It's cold, please kiss me escrita por Lady Liv


Capítulo 3
Moment


Notas iniciais do capítulo

hi guys, im back with my shit



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Quatro dias.

 

Quatro dias que Kylo mal dormia, quatro dias que as reuniões e os planos de guerra eram ignorados, quatro dias que as reclamações de seus principais generais haviam perdido sentido. Quatro longos dias que a conexão foi rompida e Kylo podia jurar que Rey ainda estava lá, na sua frente, na sua cabeça, por trás de seus olhos, desesperada; esperando.

 

“Por favor,” ele meditou em seu quarto, mais uma vez se fechando para seus deveres e a galáxia. A Força continuava desequilibrada e se concentrar era um grande desafio.

 

Rey... onde quer que ela estivesse, ela estava esperando.

 

Esperando de novo e isso era inadmissível.

 

Era estranho como sempre houve um senso de urgência dentro de si, buscando a atenção de seus pais, buscando o apoio de seu tio, buscando a amizade em uma voz abusiva, sempre tentando encontrar algo que ele não sabia o que era, mas estava lá. Através da galáxia, ela estava lá, através das estrelas, um lugar para pertencer. Ela. Um propósito.

 

Rey.

 

Ele precisava encontrá-la, era vital. Para salva-la... para salvalo.

 

Concentre-se, Kylo se ordenou, focando-se na imagem dela novamente. Podia sentir sua escuridão o afetando, mesmo tão distante.

 

Ele podia senti-la.

 

Como uma tempestade se aproximando, o relâmpago antes da trovoada, o arrepio... ele tensionou e esperou.

 

E a Força finalmente o respondeu.

 

Depois de tanta agonia, ele encontrou o embrulho em sua cama.

 

Rey estava dormindo.

 

Tão perto e oh céus, tão frágil. Um grande contraste para a fera que ela se permitia ser no campo de combate.

 

“Rey,” o nome dela saiu de seus lábios de modo devoto, e ele tocou seu rosto. “Acorde.”

 

“Ben?”

 

“Sim, estou aqui,” ele afirmou. “Acorde, querida. Volte pra mim.”

 

Ela tremeu, apertando os olhos fortemente em confusão; “Ben?” ela se apoiou em seus braços, se erguendo. “Você veio?”

 

“Você duvidou?”

 

Houve um momento,

 

“Ben.” e ela sorriu abertamente.

 

Ninguém nunca havia sorrido para ele assim, e ainda mais Rey! Oh, o quanto ele desejou... Era real. Ben permitiu-se levar por aquele instante perfeito, aonde nada havia acontecido, aonde o sentimento era a única coisa que realmente existia. Ben e Rey. Apenas um casal na imensa galáxia. Juntos. Como deveria ser. Ben segurou sua mão e a levou até os lábios, beijando os nós de seus dedos.

 

“Senti sua falta.”

 

Rey desviou o olhar, mais corada e rindo.

 

“Estou sonhando.”

 

“É mesmo?” ele perguntou com humor. “Eu só te beijo nos seus sonhos?”

 

Eu só te beijo nos seus?”

 

“Só quando eu não digo besteira.”

 

“Impossível.”

 

“Você ficaria surpresa.”

 

Ela balançou a cabeça, fixando o olhar em suas mãos entrelaçadas. Ben manteve os olhos sobre seu rosto, a analisando preocupado. Rey estava bem mais magra desde a última vez que a viu, a pele visivelmente mais pálida e os lábios ressecados, parecia doente, mas ainda assim, continuava sendo a garota mais bonita que já havia visto.

 

“Vai me contar o que está acontecendo?” ele perguntou, mas ela continuou calada.  “Eu sei sobre o seu avô-”

 

“Suas mãos estão quentes. Senti falta do seu toque.”

 

“Rey.” Ben chamou, mas ela o ignorou, beijando a palma de sua mão. “Rey!” urgente para entender, ele chamou novamente. “Rey, me diga como eu posso te ajudar.”

 

“Me beije.”

 

“O que?”

 

Como um adolescente, ele quase engasgou seu nome, sentindo suas orelhas ficarem vermelhas.

 

Por que não podia ser Kylo sempre? Eles já haviam se beijado antes, suas mãos podiam parar de suar agora. Aquele nervosismo tinha gosto de esperança e isso era perigoso. A fraqueza sempre o iria perseguir, ao que parecia. Seu próprio fantasma, Ben Solo.

 

Ben,” e ainda assim, era aquele nome que ela suspirava, fazendo-o se arrepiar, a realização de que era ali que pertencia; com ela, em seus lábios. “Está tão frio aqui.”

 

Talvez não fosse fraqueza alguma.

 

“Por favor.”

 

Talvez fosse honra.

 

“Estou aqui,” Ben a respondeu num sussurro. “Estou aqui, cyar’ika.”

 

Ben fechou a distância entre eles, e-

 

— e eles eram um só; as mãos dela em seu cabelo, as mãos dele em sua cintura, abraçados; completos. Solidão e necessidade e céus, ela era uma droga. A conexão se movendo tão rápido quanto seus lábios, o ar se extinguindo e ainda assim, ele precisava de mais, mais contato, mais daquele sentimento que ele buscou a vida toda, mais da garota que tocou sua mente e seu coração.

 

A Força vibrou sobre seus dedos, e ele a segurou firme.

 

Pela primeira vez, tudo fazia sentido.

 

Isso era segurança, isso era conforto, isso era casa... Rey era a sua casa.

 

“Humm, eu te buscar,” Ben se separou, arfante. “Vamos fugir pra bem longe e, e nos casar e, e-” as palavras saíam contra seu controle, mas ele não se importava. Era a verdade.

 

“O que?”

 

“Eu cansei, não posso mais ficar longe de você, você... você é luz, Rey.” ele disse e selou seus lábios tentativamente. “Minha luz. Meu pedaço que estava faltando.”

 

Ela franziu o cenho, mas sorriu.

 

“Não precisamos fugir, podemos fazer do seu jeito agora...”

 

“Meu jeito?”

 

“Você e eu,” Rey sorriu, mordendo seu lábio. “Imperador e Imperatriz.”

 

Houve um momento, e-

 

— o ar pareceu mudar. 

 

Algo gelou, caiu, quebrou.

 

“Palpatine não terá chances contra nós,” ela contou, os olhos brilhando, e Ben notou em choque que o brilho verde que ele amava, que rodeava a íris dela, agora era amarelo. “Você já matou o aprendiz dele sozinho, comigo te auxiliando então... Ele nem vai ver o que o atingiu.”

 

“E depois?”

 

“Depois... ficamos com tudo.” ela acariciou seus cabelos. “Somos herdeiros da Força, qualquer trono é nosso por direito.”

 

“Pensei que... que não quisesse o poder...”

 

“E eu pensei que Palpatine fosse a minha única família, mas... não é verdade.” ela o beijou suavemente e sorriu. “Eu tenho você. Você é meu.”

 

Ben piscou, sua mente tão acelerada quanto seu coração.

 

“...fazer como você queria...” a voz dela era distante em seus ouvidos.

 

O que, como, onde, o que raios-

 

“Ben?”

 

Era o que ele queria, sim... era... Kylo Ren passou um ano trabalhando naquilo sozinho, era o que ele queria, era com Rey...

 

Rey.

 

A expectativa dela era cortante e pesada, ele podia sentir, como uma rachadura no vidro, como a pressão sobre um machucado, como...

 

Como andar sobre uma plataforma bamba?

 

“Ow.”

 

“Ben?” Rey chamou e havia incerteza em sua voz. “Não gostou do meu plano?”

 

“Eu-”

 

“Porque nós podemos tentar o que você quiser, é claro... só que vai ser mais difícil, eu não sei como mata-lo eu mesma sem que-”

 

“Eu nem sei aonde você está.” Ben a interrompeu.

 

Rey o fitou por um instante, e riu.

 

“Bobo, você já está aqui.”

 

“Humpf, teoricamente.”

 

Lentamente, o sorriso dela sumiu, “O que quer dizer?”

 

E foi a vez de Ben ficar confuso.

 

“Rey... você sabe que eu não estou aqui realmente, certo?”

 

“Eu...”

 

“Rey,” ele começou, a preocupação tomando conta de seu ser. “você sabe que a Força nos conecta. Não sabe?”

 

“Eu... eu sei.”

 

Havia algo diferente em seu tom, em sua expressão, algo diferente e terrivelmente familiar.

 

Não, por favor.

 

Ele precisava perguntar.

 

“Rey,”

 

“Não.” ela desviou o olhar e se afastou.

 

“Da última vez que nos vimos, a conexão se rompeu, foi como... como se alguém tivesse te puxado.”

 

“Eu não quero falar sobre isso.”

 

“Ele esteve na sua mente, não foi?”

 

“Não.”

 

“Ele torturou você,”

 

“Não!”

 

“Eu sei que ele fez isso,”

 

“Você não sabe de nada!”

 

Mas eu sei,” de alguma maneira, buscando em seus sentimentos, ele só sabia. “e eu sei porque... porque Snoke fazia a mesma coisa comigo, me cobrindo como uma sombra, confundindo minhas memórias.”

 

Eu sou seu único amigo.

 

Seus pais não se importam com você, não vê?

 

Olhe ao redor, eles te deixaram sozinhos.

 

Até hoje, ainda haviam momentos de sua infância que ele não entendia completamente. Era difícil saber o que era real quando Snoke sempre foi tão presente em sua vida, desde que ele conseguia se lembrar. E se Snoke aprendeu aquela técnica de Sidious...

 

Céus, Rey.

 

“NÃO!” ela gritou, colocando as mãos sobre a cabeça, e foi como se a plataforma entre eles tivesse ruído, o vidro tivesse quebrado, e o machucado... sangrou.

 

A explosão na Força o fez voar pra trás, batendo as costas contra a parede.

 

“Você não veio?!”

 

“Rey!”

 

“Esse tempo todo eu esperei por você e VOCÊ NEM SEQUER SE MEXEU!”

 

“REY!”

 

“CALA A BOCA!”

 

“EU SINTO MUITO, REY!” Ben gritou, céus, a dor que ela deve ter sentido... de novo... por culpa dele, “Eu devia ter te protegido antes, eu falhei, eu, eu sei que-”

 

“Você é igual a eles, igual a todos na Resistência!” ela acusou, as lágrimas em seus olhos refletindo as dele. “Não importa o que eu te ofereça, nunca vai ser o suficiente!”

 

“Não, não-”

 

“POR QUE EU NÃO SOU O SUFICIENTE PRA VOCÊ?!”

 

“VOCÊ É, É CLARO QUE É-”

 

“MENTIROSO!”

 

Ben piscou-

 

“NÃO!” e avançou sobre ela, segurando-a pelos ombros. “NUNCA, JAMAIS, ME CHAME ASSIM,” o silêncio pesou sobre o quarto, o lado sombrio nela, tão forte quanto o dele um dia foi. “Eu nunca menti pra você, nunca, sobre nada,” ele dizia, mas a imagem dela continuava a falhar, seus olhos acusatórios. “E isso, nem mesmo Sidious tem o poder de distorcer.”

 

“Você é igualzinho a sua mãe.” ela rosnou, fazendo-o paralisar. “Nunca vai estar aqui pra mim, eu vou ter que imaginar você,”

 

Sinto muito, Mestre Ben. Sua mãe não vai poder vir para o jantar hoje.

 

Viu só, meu garoto?

 

Talvez amanhã ela venha...

 

Isso, tenha fé. Um dia ela pode se importar de verdade, assim como eu me importo.

 

“Não.” Ben negou, as memórias por um segundo tomando conta de sua mente. “Não me compare com aquela mulher, o que nós dois temos é”

 

“Você realmente acha que não me engana com essas desculpas bonitas, mas eu sinto. Eu sinto o seu medo.”

 

“E é só isso que sente?”

 

Rey riu.

 

Oh, mas ela sentia.

 

Ela sentia o que Snoke chamou de compaixão.

 

“É só a ligação da Força,” ela disse sarcástica. “Não é real.”

 

“Não, eu sei bem a diferença. Só porque estamos ligados, não quer dizer que não é real.”

 

Ela pareceu pensar, pareceu ser a sua Rey novamente, mas-

 

“Não acredito em você.”

 

A conexão terminou e ela sumiu de seus braços de repente, rápido demais, não o suficiente...

 

Ben se encontrou sozinho novamente, drenado e sem respostas.

 

...igualzinho a sua mãe.

 

Estaria ele fadado a cometer o mesmo erro de seus pais? Sempre fugindo, nunca consertando, sempre brigando, nunca se entendendo. Não. Ele morreria antes que isso acontecesse.

 

A decisão de Rey podia estar tomada... mas a dele também.

 

Saindo do quarto com a roupa do corpo, Ben abandonou o sabre de luz sobre a escrivaninha. Os oficiais o encaravam com olhos arregalados, e foi apenas quando finalmente chegou até o hangar que percebeu o motivo. Ele havia deixado até mesmo a máscara para trás.

 

Rey...

 

“Líder Supremo, o que está fazendo?” a voz de Hux soou pelo comunicador de sua nave e Kylo fechou os olhos, destruindo a linha de comunicação. O que estava fazendo? Ora, ele mesmo não sabia a resposta.

 

Ele sabia aonde a Resistência estava. Ele sabia que encontraria respostas lá.

 

Impulsivo, arriscado e... certo.

 

Espere por mim, cyar’ika.


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Notas finais do capítulo

CYAR'IKA é uma palavra em Mando que significa querida ou amada. E sim, eu me inspirei nas fanfics da diasterisms no AO3 onde o Kylo sempre se refere a Rey como cyar'ika e eu só falto morrer de tão lindo que é-

Como podem ter notado, algumas alterações na história do Snoke foram feitas porque aparentemente eu tenho mais senso do que os roteiristas formados de TROS que ganharam milhões PRA NADA.
ps: disney paga nós, PLS



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