Gira, Sol escrita por Clarisse Hugh


Capítulo 1
Gira, Sol


Notas iniciais do capítulo

To: Ana
Happy Birthday, my dear



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Travis Stoll é um completo imbecil.

Não que isso devesse ser uma novidade surpreendente para qualquer pessoa que já tenha passado mais do que cinco minutos em sua companhia, mas depois de anos de namoro eu esperava já estar preparada para sua total falta de noção e tato.

— Você fez o quê?!

— Eu me esqueci que sexta é nosso aniversário de namoro e acabei comprando ingressos para ir com Connor e os meninos na final de baseball. Desculpe.

O patife estava absolutamente confortável no sofá, detonando um pacote imenso de salgadinhos e assistindo (adivinhem só!) um canal de esportes, como se não estivesse participando de uma DR naquele exato momento.

— Deuses! Você sabe o quanto é difícil cuidar das finanças daqui de casa com você sendo assim tão avoado? Semana passada já pagamos juros do atraso da conta de luz e o pior é que, falando em contas, a taxa que você gastou comprando esse daí não vai ser devolvida no reembolso e…

— Reembolso de quê?

— Como “de quê”? Do ingresso, oras.

— Mas por que raios eu devolveria o ingresso? Foi uma dor de cabeça para conseguir para todo mundo antes de esgotar.

O pior é que eu podia mesmo enxergar em minha mente uma kombi dirigida por Chris Rodriguez e lotada de crias de Hermes rumando para o estádio no Bronx, enquanto Travis e Connor tentariam impor alguma ordem e falhariam miseravelmente. Essa era uma visão que poderia ter me feito gargalhar se eu não estivesse assim tão perplexa e irritada.

— Você está dizendo que pretende me deixar sozinha no dia do nosso aniversário de namoro para ver um bando de marmanjos rebatendo bolas? E pior, para testemunhar algo que você poderia ver pela TV?

— Não seja dramática, Katie. Não vou “te deixar sozinha”. Só vou chegar um pouquinho atrasado para a nossa comemoração.

É claro que, como o bom sem vergonha que era, ele sorria maliciosamente ao proferir esse último comentário, suas covinhas oferecendo um charme todo especial para o rosto anguloso, emoldurado pelos cabelos castanhos desgrenhados. Apesar de lindo, juro que se ele me desse uma piscadela eu voaria em seu pescoço naquele instante.

— Se com esse seu risinho sarcástico você pretende insinuar alguma coisa, Travis Stoll, o senhor pode tirar seu cavalinho da chuva! Pede pro seu querido irmão satisfazer os seus desejos, já que você parece considerar a companhia dele mais prazerosa do que a minha, de qualquer forma.

Virei-me de costas para fingir dar atenção à pequena horta localizada no parapeito da janela, mas tomando cuidado para não relar um único dedo em minhas plantinhas. Do jeito que eu estava era capaz de todas elas murcharem na hora.

— Eca, que horror, Katie! Não é porque somos meio olimpianos que você pode fazer sugestões incestuosas assim do nada. Vou demorar a limpar completamente minha mente dessa imagem horrível! Arg!!!

Dei de ombros, tentando ao máximo ocultar minha satisfação diante de sua expressão que era um perfeito misto de horror e nojo. Ele até chegou a sacudir a cabeça e estremecer antes de continuar a falar:

— E, ignorando esse seu último comentário infeliz, devo te dizer que é óbvio que não prefiro a companhia do meu irmão à sua, especialmente nesse sentido. Acredito até ter exemplificado bastante eficientemente ontem à noite o quanto você me agrada. - Ótimo, agora mesmo irritada ele vai me fazer corar, inferno!— Mas é que faz um século que eu e o Connor não nos vemos!

Falando assim ele soava bastante como um garotinho de doze anos outra vez e eu poderia abraçá-lo e esmagar suas bochechas até não poder mais, mas para isso eu teria que dar por encerrada a discussão e aquilo era algo que não estava disposta, especialmente porque quase saía fumaça da minha cabeça enquanto ele seguia naquela placidez insuportável.

— Vocês saíram juntos na segunda passada!

— Então, nove dias! Isso é praticamente uma eternidade para nós!

Desta vez não consigo evitar cruzar os braços, mas isso acaba se mostrando uma ótima atitude, pois ele (finalmente!) passa a ignorar totalmente a televisão ligada e senta-se de pernas cruzadas, virado para mim.

— Talvez eu deva te lembrar que nós somos gêmeos, sabe? Acho que você não entende a mecânica da coisa. Pessoas que nasceram grudadas e tal...

— Vocês são gêmeos, não siameses. – murmuro, revirando os olhos.

— E você, senhorita Gardner, está passando tempo demais conosco. Está muito engraçadinha para uma filha de Deméter. Ah! E seu ciúme do Connor é absolutamente adorável.

Acho que, como filha da deusa da agricultura, tenho bastante propriedade para dizer que literalmente senti algo murchar em mim em um instante. Todo o progresso que pensei ter atingido com sua troca de posição no sofá perdeu-se quando ele retornou à postura anterior, ignorando completamente que eu seguia ali, estacada diante da porta. É isso? Ele pretende simplesmente deixar as coisas por isso mesmo?

— Você realmente não vai desistir de ir ao jogo?

— Âhn.... não?

Sem qualquer explicação racional para tal, a expressão confusa consegue me enfurecer ainda mais, fazendo-me cerrar os punhos ao lado do corpo, ainda sem conseguir dizer mais nada.

— Bom, além do mais, você eu tenho pra sempre, já o jogo eu não faço a menor ideia de quando meu time estará na final de novo então eu tenho certeza que você entende e…

A primeira parte do comentário poderia ter me deixado toda derretida há um tempo atrás, mas no presente momento eu estava com tanta raiva que mal conseguia pensar.

— Sai. Da. Minha. Casa. Agora.

— Ãh?

— SAI. DAQUI.

Foi nesse momento que peguei a primeira coisa que achei na minha frente e joguei na direção dele com toda a força do meu ódio. Infelizmente, essa se provou uma péssima escolha, porque essa tal coisa foi justamente o meu próprio celular.

Em sua defesa, sou obrigada a admitir que Travis até tentou segurá-lo, mas meu arremesso foi tão sem jeito que não houve como evitar: ele atingiu o antebraço do filho de Hermes de raspão pouco antes de se esturricar no chão da sala.

— Katie?

Eu não respondi. Sabia que agora tinha sua completa atenção e ele parecia finalmente se atentar para o fato de que meu estado de espírito durante a conversa não era dos melhores. Talvez fosse se desculpar e arrumar uma forma de compensar por ter me deixado chateada, podia até resolver de vez não ir ao jogo com seus irmãos na sexta, mas eu não queria nada disso. Eu só conseguia olhar para minha capinha de girassóis com medo de virar o aparelho e encontrar uma tela totalmente destruída, de algum modo esse temor combinando com o medo de ter acabado de presenciar a quebra de meu próprio coração.

Antes de qualquer outra ação mais significativa, no entanto, o espírito do bom senso finalmente se abateu sobre o meu namorado e ele deixou a casa rapidamente, sem levar nada nem dizer um único pio.

Com as mãos ainda tremendo (de ódio e de pavor) alcancei o celular e o virei, suspirando de alívio ao constatar que só havia um lascadinho minúsculo na borda da película. Ufa.

Agora era só esperar para conferir se os danos haviam sido igualmente mínimos no meu peito.

—*-*-

Às três da manhã qualquer prognóstico positivo já havia me abandonado e eu quase desejava que meu celular tivesse sido feito em mil pedacinhos se isso significasse que teria Travis de volta ali, ao meu lado na cama.

Então rapidamente deixo esse pensamento de lado, me lembrando que quem havia me tirado do sério foi ele e quem havia ficado possessa fui eu. Por que raios ele não havia voltado para casa então?

Uma aflição sem igual se abatia sobre mim, pois ainda que discussões de algum modo sempre tivessem feito parte de nosso relacionamento (pelos deuses, começamos a namorar justamente por causa das implicâncias mútuas), nós nunca havíamos deixado de fazer as pazes rapidamente. As brigas sempre se tornavam irrelevantes quando encarava aqueles marotos olhos castanhos que tem a habilidade de me tirar do chão e me invadir com uma vontade instantânea de gargalhar e rodopiar pelo quarto.

Não sei o que foi diferente nesta última discussão, se é que se podia chamar de discussão o que havia sido mais um monólogo raivoso da minha parte, mas algo parecia irremediavelmente errado e eu simplesmente não conseguia compreender.

Por que ele não fez absolutamente nada? Por que ainda não voltou com uma piadinha sem graça qualquer para arrancar meu riso e fazer tudo ficar bem? E por que cargas d’água eu havia ficado tão nervosa e descontrolada mais cedo? Conheço há anos o jeito desligado do meu namorado, era só insistir e explicar para ele que era importante para mim e ele com certeza iria reconsiderar. E mesmo que não, porque um dia tinha que ser assim tão mais importante do que a presença dele ao meu lado em todos os outros? Eu quero ser alguém que vive de simbologias ou realidades?

Tanto drama me dá dor de cabeça e, por tudo que é mais sagrado, será que estou me transformando na minha mãe?!

Rabugice e reflexões à parte, decido que não posso mais ficar ali deitada, sem conseguir chorar nem dormir. Me levanto decidida a colocar a cabeça no lugar e encontrar uma solução para todo esse dilema que me corroía. Ao alcançar a cozinha, entretanto, me deparo com algo que rouba meu ar.

A princípio tenho medo de a figura estirada no tapete ser um monstro mitológico qualquer espreitando para o ataque ou pior, alguém mortalmente ferido por um monstro, mas, ao adaptar a vista à escuridão do cômodo, logo distinguo formas conhecidas naquele amontoado do chão. Travis dormia, todo retorcido e babando na almofada.

Ele deve ter entrado depois que fui para o quarto, sem fazer barulho para não me acordar. Vê-lo a salvo e em casa me deu um grande alívio, mas meu espírito ainda seguia inquieto, com medo do que tudo aquilo podia significar.

Na minha vez de voltar para o quarto silenciosamente, um pensamento não deixava minha mente: será que o que faltava para que Travis voltasse a dividir a cama comigo eram desculpas dele ou um pedido meu?

I'm pretty sure we almost broke up last night

I threw my phone across the room, at you

I was expecting some dramatic turn away

But you stayed

—*-*-

O dia amanheceu com meu estômago roncando, tão vazio quanto o lado direito da cama. Levantei sem saber bem por onde começar, mas algo no ar chamou minha atenção… Aquilo era cheiro de café?

Fui até a cozinha esfregando os olhos, um tanto confusa e, confesso, totalmente esperançosa.

Lá chegando, me deparo com a mesa posta com pão, manteiga, geléia e um bule de café de onde até saia fumacinha de tão fresco, mas o silêncio reina e não há qualquer sinal de Travis. O que é absolutamente estranho porque esse homem é praticamente incapaz de ficar quieto, além de nunca, jamais se arriscar na cozinha.

— Travis? Você está aqui? - nada ainda - Acho que a gente precisa conversar sobre ontem…

Ouço um suspiro atrás da porta e Travis finalmente adentra o apartamento.

A quietude dura mais uns cinco segundos, porque depois disso não posso evitar soltar uma risada abafada e acho que tanto os olhos dele quanto os meus desanuviam.

Ele está usando um capacete de baseball enorme e para na minha frente com as mãos para cima, balançando um lenço branco no ar.

— Ei, esse não é aquele pano do Capture a Bandeira que você roubou no verão passado?

— Hey! Ninguém te falou que usar o verbo roubar relacionado a um filho de Hermes pode ser bastante indelicado?

— Nah, não estou preocupada com os seus sentimentos. - disse as palavras, mas minhas mãos torcendo minha camiseta indicavam o contrário.

— Sua insensível.

— Olha quem fala!

Prendo a respiração pensando se não foi um comentário precipitado, sem ter certeza ainda sob qual solo estávamos pisando.

— Katie... desculpa. Eu não queria... Não pensei...

— Tá tudo bem.

E estava mesmo.

This morning I said we should talk about it

'Cause I read you should never leave a fight unresolved

That's when you came in wearing a football helmet

And said: Okay, let's talk!

And I said

Stay, stay, stay

I've been loving you for quite some time, time, time

You think that it's funny when I'm mad, mad, mad

But I think that it's best if we both stay

—*-*-

Quando a sexta-feira chegou, Travis me acorda com um doce beijo de bom dia e, por um momento, até chego a pensar que o tal jogo não atrapalharia tanto assim os nossos planos. Afinal, seria perfeitamente possível ter um dia romântico antes de ele sair a tarde para se encontrar com seus irmãos, não é?

Bom, aparentemente não, porque ele logo me diz meio sem jeito que prometeu para James, um garotinho de seis anos recém-chegado no chalé 11, que iria com ele comprar um boné dos Yankees para ir à caráter assistir a final. Mais um monte de coisas foram ditas sobre filas e trânsito e estacionamento e eu apenas dei um sorriso tímido, assentindo.

Na hora de nos despedirmos, no entanto, tenho um pequeno estalo na minha mente e peço:

— Na verdade, será que poderia ir até o Acampamento com você? Acho que prefiro passar o dia por lá...

Acho que prefiro não passar o dia sozinha, é o que ecoa em minha mente, mas não falo em voz alta porque não quero brigar e também porque no fundo tenho um orgulho enorme do irmão mais velho maravilhoso que ele se tornou.

Conforme nos aproximamos do Acampamento, cada árvore, cada pedra exala um sentimento de reconhecimento que toma conta de nós dois e parece que até podemos sentir o interior do carro mais aquecido, aconchegante.

Casa. Não importa quanto tempo passe.

Travis estaciona o carro próximo à árvore que era a antiga morada de Thalia e segura a minha mão como se soubesse que eu estava prestes a chorar. De felicidade e melancolia, saudade e esperança. Um pouco de tudo, num doce transbordar.

— Katie-Kat, eu volto logo, tá?

Meu riso sai com os olhos úmidos e o beijo apenas, assentindo, sem ter palavras para me expressar. Fique, desejo lhe dizer, ainda que o significado desse pedido seja muito mais amplo do que apenas a situação presente.

— Hey, Connoooooor! – um garotinho grita animado enquanto desce a colina correndo.

— Se você me insultar assim mais uma vez eu acabo com a tua raça, moleque.

O pequeno James gargalha e essa é a última coisa que vejo antes de ser esmagada por um furacão cor-de-rosa.

— Olá, Ana. É maravilhoso te ver, mas eu adoraria poder respirar.

Minha amiga sorri largamente e já vai me arrastando para o chalé de Afrodite enquanto me atualiza de todas as novidades:

— ... foi uma completa loucura e Annabeth talvez esteja grávida porque eu nunca vi alguém comer tanta blaklava numa única noite e, além do mais, a pele dela está incrível e...

— Pelo amor dos deuses! Acho que estou até tonta. – disse, rindo.

— Acho que me empolguei. Mas me conta, como vai a celebração do meu casal favorito. Sinta-se honrada, a propósito, pois se tem algo que mamãe me deu nessa vida, foi a habilidade de shippar.

— Vamos bem?

Oh-oh, eu realmente não queria que soasse como uma pergunta.

As sobrancelhas de Ana se franzem graciosamente e ela assume uma expressão absolutamente séria antes de perguntar:

— Cadê esse filhote de caduceu de quinta categoria para que eu possa acabar com a raça dele?!

Contrariando todas as expectativas, eu rio.

— Katie, não estou entendendo...

— Ai, miga... É só que tanta coisa tem me feito pensar nos últimos dias e eu percebi que, apesar de ser esse “filhote de caduceu de quinta categoria”, é com ele que... que eu quero estar. De verdade.

Não preciso nem falar que a filha da deusa do amor tinha lágrimas nos olhos depois disso, né? Entretanto mal passaram-se dois segundos e ela já assumia uma pose resoluta, chamando as irmãs gêmeas Rose e Marie para perto:

— Achem Miranda e as outras meninas. Por Zeus, até a Clarisse serve. Hoje nós vamos fazer um bobbidi-boo completo.

As garotas arfaram, extasiadas e saíram correndo do chalé.

— Eu deveria temer isso?

— Nem um pouco, amiga. Nós te deixaremos des-lum-bran-te.

Before you I'd only dated self-indulgent takers

Who took all of their problems out on me

But you carry my groceries and now I'm always laughing

And I love you because you have given me

No choice but to

Stay, stay, stay

I've been loving you for quite some time, time, time

You think that it's funny when I'm mad, mad, mad

But I think that it's best if we both stay, stay, stay, stay

—*-*-

Se Travis iria me achar maravilhosa, eu não sabia (embora quisesse acreditar que sim), mas que a tarde das garotas no chalé de Afrodite foi incrível, isso foi. Nós rimos e conversamos e o tempo voou, como sempre quando estamos com pessoas de quem gostamos.

Num momento em que despreocupadamente soprava minhas unhas recém-feitas, notei algumas das meninas olhando ansiosamente pela janela.

— O que foi, gente? Hoje tem Captura a Bandeira e ninguém me falou?

O risinho delas de quem trama um plano diabólico teria me assustado se eu já não estivesse acostumada com as loucuras dessa família.

— Não, não. Só a tradicional fogueira.

Nem trinta segundos se passaram quando Clarisse La Rue finalmente solta:

— A gente já pode falar pra ela, não pode?

— Clarisse! – as outras semideusas exclamam em uníssono.

— Arg, por tudo que é mais sagrado, eu sou ansiosa!

— O que está acontecendo, gente?

Ana me olha com muita ternura ao proferir:

— Por que você não vai lá fora, linda?

Levanto-me das almofadas meio atordoada e saio sem saber bem o que esperar, mas o que quer que eu tivesse imaginado não me prepararia para o cenário que encontrei disposto a minha frente.

A área da fogueira estava toda iluminada com pequenas lâmpadas brancas e arranjos com rosas amarelas e girassóis estavam espalhados por todos os cantos. Na verdade um exército de campistas andava de um lado para o outro arrumando tudo, antes de escurecer totalmente.

Eu estava tão enlevada pela beleza da paisagem a minha frente que nem notei Travis se aproximando, por trás de mim.

— Sabe, Katie, você está sempre dizendo para todo mundo o quanto me conhece, mas acho que esse filho de Hermes aqui ainda tem uma ou duas cartas na manga, não acha?

Eu estava totalmente sem fala e só conseguia segurar em suas mãos e olhá-lo, admirada.

— Admita, você caiu mais uma vez em uma pegadinha dos irmãos Stoll.

Calei sua boca com um beijo apaixonado e o resto da tarde estendeu-se tranquilamente sobre nós, como se nos abençoasse com aquele pôr-do-sol magnífico.

Caminhávamos calmamente em direção à fogueira que acabava de ser acesa quando meu namorado resolve quebrar o silêncio com sua voz divertida:

— Espero ter acertado nas flores.

— Você sabe que sim. São minhas favoritas.

— Só mesmo esse amarelo vivo pra brilhar tanto quanto você, meu girassol. – e me rodando pelo caminho, como dois bobos apaixonados dançando uma valsa inexistente, ele repetia – Gira, Sol. Gira, Sol. Gira, meu Sol.

You took the time to memorize me

My fears, my hopes and dreams

I just like hanging out with you

All the time

All those times that you didn't leave

It's been occuring to me

I'd like to hang out with you

For my whole life

—*-*-

Mais para o final da noite, com meus cabelos de palha ondulados graciosamente, arrumada por filhas de Afrodite e com a felicidade em meu peito me fazendo sentir ainda mais bonita, resolvi cantar uma música na fogueira. Alegre e fofa, divertida e romântica. Como nós, como deve ser.

          - Stay. And I'll be loving you for quite some time. No one else is gonna love me when I get mad, mad, mad. So I think that it's best if we both stay, stay, stay

Will Solace fez soar o último acorde e terminei a canção rindo, com Travis todo sorridente se sentando no tronco ao meu lado, entregando-me um espeto com um marshmallow. E o sentimento de estar em casa crescia em meu peito, muito grata por tudo aquilo que eu tinha.

— Mas eu tenho uma reclamação seríssima a fazer em nome do meu maninho. – Connor finalmente se pronuncia, sentado no banco ao lado de onde estávamos – Se você realmente prestasse atenção em tudo que a gente fala, teria notado o furo no plano no primeiro instante.

— Como assim, criatura? – o fato de ele ser meu cunhado não tornava em nada o ato de implicar com ele menos divertido.

— Por que raios ele estaria tratando os Yankees na final como uma coisa rara? É o melhor time de todos! Está sempre na final! E você não tem internet, não? Era só ter pesquisado a data do jogo e veria que…

— Connor, eu poderia te dar um soco além de fazer um comentário pouco elogioso a sua pessoa neste momento, mas prefiro me ater apenas à segunda parte para manter nossa amizade. Então vá se foder.

Travis dá uma sonora gargalhada e deposita um beijo estalado na minha testa, sussurrando só para eu ouvir:

— Essa é a minha garota.

Sua garota. E ele é o meu imbecil. Tudo perfeito e...

— Sabe, eu achei que tinha me precipitado depois que as meninas me avisaram que você tinha ficado sem bateria e que não estava deixando de me responder por estar irremediavelmente brava comigo, mas até que meu whats te pedindo em casamento vai ficar bem mais romântico agora, né?

Ah, nada como um dia normal sendo namorada de Travis Stoll.

Pera.

— Você fez o quê?!


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Notas finais do capítulo

Eu não consigo me lembrar de onde surgiu a fagulha que fez com que as pessoas shippassem Travis e Katie. Tudo que sei é que para mim faz total sentido e eu os amo.
A música é Stay, da Taylor Swift, e desde o primeiro momento em que a escutei sabia que escreveria uma fanfic com ela (não sou a louca das songfics à toa) embora não estivesse muito certa de qual o casal adequado para protagonizá-la.
Muitos anos se passaram e a ideia seguiu no fundo da minha mente, até que finalmente pensei em unir toda a alegria desse casal com a leveza da música em questão. Acho que casou muito bem, mas sou suspeita, então adoraria ouvir a opinião de vocês nos comentários.
Até breve! :)



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