Depois que todos os convidados se retiraram, Diego se despediu do pai e foi se recolher. Don Alejandro estava preocupado demais para dormir por causa de todas as revelações que tinha tido durante aquele dia, e decidiu ficar na sala, fumando seu charuto e se servindo de um bom conhaque, para tentar desanuviar a mente. Ele sabia que Diego era muito esperto, mas Monastário também era, e se ele realmente tinha voltado ao povoado para desmascarar o Zorro, seu filho estava correndo um sério perigo e ele, naquele momento, não sabia como ajudá-lo.

Em seu quarto, Diego também estava pensativo. Apesar de não querer demonstrar sua preocupação diante do pai, com Bernardo ele sabia que podia se abrir.

— Bernardo, acho que temos um problema muito sério em nossas mãos.

O criado se sentou em uma cadeira e com ar preocupado, balançou a cabeça concordando com o patrão.

— Desde que Monastário saiu daqui, estive pensando... A única forma que encontrei de tentar me defender, é confrontando-o primeiro.

Surpreso com as palavras de Diego, Bernardo discordou veementemente de todas as formas que conseguiu e começou a gesticular rapidamente explicando seu ponto de vista. Apesar da preocupação, Diego achou graça e começou a gargalhar.

— Calma aí, Bernardo, devagar homem! Assim eu não entendo nada!

Bernardo se acalmou e começou a sinalizar mais devagar.

— Você acha que eu perdi o juízo? – perguntou Diego, sem conseguir parar rir.

Bernardo balançou a cabeça para cima e para baixo, com um ar bastante sério.

— E desde quando eu tive isso? – continuou Diego fazendo piada, para o desespero de Bernardo.

— Não se preocupe, meu amigo. Eu sei que é perigoso e que será muito difícil dissuadir Monastário de seu objetivo, mas ele e Zorro precisam ter uma conversinha ainda hoje.

Bernardo arregalou os olhos e discordou de Diego, quase implorando para que o patrão desistisse da ideia, mas Diego já estava decidido: a raposa estava de volta.

— Vamos, Bernardo! Vamos sacudir a poeira dos velhos trajes e levar Tornado para um passeio!

Assim que disse isso, o rapaz se levantou da cama como um raio e abriu a passagem secreta ao lado da lareira.

Bernardo desolado, passando a mão pelos poucos cabelos que ainda lhe restavam, saiu atrás do patrão, afinal, não havia nada a se fazer a não ser ajudar Diego mais uma vez.

Dentro do esconderijo, Bernardo juntou todas as partes do traje e ajudou Diego a se vestir.

— E aí, como estou Bernardo?

Mesmo preocupado, Bernardo disse que ele estava bem e Diego até pôde ver um sorriso em seu rosto. Sempre deu orgulho a Bernardo ajudar ao grande Zorro, pois apesar do risco que seu patrão corria toda vez que saía de casa mascarado, ele sabia que era por uma boa causa e dessa vez não seria diferente.

Ambos seguiram para onde Tornado estava e Diego montou em seu belo garanhão negro que pareceu feliz em se reunir ao seu dono novamente.

— Não deixe meu pai saber que saí, tudo bem Bernardo?

O criado assentiu com a cabeça e Diego e Tornado saíram em disparada pela caverna.

Bernardo fez o sinal da cruz, orando para que Deus protegesse seu patrãozinho, depois olhou em seu relógio e viu que eram quase duas da manhã. Não se preocupou muito com Don Alejandro, pois provavelmente ele já estaria dormindo, mas seguiu pela passagem que dava atrás da cristaleira na sala de estar, só para ver se ele ainda estava ou não por lá.

Ao confirmar que Don Alejandro já tinha ido se deitar, ficou um pouco mais tranquilo, pois era uma preocupação a menos, mas ainda receoso, decidiu ficar no quarto de Diego e esperar até que ele retornasse. Contudo, estava tão cansado por causa da festa, que em poucos minutos acabou caindo no sono sentado na cadeira.