O Sol e A Lua escrita por Luana de Mello


Capítulo 3
O Aniversário de Hinata


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, mais um capítulo, ficou meio grandinho, espero que gostem!



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Dois meses passaram voando, a neve já se acumulava por toda parte, agora tudo era feito de cristal, as copas das árvores, os rios, o chão ao redor da cabana; o que não se parecia com pequenos diamantes de gelo, estava coberto por uma fofa camada de neve. Agora os dias eram mais curtos e as noites mais longas, nem uma alma viva em Konoha, queria estar nas ruas com aquele frio, nem mesmo os animais saiam de suas tocas e seus ninhos. Mas na clareira era diferente, para Naruto e Hinata, aquela neve toda era um verdadeiro parque e também um desafio; quando não estavam brincando, fazendo bonecos de neve, anjos de neve e guerras de bolas de neve, os dois estavam treinando pesado naquela imensidão branca; faziam enormes corridas, agachamentos e polichinelos, ou treinavam até a exaustão o seu Taijutsu. Kurenai havia transformado tudo e qualquer atividade em treinamento, seja quando tinham que cortar lenha, retirar a neve da calha ou da entrada da casa, ou até mesmo em suas brincadeiras e atividades diárias, tudo era um treinamento e isso começava a dar frutos, ela percebia as sutis mudanças; Naruto tinha muita resistência, era veloz e tinha uma certa força já nessa idade, Hinata era versátil, flexível e tinha uma precisão nos seus golpes, que eram quase perfeitos.

Depois daqueles dois primeiros dias, os dois desenvolveram um vínculo especial, não faziam nada mais separados um do outro, dispensaram a cama extra e ficaram dividindo a de Naruto mesmo, já que a menina sempre acordava com pesadelos no meio da noite e ia para a cama dele para conseguir dormir, entre os dois, tudo era calmo e equilibrado; Hinata era serena e observadora, Naruto expansivo e hiperativo, mas os dois se completavam muito bem, e quando um aprendia algo novo, não demorava o outro acompanhar, e foi assim que os dois aprenderam a ler e a escrever perfeitamente depois de três semanas fazendo muitos exercícios de escrita. Agora eles treinavam quase o dia todo com Kurenai, e praticavam a leitura a noite, com livrinhos de charadas e questões didáticas para estimular o intelecto deles. Kurenai sabia que estava exigindo muito deles, que deveriam ser crianças acima de tudo, mas sabia também que o mundo ninja, ao qual eles seriam inseridos precocemente, era o mais cruel possível, e por isso queria que eles estivessem preparados para tudo, e os capacitaria mais do que qualquer aluno que já passou por suas mãos, ainda mais sabendo qual eram os planos do seu sogro para eles; planos esses que se mostraram cada vez mais certos, quando em uma manhã, ele os visitou e viu um de seus treinamentos, o velho Hokage ficou encantado com o que viu, nunca em sua longa vida, se deparara com crianças tão habilidosas e promissoras, existiu uma de fato em especial, mas Naruto e Hinata mostravam aptidão para superar as expectativas. E mesmo os dois sendo tão pequenos e parecerem tão frágeis, eram maduros o suficiente para entender o que se passava e levar os treinamentos a sério, como qualquer adulto. 

O Hokage e sua nora também perceberam algo que era muito incomum, ainda mais considerando a pouca idade dos dois, eles conseguiam se entender e se comunicar, muitas vezes sem dizer uma palavra, sabiam ler e reconhecer a postura e as feições um do outro, eram sutis em seus atos e tinham uma engenhosidade para solucionar as mais diversas situações; isso elevou os planos do velho homem a níveis um pouco mais altos do que ele esperava. Assim os dias foram passando, entre treinamentos e lições, tarefas e preparativos para uma vida a sós, os dois se desenvolviam e cresciam a olhos vistos, e passaram por mudanças neles mesmos, não só como um time; Hinata não vivia mais receosa ou amedrontada, agora falava livremente como qualquer criança da idade dela, recuperou seu peso normal e estava bem mais disposta e comunicativa, ainda tinha traumas em sua cabecinha, mas ela pouco a pouco os superaria, já Naruto assumiu uma alegria de proporções estratosféricas, estava mais concentrado e aplicado em seus afazeres, e fazia tudo com um sorriso no rosto, para o menino, o principal era que não estava mais sozinho, não se sentia um alguém abandonado. Mas claro que com todas essas mudanças e coisas boas, também tiveram dias em que as coisas foram difíceis, quando Kurenai as vezes se empolgava e se esquecia do passado da garota, e passava alguma exercício ou tarefa com um pouco mais de seriedade e menos gentileza, Hinata automaticamente se retraia e não conseguia concluir; o motivo a mulher acabou descobrindo por fim, quando escutou atrás da porta uma conversa dos pequenos, Naruto tentava acalmar Hinata, depois que ela não concluiu a lição e com seu jeito cuidadoso e sempre preocupado com a amiga, pediu o porquê Hinata se desesperou quando Kurenai trouxe os bastões para eles treinarem o Taijutsu naquele dia, soluçando e tremendo muito, a menina contou que quando não fazia algum golpe direito, ou não assumia a postura correta, seu pai ou qualquer outro adulto do clã lhe batia repetidas vezes com varas e bastões. Aquela confissão quebrou o coração da mulher, aquilo era cruel demais, desumano demais, quando seu sogro lhe contara que cuidaria da menina e que ela havia passado por maus tratos, imaginou que seria algo grave, mas não imaginou que seria tanto assim; Kurenai não conseguiu se controlar e sem se importar em demonstrar que tinha ouvido, entrou no quarto com o rosto banhado em lágrimas e abraçou seus pequenos pupilos, os consolando e confortando, queria poder apagar de seus corações todo aquele sofrimento, naquela noite, quando os dois dormiram com os rostinhos inchados e os narizes vermelhos de tanto chorar, Kurenai prometeu que os tornaria fortes e inabaláveis, que os cercaria de todo amor, para que nunca mais alguém pudesse lhes fazer mal.

A medida que os dias iam passando, também surgiram várias dúvidas, naturais para os dois que nunca haviam convivido com outras crianças, como o dia que Naruto, com toda a sua curiosidade, perguntou a Hinata o porquê dela ter o cabelo curto, já que era uma menina, e como Kurenai era uma menina, sabia que meninas tinham cabelo comprido; acabaram por descobrir então, que esse foi outro castigo que a menina sofreu, quando desobedeceu uma ordem do pai, ele se enfurecera e mandara que um subordinado lhe cortasse o cabelo bem curtinho, mas a menina confessara que acabou gostando do corte, disse que ter cabelo grande às vezes atrapalhava. Assim eles iam tirando dúvidas com sua tutora, conforme elas surgiam, queriam saber porquê existem homens e mulheres e como passaram a existir, e Kurenai lhes contou a história da humanidade e sua criação; logo depois, queriam saber o que significava amor, quando leram a palavra em um dos livros infantis da casa, e Kurenai explicou que era um sentimento genuíno e puro que existia entre as pessoas, e que amar significava querer o bem e a felicidade do outro, independente da sua, explicou também que existem várias formas de amor, que um homem ama uma mulher, que um irmão ama o outro, que um amigo ama outro amigo, que uma mãe e um pai sempre amam seus filhos. Com isso, Naruto declarou com toda a certeza que seus cinco anos permitiam, que ele amava Hinata e Kurenai, levando a mulher as lágrimas e ela veio a se debulhar mais ainda, quando a menina a exemplo dele, declarou que também amava Naruto e Kurenai; mas essa explicação acabou gerando outra dúvida, a dúvida que seria a mais cruel de todas, assumindo uma expressão de profunda tristeza, Hinata questionou Kurenai, se seus pais não a amavam, e logo foi seguida por Naruto, que perguntou se os seus o amaram quando vivos, a mulher teve seu coração quebrado mais uma vez, como explicaria às duas crianças, a mesma pergunta de respostas diferentes? A Naruto afirmou que seus pais o amaram tanto, que morreram para protegê-lo, para Hinata ela teve que contar um pouco da verdade, disse que seus pais deviam amá-la sim, mas que não sabiam disso, não sabiam identificar o amor e nem demonstrar, foi o que conseguiu pensar em dizer, para não magoar mais aquela doce menina. Conforme sua curiosidade aumentava, Kurenai ia lhes explicando da melhor maneira possível, tudo que estava ao seu alcance, mas em um desses dias, depois do dia cansativo de treino, quando foram pegos por uma forte chuva e voltaram para casa ensopados, a mulher decidiu que não poderia deixar que se resfriassem e resolveu dar o seu banho juntos; assim encheu a banheira e os colocou na água, ela lavava os cabelos de Hinata, quando a bomba foi jogada em suas mãos. Naruto, com toda sua inocência  e ingenuidade, quis saber porque ele e Hinata eram tão diferentes, sempre a vira com roupas e pensara que eram iguais em tudo e quando externalizou sua dúvida, Hinata salientou que também queria saber; Kurenai ficou nervosa, sabia que essa dúvida viria um dia, mas não imaginou que viria tão cedo, mas se obrigou a dar uma explicação simples dos fatos, e lhes fez entender que os homens eram como Naruto e as mulheres como Hinata, que eram diferentes por quê eram duas partes de um todo que se completavam, e que os dois eram um pequeno homem e uma pequena mulher em formação. Os pequenos então, voltaram sua atenção para o banho, e demonstraram ter aceitado bem a explicação e não tocaram mais no assunto, para o alívio da tutora, que não repetiu mais a proeza de dar-lhes o banho juntos, para evitar novas perguntas a respeito; a não ser nos dias em que ambos estavam tão cansados e sonolentos, que agiam no automático e não notavam nada a sua volta.

Agora, estava ela lavando o pequeno menino na banheira, enquanto Hinata lia suas histórias de contos na sala a frente da lareira; ela já estava de banho tomado e pijama vestido, uma gentileza de Naruto, que fora ensinado por Kurenai a ser um cavalheiro, e com isso ele fazia questão que ela sempre fosse tomar banho primeiro. Kurenai estava preocupada com o dia seguinte, teriam que ir a vila comprar mantimentos e mais materiais para seus treinamentos, já queria passar a eles os ensinamentos sobre os armamentos ninjas e precisava comprar alguns para seus pupilos; mas o problema era que Naruto odiava ir a vila, odiava andar perto das outras pessoas, ele não era assim, mas ficou depois que num dia que tiveram que ir ao mercado, e nos poucos segundos que Kurenai se afastou dele, dois adolescentes o cercaram e lhe bateram, simplesmente por quê ele estava ali. É claro que Kurenai não deixou barato, pegou os dois moleques e os colocou em um Genjutsu tão forte, que tinha certeza de ter feito seus cérebros virar água, mas o estrago já havia sido feito, Naruto estava encolhido e todo machucado e jurando entre os soluços que nunca mais voltaria a vila. A sorte de Kurenai, era que amanhã seria um dia especial, e torcia para sua estratégia dar certo, e assim faria seu menino superar esse trauma também.

— Amanhã precisamos ir a vila. — ela fala baixinho e o menino se retesa instintivamente.

— Eu não preciso. — declara imediatamente.

— Eu sei que não gosta Naruto, mas precisa ir, precisa se acostumar, logo você e Hinata viverão sozinhos aqui, vão precisar se manter e manter a casa e para isso terão que ir a vila, vocês precisam aprender isso também, encare como um treinamento. — a mulher fala bondosa e vê dúvida no olhar do pequeno, então dá sua cartada final — E também, amanhã é o aniversário de Hinata, eu pensei que quisesse dar um presente especial para ela.

Foi imediato, a postura do menino mudou, seu olhar se tornou suave e um sorriso brotou nos lábios. Em sua cabecinha, a vontade de fazer um agrado para a amiga, venceu a batalha contra o medo que sentia de ir a vila, afinal era um dia especial, e conforme aprendeu com Kurenai-san e com o vovô, aniversários não deviam passar em branco.

— Tudo bem, eu vou, sou um ninja afinal! — ele fala resignado e a mulher sorri o tranquilizando — E também, a Hinata-chan merece um presente especial!

— Isso, assim que se fala. — Kurenai incetiva, orgulhosa da maturidade do menino — Você é meu pequeno guerreiro!

Ela então passa secá-lo, com os dias mais frios, não podia deixar que demorassem no banho, ou pegariam uma gripe muito forte. Nos primeiros dias, Kurenai percebeu outra coisa também, Naruto e Hinata não eram como as outras crianças, que ela ouvira as mãe falar que faziam birra na hora do banho; os dois eram calmos e não reclamavam de nada, e apesar da idade, já conseguiam se lavar direitinho sozinhos, eles iam aos poucos se soltando dos cuidados da tutora, e ela não sabia se isso era bom ou ruim.

— Kurenai-san? — ouviu o chamado fininho.

Virou-se e encontrou Hinata paradinha na porta do banheiro, com seu livro em mãos, e no rosto aquela típica expressão de quando tinha dúvidas; esse também era outro ponto, sabia diferenciar as nuances e mudanças das expressões deles.

— O que foi Hinata? O que quer me perguntar? — ela pede enquanto ajuda Naruto a se vestir.

— O que é casamento? — a menina pede e mostra a ilustração no livro.

— Casamento é a união de duas pessoas pelo resto de suas vidas. — ela explica e vai caminhando com eles para a sala — Quando um homem e uma mulher se amam, eles se unem e isso é o casamento, então eles vivem juntos e se diz que são casados e eles ganham nomes especiais um para o outro, o homem é o marido e a mulher a esposa!

— Então eu e a Hinata-chan somos casados? — dessa vez é Naruto quem pergunta, se interessando pelo assunto.

— Não meu pequeno, vocês não são casados. — Kurenai rebate achando graça.

— Por que não Kurenai-san? Você disse que sou um pequeno homem e Hinata-chan é uma pequena mulher, e eu amo ela e vivemos juntos! — o menino rebate e a tutora se espanta com suas observações, olhando por esse lado, ele estava realmente certo.

— Por que vocês ainda são crianças, precisam crescer mais para isso e precisam ter certeza do que querem. — ela fala com calma — E além do mais, para duas pessoas serem casadas, é preciso uma cerimônia de casamento!

— Então quando eu crescer, eu vou ser casado com você Hinata-chan! — o menino declara para ela.

— Naruto, você não pode dizer uma coisa dessas assim. — Kurenai tenta repreender sem ser severa.

— Por que não? — Hinata pede curiosa.

— Por que minha linda, para uma pessoa casar com a outra, precisa ter muita certeza e precisa amá-la de uma forma diferente, especial e vocês ainda são muito novos para entender, e logo conviverão com outras pessoas e suas opiniões sobre isso podem mudar. — Kurenai explica gentilmente.

Mas nos pensamentos das duas crianças, a única coisa que entenderam, é que ainda eram novos demais para um casamento, mas que logo poderiam ter um casamento, e para Naruto não havia dúvidas, ele queria ter um casamento com sua amiga.

— Então vou crescer e descobrir como amar diferente, e vou ter um casamento com a Hinata-chan! — o menino rebate decidido.

Kurenai acha mais engraçada ainda sua decisão, era notável que os dois não entenderam nada, só o básico e superficial do assunto, e estavam a confundir uma relação com ter alguma coisa, no sentido de objeto, de pegar algo para si; mas não se deteria nisso agora, era cedo demais para isso e ela acreditava que logo eles se esqueceriam do fato. Já os dois pequenos, se perguntavam quando seriam crescidos o suficiente para terem um casamento.

 — Está bem então, mas agora vamos jantar e depois já para a cama, amanhã temos um dia cheio pela frente. — ela ordena entre as risadas e os três partem para a cozinha.

O jantar é silencioso, a mulher sempre achou essa particularidade nas crianças interessante, para Hinata seria até normal, dada a sua criação, mas Naruto era muito barulhento por natureza, era estranho vê-lo tão quietinho na hora das refeições; não se incomodava com isso, pelo contrário, achava uma qualidade neles. Quando terminaram a refeição e limparam a louça suja, coisa que virou um habito para eles também, Kurenai os conduziu para a cama, estavam cansados e sonolentos, não tardariam a dormir essa noite; assim se deitaram, cada qual na sua ponta da cama, perdidos em meio as grossas cobertas, deixando somente os olhinhos de fora. Kurenai lhes desejou boa noite e saiu apagando a luz do quarto, iria tomar seu banho e descansar para o próximo dia; Hinata se sentia estranha, teve um longo dia, aprendeu muitas coisas novas e agora tinha essa sensação esquisita na barriga, sentia uma grande vontade de pular e gritar e fazer a maior bagunça, ao mesmo tempo que se sentia calma e tranquila, não sabia dizer o que era, e tentando adivinhar, pegou no sono. Naruto por sua vez, se sentia amedrontado, não queria ir a vila, mas sabia que precisava, nunca tinha se sentido tão dividido assim, e com essa enorme aflição assolando seu coraçãozinho, ele pegou no sono.

Quando o novo dia finalmente dá as caras, com o sol brilhando intenso sob a neve branquinha, fazendo um verdadeiro espetáculo, Naruto já estava bem acordado, estava nervoso e inconscientemente torcia para não precisarem ir a vila; apesar das emoções conflitantes que sentia, ele sentou-se na cama como vinha fazendo todos dias, só para aguardar a hora que Hinata acordaria, o que ele julgava ser a coisa mais linda que já viu na vida. A verdade era, que Naruto se sentia encantado por tudo que ela fazia, quando a viu pela primeira vez, realmente achou ela a menina mais linda que já tinha visto; certa vez, Naruto viu uma menina brincando com seus amigos e ficou impressionado, achou ela bonita e com toda sua gentileza, disse isso a menina dos cabelos rosa, mas ela foi tão má com ele, que rapidamente mudou de opinião. Agora observando Hinata, ele tinha certeza que se enganou da primeira vez, ela era a menina mais bonita, e o melhor de tudo, era sua amiga, não era má e gostava de brincar com ele. Hinata ia despertando e abrindo os olhos, ela gostava de se esticar toda na cama quando acordava, só então sentava-se e encontra o menino de olhos azuis a fitando, era sempre assim, todas as manhãs Naruto ficava a observando acordar e logo em seguida lhe dirigia um sorriso gigante, um sorriso que ela adorava receber, que aquecia seu coraçãozinho e a fazia sentir um enorme carinho por seu amigo; Naruto era um amigo tão bom para ela, sempre lhe ajudava quando não conseguia executar algum golpe, sempre a incentivava e dizia que ela conseguiria ficar muito forte. Hinata por sua vez, o ajuda com os exercícios escritos de Kurenai-san, que eram realmente difíceis de responder, e por isso ele não conseguia entender de imediato, e ela prontamente lhe ajuda, e segundo Kurenai-san, eles deviam ser assim, um sempre ajudando o outro, para se tornarem a dupla mais forte.

— Bom dia Hinata-chan! — ele cumprimenta animado.

— Bom dia Naruto-kun! — ela responde e não evita sorrir para ele.

Os dois pequenos então saltam da cama e se colocam a arrumá-la, mesmo estando um dia terrivelmente frio, que faria qualquer outra criança querer ficar na cama até tarde, Naruto e Hinata sabiam que não poderiam, tinham consciência disso e por esse motivo não reclamavam e partiam logo para suas obrigações do dia; depois que o quarto está arrumado, os dois se encaminham para a cozinha e encontram sua tutora pondo a mesa do café, eles fazem a refeição em silêncio como de costume e depois vão se arrumar para ir a vila, e obedecendo as recomendações de Kurenai, vestem roupas bem quentinhas. Assim os três saíram de casa e foram em direção a vila, era a primeira vez que Hinata ia a vila depois de ir embora do clã, e por isso estava empolgada, observava tudo a sua volta com admiração, e Naruto tentava esconder o seu medo para não estragar a alegria da amiga, Kurenai lhes explicava durante o caminho, que enquanto os dois não conhecessem bem a floresta, quando precisassem ir a vila, deveriam sempre seguir a trilha; quando chegaram a vila, seus rostinhos se iluminaram, tudo estava tão bonito, que Naruto até deixou sua insegurança de lado e saiu puxando Hinata pela mão, para irem vendo as vitrines. Em três horas, Kurenai já havia comprado mantimentos para os próximos meses, armamentos ninjas, pergaminhos e materiais didáticos, além de kits médicos, sabia que de agora em diante precisaria deles; ela foi então a uma lojinha de variedades, ver se encontrava alguma coisa especial para o dia, e deixou os pequenos sentadinhos na calçada, já que estavam comendo dangos e não queria que fossem expulsos da loja por isso. Foi quando Naruto sentiu, em todo o tempo que estavam ali, ele percebia os olhares que recebia, olhares de ódio, sabia que não demoraria a acontecer, ele sentiu a neve gelada escorrer por seu rosto deixando uma marca vermelha e Hinata deu um pulo ao seu lado; a frente deles estavam alguns garotos e garotas mais velhos, todos com bolas de neve nas mãos, mas não eram pequenas e inofensivas como as que ele brincava com a amiga, eram grandes e pesadas, e realmente doíam quando se chocavam com a pele.

— Então o monstrinho resolveu aparecer de novo? — um dos garotos fala e sorri perverso — Não aprendeu a lição da última vez? Quer apanhar de novo?

— Ei Hideki, dessa vez ele está com uma garota, olha só como ela é estranha, deve ser mais uma monstrinha! — uma das garotas fala maldosa.

— É mesmo, que monstrinha feia. — o garoto debocha e eles riem maldosos.

Naruto, que até então aguentava os xingamentos quieto, se enfureceu quando eles se voltaram para Hinata; com uma rapidez assombrosa ele saltou sobre o garoto e lhe deu um belo murro na cara, o fazendo cair no chão, Naruto só não sabia se era pela força do soco ou pelo susto de o ver reagindo. Mas não tinha tempo pra pensar nisso, assim que o espanto momentâneo passou, os companheiros do rapaz já se preparavam para atacar o menino, e Naruto se preparava para sentir muita dor, podia revidar alguns, sabia que sim, mas não todos eles; foi então que um vulto passou a sua frente, ele conhecia aquela pessoa, alto, forte e imponente, Naruto admirava o ANBU que sempre acompanhava o vovô. Em meio àquele alvoroço, sentiu a pequena mãozinha de Hinata lhe tocando a face, onde já deveria ter um belo inchaço, ele a olhou e encontrou seus olhos de lua o fitando preocupados, então lhe sorriu para mostrar que estava bem.

— Eu não faria isso se fosse vocês! Ou querem que eu informe ao Hokage-sama que andaram importunando o Naruto outra vez?! — o ANBU fala sério e assusta os garotos que saem correndo.

— Obrigado tio! — ele agradeceu e se curvou em sinal de respeito.

— Disponha Naruto! E me chame de Kakashi, você já me conhece, pode usar meu nome! — o homem responde gentil, e mesmo sem que as crianças pudessem ver, sorriu — Foi um belo soco.

— Kurenai-san que me ensinou, ela disse que vamos ser muito fortes, não é Hinata-chan? — o loirinho conta animado e a menina concorda rapidamente.

Mais ao longe, observando a cena, muito impressionados, estavam dois Hyuuga's, o mais velho, impressionado com a agilidade do menino que todos julgavam um peso para a vila, o mais novo, aliviado por finalmente descobrir onde sua querida prima estava; ele não entendia porque ela teve que ir embora do clã, seu pai lhe explicou apenas que ela não fazia mais parte da família e o menino se entristeceu. Olhou para o pai, fazendo um pedido mudo, sabia que ele também sentia falta da sobrinha, a verdade é que Hizashi nunca concordou com as maldades do irmão gêmeo, mas também não podia fazer nada, só existia para servir a família principal; ele concordou e seguiu com Neji até onde os três estavam, vendo a alegria do menino. Quando Hinata os viu se aproximando, se encolheu um pouco atrás de Naruto, que rapidamente a confortou; então ela viu o primo e percebeu que o homem não era seu pai, e sim seu tio, que sempre tentou ser gentil com ela, mesmo não podendo.

— Com licença, poderíamos falar com Hinata-sama? — Hizashi perguntou ao ANBU, que estranhou, mas permitiu que os dois se aproximassem — Como está criança? — o mais velho perguntou se abaixando a frente dela.

— Bem tio, estou bem. — ela respondeu e lhe tocou a face com a mãozinha, Hinata tinha esse habito com todos que sentia grande carinho — Senti saudades do senhor, e de você também Neji nii-san.

Os dois se surpreenderam de ouvi-la falar tão bem, e sem gaguejar uma única fez, ela se afastou do tio e abraçou o primo, que era três anos mais velho que ela. Naruto se emburrou um pouco com o gesto, ele não sabia, mas sentiu ciúmes dela naquele momento.

— Neji nii-san, tio Hizashi, esse é o Naruto-kun, ele é meu melhor amigo. — ela fala os apresentando e sorri para Naruto docemente — Eu moro com ele agora, lá na floresta, a gente está treinando para ficar forte!

— O seu amigo já parece bem forte, eu vi o soco que deu no garoto agora pouco. — Hizashi fala, para a alegria de Naruto.

— Não foi nada, eu só queria que ele parasse de xingar a Hinata-chan. — ele responde e se irrita ao lembrar do fato, ele logo dá um passo a frente e entrelaça suas mãozinhas — Eu tenho que proteger ela!

Hizashi se impressiona ao notar o quanto os dois estão unidos, e pela primeira vez, pensa que talvez, essa crueldade do irmão, tenha sido a melhor coisa que já fez para filha.

— Naruto, eu não encontrei nada especial, talvez você encontre, quer dar uma olhada na loja? — Kurenai pede se aproximando deles e lhe entregando uma pequena bolsinha, ela estranha os dois Hyuuga's ali, mas logo sua atenção se volta para a vermelhidão no rosto do garoto — O que foi que fizeram com você?

— Não foi nada Kurenai-san, eu já volto Hinata-chan! — ele fala e sem perceber, age com ela como eles fazem em casa, antes de sair, lhe dá um beijinho na testa.

— Onde Naruto-kun foi, Kurenai-san? — Hinata pede o vendo se afastar.

— É uma surpresa! Por que não me apresenta seus amigos? — ela pede olhando os dois que assistiam a cena abobalhados, nunca viram Hinata tão bem.

— Esse é meu tio Hizashi, e meu primo, Neji nii-san. — ela explica prontamente e se volta para os dois — Essa é Kurenai-san, ela cuida da gente e está nos treinando.

Kurenai percebe então, que Hinata não se intimida com os dois, e os olhando atentamente, nota as ataduras nas testas, escondendo o selo amaldiçoado do clã, conclui que são da família secundária e muda sua postura.

— Vou fazer um jantar especial hoje, suponho que saibam onde fica a cabana que Naruto e agora Hinata, vivem. — ela fala com calma, vendo a surpresa dos dois — Podem ir se quiserem, serão muito bem recebidos e tenho certeza que Hinata ficará feliz!

— Não achei que pudéssemos conviver com ela, se soubesse, teria a procurado mais cedo! — Hizashi comenta pesaroso.

— O clã não pode, mas vocês dois serão uma exceção, devido aos laços que têm com ela. — Kurenai explica e vê os olhos do homem marejando.

— Eu agradeço muito por isso! — Hizashi se curva e Neji o imita, estava feliz, agora poderia ver a prima pelo menos.

Na loja, Naruto olhava tudo atentamente, buscando algo especial, era observado pelos clientes que se afastavam dele, mas não se importava, em sua cabecinha, estava em uma missão importante; ele olhou tudo, até encontrar uma linda caixinha de músicas, colorida e delicada como Hinata, esse seria o presente perfeito, pensou feliz. Pegou a caixinha com cuidado e se dirigiu ao caixa contente.

— Quanto é a caixinha tio? — pergunta ao senhor baixinho.

— São cinco ienens! — o homem responde e se vira para o balcão, logo endurecendo as feições, vendo quem queria comprá-la — Saia daqui, me dê isto, essa loja não é lugar para monstros!

Naruto se sentiu humilhado mais uma vez, não entendia o que tinha feito de errado, sentiu os olhos marejando e deixou a caixinha no balcão, foi indo em direção a saída de cabeça baixa, agora o que daria de presente a sua amiga? Queria que o aniversário de Hinata fosse especial, mas agora não teria nada, por que todos agiam assim com ele? Por que só com ele? Não conseguia encontrar explicação para isso, sempre fora educado e nunca faltou com respeito aos mais velhos; estava quase na saída, quando sentiu uma mão no seu ombro, olhou para trás e viu um garoto que devia ter a sua idade, cabelos espetados parecendo um abacaxi, olhos muito negros e uma expressão entediada no rosto, ele segurava a caixinha de músicas, e lhe estendia com um sorriso simples no rosto. Shikamaru tinha assistido toda a cena do vendedor com seu pai, achou ridícula a forma como o homem tratou Naruto, a quem ele já sabia quem era e já ouvira boatos pela vila, com a sua inteligência absurda e muito acima da média, entendeu que as pessoas faziam aquilo por puro preconceito; seu pai, diferente dos outros, lhe contou o que aconteceu e o porquê as pessoas faziam aquilo, e ele achava aquilo muito errado, afinal nunca viu o menino fazer nenhuma maldade, ou algo que fizesse jus a fama que tinha.

— Aqui a caixinha. — disse quando viu que o outro não a pegava, estava impressionado demais para entender, nunca outra criança chegou perto dele assim.

A verdade é que Naruto e Shikamaru nunca tinham se encontrado assim antes, saindo do seu transe inicial, ele abre sua bolsinha e retira de lá os cinco ienes e entrega ao garoto estranho.

— Obrigado, você salvou meu dia! — disse sorrindo grande.

— Não foi nada, mas afinal, por que precisa da caixinha? — Shikamaru pede curioso, saindo da loja com seu pai atrás deles.

— É o aniversário da minha amiga, queria dar um presente especial para ela. — ele explica orgulhoso.

— Entendi, a propósito, sou Nara Shikamaru! — fala estendendo a mão para o outro.

— Obrigado Shikamaru, sou Uzumaki Naruto! — ele responde e se apresenta apertando a mão do possível novo amigo.

Shikaku observava tudo atentamente, resolveu ver até onde a conversa dos dois iria e os seguia até o outro grupo que esperava do lado de fora; ouviu o menino contar ao filho que vivia na floresta, afastado da vila, que estava treinando com Kurenai, e que agora tinha uma amiga morando com ele. Ficou satisfeito ao perceber que não errara em seu julgamento, o menino não tinha nada de maldade em seu coração, era uma criança como qualquer outra, e sofria com as maldades daqueles que tanto o julgavam, isso era nítido como água. Se aproximaram do grupo maior, e ele se surpreendeu ao notar os dois Hyuuga's da família secundária, um ANBU que ele conhecia muito bem, e uma pequena menina Hyuuga, delicada como jamais vira outra na vida; ele logo ligou os pontos e descobriu ser verdade os boatos sobre Hiashi, e ficou espantado com a frieza e perversidade do clã, e principalmente dos pais da garota. Viu Naruto escondendo o presente atrás de si e sorrir grande para ela, que com certeza era a aniversariante que ele queria presentear.

— Conseguiu? — perguntou Kurenai, o vendo se aproximar com os dois Nara's atrás de si.

— Sim, Shikamaru me ajudou quando o velhote não quis me vender. — ele conta divertido, achou engraçado o modo como acabou passando a perna no vendedor, então se voltou para Hinata, que o olhava curiosa — Hinata-chan, feliz aniversário!

Ele lhe entrega a caixinha e ela fica encantada, nunca vira nada tão bonito em sua vida, Kurenai também admira o presente, não sabendo como não o encontrou antes, mas pelo visto era para ser assim. Hinata se emociona com o presente, nem tinha notado que hoje fazia seus cinco anos, ela nunca pode comemorar seus aniversários então nem se preocupou com isso, não imaginava que Naruto e Kurenai-san saberiam, e num rompante de alegria, abraça Naruto e não consegue impedir que algumas lágrimas caiam por seu rosto. Os adultos, vendo a cena, também se emocionam, aqueles dois pequenos, sem saber de nada, tocaram os corações de todos, com sua inocência, ingenuidade e aquela linda demonstração de carinho um pelo outro. Kurenai levanta os olhos e os fixa no Nara mais velho, agradecida por eles terem intervindo.

— Como ajudaram a proporcionar esse momento, e se mostraram pessoas de bem, também estão convidados para o jantar hoje a noite, será simples, mas muito especial, seria bom para eles terem mais contato com pessoas boas de agora em diante. — ela convida com a voz embargada, contente de saber que nem toda a população de Konoha estava perdida.

— Com certeza iremos! — Shikaku afirma, para a alegria do filho, que gostou muito de conversar com Naruto e queria conhecer a menina.

Kurenai assente e chama os pequenos para irem para casa, feliz que agora eles teriam mais alguns amigos especiais; o ANBU caminha ao lado deles, ajudando a carregar as compras do dia, enquanto os outros os observavam se afastar, pensando como as pessoas tinham coragem de fazer mal a duas almas tão puras, enquanto Neji e Shikamaru engatavam em uma conversa sobre o que poderiam levar de presente a menina; e mesmo sem saber do fato, Naruto e Hinata já faziam as primeiras mudanças, naqueles que estavam abertos para isso, criaram ali, laços que levariam para a vida toda, e isso para Kakashi, que observou toda a conversação em silêncio, era a prova mais completa de que aqueles dois seriam a luz do mundo, bem como o seu sensei e sua esposa foram em vida.


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