Procura-se um amor para o meu papai e uma babá escrita por Lux Noctis


Capítulo 3
Todos os contatos cabíveis




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A louça fora lavada enquanto Shino preparava o jantar. Kiba o ajudou depois cortando a salada, isso, claro, após limpar a zona de guerra que havia virado a casa de Aburame Shino. Um caos completo, mas um divertido de ver acontecer. Esgueirava-se vez ou outra quando ouvia a risada de Inojin, era raro vê-lo e ouvi-lo sorrindo assim, aquecia o coração solitário de Aburame Shino, homem que havia perdido tanto, apesar de ter uma pequena parte de uma vida feliz; seu filho. 

—  Ele é incrível, papai! —  Ouviu o relato de como o dia havia sido mais que especial, Inojin faltava apenas cintilar de tão feliz que estava. As mãos pequenas apertavam o rosto de Shino, atraindo para si toda a atenção do pai enquanto Kiba seguia ao toalete lavar as mãos para se juntar a eles na mesa de jantar. —  A melhor babá do mundo! 

— Jura? —  Havia, não incredulidade ou talvez sim, mas havia um questionamento por trás, um real. Inojin era sempre na dele, se abrir assim para alguém não era fácil, o rapaz tinha aptidão para cuidar de crianças, só podia ser!  — Agora se precisarmos de alguém, sabemos com quem contar. 

Estava de joelhos ao lado do filho, havia colocado sobre o colo do pequeno o guardanapo para que não deixasse nada cair. A cadeira era mais alta, portanto certificava-se de que Inojin não fosse cair, acomodando-o bem. Quando ouviu os passos, já estava de pé, a mão passou suave nos fios loiros do filho, fios estes que em nada se pareciam com os seus, era inteiramente uma cópia de Ino, a beleza clássica, os olhos azuis. 

—  Pode se sentar aqui. —  Indicou à Kiba puxando a cadeira para acomodá-lo, cortês em cada momento. 

Kiba não se fez de rogado, não quando o cheiro da comida era convidativo, quando o anfitrião era educado e quando Inojin lhe sorria de orelha a orelha. A disposição da mesa contava com Shino à cabeceira dela, Inojin à seu lado esquerdo, e Kiba ao lado de Inojin, claro. A criança estava cativada por ele, era certo que se sentasse próximo a ele. Não cabia à Kiba, claro, ajudá-lo com pequenos detalhes, mas fez de tão bom grado, era tão natural que sequer havia notado que o fazia. Que limpava o canto da boca de Inojin com o seu guardanapo e que lhe entregava o copo de suco mantendo uma mão próxima para caso entornasse algo. Kiba não notava, Shino sim. 

O jantar passou suave, a hora não era notada por nenhum deles, não de imediato. Inojin fora o primeiro a notar após a sobremesa. Bocejava muito, esfregava os olhos. Saiu da cadeira com auxílio de Kiba enquanto Shino ficou de lhes preparar um chá para fechar o jantar com chave de ouro. O pequeno escovou os dentes e se espreguiçou ao voltar para a sala, a tv ligada não o impediu de dormir. 

—  Ele gostou muito de você. —  Shino comentou ao dispor o chá na mesa, sorrindo ao ver o filho no sofá. —  Um minuto, vou colocá-lo no quarto. 

Kiba sentia coisas boas ali, o convívio familiar, segurança. Sentia que à Inojin faltava algo, não que Shino não o estivesse dando o melhor do melhor, mas criança sente falta de alguém com quem brincar. 

—  São novos aqui, no prédio? —  A pergunta veio assim que Shino se fez presente na mesa de jantar de novo. Kiba esperou pela resposta enquanto via-o servir o chá para dois, sinalizando para que fosse para a sala, o sofá seria mais confortável no momento. 

—  Pouco mais de seis meses. Aqui fico mais próximo do trabalho. Estava relutante em me mudar para cá, mas era o melhor para nós. —  E o “nós” ao qual ele se referia como pai solteiro, certamente era sobre seu filho. — Por que?

—  Nenhum motivo em especial, talvez Inojin queira a companhia de outras crianças, conheço algumas pessoas aqui nesse prédio, pessoas com filhos na mesma faixa etária. 

—  Acha que ele se sente sozinho? —  Shino não estava questionando, queria realmente saber se Kiba pensava isso. Não era defensiva, era real interesse.

—  Acho. Criança é criança, sempre. Se ficar sozinho ele ficará sempre quietinho, mas comigo ele quis brincar. Talvez um quadro de horários não seja o mais efetivo para ocupar o tempo. —  A resposta veio limpa, sem papas na língua, Kiba não era desses. Os ombros até mesmo moveram-se como se fosse o óbvio a ser notado, por quem estava de fora, ao menos. 

Shino olhava-o atento, notava as mãos inquietas de Kiba como se algum sinal em si o fizesse pensar que tivesse ultrapassado qualquer limite, era um desconforto.

—  Obrigado. —  Estava de fato grato. Havia perdido o costume de ter alguém que zelasse por si, não sabia como era alguém zelando por seu filho. Uma novidade boa, algo que lhe trazia um quentinho suave, quase imperceptível, mas presente. —  Vou aceitar, sempre tento fazer o melhor por ele. 

—  Percebi. —  O toque veio tão natural, Kiba a descansar a mão sobre a de Shino. Um ato impensado, mas bem recebido. —  Ser pai solteiro não deve ser tarefa fácil, mas está se saindo muito bem pelo que pude ver. 

Avançaram, inconscientemente, mas o fizeram. Os torsos reclinados a frente para uma maior aproximação entre eles. Os olhos de Shino cravados aos lábios de Kiba, os de Kiba aos dele. Naquele momento nada passou despercebido, fosse o umedecer de lábios de Kiba ao mover a língua de modo vagaroso, fosse a mão dele que ainda estava sobre a de Shino, agora num aperto mais consciente do que fazia. 

—  Ele vai ser meu papai também?

A descrição exata do momento não seria possível fazer. Para Kiba era o som de algum vaso cara quebrando, estilhaçando-se ao chão. Ou talvez a sua cara caindo e se partindo em mil pedacinhos de vergonha extrema. Chegava a sentir a respiração de Shino contra seu rosto antes de se afastarem abruptamente com a chegada do pequeno que bocejava agarrado à uma pelúcia, encarando os dois com curiosidade latente. 

—  Inojin, pensei que estivesse dormindo. —  Shino falhou a voz, pouca coisa, mas era sinal de que sim, havia sido pego no flagra. Esboçou um sorriso quando o filho lhe sorriu tão feliz, embora sonolento.

—  Estava, lembrei que não me despedi do Kiba. —  O pequeno comentou enquanto arrastava-se até próximo a Kiba, esticando os bracinhos esperando por um abraço de boa noite, quem sabe, com sorte, um beijinho na testa também seria muito bem vindo! —  Sabe, papai, se gostou tanto dele para beijar, podia chamar ele mais vezes. 

O silêncio era constrangedor para todos, menos Inojin que nem fazia ideia do que suas palavras surtiam nos adultos. Estava tão ocupado sentindo as carícias de Kiba em seus cabelinhos loiros. Estava tão acomodado. Tão quentinho. 

—  Papai, podemos levar seu namorado em casa?

—  Sim. —  Shino respondeu de prontidão, havia focado apenas na parte do levar Kiba em casa, não a parte onde Inojin chamava-o de seu namorado. Kiba corou, Inojin gargalhou completamente sonolento. Tsc! —  Digo, podemos levar o Kiba pra casa dele. Está tarde. 

Kiba nem tentou se desvincular de Inojin, levantou-se com ele em seu colo, a mochila fora carregada por Shino enquanto deixavam o apartamento e seguiam para o elevador. No carro não houve tanta conversa, Inojin havia despertado um pouco mais, sentado na cadeirinha atrás de Kiba, lhe contava histórias de como seu papai era muito bom em tudo o que fazia. Estava claramente tentando fisgar Kiba para suas vidas, conseguia a cada detalhe pequeno, como dizer que Shino cozinhava sempre coisas saborosas no café, e era excelente em fazer cafuné até dormir. 

Olhares eram trocados, Shino mantinha a postura, Kiba mordia os lábios porque aquele homem ao seu lado havia lhe chamado a atenção desde o primeiro contato cara-a-cara, sabendo ainda mais, ficava perdidamente cativo. 

Quando próximo ao endereço de Kiba, o silêncio reinava por todos, Inojin havia dormido, tranquilo agarrado à pelúcia, os cabelinhos caindo no rosto. 

—  Acho que ele quer te conseguir um parceiro. Ele faz isso sempre? —  Perguntou sabendo que havia outra babá que tomava conta do pequenino. 

—  Nunca tinha feito até hoje. 

Quando o carro cessou, olharam-se por alguns segundos. O pagamento foi acertado, um pouco a mais o que o combinado, Shino insistiu por tê-lo prendido por mais tempo; Kiba tentou recusar, afirmando que ficou por vontade própria. Por fim, aceitou, viu que era complicado contrapor a decisão de Shino. Sorriu feito um besta quando ele saiu do carro para lhe abrir a porta, sentia-se um príncipe, e honestamente, gostava daquilo. 

—  Obrigado.

—  Quem precisa agradecer sou eu, você cuidou tão bem dele. Obrigado. 

Estavam perto, muito perto. A distância era nada mais que dois palmos, a mão de Shino ainda na porta do carro, Kiba apoiado à ela enquanto olhava para Shino. Não misturava trabalho e lazer, mas como frearia os instintos que forçava-o a ficar na ponta dos pés, a puxar Shino pela camisa e a selar seus lábios aos dele como quase fizeram no apartamento pouco antes. Sentiu o arrepio gostoso a lhe tomar quando a mão de Shino soltou a porta e tocou seu rosto. O polegar a resvalar pela maçã do rosto, suave, deixando a vontade de mais. 

—  Boa noite. —  Shino sussurrou, os lábios ainda a resvalar sobre os de Kiba.

—  Boa noite Kiba! —  Inojin berrou abrindo a janela. Fazendo com que os três sorrissem. 

—  Boa noite, leva seu pai pra casa em segurança, ok?

Recebeu um joinha como resposta, algo que, Shino sabia, era novidade nos atos do filho.

Contratar uma babá nova acarretaria em mudanças, ele sabia. Havia o risco de Inojin não ir com a cara, no caso, foi o extremo oposto. 

No fim, todos conseguiram o que queriam, Inojin tinha alguém com quem brincar após os deveres, e Shino tinha alguém com quem… bem, brincar também.


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