—Ames, por que temos um mexedor de bebidas no banheiro? - Jake indagou erguendo o pequeno pedaço de plástico em direção a esposa que estava sentada na cama. Amy encarou o marido por alguns segundos pensando em como, algumas vezes, ele podia ser bem bobo. Mas mesmo assim usou aqueles poucos segundos para tentar formular uma boa resposta, ela não podia e nem queria mentir, obviamente. Jake era seu marido, seu porto seguro e seu melhor amigo, eles não escondiam nada um do outro, talvez fosse por isso que seu relacionamento fosse tão bom.

—Isso é um teste de gravidez, Jake. - ela disse com a voz calma, embora por dentro seu coração batesse rápido e sua mente girasse como em um carrossel.

O olhar de Jake passou de confuso para mais confuso ainda, era como se lentamente ele estivesse se se dado conta das palavras dela.

—Um teste de gravidez? Você…?

—Eu não sei. Ainda não tenho certeza. Apenas… eu não sei, Jake. - ela disse e embora tentasse manter a calma, seu corpo inteiro parecia submerso na água, ela mal conseguia respirar.

—Legal. Legal. Legal. Legal. - Jake murmurou nervoso, mas então suspirou. Caminhou lentamente até ela e deixou o teste de lado antes de abraçá-la, ela não hesitou em envolver os braços ao redor dele e enterrar o rosto em seu pescoço.

—Hey Ames, está tudo bem. Vamos ficar bem. - Jake sussurrou acariciando o rosto de sua esposa. Amy queria realmente acreditar que tudo ficaria bem, porque eles eram casados há mais de um ano e um filho seria apenas um grande presente. Mas porque diabos ela não conseguia deixar aquele incômodo de lado e focar apenas na parte boa. - Quantos testes você fez?

Amy sabia que o questionamento dele talvez fosse por causa das caixas jogadas na lixeira do banheiro. Só talvez.

Ela então se afastou e delicadamente puxou a colcha da cama revelando os cinco testes.

—Oh, você mijou em todos? Não sabia que uma bexiga tão grande. - ele murmurou em seu tom de brincadeira, mas ela apenas o bateu. - Touch! Quanto tempo até sabermos?

—Mais dois minutos. - Amy disse e Jake assentiu. Mais dois minutos eles finalmente saberia se iriam ser pais ou não. Mais dois minutos e ela já estava com vontade de vomitar.

Amy tentou não fixar sua mente no relógio, mais alguns minutos…

Seu celular tocou anunciando uma nova ligação, Jake foi mais rápido em correr até a cabeceira e pegar o aparelho.

—Alô… Oh, ok. Já estamos indo. - ele rapidamente abaixou o celular e disse. - Delegacia. Agora.

Amy assentiu então se levantou pegando a bolsa e o casaco, jogou os teste na bolsa antes de seguir Jake para fora do apartamento, mas enquanto ela passava pela sua sala, Amy pareceu notar como seu apartamento era pequeno. Como uma criança conseguirá viver em um lugar tão apertado como aquele. Não havia espaço para correr ou brincar. Oh céus! E se eles tivessem gêmeos como Terry?

Gemendo de desgosto Amy bateu a porta do carro. E aquele carro? Aquele carro mal cabia eles dois, quem dirá uma criança!

—Jake.

—Sim querida.

—Quando chegarmos a delegacia, não conte para ninguém sobre o possível bebê, está bem? Não quero Charles surtando sem sabermos o resultado. - ela disse e Jake assentiu. Charles era um amigo querido, mas algumas vezes conseguia ser um pé no saco com todo o seu fanatismo por Jake. Amy não queria nem imaginar como Charles reagiria caso eles contassem sobre o bebê, ou melhor, o possível bebê.

O caminho até a delegacia parecia mais longo do que o habitual. O céu estava escuro e a cidade cheirava a xixi, como sempre. Mas isso não impediu Amy imaginar como seria uma criança deles. Talvez tivesse os olhos Jake, ela torcia muito para isso. Talvez tivesse o seu cabelo, seus nariz, seu senso de moda, pelo amor de Deus, ela não suportaria ter três dúzias de camisas xadrez em sua casa. Ela amava Jake, mas não pode negar o quanto ficou feliz quando ele apareceu no casamento sem sua camisa xadrez. Talvez seu bebê tivesse o senso humor de Jake. O sorriso dele. Sua mania de ver coisas boas em tudo. Amy amaria se seu bebê pudesse ter aquela risada gostosa de Jake.

Instintivamente colocou a mão sobre a barriga e fechou os olhos. Ela então sentiu uma mão sobre a sua, sem abrir os olhos ela deixou a mão de Jake deslizar até sua barriga e gentilmente colocou a sua por cima. Eles seguiram assim pelo caminho todo até a 99.

Embora Amy soubesse que eles tinham que subir para checar qual a urgência, ela não sentia forças para sair do carro. Os teste em sua bolsa pareciam pesar mil toneladas. Ela não conseguiria fazer pelo resto do dia se não soubesse naquele momento o resultado do teste.

—Ames, eu sei que esse é um momento muito delicado, mas você sabe como eu sou com surpresas. - Jake disse e ela riu um pouco aliviada por saber que não era à única a se sentir nervosa. Amy respirou fundo e então abriu a bolsa, pegou o primeiro teste e entregou a Jake. - Quantos tracinhos significam o que?

—Um tracinho negativo, dois positivos. - ela falou.

—Ok. Qual a margem de erro?

—Temos seis testes. Uma margem de dois para seis.

—Ok.

—Ok que deu? - ela indagou ansiosa. Jake hesitou, mas então falou um tanto desanimado.

—Um tracinho.

Amy suspirou sem saber se sentia aliviada ou triste. Então ela empurrou o outro teste.

—Dois tracinhos. - Jake falou sorrindo e Amy não conseguiu evitar seu próprio sorriso. Então ela empurrou outro. - Um tracinho. - seu sorriso se desfez. Outro teste. - Dois tracinhos. - mais outro. - Dois tracinhos. - mais outro. - Dois tracinhos.

Amy piscou soltando pelo nariz o ar que prendia nos pulmões. Oh céus.

—Jake.

—Amy.

Eles não precisavam de muitas palavras para dizer o que estava se passando em suas mentes. Amy então se jogou nos braços de Jake, o apertando contra si o máximo que conseguia. Eles iriam ser pais.

—Eu te amo. - ela sussurrou escondendo o rosto no pescoço dele. Jake riu baixinho e beijou o cabelo dela.

—Eu também te amo.

Amy se afastou secando as lágrimas que escorriam pelo seu rosto. Quando foi que ela começou a chorar?

—Não vamos contar a ninguém aí, está bem? Ainda não é oficial. Ainda tenho que ao médico e confirmar. Mas acho que… - Amy não conseguiu terminar de falar. Jake a beijou com carinho, ela sorriu ao beijo sentindo-se eternamente amada.

—Eu te amo tanto, Ames. - ele sussurrou fazendo sorrir ainda mais.

—Vamos logo, ou os outros vão estranhar nossa demora. - ela disse se afastando dele. Eles saíram do carro sem conseguir conter os sorrisos. Para Amy, o mundo agora parecia com um daqueles filtros de Instagram e isso a fez sorrir ainda.

—Oh meu Deus! Você está brilhando! - Charles disse assim que eles saíram do elevador. Amy franziu a testa confusa.

—O que?

—Você brilha como o sol ao amanhecer. - ele falou soando cada vez mais estranho. - Oh! Eu sei que tipo de brilho é esse! Aí meu Deus, Amy, você está grávida!

Amy arregalou os olhos e se voltou para Jake que parecia igualmente surpreso e perplexo.

—Como você sabe? - Jake indagou, mas Charles não respondeu, ele apenas arregalou os olhos e subitamente caiu para trás inconsciente. Uma leve lembrança do dia em que Jake a pediu em casamento passou rapidamente por sua mente enquanto ela encarava seu amigo caído no chão, isso a fez sorrir. Tudo parecia tão certo.