A Volta da Raposa escrita por Claen


Capítulo 12
A Raposa Volta à Ativa




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Após apenas alguns minutos de cavalgada naquela noite agradável, iluminada pelo luar, Diego sentiu novamente a tão familiar adrenalina que somente Zorro era capaz de lhe proporcionar e isso, surpreendentemente, o deixou feliz.

Por mais que Diego desejasse ter uma vida normal, ser o Zorro também era parte dele e não podia negar que, em seu interior, ele sentia muita falta de ser o vingador mascarado. Porém, desta vez seria diferente, pois seu conhecido inimigo seria capaz de tudo para tirar sua liberdade, ou até mesmo sua vida. Diego não tinha medo por si, mas temia principalmente pela segurança de seu pai, de Bernardo e de seus amigos. Ele sabia que Monastário era um adversário perigoso, só que desta vez, ele viu algo mais em seu olhar, algo realmente perturbador, e isso o deixava inquieto, por isso decidiu ir visitá-lo tão rapidamente.

Assim que chegou ao povoado, percebeu que nada havia mudado naqueles seis meses em que estivera ausente. A praça estava completamente deserta e escura e ele seguiu para seu lugar preferido em toda a cidade: o muro do quartel, que conhecia tão bem e sabia exatamente por onde conseguia pulá-lo.

Tornado, que também sabia perfeitamente o que fazer, permaneceu imóvel enquanto Zorro se equilibrava de pé em sua cela, para conseguir a altura e o impulso necessários para alcançar a parte de cima do muro. Assim que Zorro subiu, fez um sinal para que Tornado se escondesse e o cavalo fez exatamente o que seu dono havia lhe ensinado.

Zorro observou o pátio do quartel por alguns instantes e confirmou que não havia perigo. Viu apenas uma claridade em uma das janelas, que ele sabia ser a do alojamento do Capitão e sorriu.

“Bom, pelo menos eu não terei o trabalho de ter que acordá-lo.”- Pensou.

Pulou sorrateiramente no telhado e deu a volta por ele até o outro lado, onde alcançou a escada e desceu silenciosamente até chegar à janela iluminada. Ele se aproximou bem lentamente e viu através da cortina fina, que Monastário estava sentado em uma cadeira, de costas para a janela, fumando um charuto e, aparentemente, ele não teria problemas para entrar.

Ele afastou a cortina bem devagar e sentou-se na janela sem fazer nenhum barulho e quando viu que já estava exatamente onde queria estar, decidiu chamar a atenção do Capitão.

Buenas noches, Capitão Monastário! – disse ele com a maior jovialidade.

Monastário realmente se surpreendeu ao ouvir aquela voz tão conhecida, mas logo em seguida sorriu e largou seu charuto enquanto se virava para receber seu visitante inesperado.

Buenas noches, señor Zorro! – cumprimentou-o com o devido respeito, recebendo em troca, uma reverência educada do bandido mascarado.

— Sabia que o senhor viria me visitar, mas não achei que seria tão rápido, afinal, acabamos de nos ver. A propósito, a festa estava divina e a companhia da encantadora senhorita Robles foi adorável.

— Não sei do que está falando, Capitão. É melhor procurar um médico, porque deve estar delirando. Faz uns três anos que não nos vemos. – respondeu, se fazendo de desentendido. – Ah! O senhor deve estar falando da festa de Don Diego! É estranho, mas eu não fui convidado. Acho que eles não costumam convidar bandidos mascarados para esse tipo de evento, o que é uma verdadeira lástima...

— O senhor tem razão, senhor Zorro. Acho que me confundi. – respondeu Monastário, decidindo entrar no jogo.

— Certamente que sim, Capitão. Mas como está meio tarde, vou direto ao ponto, se não se importar.

— De acordo.

— Como o senhor bem sabe, as notícias correm muito rápido aqui no povoado, e assim que soube de seu regresso inesperado, decidi fazer uma visita.

— E eu fico comovido pela delicadeza.

— Então aproveito para avisar, que o senhor terá minha inteira atenção a partir de agora, Capitão. Também fiquei sabendo do que aconteceu ao nosso estimado Governador, mas fiquei intrigado de verdade, quando descobri que eu sou o principal suspeito deste crime tão covarde. Será que o senhor poderia fazer a gentileza de me dizer quais são as provas que tem contra mim?

— Mas é claro. Eu não estaria de volta a Los Angeles, se não tivéssemos certeza de que o senhor é o culpado. Se esqueceu da carta ameaçadora que enviou ao Governador Alcazar há uma semana, praticamente ordenando que ele renunciasse ou você iria atrás dele? Também se esqueceu de que deixou seu inconfundível “Z” nas roupas do Governador e dos três pobres guardas da escolta, de quem você tirou as vidas? Por sorte os outros dois conseguiram se salvar e puderam confirmar, sem sombra de dúvidas, que você e o seu bando de foras da lei tinham sido os responsáveis pelo massacre. Eu sempre soube que você era um bandido, mas que agora andava em bando e tinha se tornado um assassino, isso para mim é novidade!

 - Puxa! Eu fiz isso tudo mesmo? Devo estar com um sério problema de memória, porque, incrivelmente, eu não me lembro de nada! – Disse Zorro, enquanto descia do beiral da janela, de onde tinha escutado toda a história de Monastário. Ele finalmente entrou no quarto, desembainhou lentamente a espada e seguiu ameaçadoramente em direção ao Capitão.

Monastário deu dois passos para trás até encontrar a parede e ficar encurralado. Sua falsa tranquilidade foi denunciada pela gota de suor que lhe escorreu pelo canto da testa ao perceber que estava desarmado e que sua espada estava sobre a cama, há mais de um metro de distância.

Zorro se aproximou ainda mais e a ponta de sua espada tocou a garganta de Monastário.

— Não costumo matar pessoas, - disse ele calmamente - ainda mais se elas não merecem, mas como o senhor sabe, acidentes acontecem... Eu não atentei contra a vida do governador, mas depois dessa nossa breve conversa, confirmo minhas suspeitas de que tem algo muito errado nessa história. Saiba que eu estarei de olho no senhor e em suas ações, e se arrependerá, caso algo aconteça ao meu povo. Considere isso um aviso amigável.

Zorro pressionou a ponta da espada com um pouco mais de força e um fino fio de sangue desceu pelo pescoço do Capitão. Logo em seguida, ele se afastou ainda com a espada em punho.

— Não se preocupe Zorro, eu tratarei o senhor e “o seu povo” exatamente como merecem. E lembre-se: assassinos são punidos com a morte. Considere isso um aviso também... – retrucou Monastário friamente.

— Farei isso, Capitão. Boa noite! – Enquanto se despedia, fez uma mesura com a espada, a embainhou novamente e saiu sorrindo rapidamente pela janela.


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