O Sol e A Lua escrita por Luana de Mello


Capítulo 8
Vida de Shinobi


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, mais um capítulo da nossa duplinha super fofa, e agora as coisas começam a ficar sérias. Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/781251/chapter/8

                  

— Neko, a senbon agora. — Ibiki ordena sério e a menina prontamente atende.

Ela pega duas agulhas e se dirige ao prisioneiro, introduz as duas abaixo da unha do indicador dele, ignorando totalmente os gritos de agonia do homem. Estavam naquele interrogatório a horas, e Naruto já havia lhe quebrado um braço e o nariz, além de usar um Genjutsu que o forçava a passar pela mesma tortura repetidas vezes. Segundo o que Ibiki-sensei lhes dissera, o homem era um assassino muito procurado e listado como um dos mais perigosos do livro Bingo, fora pego naquela manhã por Itachi, em seu turno de vigia como ANBU, quando tentava se esgueirar pela vila para assassinar o Hokage; e como Ibiki pediu, o jovem Uchiha o levara até ele, para que pudesse continuar o treinamento dos interrogatórios com os pupilos. Os dois já estavam bem afiados nisso, claro que das primeiras vezes que interrogaram algum prisioneiro, passaram mal e quase não conseguiram concluir as ordens do sensei, mas com tempo, entenderam que isso era mais uma das muitas coisas desagradáveis que fariam pela vila, os dois já estavam habituados àquela realidade cruel e desumana que os ninjas tinham que conviver.

— Agora me diga, quem te contratou para assassinar o Hokage? — Ibiki pergunta, mas o homem cerra os lábios para não falar — Ainda não? Kitsune, faça as honras.

O menino então pega um alicate entre os materiais dispostos na mesa, se dirige ao homem de forma lenta e premeditada, aprendera que deixar os interrogados ver o objeto e imaginar o que seria feito com eles, os deixava com mais medo e mais propensos a abrir a boca; e isso se agravava, devido ao fato de não poderem ver o rosto dos interrogadores. No caso de Naruto e Hinata, eles não estavam somente com os rostos cobertos, mas também usavam um capuz para cobrir os cabelos, Naruto pelo fato que seria facilmente reconhecido por seu cabelo loiro, e Hinata também, visto que nenhuma menina da sua idade mantinha os cabelos curtos; aprenderam rápido que sempre deveriam proteger suas identidades, tanto nos interrogatórios, quanto em missões, as quais eles já estavam quase prontos para começar.

— Não, por favor. — o homem suplica, mas Naruto não se compadeci, havia lido a lista de assassinatos que ele cometera.

Matara uma família inteira carbonizada a mando de um gangster poderoso, apenas por que esses resistiram em lhe entregar suas terras; as fotos dos três filhos do casal, incluindo um bebê de três anos, ainda estavam bem nítidas na mente do pequeno Uzumaki, como sentir pena de uma pessoa assim? Ele não sentia, e pela primeira vez, se sentiu satisfeito por desempenhar esse papel pela vila; com o passar dos meses de treinamento, Naruto se descobriu extremamente motivado a trazer justiça a todos àqueles que cometeram algum crime; e passou a não se importar com o que teria que fazer para concluir esse objetivo. Hinata não ficava atrás, quando começaram os interrogatórios e Ibiki os fazia ler as fichas de registros dos crimes dos prisioneiros, a pequena menina deixava de lado sua passividade e gentileza naturais, e exibia um lado sombrio e determinado. Kurenai se assustara quando assistiu um dos interrogatórios, acompanhada de Kakashi e Hiruzen; eles nem de longe pareciam as crianças amáveis e gentis que eram com todos, e pela primeira vez ela se preocupou que os dois tivessem sido corrompidos, mas essa preocupação logo passou, quando depois de tudo, eles voltaram ao 'normal', mostrando a tutora que sabiam separar muito bem o que faziam.

Naruto aproveita o momento e faz um pedido mudo a Hinata, para que mantivesse a boca do homem aberta, e assim que ela o faz, ele prende um molar no alicate, e num puxão forte e preciso, arranca o dente da gengiva; o prisioneiro grita e chora, enquanto sangue jorra em sua boca, e escorre junto com a saliva. Eles notam um barulho de água pingando e percebem que ele se urinou; isso faz o menino sentir mais asco do homem, agora estava ali assustado e chorando, mas não deve ter se importado com o choro e os pedidos de piedade daquela mãe e daquele pai quando viram seus filhos morrendo. Isso enfurecia o menino, enfurecia por que ele sabia como as pessoas eram cruéis, como não se importavam de fazer mal aos outros; sentiu a Kyuubi se agitando dentro dele, agora que tinha conhecimento de sua existência, sua presença era mais nítida para ele, e como a própria raposa lhe explicara, devia controlar suas emoções negativas, ou ele se descontrolaria e Naruto poderia acabar ferindo os outros, principalmente Hinata, a quem ele nunca queria ver ferida por sua culpa. Respirou fundo e voltou sua atenção ao que fazia, não se permitindo sentir nada, nem raiva; precisava concluir isso logo, ainda teriam Itachi naquele dia.

— Agora nos diga o que queremos saber, ou arrancarei todos os seus dentes. — o menino ameça e vê o homem se encolher inteiro, quem eram essas crianças? Como podiam ser assim tão impiedosos? Sabia instintivamente que eles lhe fariam muito pior se não começasse a falar.

— Fui contratado por um líder de uma vila do País do Arroz, não sei detalhes, só sei que devia eliminar Sarutobi Hiruzen. — o homem conta.

— Muito bem, terminamos aqui, já sabemos quem é. — Ibiki fala e faz um sinal para que os dois saiam.

Hinata vai na frente, mas para assim que nota que Naruto não a acompanha, olha para trás e o vê parado, encarando o prisioneiro; ela sabe que de todas as pessoas que já interrogaram nos últimos meses, esse homem foi o que mais abalou seu amigo. Naruto olha para ela num pedido de ajuda, precisava saber se o que faria era certo, ao que Hinata apenas concorda e se vira para sair dali, ele podia estar pronto, mas ela não se sentia assim ainda. Eles já sabiam o que acontecia com os prisioneiros depois do interrogatório, mas nunca viram, Ibiki não achava que estavam prontos para isso. O menino ergue o rosto para seu sensei, que observava a conversa silenciosa dos dois, já havia se habituado a esse costume deles, quando estavam decidindo algo importante, sempre se comunicavam por gestos, sinais e códigos; entendeu o que Naruto lhe pedia, e soube naquele momento que o menino estava pronto, então apenas concordou e se afastou para que ele continuasse, o pupilo sacou sua arma, e sem tremer a mão ou dar tempo do prisioneiro pensar no que acontecia, desferiu um golpe rápido e preciso, virou as costas e saiu dali sem se importar com o corpo que deixava para trás.

Ele alcançou Hinata rapidamente, ela já se trocava e guardava suas roupas na mochila, o olhou preocupada, nunca o tinha visto tão sério e isso a assustava um pouco, já era perturbador demais saber das responsabilidades que teriam; mas agora ele parecia bem, e sorriu cansado para ela assim que retirou sua máscara de raposa. Naruto começou a se trocar e guardar suas coisas também, se sentia leve e não se incomodava pelo que acontecera na sala de interrogatórios, em sua cabeça, o menino pensava que aquele homem nunca mais mataria nenhum bebê em sua vida desprezível. Os dois saíram da sede de mãos dadas como sempre, carregando as mochilas às costas, agora pareciam duas crianças comuns, mas sabiam que não eram e nunca seriam, tinham plena consciência disso; quanto mais o treinamento deles foi passando, mais difíceis as missões dos senseis ficavam, e eles foram tomando conhecimento do que os aguardava adiante. Eles aprenderam também a preparar pilulas e tônicos, que os ajudariam durante as missões, tanto para terem mais resistência, quanto para se manterem acordados, e a que eles esperavam nunca usar, a pilula de adeus, como Ibiki chamava, para caso fossem capturados; como os dois sabiam o que acontecia nos interrogatórios, sabiam que era preferível morrer a se manter prisioneiro e não podiam correr o risco de dar informações sobre a vila. Hinata também estava aprendendo Ninjutsu médico com Kurenai, além das técnicas do seu próprio clã, que se mostraram bem uteis, tanto nas lutas, quanto para curar; agora eles estavam na fase final, antes de serem designados a alguma missão fora da vila, sabiam que faltava muito pouco para sua vida como Shinobis finalmente começar. Todos os seus treinamentos ultimamente, eram testes, dos mais diversos tipos, tudo para ver se eles estavam realmente prontos, todos os senseis os estavam levando ao extremo, mas eles sabiam que isso era necessário, eles nunca poderiam falhar.

— Vamos ao mercado antes, Naruto-kun? Precisamos de algumas coisas em casa. — a menina pede gentil e ele concorda.

Mesmo que não quisesse, ou que estivesse muito cansado, Naruto sempre acabava fazendo as vontades de Hinata. O garoto descobriu isso, no primeiro dia após a partida de Kurenai da cabana, estava entristecido e não sentia vontade de fazer absolutamente nada, afinal ele convivera por mais tempo com a tutora, era natural que sentisse mais o abalo; mas Hinata não o deixou se entregar a apatia, o fez sair da cama aos gritos e jurou que também iria embora se ele não levantasse, o que surtiu efeito imediatamente. Agora, um mês depois do ocorrido, eles já tinham restabelecido uma rotina normal novamente, e estavam um pouco mais conformados de ver a mulher de olhos vermelhos, apenas nos dias dos seus treinos com ela; e nem tinham muito tempo para se deixar abater, visto que os treinos com os outros senseis ficaram mais intensos, e que as responsabilidades da casa ficara toda para os dois agora. Eles tiveram que se organizar muito bem, para conseguir manter a cabana limpa e organizada, o estoque de alimentos em dia, suas roupas sempre limpas, bem como manter as refeições nos horários certos, e conciliar tudo isso com os treinos e estudos diários; mas estavam conseguindo, e isso deixava Kurenai orgulhosa deles, que estavam tão maduros e crescidos, sem falar em independentes, pois foram sozinhos ao Hokage, pedir um dia de folga dos treinos, para que pudessem por em dia as tarefas de casa. Eles também compraram um aparelho de televisão com um dinheiro que vinham guardando dos seus pagamentos fazia um tempo, gostavam de manter o parelho ligado a noite, enquanto preparavam a janta, para não deixar a cabana tão silenciosa, sem a voz constante de Kurenai a lhes dizer o que fazer; nos primeiros dias, eles ficaram bem fascinados com o aparelho, já tinham visto um igual na casa de Shikamaru, mas era diferente ter um seu, se impressionaram com a quantidade de coisas que a tela mostrava, e não deu outra, a curiosidade deles os levou a estudar como a máquina funcionava, e buscaram todo tipo de informação a respeito. Essas pequenas coisas, pequenos atos e tomadas de atitudes, que mostrava a sua tutora, que os dois ainda eram os mesmos de antes, só que agora estavam mais cientes de muitas coisas, e já não confiavam tão cegamente em qualquer um.

Hinata lia a sua lista de compras, enquanto Naruto ia carregando a cestinha com o que já tinham pego, era sempre estranho para quem via a cena no mercado, as pessoas não se cansavam de os olhar, e algumas já começavam a se perguntar, se os boatos sobre o garoto eram verdadeiros, alguns já até concluíam que não, e o tratavam com um pouco mais de gentileza. Ela estava ali, escolhendo algumas frutas para levar, por mais que a estação não lhe desse muitas opções, quando escolheu, colocou todas na cestinha e se virou para irem ao caixa, não podiam demorar muito, logo teriam o treino com Itachi-sensei; foi quando a menina se sentiu colidir com alguém, era provavelmente um adulto e ela já se preparava para pedir desculpas e ouvir algum sermão de como devia olhar por onde anda, quando ergueu seus olhos.

— Me desculpe... — Hinata não termina a frase.

Parada a sua frente, com um olhar cruel e enojado, estava a mulher que ela julgou que nunca mais veria na vida, a qual ela era extremamente parecida, pelo menos na aparência. Hiromi estava estática, jamais pensou que veria a filha novamente, ainda mais no mercado, quando Hiashi a expulsou do clã, a mulher fez questão de nunca mais ouvir falar nada sobre Hinata, não queria ter conhecimento do que ela julgava ser sua maior vergonha; mais atrás, observando a cena com receio, estava Natsume, que segurava uma bebê de dois anos nos braços, ela não tinha mais visto a sobrinha depois do incidente na cabana, estava com vergonha demais para aparecer na frente de Kurenai.

— Como sempre uma inútil, não é Hinata? Nem para olhar por onde anda se presta, eu deveria te dar uns tapas por isso! — Hiromi fala irritada, também culpava a garota por seu segundo bebê ser uma menina, achava que Hinata tinha danificado algo nela.

— Não sou mais sua filha para que tenha esse direito! — Hinata rebate fria.

Quando ela e Naruto deixaram as palavras infantis de lado, também deixaram para trás qualquer pensamento assim; a menina acabou descobrindo com o tempo, que sua mãe nunca a procurou, por que nunca a quis, tinha vaga lembrança de Hiromi nunca a proteger quando era castigada, de que ela nunca se importou quando lhe faziam algum mal, e que por vezes, apanhou a mando da sua progenitora. Depois de ver a diferença entre Kurenai e Hiromi, entendeu o que era ser amada por uma mãe, e como era bom ser querida e acolhida, foi com Kurenai que descobriu o que era o amor entre mãe e filha, coisa que nunca teve com a mulher que lhe deu a vida. Ela sente Naruto se mover ao seu lado e sabe que seu amigo está pronto para defende-la se for preciso, coisa que sua família de sangue nunca fez; ele, Kurenai, Kakashi e o vovô sempre estiveram dispostos a lhe proteger de tudo e de todos, eles sim eram merecedores de serem chamados de família, eram merecedores do seu amor. Olhou para a tia e para a bebê em seus braços, sabia que aquela deveria ser sua irmã, sentiu dor ao saber que fora trocada por ela, como se fosse apenas um objeto, por mais que agora soubesse da verdade, isso não impedia de doer em seu coração, mas o que mais doeu, foi que Hinata sabia o que aguardava aquela pobre criança, caso não atendesse as expectativas do clã.

— Sua insolente! Passou tanto tempo fora, que se esqueceu do seu lugar?! Precisa que eu te lembre? — Hiromi fala, ensandecida de raiva e ergue a mão para a menina.

Naruto prontamente toma a frente da amiga, ele não permitiria aquilo, jurou que nunca mais ninguém machucaria Hinata.

— Nem tente fazer isso, se fizer, eu arranco sua mão. — ele ameça segurando uma kunai e ela se afasta, o reconheceu como o garoto raposa.

Hiromi os analisa, não sabia que a filha estava com ele, mas os vendo assim, logo entendeu onde ela esteve todo esse tempo; sentiu mais nojo da garota, ao seu ver, Hinata envergonhava mais ainda a família ao se envolver com esse garoto.

— Ela não vai Naruto-kun, sabe que se fizer, uma palavra minha ao vovô, e Koji-sama será informado e então ela enfrentará o mesmo julgamento que Hiashi enfrentou. — Hinata fala cínica, já tinha muito tempo que deixara de ter qualquer sentimento além de pena, por aqueles que um dia foram seus pais, e isso incluía não chamá-los mais dessa forma.

— Você está muito corajosa agora, enfrentando a família, que desrespeito, os conselheiros vão saber disso, Hinata. — Hiromi tenta amedrontar a menina, era tudo que podia fazer agora.

— Não pertenço mais ao clã, não respondo mais aos conselheiros. — Hinata fala calma, era uma menina muito inteligente e seu habito de leitura lhe dera um bom uso das palavras e um vasto vocabulário, o que espantava a mulher, visto que nunca a vira falar tanto e sem gaguejar, quanto mais responder a uma ameaça — Não tenho mais medo de vocês, e não são minha família Hiromi-sama, minha família é Naruto-kun!

A menina lhe dá as costas sem esperar por resposta, faz um discreto aceno a tia, que lhe sorriu orgulhosa, com Naruto caminhando de mãos dadas com ela, deixa sua mãe para trás espumando de raiva; Hiromi não sabia na hora, mas o que mais a incomodou disso tudo, foi que Hinata em nenhum momento a chamou de mamãe, e nem a olhou com a doçura de antes, seus olhos tão belos estavam tão frios e inexpressivos, como se olhasse para uma parede, naquele instante, mesmo que inconscientemente, a matriarca Hyuuga começou a se arrepender dos seus atos e de dar ouvidos as loucuras do marido, que achava que se fossem mais rígidos com a garota, ela melhoraria e seria digna de ser uma Hyuuga. Ainda mais vendo o quão forte, determinada e bonita sua primogênita estava, ela observou as duas crianças pagando suas compras, viu o carinho com que o menino tratava sua filha, e a forma doce e gentil que ela sorria para ele, viu que os dois eram totalmente alheios aos olhares das pessoas ao redor, como se só existissem eles no mundo. Mas também notou o modo como quem estivera mais perto e ouviu e viu o que ocorrera a olhava, claro que mesmo sendo segredo, o que acontecera no clã a dois anos atrás acabou caindo nos ouvidos das pessoas, que ficaram horrorizadas com a frieza dos pais de Hinata, com a capacidade que tiveram de fazer mal a menina, e agora os vendedores de quem os dois sempre compravam, e que com o tempo acabaram simpatizando com eles, dirigiam a mulher os olhares do mais puro asco. De cabeça baixa, tentando conter as emoções que despertaram no seu coração há muito adormecido, Hiromi deixa o mercado, percebendo pela primeira vez em anos, o quanto falhara como mãe, e sem saber que aquele seria o começo do seu próprio tormento.

As duas crianças caminham em silencio pelas ruas, alguns comerciantes os cumprimentavam e ofereciam alguma mercadoria a eles, outras senhoras, que conheceram Minato e Kushina em vida, e com o tempo resolveram se aproximar do garoto, lhes ofereciam alguns doces e biscoitos que haviam feito especialmente para os dois; durante esses dois anos, a opinião de pelo menos quinze por cento da vila, a respeito daquele menino risonho e cabelos espetados, mudou. Essa pequena minoria já não o via como o monstro que diziam ser, para eles, Naruto era apenas uma criança com um fardo muito grande nas costas, e alguns passaram a se sentir até mesmo agradecidos por ele ter a raposa selada em si. No caminho para sua tão conhecida trilha pela floresta, passaram pela Academia, a qual eles sabiam que teriam que frequentar no último ano dos futuros Genins; avistaram um sensei se despedindo da sua turma, que corria porta fora, ávidos por se livrar da aula, onde três rostos eram muito conhecidos pelos dois. O sensei estava tão entretido em ditar ordens e deveres aos seus alunos, que nem notara que uma parte da marquise da porta cedeu, e cairia bem em cima de sua cabeça, não fosse por Naruto, que viu as telhas se movendo e largou todas as suas coisas, correu em direção ao homem numa velocidade que deixou as demais crianças espantadas, afinal estava muito longe deles, o empurrou para que não fosse atingido, mas não conseguiu evitar que uma telha raspasse em sua perna o ferindo; ele suprimiu um gemido de dor, já se acostumara com ela, e encarou o homem moreno de cabelo espetado com curiosidade, ele estava pálido e assustado, e encarava o menino com um misto de emoções, já tinha ouvido falar do menino pelo Hokage, que o alertara que seria seu aluno no último ano, mas jamais pensou que seria tão parecido com seu pai, e muito menos tão habilidoso quanto ele fora, estava surpreso demais para dizer qualquer coisa.

— Você está bem, sensei? — o menino pergunta curioso e se levanta em seguida sentindo a perna latejar.

— Sim, estou. — Iruka fala perdido, olhava aquele menino que todos diziam ser mal, e que ele mesmo achou que fosse, mas pelo visto se enganou no seu julgamento — Obrigado, Naruto.

Naruto se espanta ao notar que o sensei sabia quem ele era, e quando foi falar alguma coisa, o homem notara o sangue escorrendo por sua perna e se assusta com isso.

— Por favor, alguém chame um médico. — Iruka pede aos seus alunos, mas nenhum se move tão rápido quanto a menina de olhos perolados.

— Eu cuido disso, sensei. — Hinata fala se aproximando com as coisas de ambos nos braços.

Ela estende as mochilas e as sacolas de compras a Shikamaru, Chouji e Ino que se colocaram ao lado dela, se ajoelha no chão e faz Naruto se abaixar, e já com o byakugan ativo, se coloca a aplicar Ninjutsu médico na perna do amigo; já sabia que Naruto se curaria rápido, só precisava de um pequeno cuidado, para que o poder de cura da raposa começasse a agir. Iruka assistia abismado as habilidades de cura da pequena Hyuuga, e seus olhos se arregalaram ao ver o ferimento do menino cicatrizando imediatamente, estava fascinado pelos seus futuros alunos e queria saber mais sobre eles.

— Vocês estavam fazendo compras? — Iruka pede curioso, vendo as sacolas dos pequenos.

— Também, mas a gente veio mesmo para treinar com Ibiki-sensei. — Hinata responde séria, estava analisando as linhas de chakra do amigo, para ver se não estavam danificadas também.

— Com... com Ibiki? — Iruka pergunta, engasgando com o ar — O que vocês treinam com ele?

— Não seria bom que eles soubessem, sensei. — Naruto responde sombrio, indicando as outras crianças a volta.

Eles não tinham permissão de contar o que treinavam para os amigos, já bastava eles terem descoberto parte do que treinavam com Anko, desde aquele dia, Naruto e Hinata, bem como seus outros senseis, decidiram que não faria bem nenhum que os outros soubessem o que faziam.

— Isso é balela desse fracote. — Sasuke que assistia tudo irritado, achava que Naruto salvara o sensei só para se exibir, fala com desdém — Duvido que estivessem treinando com quem quer que seja!

— Você não devia ser tão arrogante, irmãozinho tolo. — ao ouvir a voz de Itachi, todos se viram em sua direção, e o veem saindo das sombras da floresta — Vim ver o porquê demoravam a chegar, achei que talvez anda estivessem interrogando com Ibiki.

Ao ouvir aquilo, Iruka sente um frio na espinha, aqueles dois faziam interrogatórios? Se treinavam com Ibiki, era certo que sabiam e repetiam as práticas do sensei, e isso era assustador demais.

— Nii-san! — Sasuke fala com raiva, estava furioso pelo modo como Itachi lhe falara.

— Não é ele. — Naruto fala com calma, pegando sua mochila das mãos de Shikamaru — É só um clone. Já estamos chegando Itachi-sensei, mais dez minutos e estaremos em casa.

Assim que fala isso, Itachi concorda e se desfaz em fumaça deixando Iruka mais estupefato ainda, por o menino ter reconhecido o Jutsu. Os dois pegam suas compras, e falam ao amigos irem a cabana para jantar alguma hora, visto que não iam fazia tempo, deixam um abraço para Neji, e então partem correndo para a floresta, ao chegarem perto da orla, saltam para um galho com agilidade, e assim de galho em galho, eles somem da vista de todos e correm em direção à sua casa. Os alunos que assistiram tudo, ficaram perdidos, não sabiam o que estar interrogando queria dizer, apenas Shikamaru tinha uma vaga ideia do que aquilo queria dizer, e sentiu um embrulho no estomago ao imaginar o que os amigos realmente faziam. Iruka estava mais interessado nos dois e não se aguentando mais, resolve questionar seus três alunos, que pareciam conhecer a dupla.

— Vocês três, conhecem eles? — Iruka pede e Shikamaru se vira para o sensei.

— Sim, somos amigos, nós e Neji vamos a cabana de Naruto desde que Hinata foi morar lá. — ele responde e deixa os colegas de classe mais curiosos.

— E vocês sabem com quem eles estão treinando? — o sensei volta a questionar.

— Sim, antes era só com a Kurenai-san, mas agora eles treinam com Gai, Itachi, Ibiki, Ebsu, Kakashi, Anko e Asuma. — Ino responde animada por ter o que contar — Nem sabe sensei, outro dia, Naruto-kun e Hinata-chan abateram um cervo!

Ao ouvir essa informação, Iruka sente o estomago embrulhar, começava a entender o que o Hokage estava fazendo com os dois; os demais alunos ficaram impressionados com o que ouviram, e muitos soltaram exclamações, não se contendo e especulando o que mais eles faziam naquela floresta.

— Ino, Kurenai-san pediu pra não contar a ninguém. — Shikamaru repreende a amiga.

— Tudo bem Shikamaru, eu não vou contar. — Iruka fala para acalmar o menino — Então Kurenai cuida deles na cabana?

— Ela cuidava, mas agora que Naruto fez sete anos, ela teve que ir embora, não sei por que, só sei que eles moram sozinhos agora, sem nenhum adulto por perto. — Chouji conta, como se isso fosse a maior descoberta do mundo.

Iruka sabia das leis da vila e sabia por quê disso, mas achava que os seus alunos não entenderiam aquilo. Sasuke que ficara parado apenas para ouvir informações sobre o garoto, ficara indignado ao saber que eles tinham a mesma idade, e por mais que não gostasse de admitir, parecia ser mais forte que ele, isso o deixava mais enciumado ainda, seu irmão preferia treinar aquele moleque e o estava deixando mais forte, ao invés de treina-lo, e isso ao seu ver era inadmissível. Depois que todos foram para suas casas, comentando o quanto o garoto raposa era rápido, Iruka decidiu que iria falar com o Hokage a respeito das duas crianças, achava que tinha direito de saber, afinal seriam seus alunos dali a quatro anos.

Na cabana, os dois terminavam de guardar as compras e saiam para fora para começarem o treinamento do dia com Itachi, este os aguardava pacientemente, estava mais pensativo que o normal naquele dia; na verdade, ele estava pensando em como resolver a situação da rebelião do clã e parar as armações de Danzou, ele e Hiruzen passaram a noite em claro discutindo o assunto, e decidiram que a ambição do conselheiro por poder, era um veneno para a vila, ainda mais tendo em vista o seu possível envolvimento com Orochimaru. Ele vê seus pupilos se preparando e ativa seu sharingan, hoje pretendia testar o emocional deles, e por isso sabia que aquele seria o treino mais brutal que já lhes impusera, mas não tinha outra forma de saber se estariam preparados. Quando estão em posição de meditação, Itachi lança o Genjutsu, mas dessa vez é diferente do normal, é mais forte e intenso, eles logo são pegos, e dessa vez não conseguem impedir que gritos de horror lhe escapem dos lábios; Naruto via a sua frente, Hiashi cravando várias estacas de madeira no corpo miúdo de Hinata, enquanto ele mesmo estava preso por grossas correntes, a amiga gritava e pedia socorro e seu sangue jorrava no chão, a muito custo e com dor no coração, ele conseguiu se libertar do Genjutsu, mas isso não o impediu de ficar em prantos no chão. Já Hinata se via presa por dois ANBUS, enquanto as pessoas da vila apedrejavam Naruto até deixa-lo inconsciente, eles o chamavam de monstro e diziam que ele não deveria viver; a menina também teve dificuldade de se livrar do Genjutsu, sentia suas pernas tremendo e o coração aos pulos, o medo daquela cena era bem real para ela, sentia pavor só de lembrar de cada um dos gritos que ouviu sair da boca do seu amigo, estava aos prantos no chão, da mesma forma que ele.

— Muito bom, conseguiram se libertar rápido. — Itachi fala, vendo pavor no rosto das crianças, não gostava de fazer aquilo com eles,mas era necessário — Vamos continuar até não caírem mais.

Assim eles passaram a tarde daquela forma, Itachi lançava o Genjutsu e Naruto e Hinata tinham que repeli-lo e revidar com um mais forte; não era uma tarefa fácil, e até conseguirem bloquear o sensei, se viram morrer de todas as formas pelos olhos um do outro. Itachi estava satisfeito com o progresso dos dois, que mesmo sentindo dor ao assistirem as cenas plantadas em suas mentes, não tentavam libertar seus 'eus' das ilusões, apenas se concentravam em se libertar do Genjutsu, e com isso, evoluíram muito rápido, até não serem pegos mais. Eles estavam realmente prontos, e isso era muito bom, pois não sabia quanto tempo mais teria, nem se  poderia treiná-los mais, tudo estava ficando tão complicado e o jovem Uchiha sentia que era seu dever, tomar providências para que sua amada vila ficasse em paz.

— O que vocês pensariam de mim, se eu algum dia tivesse que fazer algo ruim pela vila? — Itachi pergunta aos dois, enquanto descansavam um pouco.

— Mais ruim do que nós vamos ter que fazer? — Naruto pergunta confuso, não sabia que tinha coisa pior.

— Só um pouco mais. — Itachi explica se sentindo angustiado.

— Itachi-sensei. — Hinata chama e segura o rosto do rapaz com suas mãos, ele sempre se surpreendia com a gentileza daquela menina — Faça o que tiver que fazer, nós saberemos que é pelo bem da vila, e sentiremos orgulho do nosso sensei.

— Nós somos crianças e não idiotas sensei, sabemos que tem alguma coisa acontecendo. — Naruto fala deixando Itachi bobo, eles eram tão inteligentes — Vimos o quanto Kakashi-sensei está nervoso, e hoje aquele ninja assassino atrás do vovô, aquilo não foi coisa do País do Arroz, eles mal tem dinheiro para se manter, não poderiam pagar um assassino assim. Sabemos que a vila está em perigo, então se pode fazer alguma coisa para impedir, faça! Hinata-chan e eu sempre te apoiaremos.

Após ouvir essas palavras daqueles dois, que podiam parecer duas crianças indefesas, mas na verdade eram mais astutos que muitos adultos, Itachi se sentiu bem melhor consigo mesmo; agora só precisava pensar com calma e rever bem como agiria, mas não podia demorar demais, afinal Danzou e seu pai já estavam agindo. Olhou para os dois pequenos que voltaram a se sentar na grama, se perguntava como podia duas crianças tão novas, terem essa percepção do mundo a sua volta, quando os conheceu, sabia que eram crianças especiais, mas não imaginara que os dois chegariam a ser tão maduros; era como Kurenai dissera certa vez, eles eram duas almas velhas e sábias presas nos corpos de duas crianças, mantinham a ingenuidade e pureza naturais da sua idade em alguns aspectos, e em outros eram dois grandes Shinobis a serviço de Konoha. Itachi sai dos seus pensamentos, ao ouvir um assovio alto na orla da clareira, ergue os olhos e encontra seu amigo Shishui o chamando, nem tinha visto a hora passar, mas era sempre assim quando estava com seus pupilos, o tempo voava e agora já estava na hora de voltar ao esquadrão da ANBU.

— Eu tenho que ir agora, mas na semana que vem nós retomamos, e dessa vez serão vocês que aplicarão o Genjutsu, quero ver o quão fortes estão. — Itachi fala se levantando e os dois o acompanham.

— Deixa com a gente sensei, vamos te impressionar. — Naruto fala confiante, e faz com Itachi um toque de mãos que criaram só pra eles.

— Tome cuidado sensei. — Hinata aconselha e abraça o rapaz, que sempre se comovia com a bondade dela.

— Até pirralhinhos. — ele se despede bagunçando os cabelos de ambos, que riem com o gesto dele.

Depois que não podem mais ver a silhueta do sensei entre as árvores, os dois vão para dentro de casa e fecham a porta, agora que ficavam sozinhos, se recolhiam cedo e trancavam bem as portas e janelas, não podiam ser descuidados, ainda mais que ficavam mais afastados de todos. Eles alimentam a família de gatos, que agora morava com eles, e os dois filhotes estavam já estavam quase do tamanho da sua mãe, e para os dois, eram como membros da sua pequena família. Enquanto Naruto tomava um banho rápido, Hinata separava os ingredientes para fazer uma sopa, visto que as noites ali sempre eram mais frias, ainda mais que já entravam no outono; ela deixa tudo encaminhado no fogão, e mesmo que precisasse de um banquinho para alcançar a panela, a menina conseguia fazer tudo com agilidade, isso sem falar que adorava cozinhar. Quando Naruto sai do banho, ela já tinha posto tudo na panela e a estava mexendo com a colher de pau, ele então liga o televisor em um programa qualquer e vai até a amiga para trocar de lugar com ela; eles também pegaram esse habito de dividir todas as tarefas da casa.

— Sua vez Hinata-chan, eu já deixei a máquina enchendo. — o menino fala e ela lhe cede o lugar no banquinho.

Hinata vai até o banheiro e retira suas roupas e as coloca na máquina que estava quase pela metade, ela liga o chuveiro e se lava de forma preguiçosa, adorava essa parte do dia, quando podia lavar todo cansaço e indisposição do seu pequeno corpinho; depois que está limpinha e devidamente arrumada, ela liga a máquina e deixa suas roupas lavando, as estenderiam pela manhã. Eles descobriram a duras penas que não poderiam esperar sua folga para lavar as roupas, ou perderiam o dia todo somente nessa tarefa, desde então as lavam a noite, quando se recolhem depois dos treinos do dia. Quando ela volta a cozinha, encontra Naruto já pondo a mesa para o jantar e o aroma da sopa que borbulha no fogão faz o estomago dela ganhar vida, eles gargalham do barulho, mas são interrompidos por um batida leve na porta.

— Quem é? — Naruto pergunta.

— Sou eu, o vovô. — ouvem a voz do velho senhor do outro lado.

— Então responda: "Quando um ninja deve atacar?" — Naruto pede e ouve atento, esperando a resposta.

— "Um ninja espera a hora certa, quando o inimigo dorme e baixa a guarda, quando suas armas jazem esquecidas na quietude da noite. Esse é o momento para um ninja atacar". — eles ouvem a resposta e ficam satisfeitos ao constatar que é mesmo o velho Hokage.

Por mais que soubessem que alguém mal intencionado poderia facilmente arrebentar a porta, preferiam manter os protocolos e verificar antes de abrir a porta para qualquer um, começaram com isso desde que ficaram sozinhos ali, e tinham para cada pessoa uma senha e uma contra senha, assim ninguém poderia se passar por algum dos seus amigos.

— Vocês estão muito espertos. — o Hokage comenta assim que eles o deixam entrar na cabana.

Ele é seguido por Kakashi, que também estava satisfeito com a astucia dos dois, mas eles logo notaram algo mais nos braços do velho senhor, e quando viram que se mexia, souberam de imediato que era o pequeno Konohamaru que estava aninhado ali.

— A gente tem que se prevenir, né vovô. — Naruto fala fechando a porta atrás deles.

— Por isso mesmo, estão muito espertos. — Kakashi elogia e os dois sorriem grande, gostavam de ser tratados como adultos.

— Vocês jantam com a gente? — Hinata pergunta e brinca com as mãozinhas do pequeno bebê.

— Então esse cheiro bom é de comida? — o Hokage brinca e vê Naruto por mais pratos na mesa — Vocês estão crescendo muito rápido.

Assim os dois acompanham as crianças no jantar, e o bebê Konohamaru se lambuza todo com a sopa, e Naruto e Hinata se divertem a valer, fazendo ele rir com suas brincadeiras; até Kakashi, que sempre é tão calado e entediado com qualquer coisa que não sejam seus livros, gargalha e brinca com eles. Hiruzen, que estava preocupado com o que ouvira de Ibiki, e fora ali apenas para verificar a situação, logo deixa as preocupações de lado, eles ainda eram seus netinhos do coração, apenas estavam mais maduros que antes. Mas tinha outras coisas para explicar a eles, e por isso aguardou que se sentassem na sala, com o bebê que corria bambo de um a outro, que faziam festa toda vez que ele chegava aos braços de algum deles; Naruto e Hinata adoravam Konohamaru, tinham um carinho especial pelo menino, e desde que ele nascera, tomaram para si a função de seus irmãos mais velhos.

— Então Naruto, eu soube o que ouve no interrogatório hoje, você está bem? — o Hokage pergunta, não queria estragar o clima leve da noite, mas precisava verificar.

— Estou sim vovô, era necessário. — o menino responde simplesmente, e desvia seus olhos azuis do bebê que lhe puxava os cabelos, para concentrar no velho senhor — Aí Kono, tenha calma.

O bebê parece entender o que fez, pois logo para de puxar os fios do menino e se vira para andar até Hinata, que abre os braços para recebê-lo.

— Mas você não se sente mal por isso? — Kakashi pergunta, precisavam ser mais claros com ele.

— Kakashi-sensei, vovô, olhem para o Kono brincando com a Hinata-chan. — o menino fala com calma — Aquele homem não se importaria de fazer mal a eles, era esse tipo de pessoa que ele era, eu não me arrependo do que fiz, se for para proteger essa vila, eu farei quantas vezes mais precisar. O que fiz, significa que esses dois, que vocês estão protegidos, e esse é meu dever como Shinobi.

— Você tem razão Naruto, você está se tornando um grande homenzinho. — o velho Hokage fala com a voz embargada.

Os dois cresceram tão rápido e encaravam a vida de forma tão simples, eram maduros o suficiente para entender o que tinham feito e não se deixar afetar por isso e naquele momento encheram o velho de orgulho e compaixão, pois ele sabia o quanto os ombros dos dois pesariam, mas se impressionava com a força e determinação de ambos.

— Bom, nós viemos aqui para dizer também, que com os exames Chunnin para começar, alguns senseis vão estar ocupados por uns dias, como Anko,Ibiki e Kurenai, então vocês vão ter alguns dias de folga. — Kakashi fala, tentando manter a compostura, mas também estava abalado pelas palavras de Naruto, ele se parecia tanto com o pai.

— Tudo bem, nós vamos treinar sem eles. — Hinata fala, deixando de soprar a barriga do bebê, que gargalhava muito — Acha que podemos assistir as provas, vovô?

— É, seria bom para quando for a nossa vez. — Naruto dá apoio de imediato.

— Acho que não teria problema, mas só as eliminatórias serão abertas ao público. — ele concorda, satisfeito pelo interesse dos dois.

— Já é bom, precisamos começar a ver como os outros lutam e interagir com nossos futuros colegas. — Naruto fala retorcendo o rosto, por mais que não gostasse da ideia, sabia que era necessário, principalmente pela função que teriam em relação aos outros times.

— Não me diga que já andou brigando, Naruto? — o Hokage pergunta rindo da careta do menino.

— Não vovô, mas é que o irmão do Itachi-sensei parece que não gosta muito de mim. — ele responde contrariado.

— Itachi me disse mesmo, que parece que Sasuke anda com ciúme da atenção que ele dá a Naruto e Hinata. —Kakashi conta e Hiruzen suspira.

— Bom, Sasuke terá que aprender a dividir o irmão, mas desconfio que não é só isso, o que mais tem ai Naruto? — o velho pergunta e o menino faz mais uma careta, dessa vez de pavor, não queria falar disso.

— É que naquela turma tem aquela garota chata. — ele fala evasivo, olhando de esguelha pra Hinata que se entretinha com o bebê, ele sabia que a amiga se chatearia se soubesse o que houvera antes.

— Aquela que você achava muito bonita? — o Hokage pergunta e o menino se desespera, e caba batendo os pés no tapete, frustrado.

Kakashi que entendera a situação muito bem, bate a mão na testa, indignado com a falta de tato do Hokage, Hinata ergue seus olhos do bebê e encara Naruto, e como ele previra, não estava muito satisfeita com o que ouvira. O menino fica muito nervoso sob o olhar severo dela, e Kakashi ri com gosto da cara de assustado dele, por mais que os dois nem soubessem o que acontecia, era nítido que sentiam muito ciúme um do outro, e isso era claro também, quando o menino contorcia a cara irritado, quando via Neji, Shikamaru ou Chouji abraçando a menina. Era engraçado ver como reagiam um com o outro, e nesse momento, o Hatake achou a pequena Hyuuga muito parecida com Kushina-sama, e se fosse assim mesmo, sabia que seu pupilo estava muito ferrado.

— Ela não é bonita vovô, lembra que me xingou um monte? Não gosto daquela garota testuda, dattebayo! — Naruto fala  nervoso.

— É mesmo, você me disse isso mesmo. — Hiruzen concorda, acabara de perceber o que tinha feito e se segurava para não gargalhar.

— De flor aquela menina só tem o nome, e tenha certeza que se ela mexer comigo ou com Naruto-kun de novo, eu vou fechar todos os Tenketsus dela vovô! — Hinata fala muito brava, acabara de se lembrar do encontro desagradável no parquinho.

— De novo? — o velho pede perdido.

— Eles já encontraram Sakura e a turma antes, e parece que ela não foi muito agradável. — Kakashi explica.

— Conhecemos um sensei da Academia hoje, vovô. — Naruto conta para mudar de assunto.

Não gostava de deixar Hinata irritada, sabia bem como ela ficava assustadora, tivera a infelicidade de comprovar isso, quando esquecera a toalha molhada em cima da cama; desde aquele dia, ele evita qualquer coisa que aborreça a amiga. Assim eles engatam numa conversa sobre Iruka e como ele era na Academia, até os dois visitantes verem Konohamaru dormindo nos braços da pequena Hyuuga e decidirem ir embora, a menina então lhes empresta uma manta leve, para cobrirem o bebê e não deixar que pegasse sereno; depois que os dois vão embora, eles limpam a louça da janta e arrumam sua cama e se preparam para dormir. Quando já estão deitados, Naruto sente Hinata se remexer inquieta, estava começando a se incomodar com o silêncio dela, que não lhe dissera uma palavra desde que as visitas foram embora, não gostava de ser ignorado por ela, decidiu então quebrar o silêncio.

— Hinata-chan? Está acordada? — ele pergunta indeciso.

— Hum. — recebe apenas um murmurio como resposta.

— Está brava comigo? — Naruto pergunta nervoso.

— Não. — ela responde seca.

— Então por que não conversa comigo? A gente sempre conversa antes de dormir. — ele reclama sentido.

— Você acha a Sakura, a menina mais bonita do mundo, mesmo? — Hinata pergunta se virando para olhá-lo nos olhos.

— Não acho não. — Naruto contesta de pronto.

— Mas o vovô disse que você achava. — ela fala igualmente magoada.

— Eu achei um dia, mas foi antes dela ser uma idiota comigo e antes de conhecer você, Hinata-chan. — Naruto conta a verdade, não gostava de ver Hinata triste — Você é a menina mais bonita do mundo pra mim! E você é minha amiga pra sempre, por favor não fica assim comigo, eu não gosto disso.

Vendo a sinceridade nas palavras dele, Hinata acalmou seu coração, sentiu tudo voltar ao normal, também não gostava de ficar sem falar com Naruto; mas gostava menos ainda de saber que ele achava outra menina bonita, esse lugar deveria ser só dela, afinal ele fora o único que já lhe dissera que era bonita. Em sua cabecinha, se Naruto achasse outra menina bonita, era como se ela perdesse seu lugar especial, como se deixasse de ser bonita por isso. Ela sorri docemente para ele e lhe dá um beijo estalado na bochecha, gesto que acaba por acalmá-lo também; ela entrelaça suas mãos como faziam toda noite, e se aconchega mais nas cobertas.

— Vamos dormir Naruto-kun, amanhã o dia vai ser cheio e já está tarde. — Hinata fala com calma e arranca um sorriso do menino, ela já tinha voltado ao normal.

— Boa noite Hinata-chan. — ele fala feliz.

— Boa noite Naruto-kun. — ela responde igual, já se entregando ao sono.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Sol e A Lua" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.