Luz na escuridão escrita por Kori Hime


Capítulo 1
Luz na escuridão


Notas iniciais do capítulo

É curtinha, só para me fazer matar saudade deles.



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Primeiro ela viu a escuridão, tão densa que quase pode tocá-la.

Depois, sentiu o calor da vida se esvair de seu corpo, assim como uma dor lancinante tomar conta do seu ser. Ela já não era mais a menina doce de antes, os olhos frios, as veias saltaram, os dentes caninos cresceram. Havia dentro de si um poder incomensurável, prestes a explodir. Suas entranhas se dilatavam e o desejo por carne aumentava. Precisava se alimentar, precisava preencher aquele vazio dolorido em sua alma amaldiçoada.

Contudo, uma pequena luz pareceu iluminar aquela escuridão. Havia uma voz, algo que a puxava de volta as lembranças de outrora. Nezuko, era o seu nome, Tanjiro era seu irmão. E agora a menina doce havia se transformado em demônio.

 

O que… o que é isso?

Que som estranho é esse?

O que está acontecendo?

Tanjiro? É você? Tanjiro? Pode me ouvir? Por que está chorando? O que aconteceu?

Tanjiro, pode me ouvir? Eu não, eu não consigo me controlar. Por favor, me perdoe eu não consigo controlar meu corpo.

Fuja, fuja agora.

 

O vento frio contra o rosto de Tanjiro não era mais perigoso do que os dentes afiados de sua irmã mais nova sobre seu corpo, a madeira entre os dentes afiados impediu o ataque, mesmo assim, o corpo de Nezuko estava muito mais pesado e habilidoso. Tanjiro nunca havia visto alguém correr na neve daquela forma feroz. Mas quando a viu em uma situação de perigo, ele não pensou duas vezes senão protegê-la. Os olhos de Nezuko transmitia vida, e por isso não permitiria que ninguém a ferisse.

 

Está acabado, Tanjiro, tudo bem.

Eu não quero nunca mais te ferir.

Eu não quero viver como um monstro.

 

As lágrimas derramadas por Nezuko mostraram para Tanjiro que ela não era um monstro, por isso interviu. E o faria sempre que fosse preciso. Sua irmã não tinha culpa do que acontecera, e por isso não poderia ser responsabilizada pelo ocorrido. O ar gélido entrando em seus pulmões parecia facas pontudas o alvejando, mesmo assim Tanjiro não desistiu.

 

O que está fazendo? Vá embora, fuja!

Não! Você não pode morrer, não pode morrer aqui, Tanjiro.

Eu não vou permitir que você morra. Eu não vou permitir que ninguém o machuque.

 

Tanjiro sentiu o corpo esfriar na neve, ele não conseguia se mover. Havia dado tudo de si, mas não foi o bastante. Pediu perdão mentalmente para Nezuko por não a ter protegido, também se desculpou para seus pais. Poderia jurar que havia ouvido a voz deles de volta, dizendo que ainda não era o fim. Pedindo para ele se levantar. Mas como seria possível? Não conseguia mais sustentar o corpo sobre suas pernas, então como ele poderia salvar Nezuko.

 

Eu não vou deixar você matar meu irmão.

Ele é a única coisa que me restou.

A única coisa que eu tenho.

Eu vou viver por ele.

 

Tanjiro pode novamente respirar o ar com tranquilidade, suas roupas haviam secado e ele fez uma fogueira para se aquecer. Não sabia ao certo como lidar com aquela situação, mas havia um ponto de partida, encontrar alguém que os ajudasse. Agora eram apenas eles dois. Ele acariciou os cabelos da irmã, queria poder saber se ela o compreendia. De qualquer forma, quando ela o olhava, sentia como se Nezuko falasse.

 

Eu te amo meu irmão.


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