Memórias escrita por Lady Queen


Capítulo 1
Capítulo Único




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/781619/chapter/1

— Aang, precisamos conversar.

Talvez fosse uma das frases que mais tivesse definido a sua vida.

— Ah, eu entendo... — disse ele quando acabaram, seus grandes olhos entristecidos lhe encaravam, mas ele realmente parecia compreender.

Eles eram muito crianças quando começaram, mas agora crescida, seus sentimentos haviam mudado, ou talvez ela só os compreendesse melhor.

 

Sentiu um puxão em seus cabelos.

— Perdão, Vossa Majestade. — disse Zya com sua voz doce, voltando a penteá-la.

— Não há necessidade de chamar assim.

Sua criada deixou escapar uma delicada risada.

— Ainda.

 

A Nação do Fogo estava passando por tempos difíceis. Ela se sentia como há dez anos, nômade, indo de cidade em cidade em nome de um bem maior.

A fome se espalhava como a praga que antes havia dizimado o alimento. Em relação a isso, ela pouco tinha o que fazer, mas a guerra interna também estava deixando enfermos e feridos, muitos deles do povo comum.

Possuía o que era necessário para poder ajudar, dentre todos os pontos, ela parecia ser a única a ter vontade. Aang fazia o que podia, mas as coisas não eram mais tão preto no branco.

 

A fumaça entrava em seus pulmões e os sons das tosses e dos gritos impregnavam seus ouvidos. Depois de tanto tempo caminhando, a guerra que havia chegado até ela.

Seu objetivo estava em tirar aquelas pessoas dali. Casas estavam chamas, o pouco alimento que tinham eram saqueados.

Viu um soldado ateando seu fogo em uma casa inocente. O primeiro em todo aquele caos. Encontrava muito fogo, mas ninguém que o estivesse dobrando. Seu primeiro reflexo foi lançar um jato em sua face, retirando o seu elmo com a força. O olhar revelado era de surpresa, mas também de fúria. Seu fogo agora direcionava-se a ela.

— Pare! — disse alguém. O guarda obedeceu imediatamente.

A voz era familiar, mas o rosto que ela viu era inconfundível.

— Katara? — perguntou Zuko.

 

Zuko andava de um lado para o outro, agitado, contornando a mesa no meio do cômodo. O noivado deles estava o estressando nos últimos dias. Claro, ele não comunicava isso com ela, tampouco se a tivesse visto estaria demonstrando seu nervosismo.

Katara havia descobrido por si o problema. Escutara Zuko e um conselheiro que ainda não tinha decorado o nome conversando.

“A rainha Mai era amada pelo povo, casar-se com uma estrangeira, principalmente tão perto da guerra, é arriscado” disse o homem sem nome.

 Obviamente não era para ela ter ouvido isso. Estava vagando pelo palácio, possivelmente perdida, em um horário que ela já devia estar dormindo há um tempo.

— Vai dar tudo certo — disse Katara.

Havia aproximado de seu noivo e o abraçado pelas costas, de forma que suas mãos ficaram no peito dele.

— Eu sei — ele respondeu.

 

Havia sido conduzida para a tenda de Zuko para poderem conversar.

— O que você está fazendo aqui, Katara?

— Eu que te pergunto, o que você está fazendo aqui? Todas as casas, toda a comida! Essas pessoas já não estão miseráveis o suficiente?

Ele suspirou.

— Você não entende, eles estavam escondendo...

— Vossa Majestade, entregaram um dos rebeldes! — disse um soldado que entrou de repente na tenda.

— Já estou indo. — respondeu Zuko olhando-o. Então voltou-se para ela. — Fique aqui, eu já volto.

E dirigiu-se para a porta de pano.

— Sobre o guarda que tentou te atacar, ele será punido. Eu tinha ordenado sem baixas civis — E saiu.

Ela, obviamente, o seguiu.

 

— Eles estavam protegendo alguns líderes rebeldes. — disse Zuko colocando chá para ambos. — Oferecemos a chance de eles entregarem em um prazo de 3 dias. O tempo acabou nessa noite.

Fazia sentido. Katara havia chegado lá há um pouco menos de dois dias e os moradores estavam... estranhos, na falta de uma palavra melhor.

— E a comida?

— Não pegamos o suficiente para morrerem de fome, essa região é próspera, eles vão sobreviver. — Ele leva seu copo aos seus lábios. — Além disso, eles fizeram sua escolha, se eles tivessem entregado os líderes logo de cara, teriam recebido uma remessa de grãos.

— Isso continua não me parecendo justo com todas essas crianças...

— Toda criança no mundo é afetada por decisões de terceiros, inclusive nós dois fomos, para bem ou para mal. — Ele fez uma pausa. — Mas eu tenho uma proposta para te fazer. Você é tanto uma ótima guerreira quanto curandeira, precisamos de alguém como você. Me ajude a manter o que eu, você e outros lutamos para construir. — Tomou outro gole da bebida, Katara nem tinha tocado em seu copo. — O que me diz?

 

Já fazia algumas semanas que Katara estava acompanhando a caravana de Zuko. Na maior parte, o que eles faziam não era tão diferente do que ela já estava fazendo. Eles andavam pelo país, parando em várias vilas e cidades, dando suporte e um pouco de suprimento para a população, mas principalmente fazendo campanha contra os rebeldes.

Mas hoje eles estavam parados.

Zuko estava sentado no topo de uma pequena elevação ao redor de um lago, observando-o, completamente sozinho, como havia ordenado. Mas mesmo assim, Katara se aproximou dele.

— Eu sinto muito pela sua perda. — disse sentando-se ao seu lado.

— Por qual delas?

Katara sentiu um aperto no peito.

— Desculpa. — Zuko disse depois de um tempo. — Eu estou sendo injusto com você. Ele já estava doente quando eu parti, mas eu ainda achava que nos veríamos uma última vez.

Seus olhos estavam perdidos ao longe.

— Eu sinto saudades da Mai.

— Eu lembro de como vocês pareciam felizes juntos.

— Nos avisaram que isso poderia acontecer, que talvez ela não aguentasse, mas nós fomos... insistentes.

Ele ficou quieto por um tempo.

— Ela era meu porto seguro. Se ela estivesse aqui essa guerra não estaria acontecendo, eu tenho certeza, o povo a amava.

Katara colocou a mão em seu ombro. Mai havia dado a sua vida na tentativa de dar à luz ao seu filho natimorto. Agora, no meio de uma guerra civil, seu tio também partira, ela não conseguia imaginar o que Zuko estava sentindo.

Sim, as coisas dentro da cabeça dele deviam estar confusas, mais do que Katara conseguia entender. Porque o que sentiu em seguida foram os lábios de Zuko tocando o seu.

 

Tocou no seu vestido, seja para sentir o tecido, seja para secar as mãos que suavam.

Vermelho. Tudo o que vestia era vermelho. A única coisa que quebrava esse mar cor de sangue era o colar de sua mãe, algo que a lembrava de casa. Katara entendia o simbolismo disso. Ela ainda podia ser uma dominadora de água, nascida e criada na Tribo da Água do Sul, mas agora pertencia à Nação do Fogo. Estava prestes a se tornar rainha desse povo, prestes a se tornar Rainha Consorte do Senhor do Fogo Zuko.

— Com licença, Vossa Majestade — disse Zya indo ajeitar alguns fios que escapavam do seu penteado.

Estava passando os últimos meses no palácio e nesse tempo sempre estivera cercada de criadas. Elas separavam suas roupas e a vestiam, serviam sua comida, a maquiavam, tinham até aquelas que eram especializadas em lhe fazer companhia.

— Está na hora, Vossa Majestade. — Ela tinha que entrar.

Deu seus primeiros passos e olhou todos aqueles que a encaravam. A maioria ali eram rostos desconhecidos para Katara. Parceiros comerciais e aliados políticos de Zuko. Sentia-se despreparada, as comparações com Mai eram inevitáveis.

Continuou andando e viu Sokka com Suki. Queria que seu casamento fosse tão bom quanto o que o seu irmão estava tendo. Viu Toph, com sua mesma cara neutra que não mudava fazia tempos, até mesmo sua roupa era praticamente a mesma, cinza, lembrando sua farda de Cidade República.

Por fim, viu Aang. Apesar dele e Zuko serem grandes aliados, ele e Katara quase não se falavam mais. Estava acompanhado de uma garota não dominadora de República Unida das Nações. Taya era seu nome e estava no começo de sua segunda gravidez com Aang, Gyatso, o primeiro filho deles, havia ficado em Cidade República com os avós. Realmente esperava que eles estivessem felizes.

Chegou finalmente no pé do baixo altar. Zuko lhe estendeu a mão para ajuda-la a subir o pequeno degrau. Ele estava tão bonito.

Ajoelharam-se diante do sacerdote que realizaria a cerimônia. Isso era do agora para sempre.

 

Katara ainda se lembrava dos beijos de Aang. Eram doces e delicados, quase pueris. Os de Zuko eram selvagens.

Suas mãos passeavam pelo seu corpo, fazendo-lhes carinhos e agrados, enquanto seus lábios não se limitavam apenas aos delas.

Eram experiências diferentes sim, mas ela também não conseguia negar preferia mais agora.

Ele havia conseguido abrir um pouco de sua blusa sem que ela percebesse, fazendo-a cair um pouco. Katara não usava nada por baixo, fazendo assim um bom pedaço de seus peitos aparecer.

Seu rosto corou. Não sabia porque estava tão surpresa, ele já era um homem, já havia sido casado. Mas ela voltou a sentir-se menina, nunca havia chegado a esse ponto com Aang.

Rapidamente os cobriu de volta e distanciou-se de Zuko.

— Katara, me desculpe. — Ele não era burro, ele havia percebido seu desconforto.

Ela não estava mais em clima de ficar lá.

— Desculpa. — disse ela.

E saiu da tenda de Zuko.

— Ei, Katara! — disse ele indo atrás.

 

Era sua primeira vez no quarto de Zuko. Por tradição, ela só poderia entrar nas núpcias.

Estava ansiosa, mas de um jeito bom também. Nervosa? Sim. Curiosa? Idem.

Zuko beijou sua mão e Katara não conseguiu deixar de rir com o gesto. Ela então o beijou, ele pegou-a no colo e a colocou na cama.

— Se doer, se eu te machucar, me avise. — disse ele já em cima dela.

 

A única coisa que conseguia sentir era dor. Zuko estava ao seu lado, segurando sua mão.

Então ouviu um choro de bebê e sentiu alivio.

— É um menino! — disse a parteira, entregando-o a Zuko. Quando ele segurou seu filho pela primeira vez, lágrimas escorreram pelo seu rosto.

Seu pequeno Saru havia nascido.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Caso vocês não tenham percebido, essa história se passa em tempo psicológico, ou seja, o que é narrado não é necessariamente cronológico. Por isso, para aqueles que ficaram confusos, sugiro ler de novo com isso em mente. Mas se mesmo assim tiverem dúvidas, os comentários estão ai para isso.

E também para eu saber o que vocês acharam! Gostaram? Comentem o que! Não gostaram? Comentem também para eu melhorar!

Beijo no core.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Memórias" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.