Sob o Olhar de Notre Dame escrita por Lily the Kira


Capítulo 8
A Deusa do Sol


Notas iniciais do capítulo

Eu não demorei nada para fazer esse capítulo, tão inspirada que eu ando por esses dias! Mad confesso que demorei a postar aqui porque... hmm... nem sei...
Vamos conhecer hoje mais duas personagens importantes para a trama: um deles vocês conhecerão melhor depois, mas a outra... olhos abertos!
Espero que se divertam e que gostem.



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A capitã Phoebe de Chateaupers passeava pelos arredores de Notre Dame despreocupadamente. Seus cabelos dourados reluziam ao sol como fios de ouro e seu rosto belo, a pele levemente morena, os olhos azuis, tudo nela fazia jus ao significado de seu nome: “brilhante”, ou “deusa do sol”.

A praça estava tranquila, a catedral silenciosa e seus guardas mantinham-se nos postos sem arredar o pé, com firmeza admirável fizesse sol ou fizesse chuva. A capitã ainda amargava a vergonha por perder Esmeraldo, já ouvira vários comentários irritantes sobre a fuga do cigano bem debaixo de seu nariz e, para aquela mulher orgulhosa e de cabeça quente, isso era imperdoável. Recapturar Esmeraldo era uma questão de honra.

Por outro lado, quando Phoebe olhava para ele, era impossível não sorrir. “Com os diabos se esse não é o homem mais bonito que eu já vi!” ela pensava, caminhando sem ver realmente para onde ia, aqueles olhos de esmeralda gravados em sua mente.

Na frente da catedral existiam várias casas que rodeavam a ampla praça. Ali moravam pessoas de boas condições financeiras, geralmente filhos de grandes senhores feudais que concluíram seus estudos e agora exerciam suas profissões na cidade, ou então comerciantes cujos negócios prosperavam. Em uma daquelas casas, diretamente voltada para Notre Dame, morava monsieur Leon de Dunois.

Leon era um respeitável médico e, embora fosse filho de um grande nobre, a característica que mais se destacava nele não era sua riqueza ou sucesso como médico, mas sim sua extrema e sincera bondade para com todos. Leon era um daqueles homens de olhar sábio e gentil, e sua força não estava em seus braços mas em sua mente. Tinha a idade de madame Frollo, portanto não era nem jovem nem velho, mas sua sabedoria era fruto de muita dedicação e de anos sendo instruído por pessoas igualmente sábias.

Naquela manhã Leon também passeava pela praça em frente a Notre Dame, distraído. Fazia tempo que sua mente estava em outro lugar. Desde o Festival dos Tolos, ao qual assistira de sua janela, o médico parecia preocupado e não era raro encontra-lo próximo ao Palácio da Justiça, introspectivo, a mente trabalhando freneticamente.

E foi por causa da distração de ambos que Phoebe, de repente, colidiu com Leon. Ela, que andava rápido, sem esperar por aquele impacto, caiu no chão e olhou com irritação para o médico mas, assim que o viu, seus olhos se arregalaram.

Um homem alto, de cabelos cor de mel e olhos esverdeados, gentis, serenos como aquela manhã de sol, encarou-a de volta e estendeu a mão para ela, que a segurou e se ergueu do chão, pasma.

— Perdão, madame. Capitã Chateaupers, certo? – Leon disse, sua voz de barítono era firme e gentil como seu olhar – A culpa foi minha, estava distraído e não a vi. Espero não tê-la machucado.

— Engraçado - Phoebe respondeu com um sorriso bobo – Geralmente sou eu quem tem que ajudar pessoas a se levantarem. Faz tempo que não faziam isso comigo.

— Vejo que não ficou zangada – Leon sorriu – Ainda bem. Seria lamentável causar-lhe transtorno.

— Zangada? Claro que não, monsieur... Dunois, não é? – a capitã respondeu, ainda sorrindo – Eu estou ótima, não é um tombinho desses que poderia me derrubar, na verdade.

— Se chegou ao posto de capitã, acredito que seja como diz. E... oh. – Leon ia respondendo educadamente mas um brilho de veludo vermelho despertou sua atenção e o médico parou de falar assim que viu madame Frollo, vestida de forma magnífica mas com uma tristeza imensurável no olhar, deixar a catedral apressadamente e embarcar em sua carruagem. Phoebe, curiosa, olhou também e franziu as sobrancelhas na mesma hora.

— Ué, o que foi que deu em madame Frollo? E por tudo o que é mais sagrado, eu nunca a vi vestida daquele jeito! – a capitã comentou, pasma – Cairia um raio sobre a cabeça de cada um nessa cidade antes que ela ousasse sair por aí com um decote daqueles!

— Ela estava linda, mas eu ainda prefiro mil vezes sua misteriosa austeridade. – Leon comentou incapaz de se conter, um espinho enterrado em seu peito ao notar o olhar desolado de Claudia.

— Gosta da ministra, monsieur Dunois? – Phoebe o encarou, curiosa mas um pouco decepcionada. Pensou que teria vez com aquele homem tão charmoso mas, pelo jeito, se enganou.

— Eu? Bem, quem sabe, mas nunca pude me aproximar o suficiente para conhecê-la e dizer que, ou se, gosto dela. – Leon respondeu sorrindo mas, em seguida, seu sorriso vacilou e ele acrescentou com uma pontada de tristeza – ela nunca me permitiu isso, assim como nunca permitiu a ninguém.

Phoebe ergueu uma sobrancelha e encarou Notre Dame, uma ideia se formando em sua mente.

— Mas talvez tenha permitido a um certo cigano que se aproximasse e, pelo jeito, ele é que não quis fazer. Aliás, por falar nisso, preciso ir até a catedral, monsieur Dunois. Se me der licença...

— Claro, fique à vontade. – Leon respondeu, pensando no que Phoebe lhe dissera, o espinho enterrando-se mais fundo em seu coração enquanto ele se decidia a ir ver madame Frollo e, depois de todos aqueles anos observando-a, admirando sua beleza, preocupando-se com sua excessiva austeridade e finalmente temendo pela saúde de sua alma após aquele fatídico festival, finalmente decidiu aproximar-se e oferecer a ela nem que fosse sua amizade, já que ela parecia precisar.

Já Phoebe, assim que entrou na catedral, teve certeza de que o problema de madame Frollo era, de fato, Esmeraldo.

— Eu preciso fugir daqui! Rápido! – o cigano andava pela catedral em um estado lastimável. A lembrança de sua última conversa com a ministra Frollo lhe tirava o sossego e ele ainda a via em sua frente, seus olhos cinzentos em chamas, ainda sentia o abraço dela, o beijo intenso. Ele ouvia suas palavras, sentia o desespero em sua voz, a respiração dela, tão perto... – Se ela voltar aqui eu juro que farei uma besteira gigantesca mas todas as portas estão guardadas! Como é que eu vou sair?

— Não vai. – Phoebe aproximou-se, um sorriso brincalhão no belo rosto, e encarou-o com um ar de despreocupado interesse – Só passando por cima do meu cadáver mas acho que você não vai querer cometer outro assassinato, ainda mais dentro de uma igreja, não é?

— Quem é você? E antes que volte a dizer essa tolice, eu não matei aquela velha, está entendendo? Não fui eu quem fez isso! – o cigano respondeu irritado mas sem deixar de notar a beleza radiante da garota. Ela sorriu em resposta e aproximou-se.

— Bem, se não foi você, então por que quer fugir e complicar mais ainda a sua situação?

— Não importa, só quero dar o fora daqui, rápido! Mas, pelo jeito, você não vai deixar, não é? Não a conheço mas está na cara que é uma oficial. Que pena que não pode me fazer nada enquanto eu estiver aqui, não é? – Esmeraldo, ainda irritado, concluiu sarcástico e a garota riu.

— É, não posso. – ela respondeu – E sim, você acertou, sou uma oficial. Aliás, sou a capitã Phoebe de Chateaupers, às suas ordens, monsieur Esmeraldo, e lhe digo que não desejo fazer absolutamente nada contra o senhor.

— Não? – Esmeraldo estreitou o olhar enquanto avaliava a capitã – Então vai deixar que eu fique aqui maquinando, planejando uma fuga, sem fazer absolutamente nada para me impedir?

— Santuário, não é? Aqui você está livre para fazer ou pensar o que quiser. E, de qualquer forma, eu não desejaria lhe fazer mal. Você parece ser uma boa pessoa e eu já vi vários inocentes acusados injustamente. Quem sabe você não seja mais um... – Phoebe respondeu simplesmente, encarando Esmeraldo com simpatia.

— Parece que sua superior, a ministra Frollo, não pensa assim. – o cigano respondeu, o asco visível em seu olhar ao falar de Claudia – Ela está pronta para me matar assim que tiver a oportunidade.

— Sinto muito – a capitã respondeu, baixando os olhos – Eu a vi investigando seu caso, pelo jeito não há mais nada que possa fazer. Mas se ela o condenou, então eu errei e você é culpado. Ou então... você e ela tiveram problemas bastante sérios. Eu acabei de vê-la deixar Notre Dame. A ministra parecia fora de si.

Esmeraldo parou de andar e encarou Phoebe, desesperado.

— Vamos supor que tenha acontecido algo – ele começou, sem coragem de contar o que se passara de fato, mas desesperado por uma resposta – ela não me condenaria só por causa disso, não é? Ela é justa, pelo menos foi o que me disseram.

— Ela é justa mas nunca se apaixonou por um cigano para, depois de tentar conquista-lo, ser rejeitada por ele. – a capitã respondeu categórica e Esmeraldo, lívido, arregalou os olhos incapaz de dizer o que quer que fosse, tamanho o choque de se ver descoberto daquela maneira, ainda mais por uma desconhecida. Mas Phoebe, aproximando-se, continuou a falar, carinhosamente – Não se preocupe, eu não direi a ninguém que notei o que houve, está bem? Até porque não gosto de escândalos e porque você não parece ser uma pessoa ruim, Esmeraldo.

— Você acha? – o rapaz respondeu, o coração acelerado – Eu juro que não matei aquela mulher, só queria que alguém nesse mundo acreditasse em mim!

— Eu acredito em você. – Phoebe sorriu de um jeito tão encantador que Esmeraldo perdeu o ar – Se eu pudesse fazer algo... Você tem o olhar de um inocente, eu não quero que madame Frollo o condene.

— Então pode convencê-la! – o cigano respondeu, a esperança voltando ao seu coração – Pode dizer a ela que havia mais alguém naquela casa, um homem que discutiu com a velha Laurette, a matou e depois fugiu! Ele usava capa marrom com um detalhe bordado em prata, eu não consegui ver mais do que isso porque estava escuro mas pude ver e ouvir a voz dele. Se eu o escutasse falar, talvez eu o reconhecesse! Por favor, capitã, eu imploro, ajude-me! Não aguento mais ficar preso aqui e não é justo que eu seja executado por um crime que não cometi!

Phoebe avaliou Esmeraldo, o desespero na voz dele, seu olhar, sua bela aparência e sentiu-se tentada a se aproximar mais. Quando fez isso, ele permitiu e ela segurou as mãos do rapaz com carinho, encarando-o com um sorriso doce. Esmeraldo, quando a tocou, tremeu de leve. Phoebe sorriu ainda mais.

— Verei o que posso fazer, Esmeraldo. Prometo que farei o que puder.

— Você não é como os outros soldados ou como a ministra Frollo. – Esmeraldo, encantado, comentou – É diferente: parece bondosa, gentil, justa.

— É meu dever, cigano. – ela respondeu baixando os olhos – Não seria uma oficial se não fosse para fazer o bem às pessoas. É para isso que vivo e por isso eu morreria.

— Admiro tanto pessoas assim! – o rapaz estava absolutamente enfeitiçado por Phoebe e, assim que disse isso, simplesmente ficou ali, admirando-a, incapaz de dizer o que quer que fosse enquanto a capitã olhava-o da mesma maneira.

— Você é muito bonita, Phoebe. Posso chama-la assim, não é? Se anjos existem de verdade, você é um deles. – o cigano disse com doçura e sorriu, ainda pregado ao chão e atraído pelo olhar dela.

— Claro que pode me chamar de Phoebe. – a capitã respondeu – E obrigada. Faz tempo que não recebo um elogio tão galante e ao mesmo tempo tão puro. Estou acostumada a frases menos... hm... educadas, por assim dizer, e esse simples elogio seu é como uma luz após uma tempestade.

— Você merecia ser tratada com todo o respeito e carinho. – o rapaz apertou com carinho as mãos dela e Phoebe sorriu ainda mais.

— Assim como você. Se eu conseguir livrar você de madame Frollo, tenha certeza de que nada me faria mais feliz do que tê-lo ao meu lado.

Para Esmeraldo, o mundo havia parado, tudo havia desaparecido e só lhe restavam aqueles lindos olhos azuis e aquele sorriso doce. E, quando deu por si, Esmeraldo estava beijando Phoebe nos lábios, delicadamente, e ela correspondeu.

A catedral estava vazia àquela hora, a não ser por uma única pessoa que encarava aquela cena com o coração sangrando. Quasímoda, assim que avistou Esmeraldo e Phoebe, ficou paralisada, o choque e a dor a pregavam no chão e sua cabeça girava. Mas, após alguns segundos, a razão lhe voltou, o Festival dos Tolos passando como um filme em sua mente e ela deu as costas ao casal, subindo lentamente as escadas de sua torre.

— O rosto mais feio de Paris. Claro, como eu pude me esquecer disso e pensar que Esmeraldo poderia me amar? – a garota limpou uma lágrima que descia pelo rosto lívido e sorriu sem alegria – Dançar para mim na praça, conversar comigo, me dizer que sou especial, tudo foi um gesto de bondade. Tola fui eu quando pensei que poderia ser mais do que isso.

— Quasímoda, você não vai acreditar! – Esmeraldo, radiante, entrou na torre da garota aos saltos, a alegria estampada em seu rosto – Conheci um anjo hoje! Se eles existem mesmo, essa garota é um deles, só pode ser!

— Oh! – a sineira virou-se para ele procurando manter a todo o custo a calma e o sorriso polido – Como assim? E você não devia estar aqui, já não lhe disse isso?

— Esqueça isso por agora e me escute, Quasímoda, por favor! O nome dela é Phoebe, ela acreditou em mim quando eu disse que não matei Laurette e ainda prometeu me ajudar! E, céus, ela é linda! A criatura mais linda que já conheci! – o cigano falava com um olhar tão sonhador que Quasímoda, por um momento, quase esqueceu a tristeza quando viu aquele sorriso inocente, alegre, radiante – Acho que ela me conquistou e eu sinto como se já a conhecesse há anos! Sinto que a amo, e muito!

— Você a ama? – Quasímoda repetiu, franzindo as sobrancelhas e não conseguindo evitar a resposta franca que daria a seguir – Mas como, se a conheceu ainda hoje?

— Não sei explicar, mas ela me encantou de tal maneira que não pode ser nada além disso! – Esmeraldo sorriu, lembrando-se do que sentiu quando beijou Phoebe – Deve ser esse o amor de que todos falam, não é? O que acha, minha amiga?

— Acho que amar é mais do que sentimentos. – Quasímoda respondeu, os olhos baixos mas decidida a ser honesta com o amigo – É uma decisão, como madame Frollo ao me adotar: ela decidiu que cuidaria de mim porque me amou, ela pensou em mim antes de pensar nela mesma. Isso é amar.

— Eu sinto que faria qualquer coisa por Phoebe – Esmeraldo mal ouviu a resposta da garota – Ela é bondosa, gentil, justa, linda como um anjo. E, se amar é isso, fazer tudo pela pessoa amada, então posso dizer que realmente a amo! Obrigado, Quasí!

Quando Quasímoda deu por si, Esmeraldo a abraçava e beijava com carinho sua bochecha. Quando a soltou, o rapaz encarou-a sorrindo, aliviado, radiante, as lembranças da conversa com madame Frollo perdidas como se aquilo tivesse acontecido em um passado muito distante, em um mundo onde Phoebe não existia.

— Hoje é um dia alegre, Quasí! – Esmeraldo segurou a amiga pelos ombros, seus olhos faiscando como duas pedras preciosas – Finalmente realizarei meu sonho!

— Que sonho? – a garota olhou curiosa para o amigo.

— Desde criança sempre sonhei em encontrar um amor verdadeiro. Queria uma mãe pois não conheci a minha mas nunca encontrei uma pessoa que me adotasse. Então quis ter uma esposa para dar a ela toda a felicidade que eu mesmo sempre quis ter, e hoje encontrei a mulher a quem poderei dar todo o meu amor! Até essa prisão que Notre Dame se tornou ao longo dessas semanas me parece mais alegre agora!

— Fico feliz por você, Esmeraldo. – Quasímoda respondeu, o rosto de Phoebe voltando à sua mente enquanto um arrepio descia pela sua espinha – mas queria que você ao menos conhecesse Phoebe um pouco melhor. Eu já a vi, ela é a capitã da guarda, não é?

— Sim, é ela.

— Ela ficou furiosa quando você escapou para cá, Esmeraldo. Eu me lembro dela, me assustei quando a vi encarando a catedral com um olhar assassino. – a garota não pôde mais evitar e descarregou a verdade sem pensar – Phoebe é uma garota linda mas eu tenho medo dela. Por favor, tome cuidado, Esmeraldo! Ela ficou furiosa com você quando escapou das mãos dela. Vai saber o que ela está planejando.

— Furiosa? Não mais do que sua madrinha ficou. – o cigano respondeu chocado e mal humorado, a reação de Quasímoda jogando um balde de água fria em sua alegria – Ela é que é perigosa, não Phoebe.

— Por que diz isso?

Então Esmeraldo contou a uma atordoada Quasímoda a conversa que tivera com madame Frollo, sem omitir detalhe algum. Sua voz voltara a se encher de repulsa e seu olhar já não era mais doce. O cigano agora estava carregado de rancor e não fez questão de esconder isso da amiga.

— Você me disse que a ministra era bondosa e justa, Quasímoda, mas veja só o que ela fez! – Esmeraldo concluiu, os punhos fechados – Ela podia investigar aquele homem de capa marrom mas não vai fazê-lo, ela preferiu me chantagear com uma condenação à morte. Ela preferiu me obrigar a ser seu amante como Laurette fez comigo! As duas são iguais!

— Não, a madrinha deve estar desesperada, só isso, mas... – Quasímoda ainda tentou mas Esmeraldo a interrompeu.

— Desesperada? Ela é má, isso sim! – Esmeraldo explodiu - Não é desespero, é maldade, é usar seu cargo para obrigar pessoas como eu a cederem e fazerem o que ela quer. Você está iludida, Quasímoda, ela enganou você durante toda a sua vida e você não percebeu! Phoebe, por outro lado, usa seu cargo para fazer bem às pessoas, veja o que ela pretende fazer por mim. Por favor, não defenda a ministra na minha frente, está bem? Se depender de mim, eu nunca mais a verei. E também não fale mal de Phoebe quando ela é a única pessoa disposta a me ajudar.

Quasímoda emudeceu diante da resposta de Esmeraldo e limitou-se a baixar a cabeça, vencida. Seu coração lhe dizia que havia muito mais coisas ali do que parecia, tanto em relação à atitude de madame Frollo quanto em relação a Phoebe, mas ela não ousou dizer mais nada, mesmo porque nem a própria garota entendia o porquê dessa desconfiança. Então, após desistir de argumentar com o cigano e consigo mesma, ela apenas sorriu, docemente.

— Se você diz... então conte comigo também se precisar de alguma ajuda.

Os dias passavam e Phoebe ia regularmente à catedral para ver Esmeraldo, que ficava cada vez mais encantado com a linda garota que, depois de poucos dias, lhe disse com todas as letras que o amava. Se antes Esmeraldo pensava que a amava, depois daquelas simples palavras ele teve absoluta certeza.

Mas sua alegria durou apenas por aqueles poucos dias, pois, naquela noite de tempestade, a última em que Phoebe viria a Notre Dame para vê-lo, o cigano recebeu uma notícia terrível, dada por uma Phoebe de olhos baixos, que não ousava encará-lo enquanto falava.

— Madame Frollo está decidida: irá executá-lo, Esmeraldo. Eu sinto muito. – ela declarou, a voz falhando.

— Por que não conseguiu convencê-la? Ela está tão furiosa comigo a ponto de não querer nem ao menos considerar o que você disse? – o cigano encarava a amada com o rosto lívido, as mãos tremiam e o corpo estava tenso, gelado.

— Sim. – Phoebe ainda mantinha os olhos baixos, tristes – Ela nem quis me escutar. A sua recusa foi uma dor que ela não pôde suportar e agora infelizmente não há mais nada a fazer.

— Tenho que fugir daqui! Phoebe, por favor, ajude-me! Vou enlouquecer se ficar mais tempo nessa prisão, ciganos não são feitos para ficarem entre quatro paredes, como pássaros em gaiolas! Me tire daqui! – o desespero na voz de Esmeraldo era comovente e, finalmente, Phoebe o encarou, surpresa.

— Não posso tirar você daqui, Esmeraldo, seria o fim da minha carreira! Mas... – ela parou e pensou, um dedo acariciando o queixo – Você acha que consegue ser furtivo?

— Sim, sempre fui furtivo, precisava ser assim para sobreviver na minha terra natal. Por quê? – uma esperança nascia no coração de Esmeraldo ao notar o olhar de Phoebe.

— Se conseguir fugir, encontre-me aqui. – a garota estendeu para o cigano um pequeno papel, onde estava anotado um endereço - É um lugar discreto, não vão ver você. Daqui eu posso ajudá-lo a escapar da cidade.

— Mas... eu não vou ver você nunca mais se fugir daqui... -  o olhar do rapaz era triste agora, uma dúvida corroía-o por dentro, mas Phoebe aproximou-se dele e acariciou sua bochecha, um sorriso provocante, diferente do que Esmeraldo vira até agora.

— Vai levar uma lembrança de mim com você. – ela disse em um sussurro e Esmeraldo entendeu na mesma hora do que ela estaca falando – Daqui a dois dias encontre-me aqui. Ficaremos juntos e, antes do nascer do dia, eu o tirarei daqui. Acha que consegue escapar da catedral em segurança? Talvez a sua amiga, Quasímoda, não é? Talvez ela o ajude.

— Sim, ela pode ajudar. Ninguém conhece Notre Dame tão bem quanto ela. – Esmeraldo ponderou, seu olhar em chamas assim como seu sangue – Pedirei a ela que me tire daqui e encontrarei você nesse endereço no dia marcado. Eu prometo!

— Espero você então, meu amor. – Phoebe aproximou-se e beijou Esmeraldo, deixando-o completamente sem ar. Em seguida, sorrindo encantadoramente para ele, a alegria estampada no belo rosto, a capitã deixou a catedral. 


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Notas finais do capítulo

O que e dizem desse amor entre Esmeraldo e Phoebe? No livro de Victor Hugo a coisa é mais ou menos assim e eu precisava retratar isso. Vamos ver no que vai dar essa história, leitor... eu não sei vocês, mas... não, não direi mais nada.

Boa sorte a todos nós. rs



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