A Volta da Raposa escrita por Claen


Capítulo 7
Uma Grata Surpresa, a Outra, Nem Tanto




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A noite começava a cair e tudo já estava pronto. O clima estava bastante agradável, bem diferente daquele calor terrível que tinha feito durante o dia. Os primeiros convidados começavam a chegar e Don Alejandro, como todo bom anfitrião, recebia a todos com muita alegria e cortesia.

O aniversariante ainda não tinha aparecido, estava em seu quarto terminando de se arrumar com a ajuda de Bernardo.

— E então Bernardo, como estou? – perguntou Diego enquanto dava uma volta para que Bernardo pudesse avaliá-lo. Vestia um belo traje verde escuro com bordados dourados, junto de um lenço amarrado ao redor pescoço e uma faixa alaranjada em volta da cintura.

Bernardo sorriu e indicou que tudo estava perfeito.

— Você também está muito bem, Bernardo! – brincou Diego, deixando o criado encabulado. – Então vamos à festa!

Bernardo abriu a porta e fez uma mesura indicando para que Diego fosse primeiro. Como todo bom cavalheiro, o rapaz meneou a cabeça e saiu sorrindo com o amigo logo em seguida. Assim que começou a descer as escadas foi muito aplaudido pelos convidados. Recebeu inúmeras felicitações e agradeceu a todas, muito educadamente.

— Diego, venha cá! – chamou Don Alejandro.

— Acho que você se lembra de Don Miguel Robles.

— Claro que sim! Como está, Don Miguel? Há quanto tempo não o vejo!

— É verdade, Diego. A última vez que o vi, foi antes de você ir para a Espanha, era praticamente um menino. E vejam só, hoje você se transformou em um homem e já está completando 28 anos. Como o tempo passa! Estou me sentindo um velho agora!

— Não diga isso Miguel, se não também vou achar que estou velho! – brincou Don Alejandro.

— Eu me mudei com minhas filhas para San Juan Capistrano há vários anos, quando minha esposa faleceu, e voltei há apenas poucos dias.

— Fiquei sabendo de sua esposa, meus sentimentos. E como está a Lupita? – perguntou Diego pela filha de Don Miguel, com quem costumava brincar na infância.

— Ela está muito bem, vou chamá-la. Lupita, Teresa, venham aqui!

Quando ele chamou, uma bela senhorita se virou em meio aos convidados. Era Lupita. A última vez que a vira, ela ainda era uma criança, assim como ele, e agora era uma das mulheres mais lindas que Diego tinha visto na vida.

Ela era alta e trajava um vestido azul. Seus cabelos negros e ondulados estavam presos com uma fita igualmente azul e seus olhos verdes brilhavam feito duas esmeraldas. Diego ficou sem palavras enquanto ela vinha sorrindo em sua direção e a irmãzinha vinha logo atrás.

— Olá Diego, meus parabéns! – disse a moça enquanto abraçava carinhosamente seu velho amigo  – Como você está?

Diego demorou um pouco para responder, pois ainda se recuperava da grata surpresa. Don Alejandro e Don Miguel apenas riam ao ver a reação do rapaz. As duas velhas raposas tinham tudo planejado. Não seria nada mal unir as famílias De La Vega e Robles.

— Eu estou ótimo e vejo que você também está! – finalmente conseguiu responder – Quem diria que aquela magricela desajeitada iria se transformar nesta bela dama que vejo diante de meus olhos. – disse enquanto beijava sua mão.

— Posso dizer o mesmo de você, varapau! – gracejou a moça.

— Doce e encantadora como sempre! E essa mocinha que lhe acompanha, quem é? – perguntou Diego voltando a atenção para a menina que se escondia timidamente atrás do vestido de Lupita.

— Essa é minha irmãzinha, Teresa. Ela nasceu depois que você partiu para a Espanha. Venha Teresa, deixe de timidez e venha cumprimentar o aniversariante, o meu amigo Diego.

— Olá Teresa, como vai? – perguntou ele enquanto pegava em sua mão e tentava fazer com que a menina saísse de trás da irmã.

— Eu sou Diego, muito prazer. – Ele se abaixou para ficar de seu tamanho e beijou sua mão com delicadeza.

— Muito prazer. – respondeu a menina saindo de trás do vestido da irmã, deixando que ele finalmente pudesse vê-la. Ela tinha uns oito anos e usava um vestido amarelo. Seus cabelos eram negros como os da irmã, mas os olhos tinham um tom de verde diferente dos de Lupita. Ela era uma bonita garotinha, que quando crescesse, com certeza se tornaria uma bela mulher, assim como a irmã.

— Não ligue para ela Diego, porque ela é muito tímida. Quase tivemos que arrastá-la até aqui.

— Pois não tenha medo de mim, Teresa. Algo me diz que seremos bons amigos. – disse ele, finalmente conseguindo arrancar um sorriso da menina.

Os músicos tocavam uma canção mais lenta e Diego decidiu arriscar. Ele se levantou, mas continuou meio curvado e esticou o braço para a garotinha:

— A senhorita me daria o prazer dessa dança?

Para a surpresa de Lupita e de Don Miguel, a menina pegou o braço estendido de Diego e aceitou o pedido.

— Senhores, senhorita, se me dão licença, a Teresa e eu temos uma dança. – e saíram os dois.

— Quem diria, não é mesmo, meu pai? Nunca imaginei que a Teresa dançaria com um completo estranho! Don Alejandro, seu filho continua o mesmo galanteador persuasivo de sempre!

— Ele puxou ao pai! – brincou Don Alejandro.

Enquanto os dois dançavam, Don Alejandro, Don Miguel e Lupita se divertiam relembrando os velhos tempos. Poucos minutos depois a música terminou e Diego educadamente agradeceu sua parceira de dança fazendo uma mesura. A garotinha, já corando de vergonha novamente, agradeceu e saiu correndo ao encontro do pai, que achava graça da cena. Diego vinha logo em seguida.

— E então minha filha, gostou de dançar com Diego? – perguntou Don Miguel curioso.

— Gostei sim. – respondeu a garota timidamente.

— Olha Diego, o que você fez hoje foi quase um milagre. Teresa é muito tímida e são poucos os que conseguem conquista-la tão rápido!

— Imagine, Don Miguel. Foi um prazer. Mas agora que a Teresa e eu somos bons amigos, é com a irmã mais velha que eu quero dividir a próxima dança.

— Mas é claro, achei que não iria me convidar! – respondeu a moça, já estendendo a mão.

Enquanto se viravam, Diego viu que o Sargento Garcia tinha acabado de chegar.

— Você me dá só um minuto, Lupita? É que meu amigo, o Sargento Garcia, acabou de chegar e junto dele deve estar o novo comandante de Los Angeles.

— Mas é claro. Só não esqueça de que me deve uma dança!

— Jamais faria isso, não se preocupe. Vou dançar com você, nem que seja a última coisa que eu faça nessa vida! – prometeu Diego enquanto ia em direção ao Sargento. Don Alejandro o seguiu.

— Ora, Sargento, achei que os senhores não viriam mais! Onde está o novo comand...

Por um instante Diego parou e ficou sem palavras ao ver a figura esguia que entrava pela porta logo atrás do Sargento Garcia e do Cabo Reyes. Ele achou que nunca mais veria aquele rosto novamente, principalmente aqueles olhos azuis, que sorriam ironicamente ao ver a reação que tinha conseguido causar nos anfitriões.


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Notas finais do capítulo

Gostaria de saber o que vocês estão achando. Os comentários serão muito bem-vindos.



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