Providência escrita por Tia Lucy


Capítulo 4
Calmaria


Notas iniciais do capítulo

Quem é viada sempre aparece !!!! Oilá diamantes, depois desse hiatus ai, estou de volta. Aproveitei as férias pra descansar e ler, e como foi as férias de vcs?

A novidade é q arranjei uma beta, que vai nos acompanhar de agora em diante, a lindinha da @Genevieve_Morgenstern que tem conta aqui e no spirit. Já deixo aqi o meu agradecimento ♥



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Eles fizeram uma ceia farta, em comemoração à promoção de Matthew como capitão. Foi uma surpresa e uma benção para todos, principalmente para Gilbert, que nem acreditava que enfim o momento tinha chegado. Ele sabia que em breve, Matthew o pediria em casamento. Com o salário, eles comprariam uma casa, grande o suficiente para os quatro. Ludwig poderia ir para uma escola, e Frederick poderia ter uma confortável velhice. E quem sabe no futuro, Gilbert e Matthew teriam seu próprio barco.

O velho Frederick podia ver as emoções, não tão bem escondidas, do seu neto, ansioso para poder ficar a sós com Matthew. Era óbvio que o pedido seria feito apenas para o interessado, o que fazia sentido, afinal era Gilbert que queria se casar, não ele. Para adiantar as coisas, Frederick tomou um pouco mais de vinho, e logo ficou sonolento. Ao contrário, Ludwig estava agitado, tanto pela novidade, tanto por ter o irmão por perto depois de tanto tempo. E por mais que Gilbert estivesse se corroendo por um minuto com Matthew, não se sentia no direito de deixar seu irmãozinho de lado. Depois de algum tempo com Ludwig lendo, sentado no colo de Gilbert, Frederick achou que já era hora de fazer alguma coisa:

— Acho que já é hora dos velhos e crianças irem dormir.

— Não estou com sono — protestou Ludwig.

— Mas vai estar em um minuto — ele rebateu, se levantando da cadeira.— Anda, de boa noite para o seu irmão e a Matthew.

— Boa noite — ele disse por fim resignado, dando um beijo na bochecha de Gilbert. Ele sorriu e beijou a testa da criança, que logo saiu do seu colo.

Desejou boa noite para Matthew, também beijando sua bochecha, guardou o livro e segurou a mão do avô. Frederick desejou boa noite para os dois jovens. Antes de sair, deu um olhar significativo para Gilbert, como "Eu sei o que vai acontecer, mas juízo". O albino sentiu suas bochechas queimarem, e tentou disfarçar, iniciando uma conversa:

— Está quente aqui.

— Ainda estamos no inverno, Gil — Matthew sorriu, esfregando as mãos, atento a conversa dos outros dois no quarto.

— Deve ser o vinho, então — Gilbert respondeu, seu nervosismo era tanto, que já estava achando difícil manter a conversa.

— Quer ir lá para cima?

— Sim — ele respondeu, mal contendo a ansiedade na sua voz.

Eles se levantaram silenciosamente, escutando os últimos murmúrios do quarto, e foram para o telhado do prédio. Não se sabia se o som era dos passos, ou das batidas dos seus corações. E era tudo tão insuportável, Gilbert achou que jamais chegariam lá. Mas chegaram. Foram recepcionados com uma rajada de vento, que balançou os cachos de Matthew, o fazendo encolher de frio. No céu, a lua começava a aparecer timidamente, como um fio solto no manto da noite. Lá embaixo, as lamparinas ardiam, iluminando a rua parcialmente. Também havia as luzes das janelas das casas, com as pessoas ainda ceando, comemorando algo, ou apenas agradecendo por mais um dia.

Se sentaram de frente um para o outro, de mãos dadas. Permaneceram se encarando por algum tempo, saboreando esse pequeno momento de ansiedade, medo e felicidade que compartilhavam. Matthew acariciou o nó dos dedos de Gilbert, com círculos suaves, que espalhavam o seu calor:

— Você está nervoso — Gilbert sorriu. — Você sempre respira com a boca aberta, quando está nervoso.

Matthew riu assentindo, trazendo as mãos do amado mais perto de si. Ele não parou as carícias, enquanto organizava seus pensamentos em palavras:

— Gilbert, eu só sou um pobre coitado, filho do oceano. A única coisa que tenho para oferecer, é o meu amor.

— É tudo o que eu quero — ele deu um sorriso amável, seus lábios tremendo com a emoção, apertando as mãos de Matthew de volta.

— Então, você se casa comigo? — Matthew perguntou olhando no fundo dos olhos vermelhos, que pareciam quase castanhos com a pouca iluminação.

— Me caso amanhã, se você quiser — Gilbert respondeu, seu corpo tão quente que nem sentia o ar gelado da estação.

— Amanhã? — Matthew exclamou, tomado de felicidade.

— Por que não? Não quero esperar mais.

Matthew levou as mãos de Gilbert aos lábios, beijando ternamente, o encarando em seguida. Os olhos atrás dos óculos brilhavam, sua mente fazia e refazia mil planos para o futuro. Mas não importava, eram jovens ainda, tinham a vida toda pela frente. Foi surpreendido com os lábios de Gilbert nos seus, tinha um sútil gosto de vinho. Depois veio suas mãos, trazendo sua cabeça para mais perto:

— Gilbert?

— Vamos casar, não é? Não faz diferença — ele sussurrou, beijando a bochecha do noivo.

Matthew passou os braços em volta do albino, relaxando aos poucos, graças as suas mãos fortes e gentis. Talvez eles não seguissem os conselhos de Frederick, mas poderiam colocar a culpa da falta de juízo, no vinho.

 

Eles foram logo de manhã receber o seu pagamento do último trabalho, na sala do senhor Bonnefoy, onde já havia uma pequena fila à espera do pagamento. A novidade já tinha se espalhado, e todos felicitavam Matthew pela promoção, embora suspeitasse, que esse não era o único motivo.

Braginsky saiu da sala com a mão no bolso, seus olhos logo foram na direção dos noivos. Ele caminhou até Williams e sem muito ânimo, disse:

— Fiquei sabendo da sua promoção. Meus parabéns.

Ele estendeu a mão, que Matthew prontamente aceitou, apertando firme com um sorriso educado. O russo olhou vagamente para Gilbert e acenou com a cabeça, saindo para o corredor sem mais palavras. Gilbert e Matthew se entreolharam. O episódio do navio passou pela cabeça de Matthew, mas preferiu não fazer alarme sobre isso. Se cada um ficasse no seu canto, nada de grave aconteceria.

Eles esperaram pacientemente até a sua vez, como não tinham segredos entre si, entraram juntos na sala do senhor Bonnefoy, quando foram chamados. Francis deu um sorriso significativo para os dois:

— Será que aconteceu, o que eu acho que aconteceu?

Os dois se entreolharam, e cenas da noite passada os atingiram como um raio. Sabendo do que se tratava, Matthew respondeu, mas sabia que Bonnefoy não deixaria passar a vermelhidão nas bochechas despercebido:

— Eu pedi Gilbert em casamento — ele sorriu, afastando o constrangimento. — E eu gostaria que o senhor fosse o meu padrinho.

— Logico. Me sinto honrado com o pedido — Francis se levantou do seu lugar, atrás da escrivaninha, abraçando Matthew e depois Gilbert. — Já escolheram a data?

— Ainda não, mas tem que ser o mais rápido possível — falou Gilbert.

— Eu posso dar um jeito nisso — Francis ofereceu. — Eu tenho um amigo, ele pode me agilizar os papéis para você. Para quando vocês querem?

— Pode ser para hoje à noite — falou Gilbert entusiasmado, segurando no braço do seu noivo. Francis riu com a empolgação.

— Ah, o amor jovem. Vou ver o que posso fazer, mas não garanto nada.

 

Não demorou para os marinheiros do World Stars, não apenas soubessem oficialmente sobre o noivado de seu novo capitão com Gilbert, como do convite para comemoração na casa do senhor Bonnefoy.

Durante as primeiras horas da noite, ouve festa com bastante música e vinho. Mais tarde, quando todos os convidados foram embora, totalmente bêbados e alegres, ouve uma ceia apenas para os amigos íntimos. Assim que terminaram a pequena celebração, aos poucos foram saindo sorrateiramente pelas ruas mal iluminadas da cidade. Hoje nem Ludwig nem Lucille, precisariam ir para cama cedo.


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Notas finais do capítulo

Vou tentar a coisa do 1 capítulo a cada 15 dias, com o final da faculdade e com as dificuldades resolvidas, acho q consigo postar com mais frequência.

Obrigada por ler :)
Bjss tia Lucy