A Volta da Raposa escrita por Claen


Capítulo 43
A Carta Chega ao seu Destinatário




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— Capitão Monastário! Capitão Monastário! – irrompeu o Sargento como uma manada de búfalos invadindo a sala.

— O que foi, Garcia? Tenha mais cuidado, seu idiota! – irritou-se Monastário.

— Desculpe, senhor, mas é que eu trago uma mensagem urgente. Uma mensagem do Zorro!

— Do Zorro? Me dê isso aqui! – entusiasmou-se o Capitão, enquanto arrancava o papel dobrado das mãos de Garcia. No mesmo instante ele começou a ler vorazmente cada palavra escrita até que ao final soltou uma gargalhada triunfante.

— Eu sabia! Eu venci, Sargento! Eu finalmente derrotei aquele bandido miserável! – disse animadamente sem conseguir manter-se sentado em sua cadeira de tanta excitação.

— Mas ele não disse que vai se entregar, ele disse que quer duelar com o senhor... – observou Garcia, mas logo depois se arrependeu de ter falado, porque tinha certeza de que levaria uma bela reprimenda por ter lido a carta endereçada ao Capitão sem o seu consentimento.

Ele tinha razão em temer a reação de Monastário, porque em qualquer outra ocasião ele teria ficado furioso com a atitude de Garcia, contudo, para sua sorte, dessa vez ele estava tão eufórico com a notícia, que nem se incomodou.

— Isso não me surpreende. Eu não esperaria nada diferente vindo dele. – respondeu tranquilamente.

— O senhor vai fazer o que ele está pedindo?

— Mas é claro. Trato é trato. E como você sabe, os prisioneiros não me interessam, eles são apenas as iscas para pegar o peixe grande.  – confessou sem nenhuma cerimônia, surpreendendo seu subordinado.

Há dias Garcia vinha se esforçando para encontrar um motivo verdadeiramente válido para a prisão de todas aquelas pessoas, mas ainda não tinha obtido sucesso nisso. Ouvir da própria boca de Monastário que os prisioneiros eram apenas iscas o deixou desolado e seu coração ficou ainda mais apertado por confirmar sua suspeita de que ele realmente havia encarcerado e torturado inocentes apenas para cumprir com o plano do Capitão. Ele queria dizer na cara de seu comandante que ele era um canalha, mas seu medo falou mais alto e ele se calou mais uma vez.

— Decretarei anistia a todos os prisioneiros a partir das vinte horas de hoje e você vai ser minha testemunha. Chame mais alguém do povoado para assinar o documento que redigirei imediatamente. Eu também quero que De La Vega seja a outra testemunha a assiná-lo.

— O De La Vega pai ou o De La Vega filho, meu Capitão?

A dúvida de Garcia era justificável, mas Monastário se irritou com a pergunta.

— O pai, é claro, seu paspalho!

— Mas ele está amarrado lá fora e creio que está muito mal, acho que nem vai conseguir assinar...

— Pode colocar todos de volta nas celas. Deixe que se recuperem um pouco. Quero De La Vega aqui em duas horas e em condições de assinar.

— Sim, Capitão! - animou-se finalmente o soldado grandalhão, que resolveu arriscar a sorte mais um pouco - Posso chamar o Dr. Ernesto para dar uma olhada nos prisioneiros? Assim podemos pedir para que ele seja uma das testemunhas, representando o povo.

— Pela primeira vez você teve uma ideia que preste, Garcia. Faça isso.

— Gracias, mi Capitán!

Garcia girou nos calcanhares e saiu chamando alguns soldados para acompanhá-lo.

As pessoas se surpreenderam por Monastário ter encerrado a punição antes da hora, já que isso não era de seu feitio, mas se sentiram aliviadas ao verem os prisioneiros sendo levados de volta para o quartel.

— Venha, Don Alejandro, vamos sair desse sol. – chamou Garcia, que fez questão de ir pessoalmente ajudar o pai de seu amigo, enquanto os outros soldados faziam o mesmo pelos demais prisioneiros.

Don Alejandro gemeu de dor quando seus pulsos foram desamarrados pelo Sargento e ele finalmente pôde abaixar os braços depois de tantas horas estendidos. Ele não estava entendendo o motivo do súbito “acesso de bondade” do Capitão, mas naquele momento não tinha forças para perguntar, apenas agradecia a Deus, em seu íntimo, por dar um fim àquela tortura.

Diego acompanhava toda a movimentação dos soldados na praça do alto da janela de seu quarto temporário, e se alegrou ao perceber que seu plano começava a dar certo. Sua carta tinha surtido algum efeito e ele havia conseguido, pelo menos, poupar os prisioneiros de algumas horas de sofrimento.

— Bom trabalho, Bernardo! Parece que o Capitão já recebeu a carta e ao que tudo indica, vai fazer o que eu pedi. Agora só nos resta aguardar.

Não tardou até que o próprio Monastário afixasse no muro do quartel a declaração de anistia a todos os prisioneiros naquele mesmo dia. Às vinte horas em ponto, eles seriam libertados, caso o Zorro cumprisse com sua palavra de se apresentar para um duelo com o Capitão. Obviamente, todos estavam mais do que convidados para testemunhar o grande evento.


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