A Volta da Raposa escrita por Claen


Capítulo 40
A Decisão é Definitiva




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— Ora, ora, se não são os filhos pródigos! – disse o Capitão ao ver os dois rapazes.

— Seu desgraçado! – gritou Don Ricardo já desembainhando a espada e seguindo em sua direção. Ele com certeza teria feito alguma bobagem se não tivesse sido impedido por sua própria mãe e pelas palavras de Diego.

— Não faça isso, Ricardo! Não piore a situação de nossos pais! – pediu Diego, mesmo sentindo vontade de fazer exatamente o mesmo.

— Acho melhor escutar o De la Vega. Se encostar um dedo em mim, me dará motivos para prendê-lo também. Não que isso me desagrade... – respondeu Monastário tranquilamente.

Ricardo, ainda furioso guardou a espada e foi abraçado pela mãe que chorava.

— Soldados! Tirem esses homens de perto dos prisioneiros! – ordenou o Capitão - Eles não têm permissão para se aproximarem. Quem autorizou isso? Foi você Garcia?

— E-eu? – balbuciou Garcia, pego de surpresa.

— Ele não autorizou, eu subi à força! – gritou Diego de longe tentando defender o amigo.

— Você subiu à força? Não me faça rir, De La Vega! – gargalhou Monastário.

— É verdade, senhor. – confirmou o outro soldado – Don Diego me jogou lá de cima. Acho que torceu meu pulso...

— Não me diga que você teve a audácia de encostar em um dos meus soldados? – perguntou Monastário bastante incrédulo.

— Eu jamais agrediria um soldado. Isso foi apenas... apenas um reflexo defensivo.  – disse Diego, tentando encontrar uma desculpa para seu destempero inicial - Como eu conseguiria agredir um soldado bem treinado de sua Majestade? O que aconteceu foi que ele veio até mim e, no susto, acabei acertando-o sem querer. Ele estava próximo à beira, então se desequilibrou e caiu, não foi mesmo soldado?

— P-pode ser que eu tenha só me desequilibrado mesmo... – respondeu o soldado já bastante amedrontado sem saber qual seria a resposta correta. Tinha medo do que o Capitão faria se soubesse que ele não tinha sido capaz de deter um civil desarmado, mas também tinha medo do que Don Diego poderia fazer, pois apesar de parecer estar mais calmo, no fundo, ele ainda estava bastante irritado. O soldado tinha acabado de conhecer o verdadeiro Diego de la Vega e não tinha sido uma experiência agradável. Ele tinha mesmo quase quebrado seu pulso quando o agarrou e jogou de lá de cima.

— Está certo. Vou considerar isso tudo como um mero acidente. De La Vega, afaste-se do prisioneiro e leve seu criado com você. Afaste-se também, Don Ricardo. E você Garcia, não faça nenhuma outra burrada, ou em breve acabará fazendo companhia aos prisioneiros.

Ao ouvir o ultimato do Capitão, Diego decidiu acatar sua ordem e se afastou. Ele ainda estava preocupado, mas depois de ver e falar com Don Alejandro, pôde confirmar que o pai, apesar de muito ferido, era um homem bastante forte e certamente conseguiria suportar até a noite, quando Zorro viria para acabar com o sofrimento de todos.

— Eu preciso ir, meu pai, ou então também acabarei sendo preso e aí não poderei fazer mais nada por vocês. Só peço para que aguente mais algumas horas e tudo será resolvido de uma vez por todas.

— Não faça o que eu acho que você está pensando em fazer. – pediu Don Alejandro com a voz ainda bastante fraca.

— Não se preocupe, papai. Mesmo sem querer eu meti vocês nessa confusão e vou tirar, custe o que custar.

Ao dizer isso, Diego beijou a testa do pai e se levantou do piso de tábuas de madeira. Em seguida foi ao encontro de Bernardo, que dava água a Don Miguel, também bastante ferido.

— Vamos embora, Bernardo. – disse ele, enquanto chamava-o com sinais - Não se preocupe, Don Miguel, tenho certeza que hoje mesmo o senhor, meu pai, Lupita e todos os outros voltarão em casa.

Sem saber o motivo de tanta confiança, Don Miguel pôde apenas sorrir e apertar a mão do rapaz ao se despedir. Logo depois, Diego engoliu toda a raiva que sentia e despediu-se secamente de Monastário, que continuava os observando.

— Até breve, Capitão.

— Eu tenho certeza que sim.

Ambos deram as costas um para o outro e cada um seguiu uma direção. Monastário voltou para o quartel e Diego foi até o Sargento Garcia, que assistia toda àquela cena cheio pesar.

— Perdoe-me por ter agido daquela maneira, Sargento. Isso quase custou sua liberdade também.

— Não há nada a se perdoar, Don Diego. Se meu pai estivesse ali eu também teria feito o mesmo.

— Obrigado, Sargento. Algum dia o seu enorme coração será recompensado. Guarde minhas palavras. – agradeceu Diego, com um forte abraço no Sargento grandalhão em retribuição às suas palavras compreensivas.

O abraço inesperado acabou deixando Garcia até sem jeito e sem saber muito bem como reagir. Ele nunca tinha visto seu amigo Diego tão vulnerável como naquele momento, quase em lágrimas, então o abraçou também.

Em seguida, os dois se despediram e o Sargento voltou para seu posto em frente ao quartel, onde ficaria de guarda dos prisioneiros pelo resto do dia.

Bernardo estava indo buscar os cavalos para ele e seu patrão irem embora, mas logo foi impedido por Diego. Ele tinha outros planos.

— Bernardo, eu tomei uma decisão.  – disse o rapaz seriamente – Provavelmente Zorro deixará de existir esta noite, mas ele vai levar Monastário consigo.

O criado balançou a cabeça desesperadamente em desaprovação a seu patrão, mas a decisão era irrevogável.

— Já está decidido, meu amigo. Mas para isso eu precisarei da sua ajuda. Eu vou para a taverna reservar um quarto e quero que você vá até o esconderijo. Pegue a roupa do Zorro e traga-a para mim, por favor.

 Pela primeira vez, Bernardo pensou em desobedecer o patrão, mas aquela não era uma decisão dele e sim de Diego, então ele montou tristemente em seu cavalo e partiu para à Fazenda de La Vega.


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