No cantão de Berna, a 1.274 m acima do nível do mar na região de Jungfraurion  encontra-se uma vila chamada Wengen com aproximadamente 1.300 residentes, foi neste lugar frio e pacato com casas de madeiras que vivi nos últimos sete anos.

As montanhas que cercam o lugar coberto pela floresta sempre fora meu lugar favorito, não pelo fato de poder me alimentar da forma não humana, mas porque me traziam vagas lembranças da minha infância de momentos ocorridos antes do lobo sair em fuga comigo.

Desde que fui trazida para cá sempre gostei de subir no mais alto dos pinheiros e olhar a cidade de cima, e naquela manhã não estava sendo diferente, olhava as casas de madeira, as vacas com sinos levadas por fazendeiros e o único meio o qual os humanos podiam entrar e sair da cidade, o trem amarelo, em Wengen não havia carros e nem estrada para que se pudesse ter um.

Apesar de ter crescido sobre a proteção de Nahuel eu nunca soube o que realmente havia acontecido no dia da minha ultima lembrança da minha família, todas às vezes a qual o perguntei sempre dissera que eu saberia quando estivesse pronta, o vazio o qual sentia muitas vezes parecia me dilacerar por dentro, onde estariam meus pais? Minha família e principalmente, o lobo?

Uma leve brisa bateu sobre meu rosto balançando meus cachos cor de cobre os jogando para trás, trazia com ela o cheiro bastante conhecido por minhas narinas, um leve sorriso se apossou de meus lábios e então pulei caindo agachada na terra coberta pela neve, em seguida juntei a mochila que estava jogada a alguns metros dali caminhando lentamente.

— Matando aula novamente Cullen?

A voz de Nahuel tinha um tom de reprovação, mantive meu sorriso e continuei a caminhar e assim que minha visão se fixou em uma linha reta a minha frente ele aparecia cruzando os braços.

— Finalmente chegou de mais uma viagem misteriosa! Respondi me aproximando, ele sorrio já sabendo qual seria minha pergunta.

—Em algumas horas você terá respostas para todas as perguntas que tem feito nos últimos sete anos.

Meu olhar mudou de curiosidade para incompreensão, lentamente minha mão direita tocou sua mão esquerda o invadindo com todas as minhas duvidas, ele sorrio levando a mão a uma mecha de cabelo que estava sobre meu rosto a colocando atrás da minha orelha.

— Sim, embora eu não quisesse que esse dia nunca chegasse ele finalmente chegou!

Senti angustia em suas palavras, nos últimos anos tínhamos nos tornado grandes amigos, ele e suas irmãs eram especiais em minha vida e por isso eu compreendia seus medos e receios, Nahuel era como meu anjo da guarda um irmão mais velho, e mesmo que eu soubesse onde minha família estaria eu jamais me afastaria deles.

Segurei sua mão e então seguimos juntos para casa, assim que entramos de mãos dadas Nala e Maya trocaram olhares antes desses olhares se direcionarem a Nahuel como se o reprovassem por algo, ele soltava minha mão rapidamente, estranhei o clima tenso, mas decidi não perguntar o que mais estavam escondendo de mim.

— Eu fiz o almoço, não esta com fome Renesmee, ou já se alimentou? Naya perguntava de forma gentil enquanto eu jogava a mochila sobre o sofá, havia entendido perfeitamente que  ela se referia ao fato de eu caçar quando tinha pesadelos relacionados com minhas lembranças.

— Não, eu estou com fome! Respondi gentilmente me sentando a mesa, Naya servia o almoço enquanto Nahuel e Maya continuavam a trocar olhares, coloquei o grande pedaço de bife mal passado em meu prato e o cortei levando um pedaço a boca, enquanto os três continuavam a trocar olhares – Falem! Falei com um tom mais alto na minha voz após engolir o pedaço de carne.

— Eu já disse que ...

—Nahuel chega de mistério, ela precisa saber e estar pronta para tudo que vai acontecer! Maya o interrompia.

Levantei rapidamente na cadeira e os encarei, Naya desviou o olhar enquanto Nahuel respirava fundo.

— Tudo bem, sente-se Renesmee! Nahuel falava um pouco apreensivo, rapidamente  eu voltava a sentar, então Maya começava a falar.

— Nahuel estava no Brasil, em uma ilha chamada ilha de Esme, lá ele encontrou com os sobreviventes da batalha e clãs que aconteceu há sete anos atrás!

— A qual eu fugi com o lobo? Perguntei um pouco tensa.

— Sim! Nahuel respondia – Houve sobreviventes de ambos os clãs, tanto Volture como Cullens!

— E porque não me procuraram? Porque permaneceram longe e onde estão meus pais e...

— Renesmee acalme-se, vou contar tudo a você, os únicos Cullens sobreviventes estão a caminho e chegarão em algumas horas.

Senti uma explosão de adrenalina percorrer por meu corpo e meu coração batendo de uma forma como nunca havia batido antes, sorri ao senti que algumas lagrimas começavam a rolar por meu rosto, levei uma das mãos a minha face as enxugando e voltei minha atenção para Nahuel, Maya e Naya.

— Me conte, por favor, há muitos anos eu preciso saber o que aconteceu!

— Há sete anos houve uma grande batalha de clãs aliados aos Cullens contra os Voltuiri, a família real dos vampiros, liderados por seu líder Aro acreditavam que você era uma criança vampira, o que eles viam como uma ameaça, crianças vampiras não podem ser controladas, Alice Cullen, sua tia teve uma visão e me encontrou, porém não chegamos a tempo de impedir os Voltuiri, Alice acreditava que ao me ver Aro teria provas que você não era uma criança vampira e não havia porque temer a sua existência, no meio do caminho encontramos o lobo ferido e você adormecida, Alice seguiu com Jasper Hale para saber o que realmente havia acontecido e pediu junto com o lobo para que eu a mantivesse em um local seguro.

Baixei meu olhar consumida pelas lagrimas, senti uma dor tão grande em meu coração o qual não podia explicar.

— Quem sobreviveu? Perguntei com a voz falha.

— Renesmee! Maya se aproximava ficando ao meu lado – Não se culpe!

— Dos Cullens apenas Alice, Jasper, Rosalie e Emmett, mas alguns dos demais Clãs, assim como poucos lobos, os Voltuiri ao perderem Aro e Jane recuaram, e preocupados com a sua segurança seus tios acharam melhor não saber onde estava durante todos esses anos.

— Meus pais? Sussurrei em meio aos meus soluços.

— Eu sinto muito Renesmee! Ele respondeu se aproximando e se abaixou ficando a minha altura e acariciou meu rosto.

—O lobo?

— O lobo deu a vida por você!

Levantei rapidamente enquanto Nahuel tentava me segurar – Por favor, eu preciso ficar sozinha! Falei antes de sair correndo totalmente sem rumo, era minha culpa, por minha culpa todos que eu amava estavam mortos, não sei ao certo por quantas horas eu corri escalando as montanhas até chegar à mais alta delas.

Abaixo havia um grande precipício, caminhei lentamente até chegar a beira sentindo o vento forte bater em meu rosto, eu era culpada, tinha absoluta certeza que uma queda daquela altura seria fatal para mim por ser uma hibrida.

—Papai, mamãe, me perdoem! Fechei os olhos e sussurrei relaxando meu corpo pronta para me jogar.

— Ei tampinha! O que pensa que esta fazendo?

Abri meus olhos e olhei para trás, um homem alto com cabelos loiros me olhava e dava um largo sorriso, uma vaga lembrança vinha a minha mente de quando criança ter estado com ele muitas vezes, sim eu o conhecia, antes que eu pudesse responder uma mulher loira aparecia ao seu lado, ao me ver ela dava um lindo sorriso, eu apenas chorava enquanto ela abria seus braços, por alguma razão dentro do meu coração eu corri para abraça-la.