A Volta da Raposa escrita por Claen


Capítulo 26
Tornado e Bernardo: Companheiros Para Todas as Horas




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Zorro conhecia cada centímetro daquele lugar e sabia muito bem como se esconder e enganar os guardas, afinal, já tinha feito isso inúmeras vezes, mas dessa vez as coisas estavam um pouco mais complicadas.

Foi somente após ter certeza de que tinha deixado Monastário e seus homens para trás, que ele pôde finalmente parar de fugir um pouco e avaliar a situação de seu ferimento. Preferiu não desmontar do cavalo para fazer isso, porque tinha certeza de que não conseguiria montar novamente.

Olhando mais calmamente, Zorro percebeu que a bala tinha atravessado seu ombro direito, causando dois ferimentos, que agora sangravam bastante. Ele não sabia se alguma artéria tinha sido atingida, mas sabia que era necessário estancar a hemorragia. Como não trazia consigo nenhum material para primeiros socorros, improvisou uma bandagem com um pedaço que rasgou de sua capa, porém, o ferimento na parte de trás de seu ombro era difícil de alcançar e ele fez o melhor que pôde, mas estava começando a sentir os efeitos da perda de sangue. Sentia-se muito fraco e tonto e precisou deitar-se sobre o cavalo. Colocou seus braços ao redor do pescoço de Tornado, mas não tinha muita força para segurar.

— Tornado, – disse ele com a voz fraca para seu companheiro – acho que você vai ter que encontrar o caminho de casa sozinho, amigo.

O cavalo obediente balançou a cabeça e relinchou baixinho, dando a entender que havia compreendido o pedido e começou a andar lentamente em direção ao esconderijo.

Zorro fechou os olhos, acariciou Tornado e sorriu, mas poucos minutos depois, seus braços não estavam mais ao redor do pescoço do cavalo e sim balançando soltos no ar, no mesmo ritmo de seu trote. Ele havia desmaiado e o sangue escorria por seu braço e já começava a pingar pela mão.

Tornado parecia compreender que seu dono não estava mais no controle e andava cuidadosamente por entre o chão cheio de pedras, arbustos e buracos, na tentativa de não derruba-lo acidentalmente. Eles não estavam muito longe do esconderijo e logo Tornado avistou a entrada coberta de plantas e entrou.

Lá dentro, Bernardo já não tinha mais unhas para roer de tanta preocupação e havia perdido as contas de quantas vezes tinha dado voltas e voltas dentro do lugar. Diego estava demorando demais e isso lhe tirava o sossego.

Sua inquietação só diminuiu quando finalmente viu Tornado entrando pela passagem de folhas e foi imediatamente recebe-lo, mas logo percebeu que algo não estava certo.

Zorro estava deitado sobre o cavalo e ao olhar mais de perto, Bernardo viu que ele estava inconsciente. Desesperado, correu para tira-lo de lá. Tornado gentilmente se abaixou para facilitar o trabalho do criado, que conseguiu deita-lo no chão. Imediatamente Bernardo percebeu que suas mãos estavam cobertas de sangue e rapidamente localizou os ferimentos. Ele desamarrou a capa rasgada e ao abrir sua camisa, se assustou ao ver que ele tinha levado um tiro. Embora os ferimentos ainda sangrassem, Diego parecia ter conseguido fazer um curativo razoável com o material precário que possuía.

O criado sabia que não conseguiria leva-lo até o quarto, pois havia muitas escadas, então, o tratamento precisava ser feito ali mesmo. Como estava completamente inconsciente, era bastante pesado, então ele passou um dos braços de Diego por trás de seu pescoço e segurou firme sua mão, conseguindo dessa forma, com algum esforço, levanta-lo e leva-lo para uma cama que havia no próprio esconderijo. O lugar era uma espécie de enfermaria improvisada, que até aquele momento ainda não tinha sido utilizada.

Com a ajuda de um pedaço de pano e muita água, começou a limpar os ferimentos. Ele não era nenhum médico ou enfermeiro, mas sabia bem como fazer um bom curativo e apesar de todo o sangue perdido, a situação não parecia ser tão grave como ele havia achado inicialmente, pois aparentemente, não tinha atingido nenhum órgão ou artéria.

Não havia muito mais o que se se fazer a não ser estancar o sangramento e esperar Diego recuperar  suas forças e foi isso o que Bernardo fez. Tornado relinchava em seu estábulo, quase que pedindo alguma informação sobre o estado de saúde de seu mestre e Bernardo foi até lá acalma-lo. O pior de tudo é que Bernardo não podia perguntar o que tinha acontecido e Tornado não podia responder e isso o deixava maluco.

Contudo, aquele não era o momento para desespero e sim para vigília. Então, os dois fiéis companheiros passaram o resto da noite em silêncio e esperando Diego mostrar algum sinal de consciência.


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