A Volta da Raposa escrita por Claen


Capítulo 35
Uma Luz no Fim do Túnel




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— Lupita, minha filha, não sabe como é bom poder finalmente te abraçar! – disse Don Miguel com lágrimas nos olhos ao reencontrar a filha. Era um misto de alegria e tristeza por ver o que apenas alguns dias no cárcere foram capazes de fazer com ela. A moça já não mantinha mais os cabelos arrumados e há dias não tomava um banho. Seu vestido, que anteriormente quase arrastava no chão, agora estava na altura dos joelhos, pois boa parte dele tinha sido rasgada e transformada e bandagens para os curativos dos prisioneiros chicoteados dias antes, mas aparentemente, ela estava bem. Era uma moça bastante forte e corajosa.

— Oh, meu pai! O que o senhor fez para estar aqui comigo? – perguntou a moça, sem saber se deveria se sentir feliz ou chateada com a companhia inesperada.

— Eu já explicarei, mas primeiro me conte como você está.

— Estou bem, pai, mas preocupada com o Sr. Valverde. Apesar de o Diego ter conseguido interromper o chicoteamento, o pobre Ramón não tem mais idade para aguentar esse tipo de coisa. Ele precisa de um médico ou então não sei se conseguirá sobreviver. – disse a moça bastante preocupada com o velho empregado de seu pai que conhecia desde criança. Ele estava deitado na única cama da cela e delirava de febre.

— Como você está, meu velho? – perguntou Don Miguel também preocupado ao ver o estado em que o homem se encontrava.

— É o senhor, patrão? – perguntou o homem com a voz bastante fraca.

— Sim, sou eu, Ramón. Como você está?

— Aguentando, senhor, aguentando. – respondeu ele tentando esboçar um sorriso.

— Então descanse e tenha fé que vamos sair daqui logo. – disse Don Miguel, fingindo uma confiança que já não era tão forte.

— Alejandro! – chamou Don Miguel por seu amigo na cela ao lado que era separada apenas por grades.

Don Alejandro se aproximou das barras onde se encontrou com Don Miguel e Lupita.

— Olá, minha filha. – cumprimentou a moça com um carinho no rosto por entre as grades. – Que bom que está bem.

— Obrigada, Don Alejandro.

— Alejandro, meu empregado está muito mal. Precisamos que ele seja atendido por um médico.

— Aqui também precisamos de um médico. O empregado de Don Rafael também não está muito bem depois de ter passado pelo “interrogatório” de Monastário, mas apesar de estar com muitas dores, ele quer falar conosco.

— Então vamos falar com ele!

— Roberto, consegue vir até aqui? – chamou-o Don Alejandro para mais próximo das grades.

Ele balançou a cabeça afirmativamente e com a ajuda de seu patrão chegou ao encontro dos outros. Havia cerca de doze pessoas em cada cela de aproximadamente três metros quadrados e a situação estava bastante complicada. A grande maioria era composta de homens, mas havia outras mulheres além de Lupita, e Monastário sequer tinha feito uma separação entre eles.

Em cada uma das celas além de uma cama também tinha uma cadeira que foi posta imediatamente a disposição de Roberto, que se sentou e recostou contra a grade e pode finalmente dizer o que queria.

Os demais prisioneiros também estavam curiosos para saber o motivo de tantos fazendeiros estarem presos juntos deles. A única coisa que sabiam com certeza, era que não era pelo mesmo motivo, afinal todos aqueles homens conseguiriam pagar seus impostos sem nenhum problema. Então, quando o pobre e dolorido Roberto começou a falar, todos ficaram em silêncio para ouvi-lo, pois talvez ajudasse a solucionar o mistério.

— Don Alejandro, eu queria pedir perdão, porque acabei contando o plano dos senhores para o Capitão. – começou o homem verdadeiramente muito sentido.

— O que é isso, meu rapaz! – disse Don Alejandro colocando a mão em seu ombro – Não se culpe, qualquer um teria contado depois de ser torturado por aquele troglodita!

— Obrigado, Don Alejandro. Eu fui obrigado a contar muitas coisas, mas não contei tudo.

Os olhos e as atenções de todos os fazendeiros se voltaram imediatamente para o capataz.

— E o que foi que você não contou para ele, Roberto? – perguntou seu patrão curioso.

— Eu disse que tinha uma mensagem dos senhores para o Governador dizendo tudo o que estava acontecendo em Los Angeles e pedindo para que fosse tomada alguma medida contra o Capitão, mas não disse que a mensagem estava por escrito.

— Quer dizer que ele não está com a carta? Então ele não tem provas concretas contra nós? – animou-se Don Miguel.

— Não somente isso, senhor. Eu achei que poderia estar sendo seguido e procurei por meu primo José que mora na capital e sempre monta sua barraca de tamales perto do Gabinete do Governador. Eu não tive muito tempo para explicar o que estava acontecendo, mas entreguei a carta para ele e pedi para que fizesse de tudo para entregá-la pessoalmente ao Governador. Então quando os soldados me prenderam, eu já tinha dado a carta ao José. Depois disso não o vi mais e não sei se ele conseguiu entregar, mas acho que ainda pode haver uma esperança.

— Mas que ótima notícia, Roberto! – se alegrou Don Miguel – Então podemos voltar a ter esperanças de que o Governador talvez possa nos ajudar!

— Sim, senhor.

— Muito obrigado, Roberto, por ter conseguido manter esse segredo. Acho que sua atitude poderá salvar a todos nós. – agradeceu Don Alejandro – Agora descanse e veremos se conseguimos um médico para você e para o senhor Valverde.

— E como você acha que vai conseguir um médico, Alejandro? – perguntou Don Miguel curioso.

— Bom, eu não tive tempo de contar nosso plano para o Diego. Os soldados me prenderam bem na hora, mas pedi ao Sargento Garcia para que tentasse falar com ele e garanto que assim que puder, ele vai aparecer aqui acompanhado de nosso advogado. Não creio que conseguirão nos soltar, mas garanto que conseguirão um médico.

— O senhor dá muito crédito para o seu filho. – disse Lupita desesperançada.

— Você é quem lhe dá crédito de menos, menina. Dê uma chance a Diego e verá como ele pode te surpreender. – disse o fazendeiro com uma piscadela para a moça.

— Espero que o senhor tenha razão, Don Alejandro, mas eu acho que o único capaz de nos salvar é o Zorro.

— Zorro também é um bom homem e aposto que está pensando em alguma forma de nos ajudar.

— Falando nele, alguém tem notícias suas? Fiquei preocupada, porque vi que foi ferido.

— Ele ainda não reapareceu desde aquele dia, mas garanto que ele está bem. Só esperando o momento certo de agir novamente. – respondeu Don Alejandro bastante seguro de suas palavras.

— Queira Deus que sim, Don Alejandro. Queria muito poder reencontrá-lo e agradecer pelo que tentou fazer nós.

— Eu sei que poderá fazer isso em breve, mas por enquanto, vamos esperar.

Já que estavam todos no mesmo barco, os prisioneiros fizeram o melhor que podiam para se acomodar e se ajudar. O tempo na prisão passa devagar e eles então tentaram se distrair um pouco conversando. Os fazendeiros contaram seu malfadado plano que acabou levando-os para a prisão, enquanto aqueles que já estavam presos, também dividiram suas histórias tristes, e juntos, aguardaram esperançosamente por uma salvação.


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Notas finais do capítulo

Eu sei que minha fanfic não tem muitos leitores, mas hoje eu venho aqui fazer um apelo como cidadã brasileira, preocupada com a saúde de nosso povo. Peço, por favor, para que quem puder, fique em casa. Essa é a única forma de evitarmos a propagação do coronavírus. Vamos todos ajudar a salvar vidas, assim como o Zorro. :D
Parafraseando Bowie "We can be heroes, just for one day" (or, in this case, for a few days ;) )



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