Capturada escrita por Bia Santos


Capítulo 4
Capítulo IV




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Henry já estava cansado das pessoas que entravam e saiam da delegacia fingindo ter algum problema, apenas para darem uma olhada nele. Ele nem mesmo olhou para elas.

Estava a mais de uma hora sentado na sala de espera da delegacia com seus medos correndo sua sanidade pouco a pouco.

Seus pensamentos estavam cada vez mais sombrios, e pareciam empenhados em atormentá-lo a cada minuto encontrando uma maneira diferente de matar sua irmã. Henry conseguia até mesmo ouvir o grito desesperado de Annie dentro de sua cabeça.

A notícia do desaparecimento da irmã já estava em todos os jornais.

Uma das herdeiras da empresa multinacional Lamber desapareceu misteriosamente na cidade de Águas Preciosas no interior de São Paulo.

Os policias diziam que estavam fazendo de tudo para encontrarem Annie, mas Henry desconfiava que grande parte do empenho nas buscas fosse para tirar logo o nome da cidade dos jornais.

Águas Preciosas era uma cidade que tinha a maior parte de sua economia baseada no turismo, não podia passar uma má impressão para futuros visitantes.

Henry se levantou tão rápido da cadeira quando a porta da sala do delegado se abriu, que precisou se apoiar na parede para não cair no chão quando sua vista escureceu por alguns segundos.

—Você precisa comer alguma coisa- A mãe disse se apressando em sua direção, enquanto o pai ficava para trás para falar com o delegado.

—O que ele disse? — Perguntou ignorando o comentário da mãe.

A mãe suspirou.

—Como ainda não encontraram nenhuma pista do paradeiro de Annie... — A voz dela tremeu levemente e ela pigarreou—Eles acham que quem pegou Annie vai entrar em contato. Mas pediram para que os cães farejadores sejam trazidos. Assim que chegarem vão recomeçar as buscas. Uma equipe vai ficar com a gente durante o dia.

Uma pequena porcentagem da ansiedade de que fazia o estômago de Henry se revoltar se acalmou.

A primeira alternativa era sem discussão a melhor. Se eles ligassem significava que sua irmã ainda estava viva.

Com as mãos atadas Henry rezou para receberem uma ligação.

*****

—Você é bonita— O bafo quente e fedorento bateu contra o rosto de Annie, que se assustou pela proximidade e se inclinou para trás.

O homem riu aquele som latido novamente antes de continuar:

 —Aposto que você ouve isso o tempo todo dos seus amigos filhinhos de papai.

Um dedo áspero acariciou o maxilar de Annie, que se sobressaltou e se arrastou para trás.

Madeira rangeu em algum lugar e então novamente o som de passos encheu seus ouvidos.

—Ela acordou— Uma nova voz, também masculina, porem mais jovem. A pessoa se aproximou, Annie podia dizer isso pelo som das solas dos sapatos raspando no chão. — Vou avisar para... Já volto.

 —É uma pena, mas parece que a diversão vai tem que fica para depois.

 Ele suspirou como se realmente estive sentido, depois se aproximou novamente e sussurrou:

— Espero que esteja pronta para falar com sua família.

*****

Havia uma terceira pessoas dentro do cativeiro.

Annie tinha quase certeza disso. Os segundos silenciosos que se seguiam depois das perguntas que os outros dois homens faziam e passos leves, quase imperceptíveis, eram as únicas coisas que indicavam sua presença. 

A única explicação que Annie conseguiu achar para o silencio da pessoa, era que provavelmente ela a conhecia. O silêncio só podia ser um indicativo do medo de ser reconhecida.

Mas quem seria? Há quanto tempo àquelas pessoas já estavam planejando sequestrá-la?

 —Muito bem princesa— O primeiro homem disse— Eu vou ligar e conversar com o senhor...  —Ele riu com deboche— Com o senhor Lamber. E quando eu passar o telefone para você, você vai implorar para o papai dar o dinheiro, entendeu?

Menos de dois segundos depois o queixo de Annie foi agarrado com força e ele gritou com agressividade:

—Responda!

Em seguida um solavanco faz a cabeça de Annie virar quando a mão dele foi afastada de seu rosto a força.

Zonza a jovem abaixou a cabeça, e pela fresta na venda conseguiu ver uma mecha dourada de cabelo balançando a três palmos a sua frente, como se a pessoas tivesse abaixado para olhá-la.

Depois palavras foram baixas e agressivas foram sussurradas, e ainda com a cabeça abaixada Annie viu uma mão que tinha certeza de era feminina passar rapidamente a sua frente.

Alguns segundos depois Annie ouviu o som dos números sendo discados no aparelho.

—Alô— O homem fez uma pausa— Gostaria de falar com o senhor Lamber do quarto 12.

Annie estremeceu. Seus pais estavam na cidade.

—Bom dia Sr. Lamber— Ele riu asquerosamente— Suponho que esteja com saudades da sua filhinha.

Annie ouviu uma serie de gritos baixos vindo do outro lado da linha, mas não conseguiu entender as palavras porque o homem estava gargalhando ao seu lado.

—Já entendi— Ele riu novamente— Agora cale a boca e vamos discutir nossos interesses- Uma pausa demorada— Me xingar não vai trazer sua linda filha de volta. Agora escute, se quer a princesa de volta vai ter que abrir a carteira.

—Quanto?- Ele riu como se tivesse se divertindo muito— Acho que uns quinhentos mil é o suficiente, apesar de que não vai fazer nem cócegas na sua conta bancaria. — Uma pausa— Acho justo. Vou passar para ela.

O telefone foi posto na orelha de Annie e a voz do pai fez sua garganta se apertar.

 —Filha?! Annie?!

 —Pai— Respondeu com a voz tremula.

 —Escute meu amor, o pai vai te trazer de volta. Eu...

Annie não conseguiu ouvir o restante da frase, o celular foi afastado de seu rosto.

—Já é o suficiente, já ouviu que a garota está viva. Agora escute bem; vou esperar hoje à noite na saída da cidade. Traga o dinheiro e terá sua família feliz completa de novamente. —As próximas palavras dele vieram em tom baixo e suave— E se levar a policia saiba que você não vai ter nem mesmo um corpo para enterrar.

O som da chamada sendo encerrada penetrou nos ouvidos de Annie como uma adaga fria e afiada.


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