— Mas como foi que isso aconteceu, Sargento?

— Pelo que soubemos, o Governador saiu de casa logo cedo para ir à missa, como fazia todos os domingos, e foi atacado por um bando de pistoleiros.

— Que horror!

— Sim, Don Diego. Dois dos soldados que o escoltavam morreram no ataque e o Governador acabou gravemente ferido. Don Arturo Contreras assumiu o cargo de Governador Interino e disse temer pela segurança dos quarteis. Cá entre nós, Don Diego, - disse o sargento já cochichando e olhando ao redor para confirmar se ninguém os observava - ele acha que isso foi armado pelo Zorro, ouvi dizer até que eles têm provas de que ele é o culpado e que estaria iniciando uma revolta.

— O Zorro? Que estranho... Pelo pouco que sei dele, isso não parece ser o tipo de coisa que ele faria. Ele é um bandido, como todos sabemos, mas não acho que seja um assassino.

— Pois eu o conheço bem, Don Diego, e concordo com sua opinião, mas o Governador Interino não o conhece como nós aqui de Los Angeles e acha que o Zorro voltará para terminar o serviço e dará fim a vida do Governador. Quando fizer isso, atacará todos os quarteis com a ajuda de seu bando e logo tomará toda a Califórnia.

— Minha nossa! Eu acho que o Governador Interino está exagerando um pouco. Não creio que Zorro queira iniciar uma revolução e dominar toda a Califórnia.

— Bem, Don Diego, não temos como ter certeza, por isso, ele deu ordens ao Capitão Aurellana para que ele volte à capital para cuidar pessoalmente da segurança do governador até que ele se recupere. Se é que ele vai se recuperar...

— Então quer dizer que perdemos nosso comandante também?

— Sim, Don Diego. Ele ficará apenas até o novo comandante chegar, hoje à noite.

— Puxa, Sargento, as notícias de hoje realmente são muito ruins, acho que não há clima para realizarmos uma festa. Acho que pedirei ao meu pai para cancelarmos tudo...

— Não faça isso, Don Diego! Don Alejandro esteve aqui ontem e me disse que estava muito animado para celebrar seu aniversário.

— O senhor acha mesmo que não devo cancelar?

— De maneira nenhuma! Acho que o senhor deve celebrar sua vida!

— Obrigado, Sargento, suas palavras foram bastante reconfortantes.

— Não foi nada.

— Mas o senhor virá à minha festa, não é mesmo? O senhor avisou ao Cabo Reyes que ele também está convidado?

— Sobre isso, Don Diego... – respondeu meio sem graça – Acho que não poderemos ir...

— Mas por que, Sargento? – perguntou Diego, bastante desapontado. – O Capitão não permitiu que vocês fossem? Se for isso, eu mesmo falo com ele!

— Não é isso Don Diego...

— O que é então, Sargento?

— É que precisaremos estar presentes na chegada do novo comandante de Los Angeles. Nós precisaremos ficar aqui para recebê-lo.

— Isso é uma pena, Sargento, uma verdadeira pena. – respondeu Diego realmente desapontado. – Mas o senhor poderia fazer o seguinte: eu falo com o Capitão Aurellana e peço permissão para o senhor e o Cabo Reyes irem à festa e aí vocês levam o novo comandante até a fazenda e nós aproveitamos a festa para dar as boas-vindas a ele. Que tal?

— É uma ótima ideia, Don Diego! Se o senhor fizer esse favor de falar com o Capitão, eu ficarei imensamente agradecido!

— Não se preocupe, Sargento, eu falarei.

Quando os dois já estavam mais animados, Maria trouxe a água que estava bastante fresca, mas ambos deram apenas um gole. O sargento, porque água não era sua bebida preferida e Diego, porque tinha ficado preocupado com a notícia que tinha acabado de receber.

Logo em seguida, o Sargento se despediu e saiu, pois tinha assuntos a resolver, deixando Diego com seus pensamentos. Pouco tempo depois Bernardo retornou indicando que já tinha acabado o trabalho e que eles já poderiam voltar para casa, mas só de olhar para o semblante de seu patrão, percebeu que havia algo errado e gesticulou perguntando o que tinha acontecido.

— Algo me diz que poderemos ter problemas, Bernardo. – disse ele disfarçadamente – Agora, vamos!