O Sol e A Lua escrita por Luana de Mello


Capítulo 15
Eu Tive Tanto Medo




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Os meses passaram rápido, e logo o verão foi embora, dando lugar ao outono; e junto com a estação mais fresca, vieram as chuvas constantes, os ventos gelados e a umidade que começava a se acumular em toda parte. Para Naruto, além de ser a estação que comemorava o seu aniversário, era a estação que significava roupas quentes, bebidas quentes, fogo na lareira, e o principal, dormir mais juntinho na cama; o garoto simplesmente amava aquela estação do ano, as cores que as folhas das árvores ganhavam, divididas em várias tonalidades de vermelho a laranja, era tudo que ele mais amava. Agora eles estavam divididos e se viravam em mil, entre as aulas na Academia, as missões para o vovô, as tarefas como ANBUS, a sua casa, e as novas relações que estabeleceram depois de salvar a herdeira dos Hyuuga's; afinal depois daquele dia, seria impossível impedir que as duas irmãs mantivessem contato, e assim sendo, logo uma rotina de visitas e passeios foi estabelecida, Hinata sempre buscava Hanabi nas portas do clã, o qual ela se recusava a entrar novamente, e assim eles passavam o dia na cabana, brincando com Konohamaru e Hanabi, e para os dois pequenos, não havia nada melhor do que passar um dia com seus irmãos mais velhos. Com o passar do tempo, Konohamaru aprendera a dividir a atenção de Hinata, mas só depois de muitos dias, depois de ver que não seria deixado de lado, e agora o pequeno Sarutobi e a pequena Hyuuga desenvolviam uma amizade tão linda, quanto a que seus irmãos iniciaram anos atrás.

Mas o tempo estava literalmente voando, e quando ambos se deram conta, já estavam às vésperas de sua graduação como Genins, e para os dois não poderia haver notícia melhor; aqueles meses de Academia, as interações e a convivência com seus colegas, serviram para o seu propósito maior, mas também foram extremamente cansativas e desgastantes, tanto fisicamente, quanto emocionalmente. Agora o plano de Hiruzen, era exibir as habilidades de Naruto e Hinata, para que fossem indicados para o esquadrão especial ANBU, pelos próprios conselheiros, e assim enganariam as velhas raposas, os fazendo pensar que a ideia partiu deles; por isso ele acordara com seus netinhos, que eles fariam toda a etapa de Genin a Chunin, e assim não levantariam suspeitas de sua ascensão repentina, o que na opinião de Naruto, não valia de nada, visto que dentro da divisão, eles estavam classificados como os mais competentes ANBUS, ficando abaixo apenas do Capitão Kakashi, e do seu Tenente Tenzou. Essa era a rotina cansativa da dupla mais enigmática de Konoha, eles se revezavam também, entre passar um tempo com seus amigos, e estudar estratégias e planos de ação, junto com seus senseis da Vila, e aquele que eles sentiam uma imensa saudade e que nunca tiravam dos seus pensamentos; sabiam que logo os inimigos agiriam e segundo as informações que Itachi mandara, era quase certo que seria durante os exames Chunin, e esse era mais um bom motivo para fazer Naruto intensificar seus treinos com Kurama, mesmo que a raposa alertasse o quanto aquilo era perigoso para ambos e para Hinata.

— Mais uma, eu consigo mais uma. — ele fala cerrando os dentes, suportando e suprimindo aquela dor.

— Garoto, se liberarmos mais uma, você vai perder a consciência — a voz grave da Kyuubi faz eco na floresta.

— Mas estamos quase, faltam tão poucas. — Naruto reclama e continua concentrado em manter o chakra vermelho estável.

— Naruto-kun, por favor! Você prometeu que não iria se arriscar. — Hinata suplica, ao mesmo tempo que tentava manter a barreira inalterada.

— Por favor, só mais uma, prometo que se não der, paramos por aqui hoje e vou achar outra forma de liberar. — o Uzumaki implora.

— Não deixe o meu lado negativo tomar conta, ou as coisas vão ficar feias aqui. — a raposa fala antes de deixar mais chakra fluir de seu corpo.

Dentro da barreira de quatro pontas, Naruto ganhava mais uma cauda, aquela já era a sexta, durante o processo das cinco primeiras, ele tentou ficar em silêncio e não demonstrar o quanto aquilo o afligia, mas depois que a última surgiu, nem sua força de vontade foi capaz de manter sua boca fechada; os gritos saíram sem permissão, acompanhando o som dos ossos saindo do corpo, rasgando a carne e estalando ao se formar como uma barreira ao redor do corpo. Em sua mente, o Uzumaki tentava se manter lúcido, tentava controlar suas ações e era auxiliado pela Kyuubi, que tentava não se deixar dominar por emoções negativas e suprimia o ódio que acumulara em seu ser durante os milênios; do lado oposto a eles, Hinata tentava manter a calma, e fazia todo o possível para não se desconcentrar e acabar desfazendo o selamento, mas estava ficando cada vez mais difícil cumprir sua tarefa, ainda mais quando seus olhos captaram a oscilação dos batimentos cardíacos de Naruto, indicando que logo ele teria uma parada. Nesse momento a Hyuuga já não se importou mais com sua tarefa, nem ligou que o parceiro possivelmente não teria nenhum resquício de consciência, apenas desfez a barreira, e com mãos hábeis e ligeiras, fez os selos para retroceder a transformação da Raposa de Nove Caudas; quando Naruto volta a sua forma normal, já estava desacordado, a pele tinha sido corroída e estava em carne viva, os dedos sem as unhas, o corpo todo fora lesionado pela potencia do chakra vermelho. A garota se coloca a chorar intensamente enquanto curava seus ferimentos, odiava vê-lo daquela forma, odiava ouvir seus gritos de dor, era como se uma faca em brasa fosse crava em seu coração; ver Naruto sofrendo era o sofrimento da própria Hinata.

— Não chora Hime... — ela ouve Naruto sussurrar fraquinho, os olhos azuis profundos em seu rosto.

— Você é um bobo, fica se arriscando desse jeito, se machucando desse jeito. — Hinata briga com ele e não consegue parar de chorar — Existem mais pessoas para proteger a Vila, você não precisa fazer tudo sozinho...

— Não faço só por Konoha, você também é um motivo Hina, eu quero ficar mais forte para te proteger. — Naruto conta, já quase todo recuperado, graças a Kyuubi, que também o estava curando.

— Mas não precisa... — Hinata até tenta demove-lo dessa ideia.

— Precisa sim, já se esqueceu que Orochimaru estava por trás do sequestro de Hanabi? Ele anda atrás dos Doujutsus mais fortes, e você vai virar um alvo quando passarmos nas eliminatórias dos exames; não posso lutar com ele no nível que estou agora, preciso me fortalecer mais se quiser enfrentar um dos Três Sannins. — Naruto fala já se pondo em pé — Eu disse que te protegeria, nem que isso custe a minha vida, não vou permitir que aquela cobra peçonhenta ou qualquer outro ponha as mãos em você Hime!

— Não! — Hinata grita irritada, agora estava furiosa com Naruto — Se o preço para ter meus olhos é perder você, eu não os quero! Eu entrego o segredo do byakugan se for preciso, mas não quero que coloque sua vida em risco por mim.

Dizendo isso, ela saca sua própria kunai e a direciona para seu olho esquerdo, ato que deixa Naruto perplexo; mas o que ele não sabia, é que Hinata preferia mil vezes perder os dois olhos e nunca mais ver nada na vida, do que perder ele e nunca mais ouvir sua voz. Ela estava decidida, se aquele era o preço então pagaria, seria capaz até de enviar os olhos de presente ao Sannin das cobras, para garantir que o Uzumaki continuaria ao seu lado; a Hyuuga já sabia, sabia o segredo que nascera em seu coração, sabia que nunca poderia viver sem ele, e só de pensar na possibilidade, seu peito doía e respirar se tornava impossível. Vendo que ela estava falando sério, Naruto se espanta, e num movimento veloz, segura a mão da garota e consegue arrancar a kunai dela, e quando ela tenta usar a outra para sacar mais uma arma, Naruto imobiliza as suas duas mãos, e ao fazer isso, acaba desequilibrando ambos, que caem no chão; os olhares se fixaram um no outro, o azul e o perolado mostravam um brilho de determinação sem igual, até mesmo na penumbra da floresta, era possível enxergá-los cintilando. As lágrimas corriam soltas por suas faces, os corações tocavam a canção mais retumbante, respirações entrecortadas, ambos angustiados e assustados com a situação que chegaram, mas o fato era que o encontro com Itachi os tinha deixado com as emoções a flor da pele; as revelações do Uchiha tinham perturbado a Hyuuga e o Uzumaki de tal maneira, que agora eles estavam perdendo o controle de suas emoções pela primeira vez em anos, desde que se tornaram Shinobis. O medo de perder um ao outro, estava deixando ambos irracionais, deixando o seu lado ser humano mais nítido e se sobressaindo ao lado ninja, por que essa era a verdade, se tinha algo que realmente amedrontava Neko e Kitsune, era perderem um ao outro; Hinata sentia medo do futuro de Naruto, com a organização Akatsuki caçando e matando Jinchuurikis para obter o poder das Bijuus, e Naruto sentia medo do que aconteceria com Hinata, caso Orochimaru viesse realmente atacar a Vila, e segundo Itachi, o Nukenin já sabia que a Hyuuga tinha sido exilada do clã e agora mostrava interesse pela garota.

 Nunca mais faça isso Hinata! Nunca mais tente se machucar, eu não suportaria ver você fazer algo assim por minha causa, eu não me suportaria...— Naruto fala entre os soluços, a voz mais alta do que costumava usar com ela.

Vendo a expressão doída no rosto de Naruto, Hinata acaba chorando mais, se aquilo doía tanto nele, Naruto devia entender o que ela sentia quando o via levando seu corpo ao extremo, se fazendo passar por toda àquela dor, e tudo por ela; sem pensar muito em suas ações, Hinata puxou Naruto para mais perto de si, e o abraçou tão forte, que conseguiram sentir os batimentos dos corações um do outro. Eles ficaram daquele jeito, abraçados no chão da floresta enquanto o sol se punha no horizonte, choravam as angustias e incertezas do seu futuro, seus medos e anseios, pela primeira vez estavam tendo uma reação normal para garotos da sua idade; e mesmo quando as lágrimas secaram, mesmo quando ambos os corações estavam em sintonia, mais calmos e aconchegados pelo calor já conhecido um do outro, eles ficaram ali abraçados, sem coragem de se soltar. Naruto sentia o estômago revirando e dando voltas, o nervosismo estava tomando conta do garoto, afinal era a primeira vez que ficava tão próximo de Hinata por tanto tempo, a Hyuuga por sua vez, começa a ser tomada pela vergonha, fora ela quem tomara a iniciativa e mesmo que tenha vivido praticamente toda sua vida estando junto de Naruto, nunca tinha ficado mais que alguns segundos abraçando ele, então aquele era o primeiro contato físico mais demorado que tivera com Naruto ou qualquer outro garoto; e isso a fazia perceber coisas que antes não notara. Com os dois absortos em seus próprios pensamentos, não viram a hora avançada e não perceberam a aproximação de uma terceira pessoa, que era para estarem esperando; foi assim que Itachi os pegou, abraçados no chão no meio da floresta, o Uchiha se envergonhou por presenciar um momento tão intimo e por ter que interrompe-los, e ficou muito surpreso com o que via, não imaginava que as coisas estivessem assim entre os dois.

— O que estão fazendo? — ele pergunta como se tivesse acabado de chegar e não via nada demais.

— Na-nada... — Naruto gagueja e se levanta no susto — Como está sensei?

O Uzumaki cumprimenta com as bochechas tão vermelhas, que se podia dizer que estava com febre; ele estende sua mão para Hinata e a ajuda a levantar, e se Naruto estava com vergonha, ela estava mil vezes pior, era como se o sangue do seu corpo estivesse todo concentrado em seu rosto e ela mal olhava Naruto ou Itachi direito. Vendo o constrangimento dos dois, Itachi percebeu que ainda não haviam chegado a esse ponto, mas estavam se encaminhando para isso; o Uchiha sorriu de lado, estava feliz pelos pupilos, e internamente torcia para tudo dar certo naquela nova fase que eles iniciavam.

— Eu demorei para me livrar do meu parceiro, tive que dar muitas voltas até chegar aqui. — Itachi conta e quase ri da distancia que os dois tentam manter entre si — Vocês dois fizeram a barreira?

— Sim, cobre toda a área leste até a cabana. — Hinata responde ficando séria de repente.

— Ótimo! Vamos para lá então. — Itachi fala e segue na direção da clareira.

O caminho é feito em silencio, o Uchiha observava de esguelha os dois pupilos, estudando suas ações, Naruto estava preocupado, não sabia o que pensar sobre a repentina seriedade de Hinata, mas o que ele não desconfiava é que a garota estava tomando uma decisão importante; apesar de estar envergonha pela forma que foram encontrados, os pensamentos de Hinata sempre voltavam àquela questão, e a preocupação a deixava inquieta. Naquele momento Hinata decidiu que ela se tornaria mais forte que qualquer outra Kunoichi, treinaria incansavelmente e buscaria todas as formas de conhecimento, e não importaria o que lhe acontecesse, ela protegeria Naruto, não deixaria que ninguém no mundo fizesse mal a ele; nem que para isso ela tivesse que caçar e matar cada um dos membros da Akatsuki, custasse o que custasse.

— Mais alguém vai vir? — Itachi pergunta ao entrarem na casa.

— Não, o vovô está fora com Kakashi-sensei em uma reunião com os outros Kages, para decidir como serão os exames, os outros senseis estão em missão pela Vila. — Hinata responde e volta a sua amabilidade habitual, para alivio de Naruto —  Então seremos só nós hoje, sensei.

— Achei que Kakashi deixasse os dois de serviço, quando está fora. — o Uchiha comenta.

— Não, ele nos deu uma folga hoje, deixou Tenzou no comando da divisão. — Naruto responde enquanto procura seus pergaminhos.

— Então vocês vão ter que passar aos outros tudo que conversarmos hoje. — Itachi concluí e senta-se no sofá para começarem a trabalhar.

Os três passam as próximas duas horas montando uma estratégia para o dia dos exames Chunin dali a seis meses, criando um plano de ação para os Shinobis e de evacuação dos civis, definindo quais as melhores defesas e a melhor proteção para o Hokage; e tinham que pensar em como fazer tudo isso, sem alertar o inimigo, para que não desistissem do seu plano de invasão, e se tudo desse certo, poderiam capturar todos os envolvidos e quem sabe, se Kami-sama ajudasse, Orochimaru também. Por volta das oito da noite, eles interrompem o trabalho para preparar o jantar, e depois que Hinata deixa tudo encaminhado no fogão, ela vai tomar o seu banho e coloca Naruto para supervisionar as panelas; enquanto o Uzumaki estava na cozinha, Itachi fica observando a pequena casa, que não mudara muito durante os anos. Ele suspira pesaroso, sentia tanta saudade daquele lugar, das tardes de treino com os amados pupilos, das reuniões com os outros Jounins, do trabalho na ANBU, de toda Konoha, mas principalmente de Izume e do seu irmãozinho tolo; Itachi se perguntava o quanto Sasuke teria crescido, como ele estaria agora, se teria amigos e o que estaria fazendo. O Uchiha estava morrendo de vontade de perguntar essas coisas a Naruto, sabia que ele devia ter esses informações, mas estava com tanto medo da resposta, que até lhe faltava coragem para formular uma pergunta; enquanto caminhava de um lado e outro, ele nota algo que chama sua atenção e o deixa emocionado, em cima da lareira, junto com as demais, haviam porta retratos com fotografias suas com seus pupilos, com os outros senseis da dupla, deles todos com o Hokage e tinha até uma dele sozinho, que provavelmente foi tirada quando não estava vendo.

Depois de tudo, Naruto e Hinata nunca tiraram as fotos do seu sensei do lugar, nem mesmo quando Hizashi, Shikaku ou Neji questionavam o motivo deles manterem fotografias de um Nukenin que traiu a Vila; e quando isso acontecia, os dois tinham que engolir as respostas que gostariam de dar e de olhos marejados e uma profunda dor no coração, respondiam que aquele era Uchiha Itachi, seu sensei, e não um Nukenin procurado. Vendo essas lembranças de tempos felizes, de coisas que a dor desses anos longe quase apagou de sua memória, o jovem sente o rosto ficar molhado, já sabia que os alunos não o tinham esquecido, mas vendo aquelas fotografias, percebeu que ainda ocupava um lugar especial no coração da dupla; ele nunca perdera o amor e carinho dos pupilos, mesmo que eles saibam das atrocidades que teve que fazer, nenhum dos dois o estava julgando ou rejeitando por isso, ao contrário, pareciam acolhe-lo mais e seus gestos e palavras gentis curavam a sua dor e amenizavam o peso da sua culpa. Eram em momentos como esse, que Itachi entendia o real motivo da confiança que Hiruzen tinha em Hinata e Naruto, os dois jovens que eles estavam vendo crescer e se tornar ninjas esplêndidos,  já foram tão carentes de amor e carinho, que agora que estão juntos, passaram a transbordar esses sentimentos por onde passam, e para qualquer um que esteja disposto a enxergar um pouco além, para aqueles que se deixam tocar pelo brilho de suas almas puras; sentindo um misto de alegria, tristeza e saudade, Itachi escuta Naruto praguejando da cozinha, e quando vai ver o que ocorreu, encontra o garoto lutando bravamente contra a panela, que se chacoalhava inteira no fogão, vazando água para todos os lados.

— Ai droga! — Naruto xinga desesperado — É hoje que ela me mata.

Sem conseguir se conter, Itachi desata a rir da cena, ria como não fazia há anos, até sua barriga doer, misturando em seu rosto, lágrimas de alegria e tristeza; e por mais hilária que a situação fosse, ele sabia que tinha que ajudar Naruto com a panela lutadora antes que Hinata saísse do banho, ou estariam os dois encrencados; assim ele ajudou o pupilo e juntos conseguiram arrumar a bagunça da cozinha e salvar o jantar. E durante aqueles poucos minutos em que estiveram limpando tudo, o Uchiha notou o quanto Naruto estava distraído, ele se queimou duas vezes na água quente, de tão dispersa que estava sua atenção; e sabendo que isso não era normal, mesmo que o Uzumaki fosse um bagunceiro nato, ele não era nem um pouco desatento, Itachi resolve averiguar a situação.

— O que é que te incomoda tanto? — ele pergunta sem rodeios.

— Dá pra notar, é? — Naruto desconversa sem jeito.

— Eu sei que você é bagunceiro, mas nunca te vi estragar rámen assim. Vamos lá, desembucha pirralho. — Itachi fala e senta-se a mesa para ouvir.

— É a Hina, ela está estranha desde que brigamos na floresta. — ele conta de cabeça baixa.

— Ah, então vocês tinham brigado? — questiona e Naruto concorda — Por que brigaram?

— Por causa do meu treinamento, depois que recebemos as notícias de que Orochimaru estaria planejando atacar a Vila, e que está interessado no byakugan, eu decidi intensificar meu treinamento com Kurama. — ele explica falando baixo — Só que não é tão simples, é doloroso e a Hina não concorda, mas eu continuei por que sei que aquela cobra peçonhenta virá atrás dela, já tentou armar o sequestro da baixinha; enfim, hoje eu perdi a consciência por um tempo e quando voltei, Hinata-chan brigou comigo, disse que não preciso me esforçar tanto, que não quer que eu a proteja. Mas como eu posso ficar parado, sabendo que ela está em perigo?

— Por que eu acho que você não contou tudo ainda? — Itachi questiona sério.

— Por quê não contei, depois disso ela tentou arrancar os olhos, para que que Orochimaru não os cobiçasse. — Naruto conta e empalidece somente com a lembrança — Eu a impedi, nós caímos no chão e eu briguei com ela por isso e depois ela ficou estranha o tempo todo; mas o que eu podia fazer? Eu não suporto a ideia dela se machucando por minha causa!

— Naruto, você tem que entender como Hinata se sente, pensa bem, se pra você é difícil saber que ela está em perigo, imagine como ela se sente quando te vê sofrendo dessa forma. — Itachi fala com calma e vê o garoto suspirar cansado.

— Eu sei sensei! Entendo isso, e acredite, se houvesse outra forma de garantir a segurança da Hina, eu aceitaria, mas é que...— Naruto se explica, mas para no meio do caminho, envergonhado.

— Mas não é só com a segurança dela que está preocupado, vamos lá Naruto, pode me contar o que é, eu só sou sete anos mais velho que vocês, com certeza deve ser mais fácil falar comigo do que com o velhote. — o Uchiha brinca um pouco, para tentar deixar o clima mais leve.

— É que eu me sinto diferente, já faz tempo que estou assim. — o Uzumaki toma coragem e desata a falar — Eu não gosto quando a Hina dá atenção aos nossos colegas, isso me irrita tanto, e quando ela me olha com aqueles olhos de boneca, eu sinto como se estivesse caindo de um precipício. Quero que ela fique segura, quero ver sempre um sorriso em seu rosto; Kurama já me contou o que é isso, mas eu ainda não entendo, está tudo tão confuso, Hinata-chan é minha melhor amiga, não é errado eu me sentir assim com ela? Eu estou ficando com tanto medo e nem sei o que fazer, e se ela for embora quando descobrir? E se não quiser ser mais minha amiga? E hoje, quando ela me abraçou lá na floresta, eu nem sei o que estava sentindo direito e estava tão nervoso, e agora a Hina está estranha, tenho certeza que descobriu o que estou sentindo e vai ir embora...

— Naruto calma, espera um pouco e respira. — Itachi fala e se compadece dos medos e inseguranças do jovem Uzumaki — Primeiro de tudo, não tire conclusões precipitadas, outra coisa, não é nem um pouco errado você amar sua melhor amiga, eu estranharia se isso não acontecesse. Você não precisa se preocupar com essas coisas, basta que entenda que o que você sente é um amor diferente do que tinha por ela quando eram crianças, e nada vai mudar entre vocês por isso, só vão ficar mais unidos do que já são. E se você quer um conselho, não se preocupe em estragar a amizade de vocês, nem com as reações de Hinata com relação a isso, você ainda está aprendendo e entendendo sobre esse sentimento, e ele ainda vai passar por muitas transformações até chegar a ser um amor igual seus pais tinham um pelo outro.

— Mas como isso vai acontecer? Eu nem sei se a Hina gosta de mim assim. — Naruto questiona e se entristece com a possibilidade.

Itachi sente vontade de rir nessa hora, mas se segura para não magoar o garoto, que só estava sofrendo os efeitos do primeiro amor; para qualquer um que os viu crescer, era nítido como água, que Hinata correspondia os seus sentimentos, mas Naruto era inocente e ingênuo demais nesse aspecto, para perceber qualquer indicio, mesmo que os sintomas dela fossem exatamente iguais os seus.  Pensou que provavelmente a garota tinha as mesmas dúvidas e inseguranças dele, os mesmos medos e questionamentos, e torcia para Kurenai conseguir auxiliar a pupila nesse ponto, pelo bem dos dois; é quando o ex-ANBU se dá conta de que a duplinha mais enigmática de Konoha ainda tinha muito o que aprender e viver, suas vidas mal tinham começado e já carregavam o mundo nas costas, e agora tinham que conciliar suas obrigações com as emoções e descobertas do amor.

— Não tenha pressa Naruto, as coisas vão acontecer naturalmente, não tem por que se preocupar com isso agora, apenas aproveite bem cada momento com Hinata. — o mais velho aconselha e sente o peito apertar, pois ele mesmo não pode seguir esse conselho direito.

— Então vai ficar tudo bem, se eu contar pra Hina como me sinto? Ela não vai ficar brava comigo? — o garoto pergunta indeciso, sem saber se quer ou não contar.

— Não acho que isso seja uma boa ideia. — o outro responde e deixa o Uzumaki preocupado — Veja bem, você mesmo ainda está entendendo e aprendendo o que é amar alguém dessa forma, se falar agora que está confuso, vai acabar confundindo a Hinata também e isso não vai ser bom para nenhum dos dois, vocês ainda são tão jovens, tem muito tempo pela frente, aproveite a amizade que você tem com ela e quando chegar o momento de se confessar, você vai saber.

— Nossa sensei, nunca pensei que você soubesse tanto sobre esses assuntos. — Naruto comenta já mais calmo — Que acha que devo fazer para a Hina voltar a falar comigo?

— Já se esqueceu que eu tenho uma namorada me esperando voltar para a Vila? — Itachi pergunta, fingindo estar indignado — Deixe ela ter o espaço dela Naruto, respeite o tempo que ela quiser ficar calada, as mulheres são assim, não gostam de ser pressionadas, principalmente quando estão bravas ou preocupadas; no seu caso, Hinata está brava e preocupada, então é melhor deixá-la quieta e quando estiver mais calma, ela mesma vai te procurar e tudo vai voltar ao normal. Agora vou te dizer uma coisa pirralhinho, bem vindo ao mundo do 'sim senhora!'.

Dessa vez o Uchiha riu da expressão no rosto do pupilo, o garoto que estava em dias de completar doze anos, começava a maior e mais perigosa aventura da sua vida, entender o sexo oposto. As gargalhadas de Itachi, chamam a atenção de Hinata, que estava terminando de secar os cabelos, os quais ela tratava com o maior cuidado do mundo agora, usando sempre o creme que Naruto lhe dera, para deixá-los longos como ele havia pedido; deixando a curiosidade vencer suas preocupações, Hinata vai até a cozinha e encontra os dois sentados a mesa da cozinha, rindo um da cara do outro, e só por ver e ouvir aquela risada dele, ela sente o coração palpitar e o sangue se acumular e latejar em suas orelhas. Naruto estava tão lindo naquele momento, leve e despreocupado, que Hinata poderia ficar olhando-o para sempre. Quando eles notam a garota parada próxima a mesa, param de rir imediatamente, ambos pensando a mesma coisa, será que ela tinha ouvido o que estavam conversando? Em pânico pela possibilidade, Naruto começa a suar frio e se coloca em pé imediatamente, pronto para dar qualquer explicação; Hinata estranha isso, será que estava que Naruto ainda estava bravo com ela? Pensando nisso, ela tenta consertar as coisas e sorri fraquinho para ele.

— O rámen está pronto? — ela pergunta e o Uzumaki concorda — Você pode por a mesa? Ainda estou secando os cabelos.

Itachi que assistia a interação dos dois e se segurava para não gargalhar das reações do garoto, fita o Uzumaki com um olhar sugestivo e Naruto relaxa um pouco.

— Sim senhora! — Naruto responde brincalhão e mostra que entendeu o recado.

Os dois voltam a gargalhar ao mesmo tempo, o mais velho muito contente pelo pupilo, Itachi achava mesmo que se existiam duas pessoas no mundo que mereciam ser felizes, essas eram Hinata e Naruto, e esse último se sentia agora, bem mais leve e sem todas aquelas preocupações, ele seguiria com certeza os conselhos do seu sensei; mesmo sem saber o motivo da graça, Hinata acaba rindo um pouquinho dos dois, contagiada pelas gostosas gargalhadas que o Uzumaki dava, afinal Naruto era assim, ele tinha o dom de contagiar a todos a sua volta, e sempre tornava tudo mais leve, ele trazia segurança e tranquilidade por onde passava, e por mais que os problemas e preocupações de Hinata não estivessem resolvidos, naquele instante eles deixaram seus pensamentos, graças a Naruto. Durante o jantar, eles riram e se divertiram, aproveitaram ao máximo a companhia do sensei que sentiam tanta falta, e Itachi aproveitou o carinho e a acolhida que recebia, já fazia muito tempo que não era bem vindo em algum lugar, e Hinata fazia o possível para tornar o jantar agradável, deixando os problemas de lado por hora; fazendo uma exceção ao costume da casa, aquele jantar foi o mais agitado de todos, regado por muitas risadas, brincadeiras e conversas animadas. Mais tarde quando Itachi se preparava para ir embora, recebera de presente novos agasalhos para o inverno, feitos caprichosamente a mão por Hinata, além de obentôs para a viagem, medicamentos e mais recomendações para que fizesse uma viagem segura e e que tomasse muito cuidado, e muitos abraços apertados, daqueles capazes de juntar os caquinhos da sua alma; quando ele finalmente deixa a floresta de Konoha e ruma em direção de Amegakure, sente suas forças renovadas, ganha novo ânimo para enfrentar o que viesse pela frente, e apesar da saudade que voltava a latejar no peito, Itachi sabia que haveria um dia que voltaria por aquele caminho e que não precisaria mais deixar sua amada Vila, e tudo graças aqueles dois pirralhinhos, e era por eles também que o Uchiha se sentia mais forte, por que os seus pupilos o aceitavam como ele era, com toda sua bagagem.

Com o relógio da sala marcando quase duas da manhã, Naruto terminava seu banho, e depois de conferir se a casa estava bem fechada, caminhou a passos lentos para o quarto, apesar de pensar em seguir os conselhos do sensei, agir era bem mais difícil; agora já estava se pondo nervoso de novo, e para dar mais asas à sua imaginação fértil, quando entrou no quarto, encontrou Hinata deitada na cama e virada para o lado oposto, de olhos fixos na parede, não o estava esperando como sempre fazia. Ele suspirou triste e apagou as luzes, deitou-se como sempre, mas se manteve quieto, se Hinata queria ficar distante dele, respeitaria sua vontade, como Itachi lhe disse para fazer; por mais que odiasse ficar longe dela assim, e já adivinhava que não dormiria bem naquela madrugada, com esses pensamentos, Naruto suspira mais uma vez e fecha os olhos. Passados quase vinte minutos, Hinata se mexeu na cama, virou-se devagar e cautelosamente, fixou seus olhos de lua no amigo ao seu lado, e mesmo no escuro conseguia distinguir o rosto com traços marcantes de Naruto; ela aproximou-se dele lentamente, o coração aos pulos, se apoiou em uma das mãos e ergueu a outra e com delicadeza e suavidade acariciou a face do Uzumaki. Ela refez as linhas do rosto dele, o maxilar, o queixo, as sobrancelhas, o nariz e as marquinhas tão charmosas em suas bochechas; quando deitou a cabeça no seu ombro, não conseguiu conter o choro que esteve contendo a noite toda, o deixou rolar por seu rosto quando ouviu as batidas do coração dele.

— Nunca vou permitir que te façam mal, ninguém no mundo vai tirar você de mim. — Hinata sussurra baixinho para não acordá-lo — Isso é uma promessa, Naruto-kun!

Com o coração galopando no peito e tentando conter a emoção e permanecer quieto, Naruto teve que usar seu autocontrole contra sua hiperatividade, para que Hinata não percebesse que ele esteve acordado o tempo todo; ele nem sabia identificar direito o que estava sentindo, estava exultante de alegria por ouvir sem querer aquela pequena revelação, que podia significar que Hinata gostava dele, pelo menos um pouco, Naruto pensou. Por outro lado, ficou triste, não gostava de deixá-la preocupada, e quando sentiu que ela chorava, se sentiu mais culpado ainda, por deixá-la triste daquela forma. Mas apesar de todas essas emoções contraditórias, e a agitação sem igual que estava sentindo, o Uzumaki  finalmente conseguiu dormir, estava cansado, e se entregou ao sono pesado e sem sonhos que o aguardava aquela noite. 

Ao amanhecer do novo dia, as coisas pareciam estar voltando ao normal entre eles, Hinata levantara cedo como sempre e preparara o café da manhã, enquanto Naruto organizava o quarto e estendia as roupas que lavaram na noite passada; eles se arrumaram sem pressa e mesmo sem conversar muito ainda, seguiram pelo caminho de todos os dias de mãos dadas até a Academia. Aquele seria o dia do exame para os alunos serem aprovados ou não como Genins, para o Uzumaki e a Hyuuga aquela seria só mais uma formalidade; quando chegaram a sala, os amigos e os colegas já estavam lá aguardando Iruka-sensei, todos muito agitados e ansiosos. Shikamaru que era o mais observador dos seus amigos percebera que algo não estava muito bem entre os dois, e por isso tentou distrair os outros com conversas banais, para dar espaço a dupla, e Naruto agradeceu imensamente por ter um amigo como o Nara. No decorrer da aula do dia, Iruka se deteve em explicar os conceitos e regras para a nova fase que os garotos iniciariam, além de explicar a dinâmica das distribuições das equipes e como eram formadas; para Naruto que estava preocupado, aquele era só um falatório inútil, e pela primeira vez não prestava atenção no sensei e deixava sua mente divagar solta, e qualquer um poderia ver que os olhos muito azuis do garoto estavam sem o brilho habitual naquela manhã, ele parecia abatido e sem ânimo algum para estar ali, e isso era nítido até para Sasuke, que ficou absolutamente feliz com o que via.

— Parece que eles brigaram. — Kiba comenta quando segue o olhar do Uchiha, mas sem nenhuma sutileza para esconder o que pensava — Quem diria que a Hyuuga chutaria ele tão cedo!

A maldade e malícia no comentário do Inuzuka desestabiliza e irrita Naruto, e ele precisa se controlar muito para não estraçalhar a cara do garoto, ainda mais quando ouve as gargalhadas de Sasuke e Sakura; quando Hinata escuta esse comentário, se sente mal, sabia que estava agindo estranha e que por isso todos estavam falando dos dois novamente, e vendo que isso afetava Naruto de um jeito ruim, resolve consertar as coisas com ele e explicar direito o que estava a incomodando.

— Você acha que o sensei já chegou a Ame? — Naruto pergunta um pouco mais alto, para silenciar as fofocas e para que Sasuke ouvisse, e pelo que parecia ele tinha entendido muito bem, já que seu rosto se retorceu de raiva — O tempo está mudando, daqui a pouco vai vir uma tempestade, não lembro se coloquei uma barraca na mochila pra ele.

Entendendo o que Naruto estava fazendo, Hinata sorri meiga para ele, e inconscientemente coloca sua mão em cima da sua sob a mesa.

— O sensei é esperto, garanto que vai encontrar um abrigo, mas acho que a essa hora ele já deve estar em Ame, mais tarde enviamos uma mensagem perguntando se ele chegou bem. — Hinata fala amável e por mais inquieto que estivesse, Naruto não resistiu e sorriu abertamente para ela — Desculpe por ontem, eu só fiquei com medo, eu fico pensando que a qualquer hora eles podem invadir a Vila e te levar embora, não quero que isso aconteça, nunca Naruto-kun!

— Hime...— Naruto sussurra e os olhos de lua ficam marejados quando a garota ouve aquele apelido — Você não precisa se preocupar assim, eu sempre vou estar contigo Hina, acredite em mim, nem Rikudou consegue me afastar de ti!

A pequena brincadeira dele põem fim àquele desentendimento, estava claro para Naruto que Hinata tinha os mesmo medos e preocupações que ele, e que por isso agia daquela forma, e para Hinata, ficou claro o que devia fazer dali para frente, como já havia decidido na noite passada, ela seria a Kunoichi mais forte que Konoha já teve, e enfrentaria quem quer que fosse para proteger Naruto. Sem se importar de estarem em aula, o Uzumaki abraça a garota, e como adorava fazer, beija-lhe a testa sob a franja; Shikamaru, Sai, Ino e Chouji que prestavam atenção neles, sorriem satisfeitos por verem que já estavam bem novamente. O único que não ficara contente, fora o Uchiha, que além de presenciar mais uma cena de afeto mutuo entre os dois, ouviu o Uzumaki insinuar que estava em contato com seu irmão, e agora os olhos negros do garoto ardiam vermelhos, e ele nem notara que havia despertado o seu Sharingan. Os demais permaneciam alheios ao que acontecia nas carteiras mais altas, estavam concentrados em Iruka, que anunciava como seria o seu exame de graduação, no qual eles iriam para o pátio e enfrentariam Jounins que seriam os responsáveis por seus times; nesse momento o medo tomou conta dos alunos, como eles enfrentariam Jounins? A resposta de Iruka não veio, ele apenas sorriu e disse que eles deviam saber como, já que trabalharam aquilo exaustivamente nos últimos tempos; com isso eles seguiram a passos vacilantes para a quadra onde fizeram as batalhas da amizade alguns meses atrás, e encontraram os Jounins que enfrentariam já os aguardando.

— Esses são os Jounins designados para serem os senseis de vocês daqui para frente, para quem não os conhece ainda, eles são Hatake Kakashi, Yuhi Kurenai, Sarutobi Asuma, Gekko Hayate e Yamashiro Aoba. — Iruka os apresenta tranquilamente — O teste é simples, basta que consigam imobilizar o sensei dentro de dez minutos e vocês estão aprovados, e se usarem tudo que lhes ensinei durante esse tempo, com certeza passarão. A primeira equipe, Nara Shikamaru, Yamanaka Ino e Akimichi Chouji contra Sarutobi Asuma.

— Vamos lá pessoal, me mostrem como será esse Ino-Shika-Cho. — Asuma incentiva e acende um cigarro.

O trio assume uma posição de batalha e ataca o sensei sem precisar de outro comando, Shikamaru ia na frente guiando os outros dois, e mesmo com muita preguiça de fazer aquilo, ele levou o desafio a sério, afinal queria acompanhar Naruto e Hinata naquela jornada também.

— Com quem a divisão vai ficar? — Naruto questiona parando ao lado de Kakashi.

— As vezes me pergunto se você não tem um antepassado Nara, garoto. — Kakashi brinca sem desviar os olhos do seu livro — Tenzou vai assumir, você e Hinata ocuparão o lugar dele.

— Isso não é precipitado, sensei? — o Uzumaki pede atordoado.

— Não, confio em vocês, sei que farão um bom trabalho, mas explico melhor amanhã a noite, teremos uma reunião extraordinária. — o Hatake responde e analisa os dois — Estão cansados, a noite com Itachi foi produtiva.

— Não é bem por isso...— Naruto desconversa envergonhado e coça a nuca inquieto.

— O vovô está preocupado, não está? — Hinata questiona para desviar o foco do assunto.

— Está, esses rumores sobre Orochimaru estão deixando todos em alerta, imagino que montaram uma boa estratégia para isso. — Kakashi responde e fixa seus olhos na luta que já iria acabar — Deve ser tudo verdade, para eu também receber a missão de ficar de olho no garoto Uchiha.

— Pelo que Itachi nos disse ontem, são bem piores do que estávamos esperando. — Naruto rebate ao mesmo tempo que Asuma é pego pela possessão das sombras e a transferência de mentes.

— Muito bom, os próximos são Uchiha Sasuke, Haruno Sakura e Inuzuka Kiba contra Hatake Kakashi. — Iruka anuncia nervoso e olha preocupado para Kakashi.

— Se vai aceitar a missão, vai ter que pegar leve sensei. — Naruto aconselha de olhos fixos no Uchiha.

— Vou deixar os moleques ganharem, é o único jeito. — Kakashi responde e se dirige ao centro da quadra, antes de começar, para e se vira para os pupilos com uma expressão jocosa sob a máscara — Ei Naruto, acho que vou precisar dos meus guizos de volta.

Ao ouvir aquilo, o Uzumaki sorri perverso, sabia que o sensei poderia até deixar o Uchiha vencer agora, mas depois ensinaria uma boa lição ao garoto arrogante e presunçoso, e saber disso lhe dava uma satisfação enorme. A luta não durou muito, Kakashi passou o tempo todo lendo o seu livro e esquivava com facilidade dos golpes dos três, ele só se deixou capturar quando percebeu que eles já estavam cansados; depois foi a vez de Sai, Madoka e Shino contra Kurenai, esse luta foi interessante, Sai e Shino usaram seus Jutsus para distrair Kurenai e dar tempo de Madoka rendê-la por trás. Logo foi a vez de Kenta, Shiin e Ryu contra Aoba, e apesar de estarem nervosos, eles conseguiram equilibrar muito bem seus ataques e logo estavam encurralando o Jounin, que ficou satisfeito com o seu time; e o último time a lutar foi o de Masahiro, Yumi e Toshi contra Hayate, e esses tiveram um pouco mais de dificuldade para imobilizar o sensei, já que antes disso, tinham que desarmá-lo, e tirar a Katana das mãos dele não era a coisa mais fácil do mundo, felizmente depois de muito esforço e alguns cortes, eles conseguiram antes que o cronometro chegasse a zero.

— Agora o time de Naruto e Hinata, como vocês não terão um sensei responsável, eu recebi instruções diferentes para o exame de vocês. — Iruka explica preocupado, aquilo era inédito na história da Academia, e se um dos dois se machucasse? — Por ordens do Hokage, o teste dos dois é derrotar os cinco senseis juntos.

— Ah eu vou até me sentar para assistir, isso vai ser divertido. — Shikamaru fala animado, para o espanto de Shino e Madoka, que estavam ao seu lado.

Os quatro amigos da dupla se sentam no chão, bem a frente dos outros colegas, que estavam perdidos com aquela reação, eles não deviam estar preocupados com os amigos? A exemplo dos quatro, os demais também sentam-se no chão e observam o Uzumaki e a Hyuuga se encaminhando para o centro da quadra; Hinata invocou seus Tessens e ativou o byakugan e Naruto invocou sua Ninja-to dupla, e sorrindo travesso, infunde chakra nas lâminas.

— Aposto que foi você quem deu essa ideia de merda pro meu pai, Kakashi. — Asuma reclama e saca suas próprias lâminas infundidas em chakra — Naruto, se você cortar meu cabelo como da última vez...

Quando ouve a ameaça do Sarutobi, Naruto gargalha alto e confunde mais ainda os colegas; nesse momento, Hiruzen chega a quadra trazendo Hanabi e Konohamaru, que estavam ansiosos para ver a graduação dos irmãos, acompanhados de Gai, Neji, Tenten e Lee, todos queriam ver a graduação da dupla, aguardaram com ansiedade a semana passar, para chegar o dia tão aguardado. Neji já estava mais acostumado com as coisas que descobriu da prima, e agora mesmo sabendo que ela era perfeitamente capaz de se defender, se preocupava quatro vezes mais; mas não podia negar que estava orgulhoso dela, e aquela era uma das chances que teria de ver a pequena Hinata em ação.

— Asuma se concentre, Kakashi não fique pensando no livro agora. — Kurenai chama a atenção dos dois, conhecia os pupilos e sabia que com eles não poderiam levar na brincadeira como fizeram com os outros alunos — Vocês dois, prestem muita atenção, eles vão atacar vocês primeiro.

— Kurenai-sensei, não esqueça que nos ensinou a ser imprevisíveis. — Hinata brinca e olha para o céu, o dia estava perfeito para aquilo.

Kurenai e Asuma dão o primeiro passo em direção da dupla, mas são impedidos de continuar por Kakashi, que os barra quase que instantaneamente.

— Nem mais um passo. — o Hatake avisa e destampa o seu olho esquerdo, surpreendendo Iruka e os demais alunos — Não é muito arriscado usar a armadilha devoradora, Naruto?

— Contra você, Kakashi-sensei? — Naruto pergunta debochado — Arriscado seria eu não usar.

— Esse moleque sem vergonha. — Asuma xinga e acaba rindo da ousadia do Uzumaki.

— Vocês três aguardem um pouco aí, agora nós queremos um duelo contra Hayate-sensei e Aoba-sensei. — Naruto fala e os dois se dirigem aos seus oponentes.

No primeiro contato entre as lâminas, fica claro para Hayate o quanto Naruto dominava o uso das Ninja-to, ao mesmo tempo que Aoba se impressionava com a agilidade de Hinata, e sua capacidade de mudar totalmente um golpe no meio do ataque, criando brechas em suas defesas, de forma que ele nunca tinha visto igual. Para os colegas que assistiam aquilo, ficou claro que durante aqueles meses, eles nunca usaram toda sua força e habilidades contra eles, e a diferença dessa luta, para a batalha da amizade era assombrosa. A expressão em seus rostos, a seriedade com que encaravam os adultos, mostrava o quanto eles estavam determinados a vencer; Iruka admirava a desenvoltura dos alunos, praticamente bebia os movimentos e ataques da dupla, nunca vira nada parecido, a velocidade e precisão dos ataques o deixavam tonto, só por tentar acompanhar.

— Shikamaru, o que é essa armadilha devoradora que o Kakashi-sensei falou? — Kenta pergunta, externalizando a dúvida de todos ali.

— É um Ninjutsu de barreira de selamento, Naruto manteve os senseis conversando para poder armar a barreira. — Shikamaru explica a jogada do amigo — O nome correto é Barreira Esférica da Armadilha Devoradora, se algum deles tivesse pisado no gatilho, teriam a ativado e seriam engolidos por um domo de chakra vermelho e comprimidos até a morte, ou até Naruto desfazer o Jutsu.

— Quando foi que você viu ele fazendo isso? — o Shimura questiona e sente o corpo todo tremendo de medo.

— Quando Naruto nos ajudava a treinar nossa formação na Floresta da Morte, ele fez várias dessas a nossa volta, para nos defender. — Ino conta e só a lembrança a faz ficar enjoada — Uma daquelas lacraias venenosas ativou o domo, não é um jeito bonito de morrer.

Sasuke, que ouvia tudo calado, volta sua atenção para o Uzumaki, depois disso ficara interessado em descobrir o que mais seu rival poderia fazer, e por mais que odiasse admitir, ele tinha que concordar que o garoto que ele julgou ser o maior fracote, estava dando um verdadeiro espetáculo ali; Naruto não só dominava o uso das Ninja-to, ele parecia conectado com as espadas, era como se elas fossem uma extensão dos seus braços. Não demorou muito mais para que os dois derrotassem Hayate e Aoba, que já estavam cansados de acompanhar o ritmo dos mais jovens, então a dupla se voltou para os três que ainda aguardavam; Naruto fez selos de mãos rapidamente para anular a barreira, e Kakashi mais uma vez se espantou com o vasto conhecimento de selos daquele garoto. Com a barreira desfeita, os Jounins cercaram a Hyuuga e o Uzumaki, tinham elaborado um plano enquanto estavam presos, e o colocariam em prática, se não fosse por Naruto.

— Kage Bunshin no Jutsu. — mais de cem clones das sombras cercaram os três — Henge no Jutsu.

A quantidade de clones feitas impressiona a todos, mas Kakashi sabia que aquele não era o limite de clones que Naruto podia fazer, não com todo aquele chakra; quando o garoto transformou metade deles em Hinata, tornou o plano dos Jounins complicado, já que mesmo o Sharingan de Kakashi não poderia identificar os verdadeiros no meio dos falsos. Usando a distração, eles se misturam e então se posicionam atrás dos clones, e se dão as mãos no instante que a chuva desaba dos céus, os três Jounins dentro do circulo de clones até se esquecem da batalha, para ver o que os pupilos estavam fazendo; era algo novo, eles não tinham tido a oportunidade de usar aquilo a sério ainda, por isso mesmo queriam por em prática de verdade. Por todo o pátio se ouvem exclamações de surpresa e encantamento, quando Hinata invoca seu chakra e Naruto o dele, e quando os dois entram em contato, sua coloração muda, de azul passa a lilás; é quando eles fazem os selos de mãos juntos, em sincronia total, e o Hatake arregala os olhos, quando percebe o que os pupilos estão fazendo.

— Hyoton: Mil Cortes de Gelo. — eles falam juntos e as gotas de chuva que caiam a volta deles, param no meio do caminho, se transformando em milhares de estacas de gelo, todas apontadas para os senseis.

Iruka e os demais alunos ficam de boca aberta, Asuma balança a cabeça indignado, Kurenai bate palmas e Kakashi senta-se no chão erguendo as mãos em sinal de rendição, na marquise da Academia, Hiruzen sorria abertamente junto com as duas crianças.

— Como foi que fizeram isso? — Kurenai pergunta impressionada.

— Foi por acidente, a gente estava treinando e usamos ataques de Suiton e Fuuton ao mesmo tempo, quando se chocaram, viraram gelo. — Hinata explica contente.

— Descobrimos que se misturarmos nossos chakras, podemos criar Jutsus de colaboração do elemento gelo, como o dragão d'água da Hime, podemos transformá-lo num dragão de gelo se eu adicionar meu chakra. — Naruto conta felicíssimo.

— Eu não esperava menos do time Deltha de Konoha. — Hiruzen fala se aproximando na chuva e lhes alcança suas bandanas ele mesmo — Aqui, merecem isso, estou orgulhoso dos dois!

— Time Deltha? Isso significa que eles serão designados para missões especiais? — Iruka questiona se aproximando do grupo, e os alunos mais atrás, curiosos com aquela criação.

— Sim, Naruto e Hinata foram treinados a vida toda para isso, e eles não decepcionaram nenhuma das minhas espectativas. — o Hokage responde e sorri matreiro — Vamos todos nos reunir na clareira hoje? Esse dia merece uma comemoração especial.

— Sim, eu quero dormir com a Onee-sama hoje! — Hanabi grita saindo para a chuva com Konohamaru atrás.

— Ah não tampinha! Diz que a gente vai montar a outra cama Hime? Cada que vez que ela dorme com a gente eu fico espremido num canto. — Naruto reclama e tenta se desvencilhar do abraço manipulador dos dois pequenos, que faziam a maior carinha de pidões — Até você Kono?

— Deixa nii-chan, deixa vai? — Konohamaru pede e faz todos rirem da cara desesperada de Naruto.

— O que eu quero saber, é o que os dois estão fazendo nessa chuva? — Hinata pergunta e coloca as duas mãos na cintura, para pavor dos pequenos.

— Corre Hanabi, a nee-chan está brava! — Konohamaru grita e sai em disparada para dentro da Academia, sendo seguido pela pequena Hyuuga.

— A gente passa no boticário antes de ir pra casa e pega xarope pra a gripe. — Hinata fala a Naruto e suspira alto, aquela seria uma longa noite — Precisamos fazer mais alguma coisa, Iruka-sensei?

— Não, agora só preciso que preencham seus formulários e me entreguem. — Iruka responde e todos começam a se dirigir para a sala que ocuparam durante aqueles meses.

O Hokage volta para seus escritório e leva Konohamaru e Hanabi com ele, disse que os dois ainda tinham coisas para resolver e não poderiam cuidar deles agora, esses primeiros foram acompanhados pelos demais senseis, que entregariam seus relatórios sobre o exame; mas não antes de combinarem com todos, de se reunirem as oito em ponto na casa de Naruto e Hinata, e ficou a cargo de Shikamaru e Neji avisarem suas famílias, e Gai cuidaria dos sesneis que não estavam presentes ali, Lee e Tenten se despedem de Ino, Chouji e Sai, fazendo altos planos para a noite. Dentro da sala, todos estavam alvoroçados, comentando as lutas e quais as primeiras impressões que tiveram dos seus senseis, e principalmente a luta do Uzumaki e da Hyuuga, que ignoravam totalmente esses comentários e se concentravam em preencher seus formulários; quando terminaram a tarefa, entregaram a Iruka e se voltaram para sua mesa, para recolher suas coisas, foi nesse momento que aconteceu. Kenta estava tentando imitar os movimentos que Naruto fazia com as Ninja-to, e acaba irritando Kiba, que empurra o Shimura, e como consequência disso, o jovem acaba trompando em Naruto que estava em pé logo atrás dele, e por estar de costas guardando suas coisas, não viu o que acontecia; o impacto o jogou para frente e ele acabou empurrando Hinata também, que caiu deitada no banco, com Naruto sob seu corpo, e para a surpresa de ambos, com os lábios colados um no outro. Naruto arregalou os olhos ao mesmo tempo que Hinata, e as suas faces coraram violentamente, nenhum dos dois tinha ideia do que fazer; afinal eles podiam ser jovens ainda, mas sabiam muito bem que aquilo era um beijo, acidental, mas ainda assim um beijo.

— Desculpa aí... — Kenta começa a falar, mas a frase morre na sua boca.

No segundo seguinte, todos olhavam a cena tão estupefatos quanto o Shimura, Iruka ficou perplexo; quando Naruto consegue voltar a pensar normalmente, se levanta de um salto e estende a mão para ajudar Hinata a levantar do banco, e mesmo sem conseguir olhar diretamente para ele, ela aceita sua ajuda e se coloca em pé.

— Des-desc-desculpa. — Naruto pede nervoso, como tinha que agir agora?

— Tu-tu-tud-tudo bem. — Hinata responde de cabeça baixa, estava a ponto de desmaiar — Acho que vou pra casa mais tarde, preciso resolver um assunto com Kurenai-sensei.

Dito isso, ela sai pela porta, sem esperar por uma resposta de Naruto, que ficou totalmente perdido e tentava entender a reação dela o mais rápido possível; a turma vai se dispersando, cada um indo para suas casas, comentando os acontecimentos do dia, e Naruto continua ali, parado, com os pensamentos confusos, até sentir alguém atrás de si.

— Eu te avisei não foi? — ele escuta a voz presunçosa antes de se virar para fitá-lo — Eu disse que ela nunca amaria um monstro, agora você tem uma prova.

Aquela frase o atingiu como um soco, o ar foi embora ao mesmo tempo que as lágrimas desciam por seu rosto; Naruto encarou com raiva as costas do Uchiha, que ia embora feliz por ter plantado a insegurança nos pensamentos do rival, mas o pior era que o Uzumaki sentia mais raiva de si mesmo, por se dar esperanças de que Hinata pudesse nutrir por ele, os mesmos sentimentos. Muito abalado por esse acontecimento, ele deixa a sala sem se despedir direito de Iruka, sentia o coração se contorcendo de dor, e tudo que queria, era ir o mais longe possível de tudo que lhe lembrasse de Hinata e do sentimento que tinha pela melhor amiga; nem notou os olhares preocupados dos quatro amigos para ele.

Na casa de Kurenai, a garota chegava esbaforida, sentia o coração batendo descontrolado, as pernas tremiam e ela mal parava em pé, bateu furiosa na porta da ex-tutura, e quase a pôs a baixo; quando Kurenai abriu a porta, encontrou Hinata ensopada e com um sorriso enorme no rosto.

— O que...— Kurenai começa a questionar.

— Naruto-kun me beijou! — Hinata grita e Asuma cai da cadeira na cozinha, se levanta e vem correndo até a porta, encara a Hyuuga com os olhos arregalados — Ele me beijou, Kurenai-sensei e agora eu não sei o que fazer.

— Espera, Hinata, entra e me explica isso direito. — Kurenai fala atordoada.

Assim ela faz, conta sobre o alvoroço na sala, a bagunça dos colegas e o empurrão que Kenta deu em Naruto, que culminou no primeiro beijo dos dois; contou o que sentiu e como reagiu, contou o que vinha sentindo e as coisas estranhas que aconteciam com ela, toda vez que o Uzumaki lhe abraçava, elogiava ou fazia algum carinho, Hinata simplesmente despejou todas essas informações para a ex-tutora, que depois de ouvir tudo, sorriu emocionada para a garota.

— Minha princesa, você está amando. — Kurenai fala com lágrimas escorrendo pela face — Está amando daquela forma especial que expliquei a vocês anos atrás!

— Mas não é errado? Naruto-kun é meu melhor amigo! — a Hyuuga contesta preocupada — Eu já desconfiava e estava com tanto medo que fosse isso mesmo.

— Não minha linda, não é errado não. — Kurenai responde e faz um carinho no rosto angustiado dela — Vocês continuam sendo melhores amigos, isso apenas torna a relação de vocês mais especial.

— Então não tem problema ele ter me beijado? — Hinata pergunta.

— Não, não tem problema, foi só um beijinho inocente e acidental. — a mulher responde calma e vê Hinata suspirando aliviada.

— Então continuamos iguais o que éramos? E se Naruto-kun não gostar de mim assim? — a Hyuuga externaliza os seus medos.

— Hinata, qualquer um pode ver que Naruto te venera, você não tem que se preocupar com isso, se ele não sentir o mesmo agora, um dia ele certamente sentirá, se está insegura com isso, espere ele te dizer. — Kurenai aconselha — Até agora não foi o suficiente estar junto com ele como amigos? Então você pode continuar assim sem problemas. O amor não tem pressa querida, ele é paciente e compreensivo, suporta coisas que nem imaginamos, e nos torna capaz de qualquer coisa por quem amamos.

— Obrigada sensei, vou voltar pra casa agora, até a noite. — Hinata agradece mil vezes mais calma do que chegara ali e sai correndo na chuva.

— Você acha que eles vão ficar bem? — Asuma pergunta, assistindo a garota sumir na rua.

— Vão sim, e qualquer coisa, estaremos aqui pelos dois. — ela responde sorrindo, curiosa para saber o que os pupilos fariam agora.

Hinata corria pela floresta, corria o máximo que suas pernas permitiam, queria chegar em casa logo e contar a Naruto que não precisavam se preocupar, que tudo estaria bem; mas ao chegar na porta de casa, não foi ele quem a garota encontrou, foram seus seus amigos esperando na soleira da porta, se abrigando da chuva constante, cada um mais preocupado que o outro. A casa estava fechada, do mesmo modo que a deixaram pela manhã, as janelas com as cortinas fechadas e sem nenhum sinal de vida.

— O que estão fazendo do lado de fora? Por que Naruto-kun não abriu a porta? — a Hyuuga questiona confusa.

— Naruto não está, já batemos um monte, quase derrubamos a porta, mas tudo que ouvimos foram as gatas miando. — Shikamaru responde.

— Não pode ser, ele devia ter vindo para casa. — Hinata contesta e pega a sua chave na bolsinha.

Quando ela abre a porta, encontra somente as gatas como Shiakamaru falou, ela corre para o quarto, mas também o encontra vazio, e nem mesmo o equipamento ninja que ele sempre levava para a Academia estava sob a cômoda; Hinata começa a se desesperar, um milhão de possibilidades passam por sua cabeça, mas a primeira e a que mais a amedrontava, era que a Akatsuki finalmente tinha vindo buscar Naruto. O medo tomou conta da garota, e sem perceber ela começou um choro silencioso, e isso preocupou muito Neji, que já estava a par do que aconteceu na sala de aula.

— Nee-chan? — o Hyuuga chama baixinho.

— Fiquem aqui, esperem ele voltar e se isso acontecer antes que eu chegue, digam que lhe estou procurando e peçam que mande um clone até mim. — Hinata ordena, assumindo sua postura de ANBU e controlando suas emoções, deixaria elas para mais tarde, agora precisava pensar direito e ter tudo sob controle — Vou trazê-lo de volta.

— Espera Hina, você não pode ir sozinha, deixa eu te ajudar. — Shikamaru se prontifica assustado, ele percebeu que a reação de Hinata não era por causa do ocorrido de mais cedo, o jovem Nara percebeu que algo grave podia estar acontecendo.

— Preciso que fique aqui Shikamaru-kun, e se nenhum de nós voltar em duas horas, notifique o vovô e organize com Kakashi-sensei times de buscas para irem a Amegakure, se for o que estou pensando e Kami queira que não, a vida de Naruto-kun pode estar em perigo. — ela instrui e antes de sair, pega sua máscara no armário e um casaco com capuz, não tinha tempo para vestir o uniforme completo — As informações que vocês precisam estão nos pergaminhos, a chave para abri-los é o pelo da Miyuki.

Dito isto, ela corre para a chuva novamente, começaria as buscas pela floresta, em cada possível lugar que Naruto pudesse ter passado, depois voltaria a Vila e em último caso, buscaria na taberna da estrada norte, onde poderia obter informações facilmente; afinal, se tinha alguém que poderia encontrar Naruto, esse alguém era ela. Assim ela vasculhou cada pedra, cada gruta, cada toca daquela floresta, e a cada um que encontrava vazio, seu coração se afligia mais; quando esgotou as possibilidades ali, partiu para a Vila, buscou na Academia, na loja de armas que sempre compravam, no mercado, no Ichiraku e até mesmo no prédio Hokage, e ainda assim não encontrou nada. Agora só faltava um lugar para buscar, um lugar que ela sabia que Naruto gostava de ir, por que o deixava mais perto do seu falecido pai; sentindo uma ponta de esperança, ela correu para o monumento dos antigos Hokages, sentia suas pernas ardendo em protesto, respirar estava virando um sofrimento, ela nunca tinha corrido tanto em tão pouco tempo. Quase desmaiou de exaustão, quando chegou no topo, e mais ainda quando avistou em cima do rosto do Yondaime, a jaqueta laranja que ela conhecia muito bem; o peito explodiu de alegria, sentiu grande alivio ao vê-lo ali, e sem se dar conta do que fazia, agindo por impulso, correu e o abraçou.

— Naruto-kun! — Hinata grita e soluça — Você está aqui, está aqui!

Num primeiro momento, o Uzumaki fica atordoado, estava conversando com a estátua do seu pai, pedindo conselhos, e depois estava sendo abraçado, e quando ele vê que é Hinata quem o abraça, fica congelado no lugar, com medo de se mexer e acabar descobrindo que dormiu na chuva e estava sonhando.

— Tem noção do quanto me deixou preocupada?! — ela ralha chorando — Eu te procurei como louca, quase fui falar com Tenzou, ia colocar a divisão inteira pra te procurar!

— Mas eu estava aqui...— Naruto responde mais para si, do que para ela.

— Mas eu não sabia disso, achei que eles tivessem te levado embora, eu fiquei com tanto medo, quase morri quando cheguei em casa e você não estava. — a Hyuuga conta e chora mais ainda, e quando escuta o choro dela, Naruto se assusta, não esperava aquela reação dela — Promete que nunca mais vai sumir assim? Promete que nunca mais vai fazer isso? Anda Naruto, promete!

Hinata grita exasperada, e para total perplexidade do Uzumaki, não utiliza o sufixo junto ao nome dele; isso é como um gatilho para ele, fazendo com que se lembre do motivo de estar ali, conversando com uma estátua que nem poderia respondê-lo.

— Por que? Por que eu deveria prometer? Você fugiu de mim quando as coisas ficaram estranhas, eu pedi desculpa, não fiz de propósito e você viu, mas se afastou de mim, e se você não gosta de ser amiga de alguém como eu, tudo bem eu entendo... — ele tenta falar entre as próprias lágrimas, mas acaba enfurecendo mais a Hyuuga, que o empurra contra a parede de pedra.

— Eu não fugi! — ela grita e arranca a máscara de gato do rosto — Eu só estava confusa, precisava conversar com alguém, e fui procurar Kurenai-sensei, eu te disse isso, disse que precisava falar com ela! Quem te disse que não quero ser sua amiga? Quem te falou uma besteira dessas? Diz pra mim, Naruto!

O tom severo dela, a expressão magoada em seu rosto, faz com que Naruto pense que Kurama tinha razão, ele não devia ter tirado conclusões precipitadas, e muito menos ter dado ouvidos as palavras venenosas que o Uchiha lhe dissera, mas dele Naruto cuidaria mais tarde, em um outro momento; já tinha avisado Sasuke antes e ele não lhe ouviu, agora que aguentasse as consequências.

— Me perdoa Hina, me perdoa! — Naruto chora e cai de joelhos na frente dela — Eu só não sabia o que pensar, também fiquei confuso, fiquei com medo de te perder, de perder a nossa amizade, eu não quero isso Hime, nunca quero ficar longe de ti.

— Naruto, olha pra mim, sim? — Hinata pede mais calma e coloca as duas mãos no rosto dele — Nós fizemos uma promessa, prometes que sempre estaríamos juntos, acontecesse o que fosse. Não é por que as coisas ficaram um pouco diferentes, que eu vou quebrar minha promessa, eu disse antes, você é meu sol, Naruto!

— Hinata...— ele sussurra emocionado e abraça a Hyuuga, daquele jeito mesmo, ajoelhado no chão.

— Vamos pra casa, o pessoal está nos esperando, e vamos pegar um resfriado se continuarmos na chuva, Naruto-kun. — Hinata fala passando as mãos pelos cabelos dele, já sentia os dedos dormentes de frio.

— Você pode me chamar só de Naruto, Hina? — ele pede se pondo em pé e pegando Hinata nos braços.

— O que está fazendo? E por que quer que eu te chame assim? — Hinata questiona e fica extremamente nervosa e envergonhada com o ato.

— Vamos chegar mais rápido em casa, se eu te carregar. — Naruto responde e antes de começar a correr como um raio, olha ternamente para a amiga e sorri fraquinho — Você usa o sufixo pra todo mundo, me senti especial quando não usou no meu nome.

Podia parecer a coisa mais boba do mundo, mas para ele, que estava descobrindo os efeitos do amor, era tão importante quanto respirar; Naruto só não imaginava que a resposta de Hinata seria capaz de parar seu coração e fazê-lo voltar a vida em milésimos de segundos. Escondendo o rosto no peito dele pela vergonha, e sentindo seu corpo mais fraco, sinais claros de que começava a se resfriar, Hinata confessou antes de adormecer sobre o embalo dos passos ligeiros do Uzumaki.

— Você é especial, pra mim você sempre foi, você é o meu Naruto!

 

 


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