Assim que saíram da taverna, Diego se certificou de que ninguém os observava e então chamou Bernardo de canto para contar tudo o que tinha ouvido do Sargento Garcia. O criado ficou tão abalado quanto ele com a notícia e ambos seguiram em direção ao quartel.

— Buenos días, Cabo Reyes. – cumprimentou Diego.

— Buenos días, Don Diego! – respondeu o soldado educadamente.

— Será que eu poderia falar com o Capitão Aurellana?

— Vou ver se ele vai poder recebê-lo, Don Diego. Não sei se o senhor sabe, mas ele está de partida para a capital.

— Sim, o Sargento Garcia acabou de me contar. Uma verdadeira lástima.

— Aguarde aqui, Don Diego. Vou perguntar se o senhor pode entrar.

— Gracias, Cabo.

Poucos instantes depois o cabo reapareceu pedindo para que Diego entrasse. Bernardo ficou aguardando o patrão na carroça.

— Bom dia, Capitão.

— Bom dia. Sr. de La Vega.

— Soube que o senhor está nos deixando hoje...

— Sim, é verdade. O que é uma pena, porque já estava me acostumando com o povoado de Los Angeles.

— Nós também lamentamos, porque também já estávamos nos afeiçoando ao senhor.

— Obrigado pela gentileza, senhor. Mas esta é a vida de um soldado, temos de ir onde somos mandados, e dessa vez minha missão é a de proteger o Governador.

— O Sargento Garcia me contou o que aconteceu. Estou chocado até agora.

— Nós também, Don Diego. Ainda nem avisamos ao povo, porque não temos informações concretas. O novo comandante chegará ainda hoje e espero que ele traga novas notícias a respeito do estado de saúde do governador. O Governador Interino acha que isso pode ser o início de uma revolta e acredita que devemos nos fortificar.

— Mas com o senhor indo para a capital, Los Angeles não ficaria desprotegida caso a tal revolta realmente aconteça?

— Não se preocupe, Don Diego. Sei que o senhor é avesso às batalhas, mas nossos soldados são perfeitamente capazes de defender o povoado. Eu ainda não sei quem será o novo comandante, mas pelo que soube ele é bastante experiente e vem muito bem recomendado pelo novo governador.

— Se é assim, eu fico mais tranquilo. Mas não foi exatamente sobre isso que eu vim conversar.

— E sobre o que foi, Don Diego?

— Não sei se o senhor se lembra, mas hoje acontecerá a minha festa de aniversário.

— Sim, eu me lembro, Don Diego, mas como vê, infelizmente não poderei comparecer.

— Eu já imaginava. E como o senhor infelizmente não poderá ir, eu peço para que autorize o Sargento Garcia, o Cabo Reyes e qualquer outro soldado que quiser ir, após a chegada do novo comandante. Eu conversei com o Sargento agora a pouco e sugeri a ele que trouxesse o novo comandante com ele e então aproveitaríamos a festa para dar-lhe boas-vindas. Com o seu consentimento, é claro.

— É uma ótima ideia, Don Diego! Como foi tudo tão repentino, não terei tempo de organizar uma recepção digna. Ficarei eternamente agradecido por sua generosidade!

— Será um prazer!

— Então o Sargento e o Cabo têm meu consentimento, porém não acho prudente deixar o quartel desguarnecido nesses tempos incertos e apenas os dois tem minha autorização. Deixarei o novo comandante avisado.

— Muito bem pensado e obrigado, Capitão Aurellana! Desejo que faça uma boa viagem e espero revê-lo algum dia.

— Eu é que agradeço, Sr. De La Vega, por toda a hospitalidade que recebi em Los Angeles.

Os dois se cumprimentaram com um cordial aperto de mão e Diego saiu em seguida, se despedindo do Cabo que estava de guarda.

— Espero o senhor e o Sargento Garcia hoje à noite em minha casa, Cabo.

— Sim, Don Diego, irei com muito prazer!