A Volta da Raposa escrita por Claen


Capítulo 20
Diego Faz o Que Pode




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— Ora, ora, vejam quem está aqui, a senhorita Guadalupe Robles! Bom dia! – respondeu Diego enquanto pegava sua mão e a beijava delicadamente. – O que faz aqui por estas horas?

— Bem, eu vim aqui com meu pai e alguns de nossos criados para pagarmos os impostos.

— Entendo... E todos conseguiram o dinheiro?

— Infelizmente não. Agora só vieram os que puderam pagar, os outros vão ver se conseguem a quantia e vêm mais tarde, mas confesso que estou muito preocupada. Acho que não conseguirão.

— E você sabe de quanto eles ainda precisam?

— Acho que por volta de uns 4 mil pesos. Papai queria ajudar, mas infelizmente não temos toda essa quantia... – respondeu a moça tristemente.

— Bem, vocês não têm, mas eu tenho. Meu pai e eu acabamos de pagar os impostos dos nossos empregados. Ele precisou viajar para a capital, mas eu posso ajuda-la!

Apesar de querer muito aceitar a oferta do amigo, Lupita não achava certo. Eles já haviam gastado muito dinheiro com seus próprios funcionários, e não era justo gastarem mais ainda com desconhecidos.

— É muita generosidade sua Diego, mas não posso aceitar. Não sei se meu pai concordaria...

— Por que não perguntamos a Don Miguel? Onde ele está?

— Ele está no quartel com os outros funcionários, mas acho que recusará sua ajuda.

— Tudo bem, mas como você mesma diz, não custa nada tentar, não é mesmo?

— É verdade. – concordou Lupita, convencida pelo amigo.

— Espere aqui Bernardo, nós já voltamos.

Bernardo assentiu com a cabeça e voltou para a carruagem.

— É engraçado como vocês se comunicam. Ele parece entender tudo o que você fala perfeitamente!

— É que Bernardo trabalha para mim há tanto tempo que às vezes até esqueço que ele não consegue me ouvir! Falo com ele o tempo todo. Acho que ele consegue ler meus lábios. – desconversou Diego.

— Deve conseguir mesmo.

E de braços dados, os dois seguiram de volta para o quartel, o que deixou o Sargento surpreso.

— Já de volta, Don Diego? – perguntou o Sargento ao rever o amigo tão rapidamente.

— Sim, Sargento. A Srta. Robles e eu precisamos falar com o comandante.

— Agora ele está reunido com o pai da senhorita e mais alguns peões. Acho que não seria bom incomoda-los...

— Não se preocupe, Sargento, o que temos para falar é de interesse do Capitão Monastário, de meu pai e dos peões também. Deixe-nos entrar, por favor. – implorou Lupita, sorrindo e segurando as mãos rechonchudas do sargento grandalhão, que se derreteu imediatamente e saiu quase que flutuando enquanto os acompanhava até a sala do capitão.

— Entre! – berrou Monastário ao ouvir a batida na porta.

— Com licença, meu Capitão! – entrou Garcia prestando continência – Don Diego de la Vega e a Srta. Guadalupe Robles desejam lhe falar, senhor.

— O que o De La Vega quer aqui outra vez?

— Eles disseram que o assunto era de interesse de todos os senhores.

— De todos? Tudo bem, deixe-os entrar. – permitiu a contragosto.

— Sim, meu comandante!

Assim que os dois entraram, Monastário voltou sua atenção para Lupita e levantou-se imediatamente para cumprimenta-la e sequer olhou para Diego.

Buenos Días, Señorita Robles! A que devo a honra de sua visita?

— O que faz aqui, Lupita? – perguntou Don Miguel, curioso.

— Bom dia, senhores. Eu estou aqui, porque Diego tem uma proposta a fazer.

— O que você quer agora, De La Vega? – perguntou Monastário, já impaciente e sem nenhum pingo de educação, finalmente dirigindo-se a Diego.

— Bom dia novamente, Capitão. – começou Diego calmamente - Don Miguel, a Lupita me disse que alguns de seus empregados ainda não conseguiram o dinheiro dos impostos, não é mesmo?

— Sim, Diego, e infelizmente, acho que não conseguirão.

— Pois bem, Capitão, eu vim aqui para fazer o mesmo que meu pai fez agora a pouco. Eu me responsabilizo pelo pagamento dos impostos dos demais empregados de Don Miguel. Só me diga a quantia, para que eu possa trazer e encerramos esta história de uma vez.

Don Miguel, embora não achasse certo aceitar a ajuda de Diego, não teve como recusar a proposta generosa. Ele estava muito preocupado com o destino de seus empregados e não conseguia enxergar outra saída. Don Miguel agradeceu a ajuda apertando calorosamente a mão do rapaz. Os peões que estavam presentes também lhe agradeceram muito em nome de seus companheiros de trabalho, pois se alegravam muito ao saber que eles não seriam presos. Todos estavam muito contentes até serem interrompidos por Monastário.

— Sinto muito senhores, mas não poderei aceitar desta vez, Don Diego.

— Mas por que não, Capitão? – indagou Diego genuinamente desconcertado – Meu pai acabou de fazer o mesmo com nossos empregados e o senhor não impôs nenhuma objeção.

— Sim, Don Diego, mas aquele foi um fato isolado. Eu abri uma exceção para Don Alejandro, mas isso não se repetirá mais hoje.

— Eu realmente não entendo, Capitão. Afinal de contas todo dinheiro é dinheiro e não importa de onde ele está vindo! – Diego sentiu que estava começando a se exacerbar um pouco e decidiu baixar o tom.

— Esta é minha última palavra. A dívida não é sua nem de Don Miguel e sim de seus funcionários. Eles pagam seus impostos até o meio dia de hoje ou serão presos.

— Tudo bem, Capitão. Se essa é sua última palavra, não vou mais insistir. Vamos embora, Lupita.

— Não vamos coisa nenhuma! – indignou-se Lupita, que imediatamente se aproximou de Monastário, ficando a apenas poucos centímetros dele. – Mesmo depois de ver o quanto absurda era essa cobrança de impostos, eu quis acreditar que era por uma causa maior, mas agora percebo que tudo o que me foi dito a seu respeito era verdade e que me deixei iludir por sorrisos e boas maneiras. Quando o conheci, achei que era um homem justo e honesto, mas agora vejo que na verdade é um homem muito cruel! Não quer aceitar o dinheiro de Diego apenas para ter o prazer de prender aqueles pobres inocentes e humilha-los. Esta é a verdade!

— Acalme-se senhorita, pois está muito perto de ser presa por desacato. – disse Monastário olhando firmemente para a moça, enquanto esboçava um sorriso cínico no canto dos lábios.

— Vamos, minha filha! – disse Don Miguel, enquanto pegava Lupita firmemente pelo braço. – Não temos mais nada a tratar com este senhor.

Praticamente arrastada pelo pai, Lupita e os demais saíram da sala do capitão.

— Por que não insistiu mais, Diego?! E o senhor também, papai!

— Acalme-se, Lupita. – Disse Diego tentando afastar a moça do quartel o mais rápido possível, antes que ela cometesse alguma besteira. – Vamos sair daqui. Eu tenho uma ideia.


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