O dia amanhece ensolarado, no céu nenhum resquício das nuvens negras do final da tarde, a floresta também desperta mais viva depois da chuva constante da noite; pássaros cantam melodias delicadas, enquanto se banham nas poças que se formaram no chão, alguns esquilos perambulam entre as árvores, buscando por sementes e grãos, os coelhos de verão já mascavam freneticamente os pastos verdes a volta de suas tocas, suas pelagens marrons se misturado com o verde vívido pelo chão. Mas na cabana, a manhã não começava tão tranquila assim, Naruto se desperta de um sono agradável e repleto de sonhos felizes, e se depara com uma situação incomoda e desesperadora para qualquer garoto da sua idade com pouca informação; já era a segunda vez aquela semana, e como das outras que ocorreram, ele não tinha ideia do que fazer, lembrou-se das palavras de Kurenai-sensei, se Hinata despertasse e o visse daquela forma, com certeza seria muito vergonhoso. Com cuidado para não acordá-la, ele se afasta e tenta sair da cama, mas como quase sempre acontecia, Hinata o abraça mais; ela nunca dormia afastada dele, e mesmo inconsciente, mantinha-se perto.

— Mas que droga! Kami-sama me ajuda. — ele pragueja baixinho e se levanta num rompante.

Esse ato desesperado do Uzumaki, na sua tentativa de sair o mais rápido possível da cama, chamou a atenção dos dois Hyuuga's que já estavam despertos, ambos apenas aguardando que os anfitriões da casa se levantassem; os irmãos se entreolham, não entendendo o motivo do garoto sair correndo do quarto, parecia até que tinha visto um fantasma. Hizashi por saber que aquele não era um comportamento normal de Naruto, se preocupa e sai da cama indo atrás dele pela casa, Hiashi sem saber o que fazer, também vai atrás; quando não o encontram na sala ou na cozinha, batem a porta do banheiro.

— Naruto, está tudo bem? — Hizashi pergunta preocupado ao ouvir os murmúrios lá dentro.

— Não, não está, eu não sei o que fazer! Por que isso sempre acontece?! — a resposta vem abafada, tingida de um grande desespero.

— Se você me contar o que está acontecendo, posso te ajudar. — o Hyuuga sugere com calma.

— Como? Se eu nem sei o que está acontecendo. — Naruto indaga em desespero — Acho que isso é algum tipo de doença!

— Me deixa te ver, assim posso dizer se você está doente ou não. — Hizashi argumenta muito preocupado.

Sem dizer mais nada, ele abre a porta do banheiro, e causa um grande espanto nos dois homens, eles não estavam preparados para aquilo, e de todas as possibilidades que Hizashi tenha pensado, aquela nem passara por sua cabeça; vendo a expressão assustada dos dois, Naruto se desespera mais ainda, além de ser incomoda, aquela situação parecia ser muito grave.

— Naruto, acho que precisamos conversar. — Hizashi fala e vai entrando no banheiro seguido de Hiashi, que nem sabia como agir diante daquilo — Eu acho que deveria caber ao Hokage-sama fazer isso, mas como você está confuso e certamente isso vai acontecer mais vezes, vou tomar para mim essa tarefa, está na hora de uma conversa de homens.

Depois de quinze minutos, os quais foram os mais constrangedores para os três, Hizashi por que teve que tomar a iniciativa para falar de um assunto tão intimo e complicado, mas era fato que Naruto estava crescendo, e estava crescendo junto de sua sobrinha e se ele não assumisse aquela responsabilidade, poderiam ter consequências desastrosas mais a frente, Hiashi estava constrangido por cair sem aviso prévio no meio de tudo aquilo, por ter que ouvir as confissões do garoto e sem se perceber, participar da conversa, por que seu instinto de pai agia sem ele se dar conta, o fazendo se preocupar pela relação do garoto com a filha que ele abandonara tempos atrás, já o Uzumaki sentia suas dúvidas indo embora, dando lugar a uma enorme vergonha; aquele foi mais um dos vários momentos de sua vida, que ele desejou do fundo de sua alma, que seu pai estivesse vivo, para que tivesse aquele apoio dele, para que não precisasse que outras pessoas lhe explicassem coisas que cabiam aos seus pais, para que tivesse aquelas experiências com sua família. Quando enfim terminaram aquela conversa sobre hormônios, puberdade, mudanças corporais e sensações que poderiam ocorrer, o que fazer e como agir diante tudo aquilo, além de formas de evitar ou se livrar dessas situações incomodas, o pobre Uzumaki era um total e completo tomate; com todas as dúvidas que surgiram no momento sanadas, eles deixaram Naruto sozinho, para que tivesse privacidade pelo menos na hora de se arrumar, e ele fez como Hizashi ensinou, tomou um banho bem gelado e demorado.

— Nunca pensei que passaria por isso de novo, já me bastava Neji. — o Hyuuga mais novo fala ao se sentarem na sala.

— Você acha que Hiruzen considerou isso, quando pôs Hinata para morar aqui? — Hiashi pergunta perdido em pensamentos.

— Certamente que sim irmão, mas não temos que nos preocupar, Naruto sempre foi um bom menino, ele tem um carinho especial por Hinata, os sentimentos deles são tão inocentes, que acredito que nem se deram conta do quão profundos são, sem falar que podemos considerá-los duas crianças ainda. — Hizashi comenta tranquilamente.

— Como pode ter certeza disso? Não diga besteiras! Hinata não tem sentimentos por esse garoto! — o mais velho repreende severo, estava se deixando levar pelas emoções.

— Lembra o que ela disse ontem? Hinata está amadurecendo, seus sentimentos estão amadurecendo, agora não há mais volta, e não se esqueça que eu os vi crescer irmão, conheço os dois melhor que você. — Hizashi rebate e quando vê o irmão fechar o cenho e se preparar para repreende-lo, trata logo de silenciá-lo — Dentro do clã eu te devo obediência e a minha vida, mas aqui você não é a autoridade, você abriu mão dela, não aja agora como se fosse seu pai, você não é e ela não te considera mais assim, você não tem esse direito Hiashi!

Impactado com as palavras duras do seu irmão mais novo, Hiashi se perde em seus próprios pensamentos e se amaldiçoa internamente por quase por tudo a perder; Hizashi também se mantém calado depois disso, indignado com a audácia do irmão. Assim eles nem notam quando duas figuras delicadas com traços tão idênticos, que poderiam ser ditas como gêmeas, não fosse pela diferença de idade e estatura, saem do quarto; Hinata trazia Hanabi pela mão, essa era a primeira vez que estava tão próxima da irmã caçula, com a mesma acordada, e isso a fazia ficar cada vez mais nervosa, não sabia como agir com Hanabi, ou como responder as suas intermináveis perguntas. Elas param de andar assim que veem os dois homens na sala, calados e de expressões tão sérias, Hinata nunca tinha visto seu tio daquela forma e estranhou vê-lo assim logo pela manhã de domingo, Hanabi nem ligou, estava encantada demais com aquela casa, que parecia uma casinha de bonecas, nada lhe chamava mais atenção do que os quadros pelas paredes, as almofadas coloridas e as cortinas floridas nas janelas; mas realmente pulou de alegria, quando avistou as três gatas se enroscando nas pernas de Hinata.

— Bom dia! Tio, onde está o Naruto-kun? — Hinata pergunta perscrutando a cozinha em busca do amigo, e chama a atenção dos dois homens.

— Bom dia! Olha só como você está bem hoje, Hanabi-chan. — Hizashi cumprimenta entusiasmado — Naruto está no banho, Hinata.

— Bom, então vou preparar o café da manhã antes que o pessoal chegue. — ela fala indo até a cozinha e começa a preparar tudo — Pode ligar a TV tio, essa hora o noticiário já deve ter começado.

— Hanabi, minha filha! Já te sente melhor? — Hiashi se ajoelha a frente da pequena que apenas concorda — Bom, então vamos para casa agora.

— Ela ainda não pode ir, preciso observá-la por pelo menos mais algumas horas, para garantir que não terá efeitos colaterais do veneno. — Hinata fala séria, se mantinha de costas para todos, não queria que vissem seus olhos marejados — Fiquem para passar o domingo, tenho certeza que o vovô trará a mãe dela junto com tia Natsume e Neji nii-san.

Para os ouvidos pouco treinados do líder Hyuuga, aquele convite soou frívolo e desprovido de qualquer emoção, era como se para Hinata, a presença deles ali não fizesse qualquer diferença, como se não fossem ninguém, mas para os ouvidos de Naruto, que estivera parado a porta do banheiro ouvindo a conversa, que a conhecia melhor do que a si mesmo, aquilo soou como um golpe em sua alma, ele sabia o quanto custava para sua Hinata ser indiferente, o quanto lhe doía ter que agir tão fria e inexpressiva na frente da irmã que ela sonhava conhecer um dia; por isso ele mais do que depressa deixou sua inatividade momentânea de lado, e foi até ela e a abraçou apertado para confortá-la, eles eram assim e sempre seriam, tudo que doía em um o outro sentia, e por essa razão, Naruto sentia uma enorme agonia ao ouvir a enorme tristeza disfarçada de indiferença na voz de Hinata. Ela não queria se deixar abater, nem demonstrar que se importava, mas a verdade era que ver seu pai agindo de forma tão carinhosa com sua irmã, de um jeito que ela nunca pensou que um homem como ele poderia agir, a machucou e muito, ouvir Hiashi chamar Hanabi de filha reabriu algumas cicatrizes em seu coração, ver aquela cena tão oposta ao que ela viveu com o pai com menos idade que sua irmã, a fez relembrar coisas amargas que estavam adormecidos no fundo do seu ser; não por que ela não quisesse que a pequena Hanabi tivesse uma vida feliz, estava até aliviada por ver que a irmã era bem tratada, mas ela não entendia o porquê não teve o mesmo tratamento, o mesmo carinho, porquê nunca ouviu seu pai lhe chamar de filha, ou tratá-la com tanta preocupação e esmero, e aquilo feria mais do que uma navalha, aquilo rasgava sua alma e destroçava seus sentimentos. Hinata só conseguiu voltar a respirar sem dor, quando sentiu um par de braços quentes, cálidos a envolvendo, ela já sabia a quem pertenciam, não precisava virar-se para vê-lo, reconhecia a aspereza daquelas mãos e a fragrância de eucaliptos e ipês que ela sempre sentia emanar de Naruto; ela já sabia que era ele antes que sua voz rouca e levemente aguda nos últimos tempos, chegasse aos seus ouvidos, era ele quem estava ali a amparando sem que ela ao menos pedisse, ele era seu refugio afinal, sua salvação e sua casa.

— Bom dia Hinata-chan! — Naruto a cumprimenta sem se importar com seus espectadores — Dormiu bem?

— Bom dia Naruto-kun! Consegui descansar bastante, e você? Eu não te encontrei na cama quando acordei, por que levantou tão cedo? — Hinata pergunta, agarrando a oportunidade de mudar o foco dos seus pensamentos.

— Por quê estava com muito calor, por que não deixa que eu termino o café? Vai lá tomar um banho para se refrescar também. — ele desconversa sem jeito e arruma uma desculpa para ela ficar sozinha também, sabia que Hinata estava precisando disso agora.

— Acho que vou fazer isso, se o vovô e o Kono chegarem antes que eu saia, não deixe o Kono pegar meus pergaminhos de novo. — Hinata ordena e dá-lhe as costas indo até o banheiro.

— Sim senhora, dona Bravinha! — Naruto brinca e recebe um olhar severo dela, o que só o faz rir com gosto — Está bem, eu faço Kono se comportar, não quero ganhar nenhum cascudo.

Antes de fechar a porta do banheiro, Hinata dirige a Naruto um olhar que ela sabia que só ele entenderia, para os demais que assistiam tudo, não passava de um olhar carinhoso e cheio de afeto, mas para o Uzumaki, aquela mirada tinha um significado a mais, e somada com as lágrimas que começavam a transbordar por seus cílios, era o mais sincero agradecimento; Hinata agradecia pelo tempo que Naruto lhe deu, agradecia por ele a entender e compreender tão bem e o agradecia por ser ele ali com ela desde sempre.

— Eles sempre se comportam assim? — Hiashi pergunta baixinho ao irmão mais novo.

— Desde que se conheceram, às vezes eu me perdia com essas conversas mudas deles, mas com o tempo todos nos acostumamos com seu modo de agir. — Hizashi explica enquanto observa Naruto se virando na cozinha — Sabe, eu tive medo quando o Hokage trouxe Hinata pra cá, ela era uma menina tão retraída, foi uma enorme surpresa quando viemos comemorar seu aniversário de cinco anos, dois meses depois; parecia até outra criança.

Enquanto o Uzumaki se concentrava em não deixar os ovos queimarem e preparar a infusão para o chá ficar no ponto perfeito, os dois Hyuuga's permaneceram sentados no sofá ouvindo os noticiários da manhã, e Hanabi ficara sentada ao chão mesmo, brincando com as gatas, que estavam mais do que felizes com a atenção que recebiam da pequena. Mal se passaram dez minutos, Naruto já arrumava a mesa para o café, quando se ouvem batidas na porta, o Uzumaki não se alterou, já era esperada aquela visita todos os domingos.

— Tio, abre a porta pra mim por favor. — ele pede sem nem erguer a cabeça, terminava de por os talheres na mesa.

Quando Hizashi vai abrir a porta e se posiciona ao lado da marquise, acende a curiosidade de Hiashi, que não entendia por que o irmão se colocava tão afastado da porta, mas ele logo descobriria, assim que o outro a abrisse.

— Naruto nii-chan! — um pequeno furacão irrompe pela cabana e salta sobre Naruto.

— Nanico, quase me derruba! — Naruto ralha e passa a dar alguns cascudos no garoto.

— Aí nii-chan, você é mau! Cadê a nee-chan? — Konohamaru questiona ainda agarrado ao pescoço de Naruto.

— Ela está no banho, e você desce de mim agora, quase me fez virar o chá da Hina. — o Uzumaki reclama vendo o Hokage entrar na cabana acompanhado de mais seis pessoas — Chegou cedo vovô, pra um velhote até que você é bem disposto.

— Sabe como Konohamaru fica aos domingos, ele ia por fogo no meu escritório se não viéssemos logo. — Hiruzen fala tragando seu cachimbo, deixando Hiashi perplexo com a naturalidade com que ele conversava com Naruto — Bom dia a todos, olha só você pequena Hanabi, está tão bem disposta, sua irmã fez um bom trabalho.

Ao ouvir aquilo, Hanabi sorri abertamente, ela estava radiante com as descobertas que fizera, e para ela que mal tinha completado seus seis anos, que via o mundo muito inocentemente e ainda era tão ingênua, descobrir que sua irmã mais velha a tinha salvado e ainda era uma ninja muito forte, fazia tudo parecer a maior aventura de sua curta vida.

— Eu só cumpri minha missão vovô, não há nada de mais nisso. — Hinata contesta ao sair do banheiro com os cabelos pingando água — Capitão, mais tarde te entrego o relatório.

— Eu já disse que não precisam me chamar assim quando não estão de serviço. — Kakashi reclama com sua habitual cara de tédio — Antes que perguntem, Tadeki se livrou dos corpos ontem.

— Que bom, saímos correndo de lá e nem deu tempo de fazer um descarte apropriado. — Naruto comenta ao por as travessas de comida na mesa.

Neji faz uma careta ao ouvir aquela conversa, o Hokage tinha lhes explicado pela manhã, quando os fora buscar no clã, o que ocorrera na noite passada, segundo Hiruzen, agora que o líder do clã já sabia do segredo, não tinha mais sentido esconder do resto da família; para o jovem Hyuuga ainda era difícil assimilar toda aquela informação, ainda mais se tratando de sua pequena prima. Mas para Hiruzen, que planejara aquilo desde o começo, era extremamente gratificante, ver as reações de todos os que eram próximos dos dois, o assombro e incredulidade com que as pessoas os fitavam após descobrir quem eles eram; aquilo estava saindo melhor que a encomenda, agora aqueles orgulhosos e prepotentes do clã sabiam que as duas crianças que eles mais desprezaram, eram os poderosos ninjas que eles deviam temer e respeitar.

— Hinata nee-chan! — Konohamaru salta sobre a garota com sua empolgação rotineira a mil — Eu senti saudades, saudade do tamanho do mundo.

— Eu também senti saudades Kono, agora seja um bom menino e se comporte. — a Hyuuga responde e sorri docemente para o Sarutobi — Neji nii-san, tia Natsume, que bom que chegaram! Como vai, Hiromi-sama?

— Hime, pessoal, venham todos tomar café, e você nanica, vá lavar essas mãos. — Naruto chama a todos e deixa a matriarca Hyuuga perplexa com o tratamento que dispensa a Hanabi.

— Como se atreve?! Está falando com a futura líder do clã, seu insolente! — Hiromi fala ríspida.

— Devo lembrá-la que está na nossa casa, e que fomos nós que resgatamos sua filha em segurança? — Hinata indaga sarcasticamente e faz a mãe se calar, a mulher fica pálida com as lembranças que lhe vieram a mente, por instantes a única coisa que viu, foi a garota decepando a orelha daquela mulher.

— Hiromi se contenha, Hanabi estava com os gatos no colo, não tem nada de absurdo em mandar ela lavar as mãos antes da refeição. — Hiashi argumenta e surpreende a todos.

Com essa pequena comoção gerada pelo comentário do líder Hyuuga, eles sentam-se à mesa, Neji, Konohamaru, Hizashi, Natsume,Hiruzen, Asuma, Kurenai e Kakashi estavam mais do que acostumados com aquelas manhãs, se sentaram sem fazer cerimônia e foram logo se servindo do que queriam; já os pais de Hinata estavam se sentindo como um peixe fora d'água, não sabiam como agir ou o que fazer, estavam constrangidos e se sentiam perdidos diante de toda aquela animação, foram salvos por Hanabi, que se sentou próxima aos donos da casa e agiu com naturalidade, pedindo a irmã o que queria comer, como se frequentasse a casa há anos, então os dois resolveram seguir o exemplo da filha e fingir que aquilo era absolutamente normal.

— Aqui Hina, veja se está do seu gosto. — Naruto entrega a Hinata sua xícara de chá, enquanto ela passava um doce de nashi nas torradas de Hanabi e Konohamaru.

— Está ótimo, obrigada Naruto-kun. — a garota agradece e involuntariamente suas bochechas coram, fato que chama a atenção do líder Hyuuga.

A refeição transcorre tranquilamente, os recém chegados, com exceção de Neji e Konohamaru, os acompanham apenas no chá, que mesmo a contra gosto, a matriarca do clã teve que admitir que estava muito bom, os dois irmãos e Hanabi aproveitam a refeição ao máximo, enquanto observam a conversação do Hokage de Konoha e os donos da casa, ou melhor, como Hiruzen os chamava, os 'netinhos do seu coração'; em dado momento, Hiashi se espantou ao constatar que pensava em como os dotes culinários do Uzumaki eram bons, e se perguntava quando o garoto aprendeu tudo aquilo, estava sendo uma experiência intrigante para o líder Hyuuga, observar como os dois viviam, como se comportavam um com o outro e com as demais pessoas a sua volta, era como se fossem um pequeno casal, um casal recém casados recebendo visitas em sua casa, mas sem a relação amorosa que um casal deveria ter, eles simplesmente agiam assim, sem se darem conta disso. Naruto estava feliz, e enquanto ele se entretinha em limpar o rosto lambuzado do jovem Sarutobi, ou esfriar o chá da pequena Hyuuga, ele não conseguia tirar o sorriso largo do rosto, pois apesar de gostar do silêncio e calmaria do seu lar, ele também gostava de ver a casa cheia, e por mais que alguns pontos daquela reunião fossem bem inusitados, a presença de pessoas que lhes eram tão queridas compensavam esse fato; Hinata estava mais calma, depois de chorar alguns minutos no banho, ela conseguiu se recompor, e agora focava sua atenção no que lhe era realmente importante e precioso, tinha recuperado o controle de si mesma, e estava adorando aquele contado com sua irmãzinha, e ainda tinha Konohamaru disputando sua atenção da forma mais fofa possível. Após a refeição, as visitas saem para fora, para sentarem-se à sombra das árvores mais que satisfeitos com a hospitalidade e cortesia dos jovens Shinobis, Naruto retirou a mesa enquanto Hinata separava os ingredientes que ocupariam para fazer o almoço; a dinâmica entre os dois era perfeita, tanto nas missões, quanto nas tarefas domesticas, o que era motivo de muito orgulho para Kurenai e os demais senseis.

— Acho que vamos precisar de uma mesa um pouco maior hoje. — a garota comenta com Naruto, enquanto eles limpam a louça do café — Pelo menos o dia está bonito para um almoço lá fora.

— O vovô disse que arrumaria isso, e você está melhor Hime? — o Uzumaki questiona, por mais que ela aparentasse estar bem, ainda estava preocupado.

— Estou sim Naruto-kun, não se preocupe. — ela responde sorrindo para ele — Vamos esquecer isso e aproveitar o dia, faz tempo que não nos reunimos com todos, sabe como é difícil as folgas serem juntas, daqui a pouco eles chegam.

— Onee-sama, me ensina a fazer esses quadros? — Hinata quase cai para trás quando escuta Hanabi lhe chamando assim, eles nem tinham notado quando a menina entrou de volta na casa.

— Hanabi-chan não dev...— ela tenta contornar a situação.

— Você é minha Onee-sama, eu sei que é, Neji nii-san já me contou tudo. — a pequena menina conta com os olhos cheios de lágrimas — Eu queria muito te conhecer, Onee-sama!

Ao ouvir a declaração de sua irmã, Hinata sente as lágrimas inundando novamente seu rosto, e sem poder se conter, abraça a menina; a emoção das duas também comove a Naruto, que num ato impulsivo e único, como só ele poderia fazer, as abraça. O Hokage e Kakashi que seguiram a menina e assistiam a cena na porta, sorriem satisfeitos, já planejavam interferir e revelar a pequena Hyuuga o seu parentesco com Hinata, não achavam correto que Hiashi escondesse isso da menina. Quando os três saem para fora, para dar inicio aos jogos e brincadeiras do dia, costume esse que eles tinham e realizavam todos os domingos, quando se reuniam com seus amigos, seus senseis e o Hokage, a alegria presente em seus rostos os deixa radiantes; Hinata estava feliz que não precisaria mais fingir indiferença com a irmã, Hanabi por finalmente conhecer a garota extraordinária que o primo tanto falava que era sua irmã mais velha, e Naruto pelo simples fato de Hinata estar feliz.

— Senta aqui Hanabi-chan, preciso te examinar. — Hinata ordena e coloca a menina em uma cadeira.

Sem dizer mais nada, ela ativa seu byakugan, o que deixa sua mãe muito surpresa, ninguém dentro do clã além de Hiashi, Hizashi e Neji, podiam ativar o Doujutsu sem fazer os selos de mãos, e Hinata nem ao menos anunciava o Doujutsu; enquanto ela analisava Hanabi, a pequena menina a olhava fascinada, ao seus olhos a irmã parecia uma fada, uma princesa, e quando falava, sua voz era tão calma e agradável de ouvir, que a pequena Hyuuga a queria ouvir falar para sempre. Konohamaru assistia a conversa das duas emburrado em um canto, não estava gostando de ter que dividir a atenção de Hinata, e em sua cabeça extremamente travessa, bolava um plano mirabolante para afastar a menina da sua nee-chan, ele só não percebia que Naruto já estava de olho nele, o Uzumaki percebera que o pequeno Sarutobi estava se mordendo de ciúmes, e por isso estava prestando muita atenção no menino, para evitar que fizesse alguma travessura; como conheciam Konohamaru desde que nasceu, sabiam do gênio e temperamento dele, que por sorte ou azar, era idêntico ao de Naruto e o menino adorava saber que era considerado igual seu 'irmão' mais velho.

— Você parece muito bem, está se recuperando rápido. — Hinata conclui e acaricia a face de Hanabi.

— Eu vou ser forte como você, Onee-sama. — Hanabi declara resoluta.

— Ela não é sua Onee-sama, Hinata é minha nee-chan! — Konohamaru grita frustrado e abraça a a cintura de Hinata, ao que Hanabi imita imediatamente — Sai sua chata.

— Não, é minha Onee-sama! Sai daqui você, seu bobo! — a pequena grita de volta.

A pequena discussão dos dois causa uma onda de risos nos adultos, ainda mais por verem Hinata no meio deles tentando os acalmar sem sucesso, quanto mais ela pedia calma, mais eles se empurravam e xingavam, seguiram assim por quase cinco minutos, até Naruto interferir; sem aviso, ele fez dois clones, pegou os pequenos pelo colarinho e os ergueu no ar. Hiromi até intentou interferir, mas foi impedida por Hiashi, por mais que não admitisse em voz alta, ele estava gostando de ver a interação entre suas duas filhas, e queria ver como se comportariam, não negaria isso a Hanabi, não agora que ela já sabia da verdade.

— Se os dois não pararem com isso, vão ficar o resto do dia de castigo! — o Uzumaki os repreende severo — Não quero mais saber dessas brigas bobas, andem, peçam desculpas e vão brincar direito!

Naruto os solta e a contra gosto, eles se dão as mãos e se desculpam, e para não deixá-los tristes, Hinata abraça os dois e dá-lhes beijinhos estalados, fazendo com que riam divertidos pelo carinho; em instantes as duas crianças esquecem a briga de minutos atrás e saem correndo pelo jardim da Hyuuga, brincando juntos, como se fizessem isso todos os dias.

— Cara, que problemático! Vocês parecem uma mini família, uma mãe e um pai educando e repreendendo os filhos travessos. — Shikamaru comenta ao analisar a cena.

Ele tinha acabado de chegar, acompanhado do pai e da mãe, juntamente com Ino, Chouji, Sai, Tenten e Lee, além de Gai, Ibiki, e Ebsu, os recém chegados e os demais voltaram a gargalhar com o comentário do jovem Nara, constatando que ele tinha mesmo razão, já tinham visto Naruto e Hinata agindo muitas vezes como "pais" do pequeno Sarutobi, e agora com a presença de Hanabi e a forma como o Uzumaki lidou com a situação e o ciúme dos dois, esse fato ficou mais nítido, eles sempre foram muito maduros em muitos aspectos, e se sobressaiam nesse ponto, podia-se dizer que tinham aptidão para 'educar' Konohamaru, ainda mais por serem tão próximos do garoto, o viram nascer e o acompanharam em todos os momentos de sua curta vida; os primeiros passos dele quando bebê, foram dados na cabana, quando ele queria seguir Naruto pela casa, quando ele teve febre por causa dos primeiros dentinhos que estavam nascendo, foi nos braços de Hinata que ele se acalmou e só com ela dormiu por dias, até sua irritação passar. Quando o Hokage para para analisar esses pontos, se dá conta de que Naruto e Hinata deram a Konohamaru tudo aquilo que eles não tiveram em sua primeira infância; lhes deram carinho, afeto, cuidados, uma família e uma espécie de amor paternal.

— Não está faltando alguém no grupo? — Hizashi pergunta repentinamente e chama a atenção de Naruto.

— Onde está Anko-sensei? — ele pergunta a Ibiki, que encolhe os ombros em resposta.

— Droga sensei! Hoje não! — Hinata brada irritada, sabiam o que estava por vir.

Eles agiram rápido, num segundo estavam perto dos recém chegados, no outro estavam cercando o Sandaime, Hinata com os Tessens, Naruto com as Ninja-to empunhadas, não era difícil adivinhar o objetivo desta vez; os demais não entenderam nada, apenas se deram conta, quando a grande explosão aconteceu, milésimos de segundos depois que os dois tinham se posicionado, todos se assustaram e ficaram muito confusos de ver que Kakashi, Kurenai e Asuma não se moviam para ajudar. As shurikens voavam contra eles de todos os lados, eles desviaram cada uma rapidamente e mantinham uma posição defensiva a frente do Hokage; para quem assistia, era gracioso de ver, eles se moviam com leveza e agilidade enquanto Hiruzen fumava seu cachimbo tranquilamente no centro, Hiashi ficara novamente embasbacado, por mais que tivesse visto algo mais assombroso no dia anterior, ele nunca deixaria de se espantar com as habilidades que Hinata e Naruto possuíam com tão pouca idade, Hiromi fica perplexa, ainda estava considerando que a informação dada pelo Hokage naquela manhã poderia ser falsa, mas vendo a cena em primeira mão, não tinha como duvidar. Quando finalmente termina, antes que um dos Hyuuga's ou os Nara's consigam formular uma pergunta coerente, eles escutam uma gargalhada estridente e logo avistam Anko rendida sendo conduzida por um clone de Naruto.

— Me encontrou rápido dessa vez fedelho, quando foi que fez o clone? — Anko pergunta debochada — Hokage-sama está muito bem servido com esses dois, tenho muita pena de quem intentar contra sua vida Sandaime.

— Eu poderia te prender por isso, Anko-sensei. — Naruto responde sério, de todos os testes de Anko, aquele tinha sido o mais estúpido.

— Sabe que Naruto-kun não gosta desses testes com o vovô, sensei, podia dar uma folga nos domingos. — Hinata argumenta guardando seus leques.

— O que foi princesinha, está com medo que o filhote de raposa se descontrole? — Anko debocha e deixa Lee e Tenten confusos.

— Dá um tempo sensei! Não vai me irritar hoje, e você sabe que foi um teste estúpido, ainda mais considerando que tem crianças aqui. — Naruto responde ácido, com o tempo tinha aprendido a devolver as provocações de Anko — Tem sorte que não estamos de serviço.

— Anko, você ainda vai deixar o Naruto furioso algum dia, depois não reclame das consequências. — Kakashi comenta sem desviar os olhos das suas cartas — Bati!

— Você só pode estar roubando Kakashi, não é possível! — Asuma reclama indignado.

— É isso aí, eu não esperava menos do meu rival. — Gai fala e se coloca a analisar a nova partida.

— Deixa de marra fedelho, eu sabia que Kakashi não deixaria nada acontecer a ninguém se as coisas saíssem do controle, mas vocês dois, como sempre foram perfeitos. — Anko fala ao se esparramar em uma cadeira — Fiquei sabendo o que ocorreu ontem, era Orochimaru de novo?

— Não é hora para isso sensei, mais tarde, na reunião explicamos tudo. — Hinata corta o assunto e deixa os convidados curiosos — Agora eu tenho outra coisa pra resolver, Shikamaru-kun, está me devendo uma revanche no Shogi.

— Meu caro Shikamaru, você está encrencado. — Naruto debocha fazendo os amigos rirem também — Só não irrite ela, depois sou eu quem pago o preço.

— Naruto-kun! — Hinata repreende sem conseguir esconder o riso estrangulado.

— A gente sabe que você castiga o Naruto, Hinatinha, nem tenta esconder. — Tenten entra na brincadeira.

— Dessa vez até eu tenho que concordar nee-san. — Neji se pronuncia e deixa Hinata embasbacada, nunca vira o primo brincar assim, mas o motivo tinha nome e sobrenome.

Os Hyuuga's e os Nara's, que assistiram toda a cena pela primeira vez, estavam estupefatos, já os antigos senseis da dupla estavam mais que satisfeitos, sem falar em orgulhosos; o Hokage tragava seu cachimbo, se perguntando silenciosamente, enquanto observava a Hyuuga e o Nara organizando o tabuleiro de Shogi para mais uma partida acirrada, o que os demais ninjas do mundo pensarão quando descobrirem que os dois Shinobis mais temidos de Konoha, não tinham nem um terço da idade deles, e já possuíam muito mais que o triplo de experiência que a grande maioria, e agora estavam ali rindo e agindo como duas pessoas normais, sem deixar que o fardo tão pesado que carregavam, interferisse em suas vidas. Ou seria isso possível, por que simplesmente um era a felicidade do outro? O velho homem não saberia dizer com certeza, mas podia jurar que a melhor coisa que já fez para seu garoto serelepe de riso solto, foi ter colocado aquela delicada boneca de porcelana para ser sua companheira.

— Eles não parecem em nada com os assassinos frios que vi ontem. — Hiashi comenta ao se aproximar com Hizashi, do Hokage — Você já tinha isso planejado, quando a tirou do clã?

— Eu tinha muitas coisas planejadas em minha cabeça, e até agora, eles desenvolveram todas excepcionalmente. — Hiruzen responde e gargalha ao ver Naruto brincar de Joquempô com Chouji e Lee — Confesso que muitas vezes nós ficamos com medo, eles eram tão jovens e podiam ser facilmente corrompidos por toda a maldade que os cerca, mas os dois excederam nossas expectativas, se mostraram muito maduros para sua pouca idade e muito responsáveis. Eles conseguem administrar muito bem suas emoções, suas obrigações como Shinobis, sem falar que sabem separar sua vida 'normal' dos seus deveres com Konoha.

— Eu sabia que eles seriam uma dupla especial, mas não imaginava que chegaria a isso, fiquei realmente espantado quando os vi entrando em seu escritório ontem. — Hizashi conta e dirige seus olhos para a sobrinha, que jogava Shogi tendo Konohamaru e Hanabi ao seu lado, a olhando admirados — E depois do que eles fizeram ontem, para resgatar Hanabi-chan, aquilo foi assustador demais.

— Vocês não viram nem um terço do que esses dois podem fazer, e eles ainda estão em pleno desenvolvimento, ainda vão evoluir muito. — Ibiki fala ao se aproximar dos três, junto dos demais.

— Você já viu um interrogatório deles alguns anos atrás, não foi Shikaku? — Kakashi pergunta ao Nara, que empalidece com a lembrança — Naquela época suas habilidades estavam sendo lapidadas, podemos garantir que hoje eles são muito melhores que antes, e mais rápidos para obter informações do que qualquer um que já vi.

— Isso é verdade, lembra da ideia que Hinata teve de usar as formigas de fogo? Aquele Nukenin abriu o bico rapidinho. — Ibiki fala e sorri orgulhoso.

— Formigas de fogo? — Hiashi questiona perdido e Ibiki olha para o Hokage.

— Pode contar, todos que estão aqui sabem do segredo, e não tem problema contar sobre uma investigação que já foi encerrada. — Hiruzen concorda, ele queria na verdade era assustar Hiashi, para que o homem nem pensasse em levar Hinata para o clã novamente.

— Alguns meses atrás, prendemos um Nukenin da Vila do Chá, era procurado por vários assassinatos, ninguém na divisão conseguia fazer ele falar, até que Naruto e Hinata voltaram da ronda, era alta madrugada já, e como os outros membros já tinham tentado de tudo, Naruto passou a vez para Hinata, foi quando ela teve a ideia; ela fez um corte profundo no abdômen do Nukenin e pediu que Naruto buscasse por formigas de fogo, quando ele as trouxe, ela as inseriu na ferida. Como essas formigas são carnívoras, logo passaram a devorar a carne e ferroar o homem, que não aguentou e começou a contar tudo rapidinho. — Ibiki explica tudo e deixa Hiashi, Hizashi e Shikaku atônitos — Em resumo, eles conseguiram em cinco minutos o que a divisão inteira estava levando a noite para tentar, acho que dá para entender por que estão no livro Bingo desde que completaram um ano na divisão.

— Não foram eles que resgataram aquele garoto, Sai? Inoichi falou que nas memórias do garoto, Neko e Kitsune entraram sozinhos no esconderijo. — Shikaku comenta ao se lembrar do ocorrido.

— Sim, Naruto não quis deixar a equipe entrar junto, eles estavam comandando o esquadrão de buscas, e um dos ninjas estava ferido àquela noite, então ele e Hinata entraram sozinhos e não permitiram que os outros os acompanhassem, foi a primeira vez que vi o estrago que um Jinchuuriki pode fazer. — Kakashi conta, relembrando as imagens dos cadáveres que encontrou, quando foi inspecionar o local da missão horas mais tarde.

— Segundo o relatório de Inoichi, a operação durou cerca de trinta minutos e nenhum refém ou Shinobi foi perdido àquela noite. — Shikaku conta.

— Mas o que não consigo entender, é por que existe essa necessidade de Konoha ter dois Shinobis tão letais. — Hizashi fala, ainda não conseguia ver os motivos claramente — Sei que era necessário treiná-los, mas isso poderia ser feito na Academia, junto com as outras crianças, não?

— Se tivesse sido feito assim, todos nós pereceríamos. — Hiruzen conta taciturno — Naruto e Hinata carregam um destino maior do que todos nós sonhamos; um dia, em uma das minhas viagens, ouvi uma profecia, que dizia que chegaria o dia que o mundo Shinobi dependeria de dois ninjas, um menino nascido de um grande sacrifício, e uma menina nascida de uma grande linhagem, ambos enfrentariam um grande mal e trariam paz à todas as nações. Na época eu não liguei para isso, era jovem e imaturo, e essas questões não me interessavam; mas anos mais tarde, quando Uzumaki Kushina e Namikaze Minato se sacrificaram por Konoha e por seu filho, essa profecia voltou a minha memoria, e quando Hinata nasceu, dois meses depois, eu finalmente entendi o que ela queria dizer. A profecia do Sol e da Lua, se referia a essas duas crianças que vemos agora, desabrochando firmes e fortes, como uma linda flor de lótus; o destino do nosso mundo está inteiro nas mãos deles, e é por isso que eles precisam ser os ninjas mais letais, mais competentes e capazes que o mundo já viu.

— Acredita mesmo que o destino do mundo está nas mãos deles? — Hizashi questiona perplexo.

— Entendo as suas dúvidas Hizashi, eu também as tive por muito tempo, mas eu pesquisei por anos, e no último milênio, nunca houve outras crianças que chegassem perto das descrições dessa profecia, em nenhuma nação. — Hiruzen explica concentrado nos seus netos — Houve apenas uma criança, o filho do Yondaime Kazekage de Sunagakure, que chegou perto de ser o nascido de um grande sacrifício, mas como não houve nenhuma Kunoichi nascida depois dele, supus que o menino seria aquele que a profecia destaca como a união das nações; ou seja, o responsável por auxiliar Naruto e Hinata na sua caminhada, unindo todas as cinco em favor dos dois.

Todos ficam em silêncio, absorvendo as informações dadas pelo Hokage em primeira mão, enquanto observavam aqueles que seriam a sua salvação; e quando paravam para analisar, parecia que tudo se encaixava afinal, eles eram realmente como descrevia a profecia, o Sol e a Lua, brilhando imponentes como dois astros na vida dos presentes. Hinata e Shikamaru a essa altura já estavam empatados, cada um tentando bolar uma estratégia que derrotasse o outro com apenas um movimento; afinal, se prolongassem muito a partida, era possível que nunca a terminassem. Sai, Tenten e Ino estavam ficando impacientes com o andamento do jogo; já Neji observava tudo em silêncio, tinha consciência de que tudo poderia se resolver nos próximos minutos. Naruto, Chouji e Lee estavam tranquilos, sentados na grama junto aos amigos, depois de uma divertida partida de Joquenpô, só aguardando a hora que o Shogi terminasse, para que pudessem propor um jogo interativo entre os seus amigos e seus senseis. Já as quatro mulheres presentes, estavam dentro da cabana, junto dos clones de Naruto e Hinata, ocupadas em preparar o almoço; o que não era necessário, já que os clones dos dois davam conta de absolutamente tudo. Os convidados nem pareceram notar quando os dois fizeram isso, e Kurenai, Natsume, Yume e Hiromi só notaram, quando entraram dentro da casa, afim de começar a preparar o almoço; as três primeiras já muito habituadas aos domingos que passavam na floresta, a última ainda meio retraída e tentando manter uma pose imponente, o que não era necessário, já que ninguém parecia dar importância para sua presença.

— Hina, vamos encerrar por hoje? Eu já estou cansado. — Shikamaru reclama, era sempre assim, Hinata era muito obstinada e uma verdadeira carrasca quando o assunto era competições.

— Já está desistindo Shikamaru! — Ino comenta debochada, ela finalmente voltara ao normal com os amigos, depois de meses sem interagir direito com eles.

— Vem aqui no meu lugar então! — Shikamaru rebate indignado — Na verdade nós poderíamos continuar por horas sem fim, pelos movimentos de Hinata e as estratégias que estamos usando, ainda restam mil e duzentos movimentos até que um de nós vença, e isso é só uma estimativa.

— Não! Se seguir assim, nunca vamos almoçar hoje. — Chouji contesta desolado.

— Bravinha, por favor, vamos fazer algo mais ativo. — Naruto pede a Hinata, fazendo a maior cara de pidão, a qual ele sabia que ela não negaria — Por favor Hime, pensa bem, eu e você como um time, pegando pesado com o sobrancelhudo.

Ao ouvir isso, o lado competitivo de Hinata começa a tomar conta dela, era verdade que a garota amava jogar Shogi contra o gênio Nara, mas também amava competir com os amigos, principalmente contra Lee, que se mostrara um adversário formidável no Taijutsu; esses fatos somados a Naruto e seus olhos azuis brilhantes, que parecia muito afim de brincar de pega, convenceram a Hyuuga quase que imediatamente, a fazendo suspirar alto, frustrada com sua incapacidade de dizer 'não' a ele.

— Ah que droga, Naruto-kun você não pode me tentar desse jeito! — ela reclama exasperada e Naruto gargalha alto.

— Ele sempre consegue o que quer. — Neji constata abismado.

— O dia que ele não conseguir, o mundo acaba. — Tenten responde divertida — Tá legal, como vai ser hoje?

— Seria legal os senseis brincando junto. — Hinata fala animada.

Quando ela diz isso, imediatamente os amigos fazem coro ao seu pensamento, pedindo aos adultos que participassem do novo jogo, e deixam Hizashi, Hiashi e Shikaku mais uma vez confusos, visto que esses três nunca tinham visto as competições feitas naquela floresta.

— O que está acontecendo? — Kurenai sai a porta, acompanhada das outras mulheres.

— Naruto e Hinata querem brincar de pega conosco. — Kakashi conta indiferente.

— Ah vamos?! Faz muito tempo que não fazemos isso, na verdade a ultima vez foi quando Itachi ainda estava no grupo. — Anko comenta animada, ela sempre era a mais entusiasmada do grupo — Eu topo, como vai ser?

— Eu e Hinata-chan protegemos os reféns, os senseis podem escolher cada um, um aluno. — Naruto explica animado. — Precisamos dos sete senseis pra dar certo, o restante vai ser refém, os times podem se ajudar e se juntar contra nós, mas no final só haverá um vencedor, então pensem bem no que fazer.

A explicação do Uzumaki, deixa claro para Kakashi o que ele estava fazendo, e ele resolve usar o olho sob a bandana dessa vez, já que Naruto estava simplesmente jogando uns contra os outros, antes mesmo deles iniciarem o jogo; a ideia deixa todos eufóricos, os adultos se sentem como em seus tempos de Academia, e os mais novos, como em uma missão de verdade.

— Legal, isso vai ser emocionante, mas não podemos nos passar e causar alarde na vila, vocês sabem como as coisas são. — Kurenai fala, já concordando.

— Não se preocupe sensei, nós cuidamos dessa parte. — Hinata responde, e no momento seguinte, ela e Naruto passam a fazer selos de mãos, ativando as barreiras que eles tinham feito pela floresta, além das armadilhas que eles mantinham por motivos de segurança — Ninguém na vila vai ver o que estamos fazendo, só tomem cuidado com as armadilhas, elas não são para iniciantes.

— Certo, cada um de nós escolhe um aluno, eu escolho Shikamaru. —Kakashi anuncia sério.

— Eu escolho o Lee. — Gai fala o que já era esperado, dado seu estilo de luta.

— Eu escolho a Ino. — Ibiki segue o fluxo.

— Eu escolho Neji. — Kurenai fala, e Naruto concorda que aquela foi uma boa jogada.

— Eu escolho o Chouji. — Asuma anuncia e o Akimichi estufa o peito, entusiasmado por ser escolhido.

— Eu escolho o Sai. — Anko sorri travessa, e Hinata entende que aquela será uma dupla complicada.

— Eu escolho a Tenten. — Ebsu fala arrumando os óculos.

— Muito bem, os que sobraram e quiserem brincar, deem um passo a frente. — Naruto instruí, e os primeiros a se apresentar são Hanabi e Konohamaru, para total divertimento dos demais.

Natsume, Hizashi, Yume e Shikaku, também dão um passo a frente, Hiashi e Hiromi decidem só assistir o ocorreria, e ficam junto ao lado de Hiruzen, enquanto os outros decidiam detalhes do jogo.

— Certo, agora que já temos os reféns, a nossa missão é protegê-los, no momento que um deles for pego, a partida acaba. — Hinata explica — Vocês podem usar qualquer coisa, Taijutsu, Ninjutsu e Genjutsu, tudo está válido; vocês se afastarão para qualquer ponto da floresta dentro da barreira, nos darão dez minutos e depois podem atacar como quiserem.

— Esqueceram uma coisa. — Kakashi intervém sério —Isso serve para os novatos, Neji, Tenten, Lee, Sai, Shikamaru, Chouji e Ino; se não atacarem com a intenção de matá-los, nunca os vencerão! Tenham isso em mente quando atacarem, por que esse dois não terão piedade.

As palavras do Hatake atingem os sete jovens de uma forma que nenhum deles esperava, pela primeira vez, estariam confrontando a realidade que Naruto e Hinata viviam todos os dias, e aquilo parecia ser assustador demais, irreal demais para simples Genins como eles; essa seria a primeira vez que presenciariam, pelo menos um pouco do que os amigos realmente faziam, e isso deixava a todos no mínimo nervosos. Assim que os times se dispersam pela floresta, Naruto e Hinata se colocam a trabalhar, e o primeiro passo é garantir a segurança dos reféns, e pensando nisso, os colocam em uma barreira; ambos fazem selos que os demais nunca viram, e logo uma barreira escarlate surge a volta dos seis reféns, e logo depois some. Hiruzen e os dois Hyuuga's restantes assistiam tudo embasbacados, Naruto e Hinata realmente estavam levando aquilo a sério.

— Certo, agora deveríamos nos esconder e esperar os times chegarem aqui. — Naruto fala entusiasmado.

— Vamos por alguma defesa? — Hinata contesta.

— O que acha daquele Genjutsu? Aquele do ciclo infinito? Nós só usamos nas missões, nem Ibiki sabe dele. — Naruto fala empolgado.

— Mas aquele não é pesado demais? — Hinata questiona.

— Eu mudo o cenário, deixo mais leve. — Naruto argumenta e logo passa a se preparar — Podemos criar um gatilho para cada um deles, assim o Genjutsu vai ser de acordo com seus medos, e nós poderemos controlar a intensidade, mesmo que a distância.

— Bom, acho que assim não tem problema, posso usar o byakugan para medir as reações, assim não causaremos nenhum dano aos nossos amigos. — Hinata concorda e assim os dois passam a trabalhar na criação do Genjutsu em questão.

Cinco minutos depois, quando tudo já estava terminado, eles se escondem na floresta, apenas aguardando os primeiros que chegariam no lugar; e como esperado, os primeiros a chegar são Ebsu e Tenten, e Hinata usa clones de água para mantê-los entretidos, Tenten usa muitas bombas de fumaça e papeis bomba, para tentar criar uma abertura, ao mesmo tempo que Ebsu tentava chegar por trás e criar uma brecha nas defesas deles, mas como eram clones de água, eles sempre se refaziam, até que os dois foram pegos pelo Genjutsu, e ficaram inconscientes no chão, minutos depois de atravessarem a linha de dois metros da barreira entre eles e os reféns. O próximo time, de Asuma e Chouji, esses dois evitaram o Genjutsu a todo custo, e como consequência disso, Naruto e Hinata dispensaram os clones de água e partiram para um combate direto; e apesar do Sarutobi usar o elemento Fuuton, a densidade e quantidade do chakra da linhagem Uzumaki ainda se sobressaiam à sua, mesmo com a força monstruosa do Akimichi a seu favor. Depois foi a vez de Kurenai e Neji, e aquela aos olhos do líder Hyuuga, seria uma luta interessante; e enquanto Naruto se ocupou de Kurenai, Hinata tratava de deter Neji.

— Eu não quero te machucar nee-chan. — Neji fala já em posição de luta.

— Pode tentar nii-san. — Hinata retruca, assumindo o mesmo estilo.

— Se você não me segurar aqui, eu vou ajudá-lo Naruto. — Kurenai fala divertida.

— Você não vai passar daqui sensei. — o Uzumaki rebate e sorri perverso, aquela seria uma batalha de Genjutsu.

Durante os minutos seguintes, nenhum dos dois fez qualquer movimento físico, ao mesmo tempo que os dois Hyuugas lutavam acirradamente, utilizando apenas os punhos gentis originais do clã; e aquela era uma coisa impressionante para Hiashi, que jamais pensou que as habilidades de Hinata um dia se igualariam as de Neji. Mas aquela luta também não durou muito, pois Naruto havia pressentido a proximidade dos demais times e resolvera terminar com aquilo antes que ficassem em uma situação complicada; assim ele colocou Neji e Kurenai no Genjutsu infinito, antes mesmo deles ultrapassarem a linha. Os próximos foram Anko e Sai, e esses foram mais complicados, pois enquanto um atacava pelo ar, o outro atacava pelo chão, isso sem contar o fato de Anko nunca medir suas ações e sempre fazer ataques exagerados e arriscados; dessa vez os clones das sombras de Naruto foram pressionados ao limite, e ele se obrigara a usar o Fuuton: foice de vento contra Sai, para ganharem vantagem contra Anko, que só fora parada quando Hinata fechou todos os seus Tenketsus, utilizando as sessenta e quatro palmas dos punhos gentis. Eles mal recuperaram o fôlego, e Ibiki e Ino chegaram ao local, já atacando e dando o melhor de si, mas para eles, Naruto e Hinata tinham preparado algo especial, sabiam que nada pararia o Jutsu dos Yamanaka, e nem teriam chances contra a prisão dos quatro selos de Ibiki, aquela dupla era a mais perigosa até o momento e eles sabiam disso; por isso, quando Ino fez o seu selo de mãos, já esperado pelos dois Shinobis, Naruto rapidamente trocou de lugar com Hinata, e a transferência de mentes foi feita com o Uzumaki, enquanto a Hyuuga se deixava capturar pelo Morino. Assim que Ino fez o Jutsu, foi enviada direto para o subconsciente de Naruto, onde a Kyuubi já a esperava, e diferente das outras vezes em que esteve ali, ela sentiu uma pressão assassina sem igual, era como se o ar simplesmente fugisse dos seu pulmões, como se o mundo estivesse encolhendo e a comprimindo junto; a Yamanaka rapidamente desmaiou e sua alma voltou para seu corpo sem poder fazer um movimento sequer.

— Você é muito malvado Naruto. — a Kyuubi comenta divertido.

— Ela vai ficar bem Kurama, nós nem utilizamos toda a pressão do seu chakra. — Naruto responde indiferente.

— Eu sei, mas ela não é igual a Hyuuguinha, que aguenta os treinos comigo utilizando toda minha natureza assassina. — a enorme raposa destaca o fato para o Uzumaki.

— Você acha que exagerei? — Naruto pergunta preocupado, tudo que não queria era causar algum dano aos amigos.

— Não, como você disse, não utilizamos nem meio terço de nossa força juntos, mas você tem que ter mais cuidado com isso, agora volta lá, nossa garota precisa de ajuda contra aquele Morino. — a Kyuubi o instiga, por que verdade seja dita, ele adorava quando Naruto propunha essas competições contra os outros humanos, principalmente por que ele poderia participar também.

Ao voltar para o mundo físico, Naruto encontra Hinata lutando bravamente contra Ibiki, e o que mais o assusta, é encontrar ambos com um sorriso extremamente perverso no rosto, mas isso de certa forma não era nenhuma surpresa; afinal dentre os dois, Hinata era quem mais tinha absorvido os ensinamentos de Ibiki, era quem mais se assemelhava a personalidade sistemática, comedida e perigosa do Shinobi. Durante os anos de treinamento, Hinata mostrou uma aptidão sem igual aos métodos dele, e isso se mostrava bem nítido agora aos demais, que viam em primeira mão, o que acontecia quando dois interrogadores de alto nível se enfrentavam sem piedade alguma; e não era nem um pouco bonito de se ver. Mas as coisas mudam quando o Uzumaki entra na batalha, e sua velocidade natural, aliada a perspicácia de Hinata, era uma das características mais marcantes da dupla; assim, enquanto Hinata entretinha Ibiki com os Jutsus da Prisão Escarlate, e a Extração Infinita, Naruto o rendeu por trás e o prendeu em uma árvore, antes que ele fosse capaz de contra atacar. Só que a parte mais difícil daquela brincadeira de pega ainda estava por vir, saindo de dentro da floresta, depois de assistir as últimas batalhas, vinham Gai, Lee, Kakashi e Shikamaru; os dois primeiros com toda energia e animação que seu estilo lhes permitia ter, os dois últimos com toda preguiça e tédio que suas personalidades lhes garantia.

— Achei que iam espiar mais um pouco. — Naruto zomba divertido.

— Cara, não complica, eu só quero acabar com isso e ir almoçar. — Shikamaru reclama bocejando.

— Então vamos acabar com isso. — Hinata toma a frente e ataca Gai e Lee.

— Isso que é poder da juventude! — Gai exclama entusiasmado, ao mesmo tempo que Naruto ataca Kakashi e Shikamaru.

Enquanto eles travam a ultima batalha, os que foram derrotados primeiro se reúnem junto ao Hokage e fazem suas torcidas, incentivando-os; e embora os demais estivessem apostando nas duas duplas, o Hokage percebia a mudança sutil na postura dos dois Shinobis mais novos. Era algo quase impossível de perceber para quem não prestava atenção, mas para os olhos sábios de Hiruzen, aquele era um claro sinal de que, apesar de eles terem proposto o jogo como uma brincadeira, não estavam tratando o assunto tal; e isso ficou mais claro ainda nos primeiros ataques deles contra os adversários. Tanto Kakashi, quanto Gai sentiram que Naruto e Hinata não estavam mais brincando, e movidos por isso, decidiram não pegar mais leve; assim Gai abriu o seu terceiro portão, e Lee ficou totalmente indeciso sobre o que fazer, ao mesmo tempo que Kakashi resolveu atacar usando chakra Katon, o que Shikamaru desaprovou no mesmo instante. Vendo a nova postura adotada por seus senseis, a Hyuuga e o Uzumaki se entreolham, e com um sorriso cúmplice, decidem o que fazer; os reféns dentro da barreira não entendem nada do que estava acontecendo, não imaginavam que as coisas ficariam tão sérias assim, e começavam a se assustar com as proporções que tudo estava tomando, os únicos que pareciam realmente apreciar o show, eram Konohamaru e Hanabi, que estavam encantados por poderem ver uma luta de verdade pela primeira vez em suas vidas. No momento em que Naruto e Hinata trocam de adversários, Gai e Kakashi entendem tardiamente que eles não deveriam ter permitido que os dois trocassem de oponentes; Naruto usa toda sua agilidade e velocidade contra o Taijutsu de Gai e Lee, e assim os três não passam de um borrão no ar, já Hinata desvia com maestria da possessão da sombras de Shikamaru, e ao mesmo tempo contra ataca o Katon e o Doton de Kakashi, utilizando Suiton.

— Naruto-kun, vamos usar a jogada do rei? — Hinata questiona em meio a batalha.

— Seria uma boa, você está pronta Hime? Por que nós estamos. — Naruto responde e sorri grande.

— Então vamos! — a Hyuuga fala antes de atacar — Suiton: Suiryudan no Jutsu.

Em minutos tudo se transforma, um enorme dragão de água surge a frente da garota, Kakashi perde o fio do seu raciocínio ao ver que ela pode utilizar esse Jutsu, mesmo estando longe de uma fonte grande de água; Shikamaru até tenta parar o Jutsu, utilizando sua sombra para impedir que o enorme dragão se movesse, mas a pressão e força da água são demais para o jovem Nara. E enquanto todos os adversários ficam admirando estupefatos o Jutsu da Hyuuga, quatro clones de Naruto, utilizando o chakra denso e poderoso da Raposa de Nove Caudas infundido em seus corpos e suas Kunais, rendem os oponentes por trás sem nenhuma resistência. Quando percebem o que aconteceu, já é tarde demais, e eles percebem que a intensão dos dois nunca fora os atacar diretamente, e sim causar uma grande distração, para que um deles pudesse os render ao mesmo tempo, sem a necessidade de um confronto direto.

— Foi uma grande jogada. — Kakashi admite ao se dar por vencido — Vocês estão muito bons.

— A gente sabia que não podia com vocês quatro juntos, não depois de lutar com as outras equipes. — Naruto explica ao mesmo tempo que usa o chakra da Kyuubi para curar qualquer ferimento dos senseis e dos amigos, assim como de Hinata — Então usamos a tática do rei, onde uma peça se sacrifica para a rainha fazer a jogada final; nesse caso a Hina foi a isca, enquanto eu me aproveitava da distração para render todos vocês.

— Por que não ao contrário? — Shikamaru pergunta interessado na estratégia.

— Por quê o chakra da raposa-san seria o mais efetivo, caso Gai-sensei e Lee-kun resolvessem resistir. — Hinata explica e vai desfazendo a barreira em volta dos reféns.

— E eles nem precisavam lutar se não quisessem. — Asuma observa ao se aproximar com os demais — Qualquer um que chegasse perto da barreira dos reféns, cairia num Genjutsu imediatamente, e mesmo que um de nós escapasse, os dois já estariam esperando para dar um golpe de misericórdia.

— Eu disse a vocês, se não fossemos com a intenção de matar, não venceríamos— Kakashi relembra os demais — Brincar de pega com esses dois não é mais coisa de criança, mas ninguém quis juntar as equipes, foi um bom trabalho Naruto.

— Como assim, bom trabalho? Do que está falando Kakashi? — Anko pergunta incrédula.

— Estou dizendo que ele mexeu direitinho com a cabeça de vocês, esteve jogando com suas mentes, mesmo antes da partida começar. — Kakashi explica e o Uzumaki ri divertido das expressões dos outros senseis — Ele nunca disse que era proibido duas equipes vencerem, ele só disse que só podia haver um vencedor, o que podia significar que se duas ou mais equipes se juntassem, sairiam vencedoras como uma unidade. Ele plantou a discórdia e competitividade em vocês antes mesmo de começar.

— Naruto, seu trapaceiro! — Ibiki reclama indignado.

— Ei, eu não trapaceei, só usei as palavras a meu favor. — Ele trata de se explicar rapidamente — Sabia que não dava pra vencer se todos vocês se juntassem, então impedi que isso ocorresse.

— Fedelho sem vergonha! — Asuma xinga e recebe uma gargalhada em resposta.

— Vamos almoçar pessoal? Já está tudo pronto. — Hinata fala ao receber as informações dos clones.

— Vamos, eu estou faminto. — Chouji se pronuncia animado e caminha a frente dos demais.

Todos caminham em direção da mesa posta ao lado da cabana, comentando a partida de pega, e planejando uma revanche contra a Hyuuga e o Uzumaki num futuro próximo; Hiashi e Hiromi ainda absorviam tudo que viram e vivenciaram ali, e por isso mesmo seguiam o grupo de forma mecânica. Os senseis e os amigos conversavam animados, Konohamaru e Hanabi propunham uma competição entre si, e ninguém além do Hokage parecia notar que os anfitriões da casa ficavam para trás; e como faziam todo domingo, eles aguardavam enquanto seguravam um obentô que um dos clones lhes entregara discretamente. Ao avistarem o corvo negro como a noite sobrevoando o céu, e logo após pousando no ombro do Uzumaki, ambos sorriem cúmplices um para o outro; com cuidado prendem a comida na perna que o animal lhes estende e como faziam toda vez, lhe acariciam a cabeça penosa.

— Estamos com saudades, sensei. — Hinata fala ao animal.

— Esperamos que esteja bem sensei, e se for possível, queremos vê-lo na próxima lua cheia, no mesmo local. — Naruto fala e o corvo pisca um olho vermelho com marcas negras — O almoço de hoje tem tudo que você gosta, então aproveite!

— Se cuide e se mantenha seguro, no embrulho têm mais pomadas para os seus olhos, use-as sensei. — Hinata instrui antes de lançar o pássaro aos céus novamente.

Eles ficam o vendo se distanciar por um tempo, até não poderem o ver mais no horizonte, e só então voltam para junto dos demais, sentindo a saudade apertar nos seus corações. Minutos mais tarde, em uma rocha distante, sob o sol forte do meio dia, um Nukenin solitário, vestindo uma capa preta com nuvens vermelhas, recebia seu corvo de volta, e seu rosto sem expressão se ilumina em um lindo sorriso, ao ver as memórias do animal, ao mesmo tempo em que lágrimas de pura saudade manchavam sua face; e apesar da dor em sua alma, era reconfortante saber que ao menos alguém pensava nele com tanto carinho, e para ele, isso era o suficiente para seguir em frente.

— Obrigado, pirralhinhos! — Itachi sussurra ao vento.