O Sol e A Lua escrita por Luana de Mello


Capítulo 4
Coisas Especiais


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, mais um capítulo, espero que gostem!



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A noite, enquanto Kurenai prepara o jantar, com a ajuda de Asuma, que chegou mais cedo; Naruto e Hinata brincam na sala, ele monta um quebra cabeças complicado e ela tenta imitar os movimentos da bailarina na caixinha de músicas, a qual a menina não larga nem por um segundo desde que ganhou. São nesses momentos, Kurenai pensa, que os dois parecem até crianças normais, aproveitando a sua infância, sem o peso do mundo nas costas, como deveriam ser sempre; mas infelizmente ela sabia que o mundo Shinobi não é assim, e logo seus pequenos pupilos aprenderiam isso também, e partia o coração da mulher saber que eles em breve perderiam aquela inocência, aquela simplicidade de ver a vida. Asuma vendo a aflição no rosto da amada, lhe abraçou apertado para passar-lhe conforto, entendia como era difícil para ela ver duas crianças tão puras, caminhar para um destino tão turbulento e obscuro como aquele, mas Kurenai só teria duas opções, ou lhes ensinava a ser os melhores Shinobis que Konoha já viu, ou os veria morrer na primeira missão, e entre as duas opções, sabia que a namorada escolheria a primeira. Eles ouvem batidas na porta e vão atender, encontrando todos os convidados a porta esperando, eles lhes dão passagem para adentrarem na cabana, que nunca esteve tão cheia; quando Naruto e Hinata veem a movimentação, se levantam e vão cumprimentar os recém chegados, e a primeira pessoa que eles veem, é aquela por quem guardam um grande carinho e respeito.

— Vovô! — falam juntos e correm abraçar o velho senhor que se abaixa para recebe-los.

— Olha só como cresceram! — o Hokage fala os abraçando — Estão mais fortes, quase me derrubam!

As crianças riem com gosto, orgulhosas pelo elogio, então se afastam e olham para os outros adultos, Kakashi estava diferente aos olhos dos dois, sem as roupas especiais da ANBU e sem a máscara no rosto, mas ainda era o mesmo que vinha visitá-los e trazer recados do seu querido vovô; já os Hyuuga's estavam um pouco retraídos e surpresos com a recepção dos pequenos ao Hokage, e também porquê nunca viram o velho homem tão a vontade, Neji e Hizashi vieram em companhia de uma outra mulher que Hinata conhecia muito bem, a quem a menina queria muito rever.

— Tia Natsume! — ela cumprimenta feliz e abraça a mulher que se emociona com o gesto da pequena.

Quando soube pelo marido e o filho, que iriam ver Hinata e comemorar seu aniversário, ela ficou intrigada com as revelações deles, que diziam encantados o quanto a pequena estava bem, feliz e saudável, ela quase não acreditara, mas agora, vendo com os próprios olhos, parecia até outra criança. Depois de abraçar o tio e o primo, a menina se afasta e fixa seus olhos na outra família no local, esses ela não conhecia muito bem, e por tal, fez uma reverência discreta e delicada, como ela era, arrancando sorrisos dos mais velhos; mas não tinha problemas, por que esses, seu amigo conhecia e foi logo os tratando da mesma forma que a menina fez aos seus. Todos entregaram seus presentes para a menina, que estava radiante de receber tantos num mesmo dia, ela recebera dos tios um kimono lindo de ceda, dos Nara's um tabuleiro de shogi novo e decorado, de Asuma mais livros de contos que ela tanto gosta, de Kakashi dois leques ornamentados e muito afiados por sinal, ele disse que ela logo aprenderia a usar, do Hokage ganhara uma linda boneca de porcelana, a qual ele disse se parecer muito com ela, Hinata agradeceu muitíssimo a todos pelos presentes e os guardou no quarto junto de sua linda caixinha de músicas; assim que todos se acomodaram, Naruto sentiu que era seu dever, como Kurenai-san lhe explicara certa vez, como dono da casa, dar inicio as conversas e deixar os convidados a vontade, essas segundo sua tutora, eram as regras da boa convivência e relações de amizade; e como o menino estava mais que feliz de ter tantas pessoas ali, ele cumpriria seu papel perfeitamente, mesmo sem saber muito o que fazer ou o que conversar com adultos, mas Naruto tinha uma perspicácia e engenhosidade só dele, e isso o ajudava nessas horas.

— Gostaram da nossa casa? — ele pergunta sorrindo, olhando as duas famílias que estavam ali pela primeira vez.

Os adultos se surpreenderam com a pergunta do pequeno, jamais viram uma criança que tentasse conversar com eles de forma tão natural, mas logo perceberam que isso se devia ao fato dele não conviver com outras crianças, pelo menos até recentemente, isso explicava o porquê de Naruto parecer tão maduro para eles, já que por muito tempo só teve a companhia de adultos e aprendeu cedo a conversar como um.

— Oh sim, é muito bonita e aconchegante! — Hizashi responde admirado pela iniciativa do menino.

— Quando não tem neve, as flores daqui são as mais bonitas! — Hinata conta e inconscientemente segura a mão do amigo, gesto que não passa despercebido ao olhos astutos dos mais velhos.

— Imagino como você gostou então, minha menina, você sempre gostou de flores. — Natsume comenta com carinho.

— Sim, mas a mais bonita é a que Naruto-kun pegou pra mim. — ela conta e então se levanta de imediato — Vocês querem ver?

Os convidados então concordam sem entender e a menina corre em direção ao quarto, deixando todos perdidos, Kurenai assiste tudo orgulhosa dos seus pupilos, eles encantam e enfeitiçam qualquer um, basta se aproximar deles e se deixar levar. Quando ela volta, traz nas mãos um pequeno tronco de árvore oco, que foi cortado pela tutora, e dentro têm plantada uma linda orquídea branca.

— Que linda, nunca vi uma orquídea assim, nem nos Yamanaka. — Yume, esposa de Shikaku fala impressionada.

— Foi Naruto-kun quem achou. — Hinata conta feliz, olhando seu amigo com carinho.

— Ele me deu um grande susto nesse dia. — Kurenai conta, chamando a atenção dos adultos — Estava treinando Hinata, enquanto ele descansava, e quando vimos, Naruto tinha subido na árvore mais alta, ele viu a flor e quis fazer uma surpresa! Já que ele conseguiu pegá-la, cortei esse tronco oco e plantamos ai, essa espécie é silvestre, só cresce por aqui!

— Você é um menino muito gentil, Naruto. — Natsume elogia e ele estufa o peito orgulhoso.

— Kurenai-san ensinou que devo ser gentil com todos, e mais ainda com meus amigos, e a Hinata-chan é minha melhor amiga para sempre! — ele responde e olha para a menina, e seus olhinhos brilham quando fala dela.

— Estamos vendo. — Hizashi comenta vendo o carinho que o menino tem pela sobrinha.

— Mas também, ela não é chata igual as outras meninas. — Shikamaru que observava tudo em silêncio, comenta e faz todos rirem.

— Ela não é, o vovô disse que somos companheiros agora. — Naruto fala pegando a mão da menina novamente, quando não estão treinando, eles não conseguem ficar afastados por muito tempo.

— Você gosta de viver aqui Hinata? — Hizashi pergunta a ela.

— Eu amo viver aqui, aqui eu tenho o Naruto-kun comigo, a gente está treinando para ficar fortes e eu gosto de treinar com a Kurenai-san, o vovô vem ver a gente e o Kakashi-san também, Asuma-san é nosso amigo também. — ela vai falando e seus olhinhos se viram para os Nara's que a olham encantados — Vocês também podem ser nossos amigos, eu e Naruto-kun vamos gostar muito, e o senhor e a tia Natsume também, eu só não quero voltar para o clã, nunca mais...

Hinata fala sentida e corta o coração de todos, era nítido o quanto ela ficou magoada com tudo que viveu, Naruto vendo que ela iria chorar, a abraça imediatamente, não a deixaria ficar triste nunca mais; esse pequeno gesto deixa os adultos ainda mais impressionados com a perspicácia do menino e o cuidado que ele têm com a pequena Hyuuga.

— Você não vai voltar Hinata-chan, nunca mais vai voltar, vai ficar aqui e morar comigo para sempre, e eu vou ficar muito forte e vou te proteger. — ele fala acariciando os cabelos da amiga — Não chora Hinata-chan, não gosto de te ver chorar!

Os Nara's e os Hyuuga's, ficam admirados com o carinho que Naruto tem por Hinata, e se espantam mais ainda de vê-la se acalmando com as palavras dele, e o menino, no intuito de distraí-la para que não volte a chorar, se vira para os outros dois garotos.

— Vocês querem brincar? — Naruto pergunta para os dois meninos e Shikamaru é o primeiro a se levantar.

— O que é brincar? — Neji pergunta perdido, ele como Hinata, recebeu uma criação rígida, apesar do seu pai tentar a todo custo, amenizar as regras para o filho.

— Você vai gostar nii-san, é divertido. — Hinata fala já mais calma, saindo do abraço do amigo, ela pega o primo pela mão e sai da sala o puxando, ela para no meio do caminho e pega a sua flor e leva junto.

Naruto faz uma expressão de desagrado com isso, mas faz sinal para Shikamaru os seguir, e os quatro vão para o quarto e deixam os adultos na sala. Os dois casais que ainda não tinham visto a interação dos dois, ficam abobalhados, os Hyuuga's por saber que Hinata nunca foi comunicativa desse jeito, sempre se retraia e não falava com estranhos, só respondia o que era perguntado e mais nada; os Nara's por que já ouviram os boatos sobre o menino, que não era nada do que diziam. Eles olham para Kurenai, em busca de explicações sobre aquela situação, os dois eram tão diferentes das outras crianças, eles conversavam como adultos, mas suas atitudes ainda eram de acordo sua idade.

— Como podem se dar tão bem? E isso em tão pouco tempo? — Hizashi pergunta abismado.

— Eles já sofreram tanto na vida, que acho que amadureceram mais cedo, eles ainda tem a sensibilidade e os sonhos infantis intactos, mas já tem uma percepção maior do mundo a sua volta, e o mais incrível disso tudo, é que eles não odeiam quem já lhes fez mal, são realmente puros de coração. — Kurenai explica e não se impede de se entristecer — Vocês com certeza acompanharam os maus tratos que Hinata sofreu, as surras, as humilhações, o descaso, e com Naruto não foi diferente, ele já passou fome, foi espancado, maltratado; eu não gosto nem de lembrar a forma que o peguei aqui, era só um caco, um resquício de uma criança. Mas quando se conheceram, foi instantâneo, a amizade e cumplicidade dos dois é algo que nunca vi igual, eles se ajudam, se entendem e se completam, é como se tivessem encontrado um no outro a sua alegria!

— Eu nem sei como agradecer o que o senhor fez pela nossa menina, Hokage-sama, e você Kurenai-san, por cuidar tão bem dela. — Natsume fala enternecida, mas logo suas feições se tornam aflitas — Mas tenho muito medo do que Hiashi-sama fará, quando descobrir onde ela está!

— Ele não poderá fazer nada, ele assinou um contrato abrindo mão de Hinata, ela agora é uma Kunoichi de Konoha em treinamento! — o velho homem conta, para o alívio da Hyuuga.

— Que mal pergunte, que tipo de treinamento está fazendo com eles, Kurenai-san? — Shikaku pergunta interessado.

— Não há mal nenhum Shikaku-san, por esses dois meses, eu os ensinei movimentos básicos de Taijutsu, hoje comecei a introdução de armamentos ninjas e do uso de Chakra e os seus fundamentos, assim que essa etapa estiver concluída, chamarei um mestre de cada área para ensiná-los, eles terão treinamentos avançados de Genjutsu, Ninjutsu, Taijutsu, estratégia de batalhas, emboscadas, resgates, infiltração, rastreio e eliminação, também terão um mestre de armamentos para lhes ensinar, além de Hinata receber treinamento médico. — a mulher enumera deixando as duas famílias assustadas.

— Mas não é cedo para treiná-los dessa forma? — Natsume pergunta preocupada.

— Sim, Shikamaru nem sabe o que é Taijutsu ainda. — Yume faz coro espantada.

— Eu sei que parece cruel tirar a infância deles, mas sei o que os aguarda lá fora, e não quero vê-los dentro de um caixão, e eu logo irei embora e não terei mais tanto tempo para me dedicar a eles, daqui a dois anos os dois viverão sozinhos aqui, preciso aproveitar esse tempo o máximo possível. — Kurenai rebate e demonstra toda tristeza que sente por as coisas serem assim — Vocês não sabem o quanto eu queria que eles fossem crianças normais, mas não posso pensar assim e relaxar o treinamento deles, depois serão eles que sofrerão as consequências das minhas escolhas.

— Kurenai está certa, a função que os dois desempenharão pela vila é a mais perigosa de todas, e eles devem estar preparados! — Kakashi fala pela primeira vez na noite.

— Suponho então, que eles não irão para a academia? — Shikaku pede especulativo.

— Eles irão, mas somente no último ano dos candidatos a Genin, para manter as aparências, até lá, ficarão aqui e quando estiverem aptos, cumprirão  missões para mim, mas também não serão distribuídos em times como de costume, Hinata e Naruto serão o time 0! — o Hokage fala surpreendendo a duas famílias, que finalmente começam a entender os planos do homem — Sei que parece errado, ainda mais considerando a idade deles, mas as habilidades que os dois têm, não podem ser desperdiçadas deixando-os se tornar simples Genin, e ainda temos o fato da Kyuubi estar selada em Naruto e a origem genética de Hinata, esses são mais motivos para levar meus planos adiante.

— Foi por isso que pedi que viessem, o que os dois enfrentarão de agora em diante, será algo que os levará ao extremo, nem um adulto consegue manter a sanidade diante disso, imaginem essas duas crianças? Peço encarecidamente que permitam que seus filhos e meus pupilos sejam amigos, ou os perderemos, perderemos sua bondade e a pureza em seus corações! — Kurenai fala entre as lágrimas, deixando as duas famílias compadecidas do seu pedido.

— Mesmo que eu não permitisse, Shikamaru daria um jeito de se aproximar deles, ele quer realmente ser amigo dos dois. — Shikaku fala rindo, sabia que o filho era bem capaz de encontrar um jeito de ver as duas crianças.

— Digo o mesmo de Neji, agora que sabe onde a prima está, duvido muito que se afaste. — Hizashi fala animado — E isso pode ser bom para o próprio crescimento deles, veja bem, Neji ficou espantado que Naruto conseguiu derrubar aquele garoto com um único soco hoje, e já se mostrou mais interessado nos seus treinamentos.

— Então está decidido, vocês são os únicos Hyuuga's que tem permissão de conviver com Hinata e Naruto, e vocês Nara's também, serão as únicas famílias e seus filhos, que terão autorização de vir aqui sem a minha prévia autorização. — o Hokage sentencia contente, seus queridos "netinhos" não serão tão sozinhos agora.

Logo as mulheres vão para a cozinha, seguindo Kurenai que irá terminar o jantar, elas conversam animadas sobre os mais diversos assuntos, os homens na sala conversam sobre os próximos exames de graduação da vila, e sem se perceber, já estão montando estratégias junto de Kakashi e Asuma, e o velho Hokage observa tudo em um silêncio orgulhoso dos seus Shinobis, ele se pergunta se de onde estão Minato e Kushina, eles estão vendo as mudanças que seu amado filho está fazendo junto de sua pequena companheira, mesmo agora, nesse momento de incerteza, os dois trazem esperanças ao coração do velho senhor; no quarto os pequenos montam uma torre gigante de bloquinhos de madeira, cujo objetivo é retirar os bloquinhos da base e levá-os ao topo, sem deixar que a torre caia, Neji e Shikamaru acharam estranho que todos os jogos dos dois, eram jogos de raciocínio lógico, de estratégias e de charadas, e os dois estavam tendo dificuldade de acompanhar Naruto e Hinata no jogo, Neji e Shikamaru concluíram que foi um erro deixar os dois como um time, estavam perdendo vergonhosamente. Neji também notou o quanto Naruto e Hinata eram unidos, e a forma como os dois se olhavam era diferente, tinha cumplicidade e parceria naqueles olhares, ele até sentiu certo ciúme da prima, mas se ela estava bem assim, era o que lhe importava; Shikamaru prestara atenção nos dois como um time, e logo percebeu que eles nunca falavam o que iam fazer, cada movimento era decidido com um olhar dos dois, eles se comunicavam de forma muda, o que tornava as tentativas do Nara de antecipar seus movimentos, falha, e isso o frustrava, por que queria achar uma falha para vencê-los, pelo menos nesse jogo. Eles ficaram assim pela próxima meia hora, até Kurenai entrar no quarto para chamá-los para jantar, e quando estão todos a mesa, eles cantam músicas de felicitações para Hinata, que fica muito constrangida com toda essa atenção que recebe, e esconde o rostinho rechonchudo no ombro de Naruto, que está sentado ao seu lado, como sempre; os adultos conversam e apreciam a refeição, enquanto os pequenos fazem planos e montam estratégias para vencer os adversários no jogo da torre, e por fim Kurenai serve o bolo de aniversário que fez com todo carinho para menina.

— Muito bom, agora você é uma mocinha Hinata! — Natsume fala animada.

— O que é uma mocinha? — Hinata pergunta curiosa.

— Isso quer dizer que você já é uma menina crescida! — Yume explica solicita.

— Então agora a Hinata-chan pode ter um casamento? —Naruto pede mais animado ainda, deixando as duas famílias confusas.

— Naruto...— Kurenai começa, com o intuito de repreende-lo.

— Kure, deixa eles, não tem maldade nenhuma, um dia eles entendem, mas por hoje, deixe que pensem assim. — Asuma intervém, ele já sabia do que se tratava, já que Kurenai sempre conversava com ele sobre as coisas que aconteciam na cabana — Isso ai garoto, o que tem a dizer a respeito?

Asuma faz graça, e os demais entendem do que se trata, Naruto então se ergue no banquinho, mais que feliz com a descoberta, ele olha para a menina que está tão feliz quanto ele, dá o seu melhor sorriso antes de falar qualquer coisa.

— Então Hinata-chan? Agora podemos ter um casamento, você quer? Nós vamos ganhar nomes especiais! — ele fala e seus olhinhos brilham.

— Sim Naruto-kun, onde a gente encontra um casamento, Kurenai-san? — ela se vira felicíssima para a tutora.

— Ah, mas vocês já tem um. — Kakashi entra na brincadeira, os demais riem da inocência dos pequenos, os únicos que não entendem nada, são Neji e Shikamaru — A partir de hoje, Hinata e Naruto tem um casamento, viva os dois!

Os outros fazem coro e os dois pequenos batem palmas animados, em suas cabecinhas os dois finalmente tinham um casamento, e isso era maravilhoso aos olhos dos dois. Eles comem o bolo entre risos e planos, os dois pequenos nem parecem ter enormes responsabilidades, eles encaram tudo com uma leveza e simplicidade impressionantes. Depois do jantar, todos se reúnem na sala para tomar um chá, Naruto e Hinata, que haviam se lambuzado com o bolo, vão ao banheiro se lavar e já escovam os dentes, tudo entre risadas e brincadeiras que deixam os adultos, que estão ouvindo tudo, contentes de ver o quanto se dão bem; os dois vão em seguida para o quarto,se trocam e vestem seus pijamas, eles pegam um jogo de quebra cabeças novo e voltam para a sala para continuar as brincadeiras. Hinata, que nunca teve uma festa de aniversário, estava adorando a comemoração, ela ria e conversava com todos, estava feliz de ver tantas pessoas ali por ela, pessoas que a queriam bem, mesmo só tendo convivido com sentimentos ruins nos seus primeiros anos de vida, ela conseguia reconhecer que aquelas pessoas ali, só tinham sentimentos bons em seus corações; Naruto por sua vez, estava contente de ver que sua amiga ganhou um aniversário tão especial quanto o primeiro que ele teve com Kurenai-san e o vovô, em sua cabecinha, tudo que lhe importava era que Hinata estava feliz e ele adorava vê-la sorrir, Naruto achava o sorriso dela o mais bonito de todos. Assim eles iam brincando com seus novos amigos, enquanto eram observados pelos adultos, que queriam mais que tudo, interagir com os dois pequenos, eles se sentiam compelidos a conversar com as crianças, como se Naruto e Hinata tivessem um imã que atraia as pessoas, e no intuito de entender mais as duas crianças, passam a fazer-lhes várias perguntas e se surpreendem com as respostas dos pequenos.

— Agora queremos saber, por que os dois queriam tanto um casamento? — Yume pede, fazendo uma cara engraçada.

— É por causa da história de contos, Hinata leu um que tinha dois jovens que se casaram no final. — Kurenai explica.

— Ah, então foi isso? Mas o que tinha demais nesse conto? — Natsume pergunta olhando  as duas crianças.

— Eles eram felizes, igual sou feliz com Naruto-kun! — a menina responde simplesmente.

— Eu também sou feliz com você Hinata-chan, antes eu vivia sozinho e triste, mas agora eu não sou mais assim! — Naruto fala e segura a mão dela, levando os demais a ficarem com lágrimas nos olhos.

Eles brincam e montam jogos sem parar, tem uma energia absurda que não acaba nunca, Shikamaru e Neji já até dormiram no sofá, enquanto Naruto e Hinata continuam com os jogos, nem parecem que acordaram cedo naquela manhã; quando os adultos se dão conta do horário, se espantam, os Nara's nunca passaram tanto tempo fora de casa, os Hyuuga's também nunca se ausentaram tanto do clã, o grande Hokage já estava acostumado com isso, sempre que visitava as duas crianças, voltava tarde para casa, mas em uma coisa todos concordaram, nunca passaram uma noite tão agradável e descontraída, eles se preparam e vestem seus agasalhos para irem embora, cada um pensando em quando voltariam.

— Não querem deixar os meninos aqui hoje? — Kurenai pergunta, quando vê as mulheres pegando os filhos adormecidos — Está muito frio para eles lá fora, e é uma longa caminhada até a vila.

— Não queremos abusar Kurenai-san, nem lhe causar incomodo. — Yume fala.

— Não é incomodo algum, Asuma, me ajude com a cama. — a mulher rebate e vai até o quarto dos pupilos.

Asuma monta a cama que seria de Hinata e Kurenai a forra e pega mais cobertas e travesseiros para os meninos, eles voltam para a sala e encontram as duas mães um pouco constrangidas pela situação.

— Eu não sei se é uma boa ideia Kurenai-san, não quero tirar nenhum dos dois do conforto de sua cama. — Natsume fala aflita pela possibilidade.

— E não vão, Hinata não ocupa a cama que seria dela, ela dorme com Naruto. — Kurenai explica e as duas mulheres arregalam os olhos —E vocês dois, deem boa noite a todos e vão já para a cama!

Os dois que ainda montavam o quebra cabeças no tapete da sala, se levantam e vão em direção aos convidados para se despedir, eles abraçam Kakashi, Hiruzen, Asuma e Hizashi, Hinata fica constrangida de abraçar Shikaku, mas o faz por fim, Naruto também abraça a todos e então dão boa noite e seguem para o quarto, sendo seguidos por Kurenai, Natsume e Yume, que carregam seus filhos nos braços; elas assistem embasbacadas, cada um dos pequenos se dirigir a uma ponta da cama, e ficarem sentadinhos esperando o seu beijo de boa noite, como Kurenai faz todas as noites, as duas então colocam seus filhos na cama e os cobrem com as grossas cobertas, quando deixam o quarto, Kurenai apaga a luz e fecha a porta.

— Não acha arriscado deixar os dois dormirem assim, Kurenai-san? — Natsume pede preocupada.

— Não, eu não vejo problemas, como vocês viram hoje, os dois são inocentes, não tem maldade ou malícia em suas ações. — ela explica quando vão se aproximando dos outros na porta — E Hinata tem muito medo de dormir sozinha, ela só consegue dormir com Naruto.

— Mas e como vai ser quando eles crescerem? Uma hora eles vão crescer Kurenai-san, e entenderão coisas que hoje não entendem. — Yume contesta.

— Quando eles crescerem e se for o caso, eu conversarei com eles e explicarei tudo, é minha função afinal, mas por hora, não vou me precipitar e lhes ensinar coisas desnecessárias! — Kurenai afirma, dando o assunto por encerrado.

Quando vê que sua esposa irá contestar, Hizashi decide tomar a frente para evitar confusão, ele entende a preocupação dela, mas a criação de Hinata não está mais nas mãos deles, e portanto não devem se intrometer.

— Agradecemos a hospitalidade, Kurenai-san, ficamos extremamente felizes por participar desse momento especial na vida de Hinata! — ele fala e muda de assunto — Amanhã pela manhã, passarei aqui para buscar Neji, qual o melhor horário para isso?

— Não há o que agradecer Hizashi-san, Hinata e Naruto são como os filhos que ainda não tive, eu faço qualquer coisa para vê-los felizes. — Kurenai rebate emocionada, por que era verdade, por seus pupilos ela seria capaz de tudo — Pode passar a hora que desejar, nós acordamos cedo por aqui.

— Então vamos fazer assim, nós nos encontramos amanhã na saída da vila e viemos juntos buscar os meninos, que acha Hizashi? — Shikaku pergunta.

— Combinado então! — o outro concorda.

Assim todos se despedem e partem na noite gelada, Kakashi deixaria o Sandaime em casa primeiro, e as duas famílias partiram cada uma para seus respectivos clãs, Asuma também se despede de Kurenai e parte para o seu apartamento muito a contra gosto; quando a mulher se vê sozinha novamente na pequena cabana, decide fazer um clone para organizar a cozinha enquanto ela toma um banho relaxante e se prepara para dormir. Enquanto se banha, ela pensa no que as duas mulheres lhe falaram mais cedo, e depois de tanto pensar, chega a conclusão de que as duas estavam sendo precitadas em seus julgamentos, seus dois pupilos eram crianças puras e inocentes, nunca fizeram algo que pudesse ser visto com maus olhos; eram curiosos, isso ela sabia, mas eram crianças tão ingenuas, que tudo que lhes trazia dúvidas, eles perguntavam, não buscavam descobrir sozinhos, e isso aos seus olhos era muito bom, assim quando eles começassem a ter pensamentos diferentes e mais maduros, ela saberia e interviria. Mas essas questões eram para o futuro, não era algo que ela deveria se preocupar agora, agora eles eram duas crianças com sonhos infantis, e desejos inocentes de fazer o outro feliz; foi pensando nisso que a mulher dos olhos carmim adormeceu.

No outro dia, os raios solares mal despontavam no céu azul, a luz do novo dia mal adentrava do quarto, e duas crianças já davam os primeiros sinais de que iriam acordar; o primeiro senta-se na cama com a carinha amassada pelo sono, esfrega os olhinhos muito azuis, iguais aquele céu bonito, e então os fixa no outro lado da cama, para assistir o outro montinho sob as cobertas se remexer e por fim levantar. Naruto achava engraçada a forma como Hinata acordava, os cabelos curtos levantados para cima, despenteados e parecendo um daqueles ninhos de passarinhos, os olhos dela também ficavam pequenininhos e lacrimosos, até finalmente se abrirem; o menino não entendia porquê, mas adorava ver isso pela manhã. Já Hinata, sempre despertava depressa, pois sabia que se fizesse isso, encontraria dois olhos muito azuis a fitando, e logo receberia aquele sorriso que a deixaria muito feliz. Os dois desviam a atenção, então para seus companheiros da noite passada, e riem baixinho vendo-os dormir, Shikamaru todo esparramado na cama, com um dos pés no rosto de Neji, que está agarrado as suas pernas; eles levantam da cama tentando não fazer barulho e acabar acordando os seus novos amigos, mas não evitam de rir baixinho da cena, eles arrumam sua cama como em todas as manhãs e deixam o quarto em completo silêncio e encontram Kurenai sentada a mesa da cozinha com uma xícara em mãos, ela se assusta quando os vê puxando a cadeira para sentar-se.

— Olha só pra vocês, estão ficando realmente bons, eu nem os vi chegando. — ela os elogia e passa a servi-los — Bom dia meus pequenos ninjas!

— Bom dia, Kurenai-sensei! — eles respondem juntos e agradecem a refeição.

Depois do café, os dois se lavam e vão trocar de roupas para começar o treinamento do dia, tudo no mais completo silêncio para não acordar os amigos, se agasalham bem e saem para fora com sua tutora, e como já sabem o que esperar, os dois fazem uma pequena corrida para se aquecer e preparar o corpo para o próximo exercício, eles fazem agachamentos, treinam os chutes, socos e bloqueios em dois troncos que a sensei preparou para eles, nessas horas eles nem parecem ter cinco anos e muito menos parecem inofensivos, a mulher percebe então que seus pupilos já descobriram para que servem seus treinamentos e a determinação no olhar deles é inspiradora, talvez eles não sejam ingênuos como ela pensava, pelo menos não nesse ponto; Kurenai então faz dois clones e se afasta para observá-los e corrigir qualquer possível erro em suas posturas ou em seus golpes. Ela observa orgulhosa do quanto os dois melhoraram, Hinata já tem a postura firme, seu chute melhorou muito e o angulo também, agora ela já consegue um angulo de 90º graus, isso sem falar na sua defesa, está cada vez mais dificil encontrar uma abertura e isso que ela nem despertou o byakugan ainda; Naruto não tem mais golpes esparramados e sem sentido, agora ele já aprendeu a identificar os pontos fracos do oponente e usa sua velocidade natural a seu favor, quando o clone o ataca, ele defende e contra ataca ao mesmo tempo, seus golpes ficaram mais fortes e precisos, e foi com um espanto enorme que Kurenai percebeu, que quando ele fez um movimento que pareceu errado, era na verdade uma armadilha para pegar o clone de guarda baixa e derrotá-lo. Ela então passa um exercício de arremesso de kunais e shurikens, os faz arremessar de diferentes ângulos e a cada vez vai dificultando o acesso aos alvos e muda o local do arremesso, os pequenos cumprem a tarefa sem reclamar, essa era outra qualidade deles, não importava o que a tutora lhes mandasse fazer, eles cumpriam sem protestar; Kurenai logo passa para o próximo exercício, volta a fazer clones e estes vão usar kunais dessa vez, ela pensa que talvez seja cedo para isso, mas logo descobre que não, assim eles passam as próximas duas horas sem descanso.

Dentro da cabana, os dois garotos despertam ao ouvir os sons metálicos que vem de fora, eles se assustam quando percebem que não estão em casa e que estão juntos, logo olham ao redor e reconhecem o quarto onde brincaram na noite passada, imediatamente entendem que seus pais os devem ter deixado ali, eles levantam da cama e encontram seus calçados ao pé da cama; os dois vão saindo do quarto e voltam a ouvir os sons de metal se chocando, se entreolham e decidem ir ver o que é. Os dois saem pela porta da frente e dão a volta na cabana, os passos meio incertos na neve, até que chegam aos fundos e encontram a origem do barulho, Neji se espanta ao encontrar a prima que sempre fora tão delicada e frágil, atacando com ferocidade um clone da sua tutora, e ainda mais de vê-la com uma kunai na mão, Shikamaru fica estarrecido quando vê Naruto desviar de um ataque do outro clone e acertá-lo na barriga com a sua kunai, desfazendo assim o Jutsu. Kurenai sente a presença dos dois ali e se vira para olhá-los, os dois parecem petrificados no lugar, a mulher então faz o clone restante se afastar e tomar seu lugar como observadora, e caminha até os garotos.

— Bom dia! Que bom que acordaram, venham , vou preparar seu café. — ela fala e olha para seus pupilos que aguardam novas ordens — Testem seus movimentos entre si, com calma para não se machucarem, só quero que um bloqueie o outro!

— Sim, Kurenai-sensei! — eles respondem e se colocam em posição.

Kurenai volta para a cabana com os dois, que ainda estão muito assombrados para falar qualquer coisa, antes de voltar, eles ainda dão mais uma olhada nos dois que se enfrentam, e só agora que notam que aquela parte da clareira parece um pequeno campo de batalha, tem alvos cravejados de shurikens e kunais, alem das que estão no chão a toda volta; e isso para Shikamaru, que ainda nem começou seu treinamento ninja, é inacreditável, ele não imaginava que os dois treinassem assim, e para Neji que só sabe o básico do básico, é assustador demais, perceber que sua pequena prima, a quem ele deveria proteger como membro da família principal, treina tão pesado assim. Kurenai acabou por achar engraçadas as expressões deles, era nítido que não estavam habituados a ver esse tipo de treinamento, enquanto ela preparava um mingau quentinho para os dois, se perguntava se não estaria pegando pesado demais com seus pupilos, mas algo no fundo do seu ser, como um sexto sentido, lhe dizia que não, lhe dizia que ela deveria continuar por esse caminho com eles.

A alguns metros dali, saltando por entre as árvores, estavam Hizashi e Shikaku, os dois se encontraram para ir buscar seus filhos, esperavam não estar indo tarde demais e nem tão cedo; conforme se aproximavam da clareira, era possível ouvir ruídos cada vez mais nítidos, sons que identificaram como sendo de um pequeno confronto armado, apertaram o passo então, e conforme avistaram a cabana, deram passos cautelosos em sua direção, mas tudo parecia calmo por ali, com exceção dos sons de luta, nada mais parecia anormal por ali. Deram a volta na casa então e foram indo em direção aos ruídos, e estes também se espantaram com o que viram, seus olhos incrédulos encontraram Naruto e Hinata se enfrentando, cada um com uma kunai em mãos. Hizashi estava chocado, mas logo saiu do transe, quando viu o menino avançar contra a sobrinha e fez menção de interceder, mas fora impedido por Shikaku que o segurou.

— Eles estão treinando e você não deve se intrometer. — disse simplesmente, de olhos fixos nos pequenos.

Hizashi ficou mais espantado ainda, quando viu a menina bloquear o ataque, e então Naruto se afastou e foi a fez de Hinata atacar, percebeu então, que eles não estavam lutando realmente, estavam apenas bloqueando os ataques um do outro, e de forma exemplar; Shikaku observava tudo com um sorrisinho no rosto, os dois pequenos eram tão habilidosos, qualquer um que os visse agora, não diria que tem a idade do seu filho. Os dois homens avistam o clone de Kurenai e chegam a conclusão de que ela deve estar dentro da cabana, assim sendo, eles voltam para a frente e pedem licença para entrar na casa, avistam a mulher na cozinha com seus filhos, que terminam de tomar o seu café.

— Bom dia, chegaram em boa hora, estão servidos? — ela pergunta se virando para os dois.

— Obrigado, Kurenai-san, mas nossa demora é pouca! Só viemos buscar esses garotos. — Shikaku recusa de pronto — Shikamaru deu trabalho?

— Não, de modo algum. — ela responde os vendo ir de encontro ao pais.

— Obrigado por cuidar de Neji, Kurenai-san. — Hizashi agradece.

— Não me agradeça por isso, desculpe eu não oferecer mais nada, pela manhã não tenho muito tempo. — ela fala aos dois.

— Não se incomode, como eu disse, nossa demora é pouca, já vamos indo, ou vamos chegar só ao meio dia na vila. — Shikaku fala e coloca Shikamaru nas costas.

— Mas eu queria brincar mais um pouco com Naruto e Hinata. — o menino protesta.

— Outra hora você vem pra brincar Shikamaru, agora eles estão treinando e não devemos atrapalhar. — o pai lhe responde.

— Eu também posso voltar papai? — Neji pede esperançoso.

— Sim, mas vamos combinar com Kurenai-san antes, para não atrapalhar os treinos da sua prima. — Hizashi responde e o filho sorri — Até mais, Kurenai-san!

Os quatro partem então, e os dois meninos, vão sendo carregados pelos pais, se perguntando quando poderão ir brincar ali novamente, só esperavam que fosse logo. Antes que a cabana sumisse de vista, os dois olham para trás, ainda tendo um vislumbre do lugar onde aprenderam tantas coisas especias em uma só noite, mas a principal delas foi a amizade.


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