Quando as Máscaras Caem escrita por Luana de Mello


Capítulo 3
Por Favor, Que Não Seja Verdade


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, espero que gostem! Me digam o que acharam.



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Quando o dia amanhece, fazendo os raios de sol baterem nos dois corpos sob a cama, Adrien é o primeiro a acordar; sente a boca seca e um leve latejar na cabeça, a luz arde em seus olhos. Ele se remexe um pouco e sente um peso em seus braços, olha para o lado e encontra Marinette ainda dormindo serena; Adrien se assusta quando a vê, e fleches da noite passada invadem seus pensamentos, e ele sorri pelas lembranças, Marinette era dele, se entregou para ele. Adrien a aperta mais, trazendo seu corpo miúdo para mais junto do seu, inspira profundamente os cabelos da garota e lhe beija o topo da cabeça; ele gostaria de ficar a admirando o dia todo. Marinette é tão linda e delicada, parecia ter sido esculpida por anjos, e tudo que viveram e o que aconteceu na festa e durante a noite, o fazia acreditar que ela era apaixonada por ele, mas Adrien estava com medo de como ela reagiria quando acordasse, afinal eles pularam alguns estágios do namoro, mas não se arrependia de nada também, aquela fora sem dúvidas a melhor noite da sua vida.

— Adrien, o que está fazendo, por que não levantou ainda? — Nathalie entra no quarto o tirando dos seus devaneios, ela para na porta ficando paralisada pela cena — Desculpe, eu não sabia que estava acompanhado.

— Tudo bem Nathalie, só fale baixo para não acordá-la. — Adrien pede enquanto cobre as costas de Marinette com o lençol — Por que veio me chamar tão cedo em um sábado?

— Você esqueceu que tem um ensaio fotográfico hoje de manhã? — ela fala mantendo os olhos somente no seu rosto — Seu pai está te esperando para o café e vai junto supervisionar o ensaio.

— Certo, eu já vou até lá, só vou deixar algumas coisas prontas para minha namorada. — ele fala e deixa Nathalie surpresa.

Ela sai do quarto um pouco chocada, não sabia que Adrien tinha namorada e certamente o pai dele devia ser informado disso; depois que a mulher vai embora, Adrien se levanta da cama com cuidado para não acordar Marinette e vai ao seu banheiro tomar um banho gelado para afastar o sono e a preguiça quando termina, veste uma bermuda e uma camiseta de tecido fino. Volta para o quarto e começa a recolher as roupas espalhadas pelo quarto, seu terno, suas calças e a camisa social que usara na noite anterior, recolheu o belíssimo vestido de Marinette, sentindo o perfume dela em cada parte do tecido, seus saltos que estavam jogados perto do tapete e sua bolsinha preta; Adrien dobra tudo e deixa em cima do seu sofá e quando faz isso, Plagg sai de dentro do bolso do seu terno, com a maior cara de irritação por ter sido esquecido ali. Ele não podia dar atenção a isso agora, por hora deixaria o gatinho com seu queijo fedorento, precisava encontrar roupas confortáveis para Marinette, que não poderia usar um vestido de festa agora, ele lembrava que tinha algumas peças que seu pai deixava no seu ateliê pessoal, poderia encontrar alguma roupa que desse para ela usar. Adrien suspira e sorri um pouco, ela estava tão linda ali deitada na sua cama, e ele queria muito ficar ali com ela e a ver acordar, mas tinha prometido ao seu pai que faria o ensaio, e não poderia quebrar sua promessa.

— Espero que esteja aqui quando eu voltar. — ele fala e beija o rosto dela.

Adrien desce para encontrar o pai, e para preparar as roupas e um café da manhã para Marinette. Ele encontra Gabriel sentado a mesa do café, e sua expressão indica que Nathalie já deve ter lhe contado o que ocorrera mais cedo, Adrien já se prepara para dar algumas explicações, e até mesmo para uma possível briga, afinal seu pai não gostava de não ser informado sobre o que acontecia na sua vida, desde a morte de sua mãe, Gabriel ficara super protetor com o filho; foi muito difícil convencê-lo de deixa-lo estudar numa escola como os outros adolescentes.

— Bom dia pai. — Adrien cumprimenta e já começa a preparar uma bandeja com tudo que sabe que Marinette gosta.

— Bom dia Adrien, por acaso você teria algo para me contar? — Gabriel pergunta e levanta uma sobrancelha — Por que não me contou que estava namorando? E eu espero sinceramente que não seja aquela garota fútil, aquela Bourgeois ou aquela interesseira da garota Rossi!

— Ah pai, não claro que não é nenhuma delas, também não gosto daquelas duas. — Adrien rebate, mas logo suas bochechas ficam avermelhadas por ter que dar essa explicação — Sabe pai, eu nem fiz um pedido para ela ainda, está tudo tão confuso e aconteceu tão de repente, eu estou com medo da reação dela.

— Espera Adrien, me explica isso direito e me diga de quem está falando. — Gabriel pede confuso.

— Da Marinette pai, é dela que estou falando. — Adrien suspira e senta a mesa — Eu nunca tinha reparado que me sentia assim com relação a ela, mas ontem quando a vi tão linda e cheia de caras a sua volta, eu fiquei com tanto ciúme, foi quando percebi que estava apaixonado pela Marinette, e tomei uma iniciativa e acabamos vindo pra cá.

— Está me dizendo que dormiu com ela, sem a pedir em namoro? — Gabriel conclui e Adrien se envergonha mais.

— Eu nem sei explicar, primeiro a gente estava na festa, estava tudo bem, tirando o refresco que ficou amargo, depois eu tomei coragem e beijei a Marin, e depois já dá pra imaginar. — o rapaz se explica com o rosto tão vermelho quanto um tomate.

— Refresco amargo? Acho que alguém batizou as bebidas, vou ligar para o Sr. Democles. — Gabriel comenta — Adrien, você vai pedir essa moça em namoro, não vai? Eu te ensinei a ser um homem honrado e não espero menos que isso de você.

— Claro que vou pai, eu só tenho medo dela me rejeitar. — Adrien conta desanimado.

— Por que diz isso? — o mais velho pergunta intrigado.

— Ah, é que a Marin sempre foi minha amiga, e quando a conheci ela nem falava direito comigo, sempre gaguejando e fugindo, achei até que ela me odiasse, mas aí ela começou a falar mais e me apoiava e aconselhava, quando tudo estava complicado, era Marin que me ajudava, sabia que ela até me ajudou quando eu sai com a Kyoko? — Adrien ri nervoso com a lembrança, como podia ser tão idiota? — Mas de uns tempos pra cá, ela tem me evitado, sempre tem uma desculpa para não aceitar meus convites de sairmos juntos, quando conversa comigo, ela evita olhar diretamente pra mim, ontem foi o primeiro dia em meses que Marinette me deu atenção de verdade, por isso estou com medo.

— Adrien, está claro como água, a Srta. Dupain-Cheng sempre foi apaixonada por você, filho! — Gabriel afirma e deixa Adrien de olhos arregalados — Todos os sinais estão aí, só precisa lê-los com clareza, e é óbvio que ela estava começando a desistir de você, por isso esse comportamento estranho de repente. Então eu te digo Adrien, se tem certeza do que quer, mostre isso a ela, não a deixe pensar o contrário ou vai perdê-la!

— Obrigado pai, eu vou fazer isso assim que voltarmos, não vou deixar a Marin me escapar! — ele se levanta com a bandeja bem mais confiante — Pai? Posso pegar uma muda de roupa pra ela do seu ateliê? Ela só tem o vestido da festa para usar, não acho que seja algo confortável para o dia.

— Claro, vou pedir para Nathalie providenciar um almoço especial, e quando voltarmos, quero almoçar com você e minha nora. — Gabriel fala e se levanta indo até seu escritório.

Adrien fica extremamente feliz pela aceitação do seu pai, ele sabia que Gabriel gostava de Marinette, mas aquela reação foi melhor do que ele esperava, ainda mais levando em conta o que tinha acontecido. Ele vai até o ateliê e pega um vestido soltinho de alcinhas, num tom de laranja fraquinho, pega também uma rasteirinha que verificou ser do mesmo número que Marinette calça, leva tudo consigo junto com a bandeja de comida, arruma tudo na sua mesa de estudos e deixa a roupa na cadeira. Resolve escrever um bilhete para quando Marinette acordar, e antes de sair para a sessão, dá-lhe um beijo e um abraço apertado, e antes de fechar a porta do quarto, olha uma última vez para ela, sentindo um estranho aperto no coração.

 

***

 

Marinette acorda e se sente levemente dolorida, principalmente nas costas e nas pernas, é uma sensação estranha, não chega a ser ruim, mas é diferente. Quando seus olhos focalizam melhor, senta-se na cama e dá-se conta de que não está no seu quarto, e analisando bem o cômodo, o reconhece de imediato, é o quarto de Adrien. Como ela fora parar ali? Ela joga as pernas para fora da cama e se descobre nua por baixo do lençol, Marinette sente a cabeça girar e entrar em colapso pela informação, ela dormira na cama de Adrien totalmente nua? Então começa a lembrar-se da noite passada, da festa, das danças, das brincadeiras de Luka, de Adrien a tirando para dançar e confessando estar com ciúmes dela, dos seus beijos e dos dois saindo escondidos de Alya e Nino; Adrien pedira ao motorista que os trouxesse para sua casa, em suas lembranças ela não parecia a mesma, estava totalmente desinibida e corajosa, lembra de começar um beijo de forma urgente e dele corresponder na mesma intensidade, então os toques mudaram, os carinhos de Adrien ficaram mais ousados e atrevidos e eles acabaram na cama.

— Ai meu Deus! — ela exclama.

Não podia ser verdade, o que deu nela para fazer aquilo? Não que tenha sido ruim, pelo contrário, foi muito bom; mas os dois nem eram nada, como podia ter sido tão estúpida? As coisas não podiam ter acontecido assim, claro que Marinette sonhava em um dia ter uma noite dessas com Adrien, uma não, várias e por toda a vida; mas não assim, de repente. Ela sentiu seus olhos marejando de vergonha e medo, como olharia para Adrien agora? Meu Deus, o que ele pensaria dela? Certamente que a acha uma tremenda oferecida, e onde ele estava? Será que preferiu deixá-la sozinha para evitar mais vergonha, ou simplesmente não suportou olhá-la? Marinette estava a ponto de explodir com tantas dúvidas, até que se lembrou de algo muito importante, então passou a olhar o quarto todo, até encontrar, no sofá junto de suas roupas perfeitamente dobradas, a bolsinha preta; correu até lá e a abriu, Tikki saiu voando e ela pescou seu celular, tinha vinte chamadas dos seus pais, mais trinta da Alya, fora todas as mensagens de texto, suspirou se sentindo acuada, como explicaria o que ocorrera a todos?

— O que foi que eu fiz, Tikki? — ela fala quase se derramando em lágrimas.

— Calma Marinette, não é o fim do mundo, e você não queria que Adrien te notasse? Acho que ele está apaixonado por você. — a Kwami fala feliz.

— Não viaja Tikki, como ele estaria apaixonado por mim, se nem está aqui agora? — Marinette retruca com amargor na voz.

— É mesmo? Então me explica por que ele se preocuparia em deixar esse café da manhã no quarto pra você? Ou por que ele conseguiu roupas pra você não precisar usar o vestido? Ou aquele bilhete que ele deixou pra quando você acordasse? Ou por que ele ficou quase vinte minutos te olhando dormir com a maior cara de tonto? — Tikki vai enumerando as coisas e deixa Marinette perdida.

— O Adrien fez... fez isso pra mim? — ela pergunta e recebe um sorrisinho da joaninha.

Sem pensar mais, Marinette busca o bilhete e o encontra em cima do criado mudo, o pega com mãos tremulas e sente um frio na barriga antes de tomar coragem para ler.

" Bom dia, My Lady!

Desculpe não estar com você quando acordou, eu queria muito ver seus lindos olhos se abrindo pela manhã, mas eu esqueci que tinha um compromisso, uma sessão de fotos que eu prometi ao meu pai que faria; espero que me perdoe por essa falha Marin. Sei também que deve estar confusa, eu também fiquei, mas saiba que não me arrependo de nada! Marin, essa foi a melhor noite da minha vida, e espero de coração que você também não se arrependa. Queria te pedir para me esperar voltar, acho que vamos ter que conversar um pouco, não é? Na bandeja tem seu café com tudo que você gosta, e é pra você se alimentar direitinho, nada de dieta hoje dona Marinette! Essa roupa que separei é pra você, pode usar, e fique bem a vontade, tome um banho, fique no quarto ou vá para a sala, você escolhe; Nathalie sabe que você está em casa, então tudo que precisar, é só pedir para ela. Meu pai quer almoçar conosco hoje, e eu sei que não deveria ter feito isso sem falar com você antes, e nem deveria fazer isso assim, mas eu já te anunciei como minha namorada; e não Marin, eu não estou brincando, tenho plena certeza do que quero. Eu vou fazer um pedido apropriado e a altura do que você merece, mas já adianto que não vou desistir perante uma recusa, vou batalhar para conquistar seu coração, e vou te perguntar quantas vezes forem necessárias, Marinette Dupain-Cheng, aceita ser minha namorada? Vou trabalhar ansioso por sua resposta, My Lady!

Seu Adrien!"

Tikki, isso só pode ser um sonho! Eu não acredito, o Adrien me pediu em namoro! ela fala e dá pequenos pulinhos no tapete.

— Eu disse pra você, Marinette! Agora vai tomar um banho e venha tomar seu café antes que esfrie. — a Kwami ordena.

A garota concorda e vai quase saltitando de alegria para o banheiro, toma um banho relaxante, adorando a essência do sabonete líquido de Adrien, ela lava seus cabelos demoradamente, cantarola baixinho enquanto ensaboa o corpo, quando termina, se seca e veste a roupa que ele deixara, fica um pouco constrangida por pegar uma de suas cuecas, mas quanto a isso, não tinha muito que fazer; se surpreende ao notar que o vestido ficara perfeito, parecia feito para ela, Adrien tinha bom gosto como o pai. Ela volta para o quarto e destampa seu café, e arregala os olhos quando vê o tanto de comida na bandeja; mas ela estava faminta, notou isso assim que sentiu o aroma delicioso dos pães de queijo e dos croissants, ela e Tikki então devoram a comida, e Marinette não sabia dizer se era efeito da fome, mas tudo estava maravilhoso. Quando termina, ela recolhe as louças sujas na bandeja e decide levá-las até a cozinha e limpar tudo, calça a rasteirinha deixada para ela e olha para Tikki.

— Vem Tikki, se esconde nos meus cabelos. — a garota fala e a joaninha prontamente atende.

Ela sai do quarto então, desce as escadas se sentindo estranhamente pequena naquela mansão enorme, procura pela cozinha, e segue uma lógica pela distribuição dos cômodos para achá-la, quando consegue, se surpreende de novo, pelo tamanho do local, é tão grande quanto a padaria dos seus pais. Marinette segue para a pia e deposita a louça ali, procura pelo detergente e deposita tudo na lavadora, a sua sorte é que de utensílios de cozinha ela entendia muito bem, ou estaria encrencada com toda aquela tecnologia. Ela fica distraída organizando tudo na máquina, que nem nota Nathalie entrando na cozinha com três cozinheiros atrás de si, e quase tem um ataque cardíaco quando a mesma chama por ela.

— Srta. Dupain-Cheng, o que está fazendo? — Nathalie fala e a garota pula de susto.

— Jesus Cristo Nathalie, quase me mata do coração! — ela fala pondo a mão sobre o peito, tentando se acalmar — Estava pondo a louça pra lavar.

— Srta. Dupain-Cheng, deixe isso aí, existem pessoas para fazer essas coisas. — Nathalie fala com sua habitual falta de expressão.

— Tudo bem Nathalie, eu gosto de fazer isso, e por favor, prefiro que me chame de Marinette. — a garota pede e arranca um sorriso discreto da mulher.

— Certo Marinette, você gostaria de convidar seus pais para o almoço? O senhor Agreste pediu para ver com você, o que gostaria que fizéssemos. — ela fala e deixa Marinette espantada.

— Sério, não precisa se incomodar com isso Nathalie. — Marinette responde constrangida — Não quero dar trabalho.

— O senhor Agreste insiste, ele quer um almoço especial com o filho e a nora. — Nathalie afirma e deixa Marinette roxa de vergonha.

— Bem, se é assim, eu ajudo a preparar tudo. — Marinette sentencia e já coloca um dos aventais disponíveis na cozinha.

Nathalie até tenta contestar, mas a garota sabia ser bem teimosa quando queria, e assim ela se entretém junto dos cozinheiros, e passam a preparar o almoço e a trocar várias receitas. Eles não notam a hora passando, mas quando vê que já são quase dez da manhã, e que ainda não avisou ninguém onde estava, Marinette pede licença para ir ao quarto ligar para os seus pais e Alya, antes que eles colocassem a polícia atrás dela; a campainha toca e Nathalie vai atender a porta, e ela mal a abre, e a voz furiosa de Kyoko é ouvida no hall de entrada.

— Eu quero falar com Gabriel agora! — a garota exige nervosa e isso faz com que Marinette pare o que estava fazendo.

— Desculpe Srta. Tsurugi, mas o senhor Agreste não se encontra. — Nathalie rebate calma.

— Não importa, eu vou falar com ele, me diga onde ele está! É urgente. — Kyoko grita com Nathalie e Marinette se assusta com o descontrole da garota.

Ela desce a escada e vai até o hall, e os olhos da japonesa recaem imediatamente em Marinette, ela contrai o rosto irritada e seus olhos faiscam de raiva, estava começando a acreditar que aquela fofoca era verdade.

— Tudo bem Kyoko? Eu posso te ajudar em alguma coisa? — Marinette pergunta amável.

— O que você está fazendo aqui, Dupain-Cheng? — a japonesa grita.

— Desculpe, só estou tentando ajudar. — Marinette fala dando passos para trás.

— Ajudar? Não se faça de sonsa, perguntei por que está aqui, na casa do Adrien?! — Kyoko pergunta mais irritada ainda.

— Marinette é a namorada dele, é natural que esteja aqui. — Nathalie fala e Kyoko fica lívida — E acho melhor a senhorita moderar o tom de voz.

— E quem te disse uma sandice dessas? Ela? — Kyoko sibila apontando para Marinette.

— Não, o próprio Adrien quem nos contou, só um minuto por favor. — a mulher fala e se afasta para atender o seu celular, deixando as duas garotas paradas a porta, Marinette confusa com a atitude da japonesa, e Kyoko sentindo um ódio mortal da Dupain-Cheng — Sim senhor, não se preocupe eu darei o recado, ah claro, eu passo pra ela, só um instante. Marinette, Adrien está no celular, ele disse que está te ligando, mas está caindo na caixa postal, ele quer falar com você.

Nathalie estende o celular para a garota, e sem que ela perceba, aumenta o volume da ligação, fizera aquilo de propósito, não havia gostado da atitude da Tsurugi.

— Obrigada Nathalie. — ela pega o aparelho sentindo um nervosismo gritante, era a primeira vez que falaria com Adrien depois da noite de amor dos dois — Alô? Adrien?

My Lady! — ouviu a voz suave dele do outro lado e se assustou pelo volume do celular, dava para qualquer um ouvir o que ele dizia — Bom dia, dormiu bem?

Bom dia, dormi sim e você? — Marinette pergunta e as maçãs do seu rosto criam um novo tom de vermelho.

— Eu dormi muito bem Marin, na verdade acho que ainda estou sonhando. — Adrien fala e ri um pouco — Você me perdoa, por não poder estar com você quando acordou?

— Não se preocupe com isso Adrien, está tudo bem, eu não fiquei chateada. — Marinette responde prontamente — Obrigada pelo café, estava delicioso e o vestido ficou perfeito, eu amei.

— Tudo pela minha namorada, não agradeça, você merece muito mais. — Adrien fala e faz o coração de Marinette dar um solavanco violento — Marin, você vai me esperar voltar pra casa, não vai? Meu pai quer almoçar conosco e eu acho que precisamos conversar sobre ontem a noite.

Vou esperar sim, Adrien. Também acho que temos que conversar, não se preocupe. Diga ao Sr. Agreste que eu estava tomando conta da cozinha dele e preparando o almoço pra quando vocês chegarem. — Marinette brinca e escuta a gargalhada de Adrien.

— Você não existe My Lady, eu já estou com saudades e... — ele suspira antes de continuar — Eu amo você!

Eu também amo você, Adrien! — Marinette declara, sentindo os olhos marejando.

— Eu tenho que desligar Marin, o intervalo acabou, até daqui a pouco. — Adrien se despede animado, dava quase para ver o sorriso gigante dele do outro lado.

Quando a chamada se encerra, Marinette devolve o celular a Nathalie, que tem um sorriso vitorioso nos lábios, ela fica um pouco confusa, mas não dá muita atenção a isso; se volta para Kyoko, que agora sim, só faltava espumar pela boca. Nathalie encara a garota e assume sua postura profissional.

— O senhor Agreste pediu para lhe informar, que hoje ele não poderá atendê-la, o sábado será dedicado inteiramente para o filho e a nora, se você quiser, pode marcar um outro horário. — Nathalie informa contida, mas internamente dava boas gargalhadas.

— Eu mudei de ideia, não preciso mais falar com Gabriel. — a japonesa diz lentamente — Acho que nós duas precisamos conversar em particular, Marinette.

Nathalie olha para Marinette, não tinha gostado do tom da japonesa, mas não podia fazer nada se a outra decidisse conversar, e foi o que Marinette fez, concordou minimamente, mesmo sentindo um frio na espinha, tinha que ver o que Kyoko queria.

— Eu vou estar no escritório se precisar. — fala e sai dali deixando as duas sozinhas.

 

***

Duas horas mais tarde, Adrien abre a porta de casa e entra afoito, procurando uma cabeleira azulada e os olhos azuis mais gentis do mundo, não vendo ninguém, pensa que podem estar na cozinha ainda.

— Marin, Nathalie! Chegamos. — ele chama assim que seu pai entra pela porta.

— Se acalma um pouco, Adrien. — Gabriel fala achando graça do nervosismo do filho — Olha, acho que elas estão vindo.

Ele fala assim que escuta uma porta abrindo, Adrien abre o seu melhor sorriso, mas ele morre ao ver Kyoko ali.

— Bom dia Sr. Agreste, bom dia Adrien, estava esperando vocês. — ela cumprimenta sorrindo.

— Oi Kyoko, desculpa não quero ser indelicado, mas preciso ver minha namorada. — Adrien fala, tentando não ser grosso.

— Pensei que Nathalie tivesse te informado que não a receberia hoje, Srta. Tsurugi. — Gabriel comenta perdido, e como se fosse invocada ali, Nathalie surge atrás da garota, o rosto afobado de quem estava muito preocupada.

— Sr. Agreste, Adrien, que bom que chegaram, eu quase morri ligando para os dois, mas só dava fora de área! — a mulher fala atropelando as palavras.

— Calma Nathalie, me explica o que está acontecendo? — Gabriel pede perdido.

— A Marinette, ela saiu correndo daqui aos prantos, eu mandei os seguranças atrás dela, mas ela simplesmente sumiu. — ela conta e Adrien sento o corpo gelar.

— Como assim sumiu? E por que ela estava chorando? Isso não faz sentido, eu falei com ela e a Marin estava bem! — ele contesta confuso.

— Ela estava, até a Srta. Tsurugi pedir para falar a sós com ela, depois disso Marinette foi embora correndo, ela pediu desculpas por não ficar e pediu perdão a você Adrien, disse alguma coisa sobre não ser boa o bastante! — Nathalie conta e Kyoko fica lívida, ela não esperava que a mulher fosse contar.

— Que merda você falou pra ela, Kyoko?! — Adrien grita, perdendo toda a compostura e fazendo a japonesa pular no lugar.

— Calma Adrien, não é para tanto. Eu apenas me livrei do seu problema, entendi muito bem que só estava com ela por que cometeu um pequeno deslize, pequei o recado quando você falou sobre 'conversar sobre ontem a noite', eu ouvi. — a garota fala cheia de maldade — Apenas mostrei a Dupain-Cheng que vocês são de mundos diferentes, que nunca daria certo e que vocês dois foi uma aventura sem sentido, apenas uma capa para revistas de fofocas.

Kyoko destila veneno e ergue a revista que ninguém notara ainda que ela carregava, e na capa, uma foto de Adrien e Marinette dançando na festa, os rostos próximos, sorrisos lindos nos rostos e olhos extremamente brilhantes; o fotografo fizera questão de dar um ângulo favorável para deixar o belo vestido de Marinette em evidência, bem como a mão de Adrien, alguns dedos abaixo da cintura da garota, e na capa lia-se em letras bem grandes: " Quem será a bela jovem, que roubou o coração do solteiro mais cobiçado de Paris?". Mais abaixo uma fotografia menor, em que eles apareciam se beijando, a foto do primeiro beijo deles, seguida de uma de quando se separaram.

— Ouça bem Kyoko, se acontecer qualquer coisa com a minha Marinette, se ela acreditar nessa sua mentira descarada, você vai querer ver o demônio na sua frente, mas não vai querer me ver. — Adrien sibila baixo, se contendo para não cometer uma loucura — Nunca mais chegue perto de mim, eu tenho nojo de você!

— Mas Adrien... — ela tenta.

— Saia, agora! — ele grita e aponta para a porta.

Ela se encolhe e treme inteira, nunca tinha visto Adrien assim, e pensou mesmo que ao se livrar de Marinette, teria alguma chance com ele; sentindo os olhos ardendo de raiva pela rejeição e humilhação, ela vai em direção a porta.

— Ah Srta. Tsurugi? — Gabriel chama e ela se vira esperançosa — A próxima vez que chegar perto do meu filho ou da minha nora, vai desejar não ter saído do Japão! E a propósito, estou desfazendo a parceria com sua família agora mesmo.

Mais humilhada ainda, ela deixa a mansão Agreste, acabara de piorar sua situação, mal sabia que tinha condenado ela própria com sua armação.

— Pai? Preciso ir até a casa da Marin, não posso deixar que ela pense que sou um canalha desses. — Adrien fala desesperado.

— Vamos nós dois, Nathalie, cancele toda minha agenda de hoje. — Gabriel fala e os dois saem porta afora.

Em minutos chegam a padaria dos Dupain-Cheng, Adrien nem espera o motorista estacionar e desce do carro correndo, entra na padaria afobado e encontra a mãe de Marinette atendendo um cliente, a mulher o olha e ela parece ter chorado.

— Sra. Dupain-Cheng, a Marin está? Eu preciso muito falar com ela. — Adrien pede nervoso.

— Sinto muito Adrien, mas ela me pediu... — a mulher começa a falar e Adrien vai as lágrimas.

— Por favor, por favor me deixe falar com ela, eu posso explicar tudo, foi um mal entendido, uma armação cruel contra a gente... — Adrien se desespera e assusta Sabine.

— Adrien, você sabe por que Marinette estava chorando? — Sabine pergunta, era óbvio que Marinette não tinha contado o que aconteceu.

— Sim, ontem na festa nós acabamos nos acertando, fomos pra minha casa e ela dormiu lá comigo. — Adrien sente o rosto arder por ter que contar essas coisas para a mãe dela — Hoje de manhã eu tinha que trabalhar e deixei ela dormindo, deixei um bilhete explicando e mais tarde quando liguei ela estava bem, eu tinha a pedido em namoro, íamos almoçar com meu pai hoje, mas quando chegamos em casa, Nathalie disse que Marinette saiu de lá chorando por causa de uma conversa que teve com uma colega nossa, essa colega inventou um monte de mentiras para a Marin e agora ela deve me achar o pior homem do mundo!

— Deus meu! Então foi isso? Agora entendo o que ela dizia, Adrien, Marinette não pensa mal de você, ela pensa mal de si mesma. — Sabine conta e ele a olha espantado, até Gabriel fica intrigado com isso — Ela disse que alguém como ela, não era boa o bastante para estar ao seu lado, que ela só te atrapalharia e te traria vergonha.

— Não! Não, Marinette é perfeita para mim Sra. Dupain-Cheng, ela é tudo que eu quero, eu amo sua filha do jeitinho que ela é! — Adrien afirma, arrancando lágrimas da mulher — Me deixe vê-la, por favor, me deixe dizer isso a ela.

— Infelizmente, isso não é possível Adrien. — Sabine fala chorando e nesse momento Tom entra na padaria extremamente abatido — Marinette foi embora e nos proibiu de dizer onde está.

Adrien sentiu o chão sumir sob seus pés, já não ouvia mais nada, apenas chorava em silêncio, ouvindo aquelas palavras repetidas vezes, pedindo que não fossem verdade.

— Por favor, diz que não é verdade. — ele pede e sente a mão do seu pai no seu ombro, dando apoio.

— Será que você não poderia nos contar onde ela está, senhora? Agora que já sabe da verdade, eles poderiam conversar e se entender. — Gabriel pede, sentindo pena do estado que seu filho ficou.

— Desculpe senhor, mas nossa filha é teimosa, ela garantiu que ninguém mais fosse vê-la além de nós, se outra pessoa tentar, não terá sucesso. — Tom fala se sentindo derrotado, ele vira como sua menina chegou em casa e se enfurecera com aquilo, mas viu agora que foi bom tentar manter a calma, ou cometeria uma injustiça — Escuta filho, Marinette é obstinada demais, depois que ela toma uma decisão, não há quem a faça voltar atrás. O melhor que podemos fazer agora, é esperar ela voltar, e ela vai voltar.

— Eu preciso saber se ela está bem, eu preciso que a Marin saiba que eu amo ela e que vou esperar que ela volte. — Adrien fala entre o choro.

Estava tão abalado, que nem viu quando seu pai o levou para o carro, nem quando deu seu número de telefone a Tom e Sabine, ou quando pediu que eles os mantivessem informados sobre Marinette. Em casa, Nathalie os esperava preocupada e soube que não tinha dado certo, quando viu Adrien entrando na mansão, com a expressão mais doída que a mulher já vira. Ele subiu direto para o quarto, sem se importar em comer nada, não ouviu os chamados de Plagg quando fechou a porta do quarto, tudo que viu, foi a cama vazia onde a tinha deixado de manhã, a imagem dela parecia bem real ali. Os cabelos bagunçados, o rosto sereno, o corpo esquio coberto pelo lençol, Adrien gemeu de dor, uma dor excruciante em seu coração, por que sua Marin o tinha deixado? Ela não sabia que aquilo doía e o quebrava inteiro? Pegou o vestido que ela deixara para trás, deitando-se na cama com ele, sentindo o perfume de morangos dela; antes de deitar-se, Adrien vê a mancha de sangue nos lençóis, prova de que Marinette era dele, sempre seria dele, ele só teria que ter paciência e esperar que ela voltasse para seus braços, e aprender a conviver com a dor e o vazio que ela deixou, sem saber ao certo quando a veria outra vez, ele pega no sono e parte para um lugar feliz, onde está com sua Lady lhe sorrindo e dizendo que lhe ama.


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