A Volta da Raposa escrita por Claen


Capítulo 21
A Ideia de Diego




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Completamente contrariada, Lupita decidiu acompanhar Diego e seu pai.

— Vamos para sua fazenda, Don Miguel. No caminho eu explico no que estive pensando. – disse Diego assim que saíram do quartel.

— Então vamos indo, antes que a minha filha faça uma besteira.

Os três entraram na carruagem de Don Miguel conduzida por ele próprio, enquanto Bernardo os seguia na carruagem dos De La Vega. Os demais funcionários da Fazenda Robles seguiram montados em seus cavalos.

Depois que já tinham se afastado um pouco do povoado e que Lupita já tinha conseguido se acalmar, Diego contou o plano que começava a bolar.

— Don Miguel, já que Monastário não me permitiu pagar por seus empregados, só existe uma coisa que eu posso fazer.

— O que é Diego?

— Posso emprestar o dinheiro ao senhor e aí o senhor poderá fazer o que quiser com ele, inclusive emprestar aos seus funcionários, assim como meu pai fez em nossa fazenda.

— Sim, rapaz! Essa é uma ótima ideia! Monastário não precisa saber e nem poderá me dizer o que fazer com meu dinheiro, não é mesmo?

— É uma boa ideia, Diego, - concordou Lupita – mas como pudemos ver, o Capitão não é bobo e saberá que o dinheiro veio de você.

— Ele pode até imaginar que veio de mim, mas não terá como provar. E mesmo que ele consiga provar, até onde eu sei, não é crime algum emprestar dinheiro a um velho amigo.

— Tem razão... mas tenha cuidado. Algo me diz que não será tão fácil assim dobrar o Capitão. – disse Lupita, já ciente da verdadeira índole de Monastário.

— Infelizmente teremos que arriscar, minha filha, ou então eles serão presos e sabe-se lá o que esse desalmado fará com essa gente.

— Sim, papai.

— Então considere feito, Don Miguel. Só me diga de quanto precisa e pedirei a Bernardo para que busque o dinheiro.

Pouco tempo depois o grupo chegou a fazenda Robles e rapidamente, Don Miguel se reuniu com seus empregados para contar as boas novas e também pedir segredo absoluto sobre a situação. Se questionados sobre onde tinham conseguido o dinheiro, eles deveriam apenas dizer que seu patrão o havia emprestado.

 Eles fizeram as contas do valor devido e logo depois, seguindo as ordens de Diego, Bernardo partiu o mais rápido que pôde rumo a Hacienda De La Vega, pois todos tinham pressa para resolver o problema até o meio-dia.

Meia hora depois, Bernardo já estava de volta e o grupo de empregados da Fazenda Robles se reuniu dentro dos portões junto com Don Miguel, Lupita e Diego. Eles haviam decidido que seria melhor que cada um dos homens fosse pagar individualmente, pois Monastário já tinha dito que a dívida não era de Don Miguel e sim dos empregados. Eles sabiam que o Capitão jamais acreditaria que todos os homens tinham milagrosamente conseguido o dinheiro sem a ajuda de alguém, afinal ele podia ter muitos defeitos, mas burrice não era um deles. Eles também sabiam que o que estavam fazendo não era crime e Monastário jamais poderia acusa-los de alguma coisa.

Todos se organizaram e receberam exatamente a mesma quantia para quitarem suas dívidas.

— Senhores – disse Don Miguel – Ainda são nove horas e acho que temos tempo para todos irem até o quartel separadamente para não chamar a atenção.

— Sim patrão, tem razão. Faremos isso. Muito obrigado ao senhor e ao Don Diego também! – agradeceu um dos peões.

— Não foi nada, amigo. – disse Diego – Agora, acho melhor o primeiro de vocês ir.

— Sim, Don Diego, eu vou primeiro. – disse um deles - Quando eu retornar, outro irá até lá. Com licença, senhores.

Assim que disse isso, o peão e seus companheiros seguiram rumo ao grande portão de madeira, mas quando o abriram, jamais imaginariam a surpresa que os aguardava do lado de fora. Uma péssima surpresa.

Monastário e vários de seus soldados estavam diante do portão, apenas esperando que o primeiro saísse de lá.

— Bom dia, senhores e senhorita! – cumprimentou-os com um sorriso diabólico – os senhores estão todos presos.

Nesse instante todos se desesperaram e ficaram sem saber o que fazer. O empregado que ia na frente tomou coragem para perguntar o que todos queriam saber.

— Mas por que, senhor? Ainda não é meio-dia e nós já temos o dinheiro para pagar os impostos. Veja! – e exibiu as moedas de ouro em suas mãos para que o comandante as visse. Todos tiraram as moedas dos bolsos e fizeram o mesmo.

Monastário simplesmente pegou seu chicote e com um único movimento acertou a mão do homem, que deixou as moedas caírem sobre o chão de terra.

— O que fizemos de errado, senhor? – perguntou o homem incrédulo, que agora estava ajoelhado no chão, massageando a mão ferida pelo chicote.

— Vocês acham que eu sou algum imbecil?! – perguntou Monastário enfurecidamente.

— Não, senhor! – respondeu um dos peões já apavorado.

— Então acharam que iriam me enganar?

— De maneira alguma, senhor.

— Pois saibam, que eu e meus homens seguimos o senhor, Don Miguel, assim que saíram do quartel. Eu sabia que vocês iriam tentar fazer algo pelas minhas costas.

— E o que fizemos de errado, Capitão? – perguntou Don Miguel – Apenas conseguimos o dinheiro dos impostos!

— Pensa que não sei que foi De La Vega quem lhes deu o dinheiro? Nem tentem negar, porque eu vi Bernardo indo e voltando da Fazenda De La Vega, assim como escutei toda a conversa que acabaram de ter.

— E onde está nosso crime, Capitão? – questionou Diego.

— Vocês desobedeceram a uma ordem direta minha e conspiraram para me enganar!

— Nós jamais faríamos isso, Capitão. – discordou Diego serenamente - O senhor disse que EU não poderia pagar pelos funcionários de Don Miguel, não disse que ELE não podia fazer nada a respeito. Don Miguel me pediu um dinheiro emprestado e eu emprestei. O que ele pretendia fazer com o dinheiro já não era da minha conta. Se ele decidiu emprestar aos seus empregados...

— Não me faça rir, De La Vega! Você se acha muito esperto, mas como eu disse, eu escutei tudo o que vocês disseram nessa reuniãozinha ilegal. Vocês planejavam desobedecer minhas ordens e se eu fosse você, ficaria quieto antes que eu arrume um motivo para leva-lo preso também! Vamos soldados, prendam estes homens!

— Não, Capitão! – implorou Lupita - Não prenda estes homens, por favor! Suas famílias precisam deles!

— Sinto muito senhorita, mas eles tinham sido avisados. – respondeu o Capitão, irredutível.

— Por favor! – ajoelhou-se a moça já com lágrimas nos olhos – Aceite o dinheiro!

— Não se humilhe por nossa causa, senhorita! – disse um dos homens enquanto se apressava para ajuda-la a se levantar do chão.

— Estes homens tentaram me enganar e isso já é motivo suficiente para prendê-los. Eu sugiro que a senhorita não fale mais nada, ou então serei obrigado a leva-la junto.

— Tudo o que diz não faz sentido algum! Está louco! O senhor realmente é um monstro sem coração!

— Eu posso até ser um monstro, mas não sou um covarde como o seu pai e o seu namoradinho, que se escondem de baixo da barra do vestido de uma mulher.

Ao ouvir estas palavras, todo o desespero de Lupita se transformou em raiva e ela sentiu o sangue ferver em suas veias e não conseguiu mais se conter. Em um movimento rápido, esbofeteou Monastário com tanta força, que seus dedos ficaram marcados no rosto do soldado. Sua atitude foi tão inesperada, que ele não conseguiu se proteger.

Diego e seu pai também não conseguiram prever o ataque e não puderam impedi-la a tempo. Quando tentaram fazê-lo, era tarde demais. Monastário já havia segurado suas mãos antes que ela pudesse desferir outro tapa.

— É isso! A senhorita está presa por desacato. Soldados, prendam essa mulher também! – ordenou o Capitão.

— Não faça isso, Capitão! Perdoe a minha filha, ela é muito impulsiva e inconsequente!

— Agora é tarde, Don Miguel, eu avisei. E escute meu conselho: não mova mais nenhum músculo ou então o senhor se juntará a sua filha! Nada me daria mais prazer.

— Pois então me leve também! Eu jamais deixaria vocês levarem minha filha! – gritou Don Miguel desesperado.

Ele tentou partir para cima de Monastário, mas foi detido por Diego.

— Não faça isso, Don Miguel! Não vê que é exatamente isso o que ele quer. Se o senhor também for preso, quem vai ajudar a Lupita ou a estes homens? – ponderou Diego.

— Escute Don Diego. Desta vez ele tem razão. Vamos soldados! Amarrem os homens e faça-os caminhar! A senhorita vem comigo. – E puxou Lupita para cima de seu cavalo.

— Não se preocupe minha filha, vou tirar vocês de lá! – gritou o homem com os olhos marejados, enquanto via os soldados se afastarem em meio a poeira.

— Venha, Don Miguel, vamos entrar para o senhor se acalmar. Nós pensaremos em alguma coisa.


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