe... Cortar ele fora. – Viu o Kim tremer com aquele comentário. – Mas por algum motivo minha mãe foi sensata o suficiente para não deixar que ele fizesse isso. No lugar, eles acharam que seria divertido deixarem a marca deles no meu corpo, e então eles assinaram os seus nomes no meu corpo com a ponta de uma das facas que eles tinham em casa.

— Namjoon eu... Eu sinto muito... – Hoseok já havia desistido de tentar não chorar com a história do Kim, que apenas suspirou pesadamente, apoiando as duas mãos na cama enquanto olhava para o teto do quarto de azulejos. – Por que você não os denunciou? Por que não falou sobre isso com ninguém?

— Eu tinha medo de perder o que eu tinha, Hoseok. – Respondeu rapidamente. – Durante tudo o que passei com eles eu tive uma boa educação, e eu entendia que era a única maneira que eu tinha para me ver livre deles de uma vez por todas. A família Kim... Era uma família poderosa, eles poderiam acabar comigo de formas que você sequer imagina. Mas... Teve um momento em que eu perdi o controle das minhas próprias ações. – Suspirou pela enésima vez. – Eu estava no doutorado, avancei muito rapidamente nos estudos por conta da minha grande capacidade intelectual... Era a única coisa que eu tinha, aliás. E em mais um dia onde eles estavam se divertindo me torturando psicológica e fisicamente, começaram a tocar no assunto e a debochar de mim e do que eu queria. Começaram a dizer que eu era ingênuo demais por achar que eles me deixariam em paz caso fosse um homem bem sucedido, e então começaram a me ameaçar novamente... Eu não aguentei. – Mordeu o lábio inferior com raiva. – No dia seguinte, enquanto dormiam, eu peguei a mesma faca que eles usavam para me torturar, as mesmas cordas que eles usavam para me asfixiar, os mesmos arames que usavam para me imobilizar, e matei os dois. Lenta e dolorosamente, assim como eles sempre faziam comigo.

Hoseok até mesmo rangeu os dentes, vendo os olhos frios de Namjoon, que os fechou e suspirou pesadamente antes de se deitar na cama do Jung. Definitivamente era muita coisa para processar de uma única vez, principalmente levando em consideração que estava sem dormir por tanto tempo. Jamais se passou pela sua cabeça que aquela seria a incrível história por trás de Kim Namjoon, o jovem que assassinou friamente os seus pais e que foi condenado a passar anos em um hospital psiquiátrico.

— Sabendo disso tudo agora, você ainda acha que eu sou uma pessoa ruim? – Foi tirado de seus pensamentos por Namjoon, que ainda estava deitado ao seu lado. O Jung voltou os olhos pequenos para ele, enxugando o rosto com as costas da mão antes de se unir ao Kim, deitando-se ao seu lado. – Você acha que o que eu fiz foi errado, Hoseok?

— Eu... Não acho, não depois disso tudo. – Respondeu com um fio de voz e Namjoon sorriu, levando uma das mãos grandes ao rosto do Jung, acariciando-o levemente.

— Eu não sei o que de fato me fez te contar tudo isso e ainda mostrar as minhas cicatrizes. Mas espero que entenda o quão delicado é esse assunto para mim. – O tom de voz de Namjoon era calmo agora, baixo, como se estivesse contando um segredo muito importante para Hoseok, que o ouvia com atenção. – E espero que isso prove que eu confio em você.

— Agora eu sei que você confia. – O Jung se virou de frente para o Kim e acabou retribuindo o toque dele, porém com a ponta do dedo correndo pelo rosto em formato de coração.

Namjoon fechou os olhos pelo toque de Hoseok em seu rosto, e até mesmo deixou escapar um breve sorriso. Desceu brevemente a mão do rosto do Jung para seus ombros, apertando ali de leve, e Hoseok também resolveu fechar os olhos para aproveitar melhor o toque do outro.

— O que diabos está acontecendo? – O Kim comentou baixinho, ouvindo o Jung suspirar brevemente.

— Eu não faço ideia... – Respondeu, e então abriu os olhos quase que no mesmo instante que Namjoon, e então se encararam por breves momentos em silêncio.

Hoseok correu os olhos cansados pelo rosto de Namjoon, que estava com um par de olheiras marcadas abaixo dos castanhos, assim como as suas. Os cabelos pretos estavam jogados na cama cobrindo parte de sua testa, os lábios entreabertos. Sentia que estava ficando louco por estar reparando naquele tipo de coisa, porém, Namjoon fazia o mesmo e até mesmo levou os dedos compridos aos cabelos escuros de Hoseok, afastando-os dos olhos cansados.

De repente Namjoon começou a se aproximar, a mão tocando a nuca do Jung suavemente.

— O que está fazendo? – Perguntou em um sussurro de voz enquanto o Kim se aproximava.

— Eu não sei. – Respondeu no mesmo tom, encarando os lábios finos de Hoseok agora. – Eu... Só estou sentindo que-

— Eu também. – O Jung interrompeu, surpreendendo Namjoon. – Eu não sei o porquê... Mas eu quero...

— Desde quando dormimos juntos pela primeira vez? – O Kim comentou em um tom de deboche, sorrindo de canto. Logo em seguida fechou os olhos quando sentiu o nariz roçar no de Hoseok delicadamente. – Hoseok...

— O que? – Perguntou em um fio de voz, também fechando os olhos.

— Eu não quero me decepcionar com você. Por favor. – Disse, e antes que o Jung pudesse processar aquelas palavras, Namjoon selou seus lábios em um beijo que foi prontamente retribuído por Hoseok.

Não fazia ideia do que estava acontecendo ou do por que estava cometendo aquela grande loucura. Mas nos últimos dias nada mais estava fazendo sentindo em sua vida, e definitivamente não queria pensar nas consequências que aquele ato traria.

Apenas queria desfrutar dos lábios de Kim Namjoon e liberar toda a frustração acumulada daqueles últimos dias.


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Notas finais do capítulo

E ENTÃO? E ENTÃO?

MEU NAMSEOK, NINGUÉM ME SEGURA.

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