41,1 C escrita por Kori Hime


Capítulo 1
Temperatura 41,1ºC


Notas iniciais do capítulo

Gente, é um conto pequeno que eu acabei de fazer por impulso pq vi uma imagem e surtei. kkkk nao foi betado, sorry, é impulso mesmo.



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Então era isso.

Uchiha Sasuke não estava conseguindo se concentrar em seu trabalho. Era verão, e as temperaturas batiam recordes dia após dia. Tudo piorou quando o ar condicionado simplesmente parou de gelar naquela manhã. Justo naquela manhã, precisava entregar o relatório até o meio dia e as planilhas só acumulavam sobre a sua mesa.

Sasuke tirou o paletó e afrouxou a gravata, pegou o celular do bolso e fez uma pesquisa rápida na internet para conseguir o telefone de algum técnico que pudesse resolver seu problema.

A ligação foi feita com rapidez e conseguiu uma visita para dali uma hora, sorte que o funcionário da empresa estava disponível e terminando algum serviço nas redondezas.

Sasuke aproveitou para preparar uma bebida gelada, não sentia fome, mas achou prudente antecipar o almoço. Ele não era muito ligado em comidas reaquecidas, ou feitas em micro-ondas, muito menos aqueles instantâneos. Gostava de comida fresca e recém cozidas. Por isso fatiou alguns pepinos para preparar um sunomono, o frango já estava fatiado e descongelava na geladeira, por isso ele apenas deixou a bandeja sobre a pia e começou a temperar com alguns condimentos, enquanto amassava o alho.

A campainha do apartamento tocou. Naquela semana não estava indo para o escritório trabalhar porque o prédio estava em manutenção devido a uma infestação de formigas.

Assim que lavou as mãos e secou na pequena toalha pendurada ao lado da pia, ele foi até a sala para abrir a porta.

— Bom dia, eu sou da assistência técnica. — O homem loiro falou, sorrindo em seguida, esticando o pescoço para olhar dentro do apartamento de Sasuke. — É aqui o problema no ar condicionado?

— Como posso saber que você é mesmo quem diz que é? — Sasuke perguntou todo desconfiado. Ele costumava sempre fazer esse tipo de pergunta, não gostava que qualquer pessoa entrasse em seu apartamento. Além disso, havia tido meses atrás uma ocorrência de que alguém permitira a entrada de um eletricista no prédio e ele acabou fazendo a limpa em alguns apartamentos. Isto é, era um ladrão que se passava de eletricista.

— Pode ligar lá e confirmar meu ID. — O homem sorridente tirou do bolso da calça uma carteira e mostrou sua identidade. Sasuke fez exatamente o que ele disse, ligou e confirmou. O nome dele era Uzumaki Naruto e trabalhava lá há dois anos e meio. Sasuke olhou de relance a data de nascimento dele, os dois possuíam a mesma idade.

— Muito bem, pode entrar. — Disse, por fim. — Peço desculpas, mas ultimamente todo cuidado é pouco.

— Claro, eu entendo. — Ele disse, sem parecer perder o bom humor. — Onde fica o ar condicionado que deu problema?

— Na sala, digo, o apartamento é um conjugado. — Sasuke apontou para o ambiente que se dividia em sala e cozinha e qualquer outra atividade necessária que não dava para se fazer no minúsculo quarto que ficava no cômodo ao lado.

— O senhor se importa de eu ir ao banheiro?

— Não. — Sasuke respondeu, mas ele se importava sim. — A propósito, meu nome é Uchiha Sasuke.

Ele disse mais por que achou estranho uma pessoa da mesma idade que ele o chamar de senhor, embora no trabalho as pessoas também faziam isso.

Naruto não demorou muito no banheiro e retornou para a sala.

— Vou fazer uma avaliação e daí vemos se precisa trocar alguma peça. — Ele falou e então começou a trabalhar.

Sasuke olhou para a pia e viu que os ingredientes do almoço estava ali, há havia tirado tudo da geladeira e iriam perder o frescor se não terminasse logo.

— Se importa se eu ficar na cozinha?

— Hã? Ah! Claro que não, fique a vontade. — Naruto disse, concentrando-se em seguida no aparelho de ar condicionado preso na parede.

Sasuke concordou, e não era que ele fosse se ausentar da sala, já que a cozinha ficava no mesmo lugar, apenas uma bancada de distância. Só que cozinhar para o Uchiha era algo muito pessoal, ele não costumava receber visitas nem mesmo da família, então era comum fazer aquilo sozinho. Ele destravou o celular e abriu um aplicativo de música, deixando sua playlist tocar enquanto terminava de temperar o frango. Derreteu a manteiga na frigideira e acrescentou cebolas e o alho, além de algumas ervas aromáticas, depois fritou o frango junto. Foi despejando um pouco de água conforme secava o fundo da frigideira, para criar um caldo suculento.

Em um dado momento Sasuke estava se sentindo a vontade, como se não estivesse com uma pessoa completamente estranha na sua frente, observando-o cozinhar.

Quando ele percebeu, sentiu o corpo estancar na mesma hora. O par de olhos azuis o encarava em tom de divertimento, mas não do tipo zombaria.

— Desculpe, eu até ouvi minha barriga roncar depois de sentir o cheiro da sua comida.

— Obrigado, acho. — Sasuke crispou os lábios e continuou a mexer o frango para não grudar no fundo da frigideira. Só precisou adicionar o molho shoyo e estava pronto.

— Acho que já sei o problema, sorte que tenho uma peça no meu carro. Eu vou lá pegar e já volto. — Naruto esfregou as mãos com luvas de proteção e as tirou em seguida. — Não vai demorar muito.

— Obrigado por isso, por favor, me informe o valor adicional da peça para ser incluído no preço final do serviço. — Sasuke fez uma leve reverência com a cabeça, em sinal de respeito e agradecimento pelo trabalho de Naruto, quando voltou a olhá-lo os azuis fixavam-se em seus olhos de forma gentil.

— Não se preocupe. Volto já. — Sasuke conseguiu terminar seu almoço antes de Naruto retornar, já estava preocupado com a ligeira demora, quando a campainha tocou novamente. — Desculpe a demora, o guincho estava quase levando meu carro embora, eu juro que não vi que estacionei em frente ao hidrante. Ainda bem que consegui resolver a situação.

— Onde estacionou o carro?

— Duas quadras daqui, por isso demorei para voltar andando. Mas não tem perigo agora de ser multado ou guinchado. — Naruto mostrou a peça na embalagem e então seguiu-se um monólogo explicando a procedência do produto e como funcionava a garantia. Ele também deu a opção de Sasuke comprar em alguma loja de confiança, mas o Uchiha não tinha ideia de onde comprar aquela peça, muito menos se disponibilizava de tempo para isso.

Decidiu então confiar nas palavras de Naruto, assim como na nota que ele preencheu usando uma caneta esferográfica azul.

Era isso, não havia muito mistério, pelo menos para quem conhecesse do assunto. Naruto retomou ao trabalho, sempre muito sorridente e explicando passo a passo do seu serviço como se Sasuke estivesse entendendo alguma coisa. E para não parecer tão rude, as vezes movia a cabeça concordando com o que Naruto dizia.

— Eu estou aqui falando sem parar, mas gosto de explicar para os clientes tudo o que estou fazendo justamente para não haver engano.

— Mas se o cliente não tem conhecimento do que está falando, pode dizer o que for para enrolá-lo.

— Sim, é verdade. — Naruto pausou, como se refletisse sobre o assunto. — Mas eu não estou te enrolando não.

— É o que eu espero, em vista do valor cobrado pela rápida visita.

— A minha mãe me mataria se eu aprontasse. — Naruto continuou falando sobre o trabalho em família e como aquele era um emprego temporário até ele se formar em engenharia de produção. Estava faltando pouco e sonhava em ir fazer uma pós-graduação em outro país, mas se sentia mal por ter que deixar a mãe Kushina sozinha, já que ela era a única parente viva que ele possuía. — Pronto, terminei.

Os testes seguiram de acordo com o que Naruto narrou, o ar condicionado voltou a funcionar e em menos tempo do que foi prometido. Sasuke estava satisfeito porque já era quase onze horas e ele poderia finalizar seu trabalho até meio dia e depois almoçar com calma e dar continuidade ao trabalho avaliando as planilhas.

Ele observou Naruto terminar de arrumar o aparelho na parede e depois virar, alisando o cabelo loiro com a mão ao retirar a luva.

Sasuke piscou, pressionando os lábios. Não era o tipo de pessoa que costumava ficar olhando para as outra na rua, nem quando estava em algum evento social. Não era muito bom falante, conversava pouco com as pessoas, se encontrava menos ainda com elas, talvez senão por questões de negócio puramente obrigatório.

Mesmo assim, ele estava ali flertando com o técnico. Não parecia muito claro a paquera, mas era o máximo que Uchiha Sasuke poderia oferecer. E caso fosse compreendido, e recíproco, talvez havia uma chance dele dar o próximo passo.

Naruto terminou de preencher os papéis com informações sobre o serviço e tirou uma fotografia para criar um pdf e enviar para Sasuke por e-mail.

Então era isso, todos os olhares de Sasuke findou em um simples e-mail. Ele estava se sentindo bem estúpido por achar que alguém como Naruto fosse notar sua inclinação não óbvia.

Pelos céus, como alguém poderia entendê-lo? Um olhar poderia significar tantas coisas. Sasuke só conseguia pensar em como era tolo.

— A propósito, esse é meu telefone. — Naruto estendeu a mão e entregou o cartão. — É o número do meu celular, pode ligar pra mim sempre que precisar. — O Uzumaki sorriu e piscou em seguida.

Sasuke aceitou o cartão e refletiu se aquele era o momento para ele dar o tal segundo passo. Mas pensou que aquele era o trabalho dele, afinal de contas, é claro que ele daria seu telefone para um cliente em potencial.

Estava ficando quente, e Sasuke ajeitou a gola da camisa. Não era possível, já que o ar condicionado estava ligado.

Definitivamente ele não tinha tato com outro ser humano.

— O pagamento, eu vou buscar o dinheiro. — Sasuke falou e não demorou muito para retornar a sala, após pegar o dinheiro no armário dentro do quarto. — Aqui está.

Ele entregou e Naruto sequer contou as notas, enfiando-as dentro do bolso da calça.

— Espero que tenha um bom almoço, senhor. — Naruto falou, com o sorriso costumeiro e novamente piscou para Sasuke.

Aquilo já era demais, ou ele não estava entendendo nada?

— Espera. — Sasuke disse, quando Naruto saía pelo corredor. — Digo, você tem mais algum cliente agora? Ou já vai sair para almoçar?

— Ah! Tenho mais uma visita, é um pouco longe daqui, mas já tá marcado. — Naruto respondeu, enquanto apertava o botão do elevador. Ele se virou e olhou para Sasuke.

— Oh! Sim, claro, eu não quero atrapalhar seu trabalho. — Sasuke sentiu a garganta seca e o coração dar uma acelerada pela vergonha que sentia. Seria possível que sua face começasse a corar naquele instante. Então era melhor se despedir e fechar a porta.

— Mas, se quiser, podemos sair mais tarde para beber alguma coisa. Sabe, depois do expediente. — Naruto estava ainda parado no corredor, sustentando o sorriso alegre e os olhos azuis na direção de Sasuke. — Digo, se gostar de beber.

— Eu gosto. — Sasuke respondeu imediatamente, pigarreando em seguida para corrigir sua postura e não parecer tão desesperado quanto parecia. — Você já sabe onde eu moro.

— É, eu sei. — O elevador chegou e Naruto entrou. — Posso passar aqui umas nove?

— Sim, pode. — Sasuke respondeu, vislumbrando o sorriso dele mais uma vez até que a porta do elevador se fechasse. — O que eu estou fazendo?

Sasuke fechou a porta do apartamento, repetindo a pergunta algumas vezes enquanto retornava para a mesa onde o trabalho o aguardava.

Ele estava se jogando em uma aventura e quebrando a rotina. Quem diria? Bom, ele diria que poderia ser o acúmulo de trabalho que o fez se rebelar. Quem sabe, ou não.

Voltando ao trabalho, Sasuke abriu o e-mail ao qual Naruto o enviou antes de ir embora, com a notificação do serviço prestado, havia todos os dados do que Naruto informou e no final uma pequena despedida do técnico, confirmando o encontro naquela noite.

Sasuke girou a cadeira em que estava sentado e emitiu empolgado a exclamação mais animada que sua personalidade poderia soltar quando estava sozinho.

Era verão, um dos mais quentes dos últimos anos, e mesmo no ar condicionado, Uchiha Sasuke sentia o corpo ferver.


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Notas finais do capítulo

Beijos!



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