O Sol e A Lua escrita por Luana de Mello


Capítulo 10
Mudanças


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, mais um capítulo! Vocês devem estar surpresos né? Bom, é que eu tive uma enxurrada de inspiração para essa fic, consegui desenvolver bem o que gostaria, e as coisas fluíram muito bem!
Bom, nesse capítulo temos uma passagem de tempo grande e um desenvolvimento maior dos dois, ou melhor, um amadurecimento maior deles. Espero que gostem disso e que apreciem como eu apreciei escrever esse capítulo, e acreditem, o fiz com todo carinho do mundo!

P.S.: Já aviso que retratei todas as mudanças, como o título já diz, pertinentes a idade deles, então não se assustem quando lerem.



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O homem corria desesperado pela floresta, desviava de galhos, árvores, tropeçava em raízes, caia e se ralava, rolava ladeira abaixo engolindo lama e o que mais viesse pela frente, mas levantava e voltava a correr; corria a esmo sem ver por onde ia, só sabia que precisava tomar maior distância possível deles. Sentia seu coração falhar, as pernas ardiam de tanto correr, respirar doía, mas se obrigava a continuar, precisava correr o mais rápido que pudesse; mas o problema é que em todo lugar que ia, todo esconderijo que pensava ser bom, quando chegava, eles já o estavam esperando, e a chuva forte e intensa na escuridão da noite não o deixava ver por onde andava. Até que por fim se sentiu parando por completo e caindo estatelado no chão com um baque surdo, ele nem viu de onde elas vieram, só as sentiu sendo cravadas em pontos chave do seu corpo, várias agulhas senbons arremessadas de forma precisa e certeira, incrustadas em cada uma de suas articulações o impossibilitando de se mover, a única coisa que podia mexer eram os olhos, que ele girou de um lado a outro os buscando, até os ver por fim se aproximando, lenta e deliberadamente; ali ele soube que seria o seu fim.

Focou seus olhos nos dois e os encontrou sem um arranhão, sem um sinal de fadiga ou qualquer indicio de que estivessem correndo esse tempo todo, mas não havia nada, eles estavam apenas molhados, foi quando notou vários deles correndo atrás desses primeiros, sempre em duplas, esses sim pareciam cansados; então entendeu tardiamente, que não o estavam perseguindo, o estavam conduzindo diretamente para cá, para esse ponto, desde o momento que o afastaram do quarto da taberna que dormia com as prostitutas, até o percurso da floresta, tudo o trazia direto para suas mãos. Viu com assombro os de trás se desfazendo em fumaça e compreendeu que aqueles deveriam ser somente clones, mas não clones normais, aqueles eram Kage Bunshin, com chakra distribuído de forma tão uniforme e igual por todos, que seria muito difícil reconhecer o verdadeiro no meio deles, talvez em meio a uma batalha, mas só talvez. Agora que pensava que estava dando seus últimos suspiros de vida, o homem pensava que deveria ter sido mais esperto, ter se escondido melhor, ou ter ficado na moita por um tempo, dinheiro pra isso tinha, mas a ganancia foi maior, e depois de aprender a viver daquele jeito, não tem mais volta; se praguejava mentalmente, sempre soube que um dia viriam atrás dele.

Quando começaram os rumores de que dois ninjas especiais de Konoha estavam caçando e eliminando vários criminosos do livro Bingo, ele até pensou que fosse conversa fiada, mas percebeu que era verdade quando vários conhecidos de trabalhos antigos passaram a sumir, e dias depois eram dados como mortos, mas sua arrogância o fez pensar que nunca seriam bons o bastante para o encontrar; só que agora eles estavam ali, o encarando por sob aquelas máscaras frias e inexpressivas, não demonstravam estar pensando ou sentindo nada, e o que mais o surpreendeu, é que não eram adultos como pensara, os famosos Neko e Kitsune eram duas crianças, dois jovens entrando na adolescência. Ele até pediria piedade se pudesse falar, mesmo sabendo que não adiantaria, ouvira rumores de que quando recebiam um alvo, o eliminavam sem pestanejar, eles eram temidos, isso eram, mencionar seus nomes fazia qualquer marmanjo se urinar nas calças; e agora os encarando e esperando que ajam, até ele os estava temendo, sentia o corpo todo tremendo, não sabia se era de frio ou de medo. Um trovão alto ecoou agourente pela floresta, fazendo o homem balbuciar e chorar palavras ininteligíveis, que para ele eram os pedidos de perdão mais sinceros do mundo; mas sabia que não adiantava, não com eles que deveriam saber a sua extensa lista de crimes, todos as vilas que queimara inteiras, todos os fazendeiros que decapitara a mando de alguém, todos os pais de família que torturou e obrigou ver as mulheres e filhas sendo estupradas. Sabia que não teria perdão, e quando sentiu seu coração falhar e tremer, ao mesmo tempo que um raio cortou o céu escuro, sentiu também a lâmina lhe cortando a garganta, Neko lhe ceifara a vida com um leque.

Os dois ficam vendo a vida esvair daquele corpo sem pressa, com os anos aprenderam que não precisavam ter pressa, aprenderam a fazer tudo com mais calma do que faziam nos seus treinamentos; e por isso mesmo observaram a rotina do Nukenin durante três dias, se mantiveram a espreita e analisaram seus hábitos, suas manias, com quem falava e onde ia, até terem um plano de ação. Quando resolveram na noite anterior, que o fariam sair do vilarejo onde estava, foi pelo simples fato de que ele tinha o costume de fazer reféns quando se sentia encurralado; por isso o perseguiam com o Kage Bunshin, o fazendo ficar assustado e não pensar no que estava fazendo, assim o conduziram até eles sem nenhum problema e nenhum risco aos civis do local. Agora que a chuva torrencial dava finalmente uma trégua, os dois preparavam tudo para voltar para casa, os dias de missão nunca os cansavam, as vigílias, a atenção constante que tinham que manter, a adrenalina, tudo contribuía para mantê-los bem; mas quando estavam voltando para casa, era como se tudo que deixaram de sentir por um tempo, lhes batesse com força total, o vovô costumava dizer que eles hibernavam depois de uma missão.

— Pronto, vamos voltar? — Hinata pergunta selando seus equipamentos em pergaminhos.

— Esse corpo, você acha que seria bem aproveitado na divisão? — Naruto pergunta, ele nunca decidia nada sem a opinião dela.

— Talvez, ele tinha uns Jutsus interessantes, né? — Hinata concorda e sem esperar por pedido, lhe entrega um pergaminho limpo e tudo mais que precisava.

— Você é demais Neko-chan, simplesmente a melhor! — Naruto elogia, ele adorava a praticidade e eficiência de Hinata, principalmente por ela o entender tão bem.

Mas o que Naruto não viu, é que por baixo da máscara, a garota corara violentamente com o elogio; Hinata não entendia o que estava acontecendo, mas já fazia algum tempo que vinha tendo essas reações, e ficou pior depois que ele percebeu que o corpo dela havia mudado e comentou o fato inocentemente, coisa que ela mesma não tinha notado. Depois disso, tudo ficou mais complicado, ela simplesmente passou a ficar nervosa e se envergonhava com facilidade perto dele, sentia seu coração quase pular pela boca, toda vez que Naruto a abraçava ou lhe fazia algum carinho, tudo que ele dizia ou fazia para ela, era o suficiente para fazer suas pernas tremerem; não entendia o que acontecia, nunca se sentiu assim perto do seu amigo, eles sempre brincaram juntos, sempre foram unidos assim e ela não se sentia desse modo antes, e olha que pelo que se lembra, tinha Naruto em sua vida desde sempre, aprenderam tudo que sabiam juntos, trabalhavam e moravam juntos, em todas as dificuldades da vida sempre estiveram um ao lado do outro, a garota não conseguia ver o que mudara tão de repente. Ela deixou de lado esses pensamentos, quando o viu terminar de rabiscar as inscrições para o selo, Naruto selou o corpo então, e guardou o pergaminho entre suas coisas, deixariam com o Hokage e este decidiria se seria de algum proveito; eles partem dali em grande velocidade, mesmo que fosse dia, seria bem difícil alguém vê-los. Quando chegam a vila, quatro horas de caminhada depois, o dia já amanheceu e nas ruas, o único indicio da chuva forte da madrugada, são as poças d'água que se acumulam pelos cantos; eles andam pelas vielas e avistam a vila já bem movimentada para aquela hora da manhã, o comercio já estava para abrir. Chegam ao prédio Hokage e passam pelos guardas com um aceno, em segundos estão batendo a sala do vovô e ouvindo um entre, la dentro encontram o velho senhor, outro ANBU que reconheceram ser Kakashi, além de um garoto pálido de cabelos muito pretos; Naruto sempre se surpreendia ao ver aquele garoto, parecia uma folha de papel ambulante.

— Ah que bom que já voltaram, como foi? — Hiruzen pergunta, se contendo para não demonstrar emoção e estragar o disfarce dos dois.

— Missão cumprida, Hokage-sama. — Naruto fala e morde o lábio para não rir, achava engraçado chamar o vovô assim, e piorava com a posição ridícula que tinham que ficar a sua frente.

Não que não achasse que o vovô não merecia toda honra e pompa de ser tratado daquela forma, mas para ele, aquilo era estranho, visto que aquele senhor imponente e sério, que adorava inalar aquela fumaça fedida, era simplesmente o seu vovô querido e amado, que brincou com ele boa parte de sua infância, que riu das suas maluquices e que lhe protegeu e estendeu a mão quando o mundo parecia ter se esquecido dele.

— Temos também um item a ser analisado pela divisão, Hokage-sama. — Hinata fala lhe chamando a atenção, sabia que ele estava prestes a gargalhar ali.

— Muito bem então, Sai, você pode voltar para os Yamanaka, está fazendo bons progressos, continue assim. — o Hokage fala e o menino se retira, por que mais estivesse curioso a respeito dos dois ninjas mascarados, que pareciam ter a mesma idade dele.

— As vezes eu tenho vontade de dizer pra ele usar aquelas tintas e se pintar um pouco, ele não tem cor. — Naruto comenta assim que retira a máscara e larga o pergaminho na mesa do vovô.

— Pare de implicar com ele Naruto-kun, eu também não tenho muita cor e você não fica mandando eu me pintar. — Hinata o repreende, para total divertimento dos dois homens.

— Mas você é bonita Hinata-chan, não precisa de cor ou qualquer coisa pra ser bonita. — Naruto rebate sincero e faz Hinata ficar muito sem jeito.

Os dois homens se entreolham, entenderam perfeitamente o que acontecia ali, mas decidiram deixar que os dois percebessem por conta própria.

— O que tem no pergaminho? — Kakashi pergunta, chamando a atenção deles.

— O corpo do Nukenin. — Hinata responde ainda muito vermelha — Naruto-kun achou que ele teria algumas habilidades que poderíamos estudar aqui.

— Muito bem, vamos verificar e ver com Ibiki e Inoichi o que eles acham. — o Hokage responde e puxa dois saquinhos de uma gaveta — Aqui está o pagamento, Konohamaru pode ir lá amanhã? Ele está impaciente, quase me deixa maluco de tanto que pergunta por vocês.

— Sem problemas vovô, deixa o tampinha ir. — Naruto fala guardando seu pagamento.

— Nós viemos buscá-lo a tarde, vamos tirar a manhã para preparar as coisas para a Academia. — Hinata explica e Naruto grunhe frustrado, tudo que não queria era começar a ir para a escola.

— Ah quase me esqueci, essa semana vocês não vão precisar fazer a ronda e nem ficar de vigília. — Kakashi conta, eles precisavam se adaptar a essa nova rotina.

Dar aquela folga aos seus dois ninjas mais competentes foi complicado, teve que reorganizar toda a escala de serviços, mas eles precisariam disso naquela semana.

— Eu prefiro as rondas. — ouvem Naruto retrucando ao sair e Hinata vai o consolando, prometendo que não será tão ruim.

— Você que eles já descobriram? — Kakashi pergunta, não queria admitir, mas estava muito curioso sobre a situação.

— Não, ainda não, eles tiveram pouco contato com esse tipo de coisa, só viram Kurenai e Asuma juntos, mas são espertos e vão descobrir logo, ainda mais agora entrando na Academia. — Hiruzen comenta, também estava se divertindo as custas dos seus netinhos — Mas eles já sentem, Naruto ainda não se deu conta do que sente, acho que para ele ainda não tem diferença, mas Hinata já percebeu que está diferente, só não sabe o que é ainda. Quem sabe agora que o ciúme será diferente, eles descobrem.

— Você calculava isso quando a levou pra lá? Sabe, pelas linhagens sanguíneas dos dois, isso seria no mínimo algo poderoso para a vila. — o Hatake observa o senhor fumar seu cachimbo.

— Não, confesso que nem passou pela minha cabeça na época, estava focado em tirar a menina daquele sofrimento e o Naruto daquela solidão, pensei neles antes de tudo, como um time que seria muito essencial para Konoha, e estava certo. — ele conta, perdido nas memórias felizes que tinha com suas crianças — Sabe Kakashi, eles sempre conviveram com outras crianças, tiveram outros contatos além deles, se vivessem isolados desde sempre, eu até diria na época que isso aconteceria, mas como não era o caso, eu não supus isso, mas olha o que aconteceu, parece que além de uma equipe perfeita, serão companheiros perfeitos no amor também.

— Minato-sensei e Kushina-sama devem estar felizes, foi esse seu último desejo para o filho, não é? Só espero que eles não sejam precipitados quando descobrirem. — Kakashi comenta emocionado e preocupado ao mesmo tempo.

— Não se preocupe Kakashi, Naruto pode ser um excelente ninja, mas ainda é um garoto tonto e ingênuo, para Hinata a mesma coisa, e por mais que a percepção dela seja melhor, ela é uma garota tímida. — Hiruzen conta e ri da cara engraçada do Hatake.

— Eu achei que Kurenai já tinha tido a conversa, olha o tanto de Nukenins que eles eliminaram do Bingo nos últimos quatro anos, duvido que não tenham visto algo indecente durante esse tempo. — Kakashi fala pasmo.

— Provavelmente viram, mas associaram aos crimes deles, pelo menos pra mim não perguntaram nada, e você sabe como eles são curiosos e perguntam de tudo, acho que minha nora está esperando alguma coisa para ter essa conversa. — o Hokage explica pensativo.

Longe dali, abrindo a porta de casa, estava a dupla de Shinobis mais jovens de Konoha, afinal eles superaram até mesmo seu sensei, entrando para a organização um ano mais cedo que ele. Quando eles entram na casa, seus narizes se irritam com a fina camada de pó no local, ficaram só quatro dias longe e já tinha tudo aquilo de sujeira? Naruto pensava que aquilo daria problema para limpar, eles retiram os calçados na porta, como sempre fazem, mesmo sabendo que o chão também estava cheio de pó, abrem algumas janelas para entrar luz e ar, e começam a retirar parcialmente suas roupas especiais; retiram as tornozeleiras e braçadeiras, os coletes, as máscaras, ficam apenas com a tradicional roupa preta de malha. Hinata pega uma vassoura na porta dos fundos e Naruto um espanador, e assim começam a retirar toda poeira e teias de aranha que se acumularam por ali durante sua ausência; Naruto queria dizer para a amiga que eles deviam parar e descansar, mas sabia o que ela diria, tarefas primeiro e descanso depois, isso sem falar que ela andava muito irritada fazia dias, e tudo que ele não queria, era aborrece-la com qualquer coisa. Assim que terminam ali, Naruto faz Hinata ir tomar seu banho primeiro e fica na cozinha preparando uma refeição bem caprichada para eles, ele via o quanto sua amiga estava mais cansada que o normal, era como se algo a estivesse deixando desconfortável, então faria de tudo para vê-la bem de novo, e isso significava fazer tudo que ela gostava de comer.

— Hum, o cheiro está muito bom. — ele ouve a voz suave de Hinata atrás de si.

— Nem Hina, não é nem perto do seu ramen especial. — Naruto rebate e se vira para por os ovos mexidos no prato.

Mas ao se virar, ele avista Hinata parada a volta da mesa, os cabelos molhados, o pijama de coelhos e as pantufas para combinar, ela estava tão fofa que o deixou bobo; Naruto sempre achou sua amiga bonita, a mais bonita na verdade, mas de uns tempos pra cá, ele vinha se sentindo estranho, ficava bobo e atrapalhado perto dela, adorava ficar olhando quando Hinata estava lendo algum livro, a forma como o nariz dela enrugava quando ria, ou a forma doce que chamava seu nome, tudo nela ficou extremamente fascinante para ele, que adorava observá-la, assim como agora, que a fitava provar a comida que ele fez. Naruto só queria saber o que é isso, por que estava agindo assim? Como se nunca tivesse visto Hinata na vida? Mas ele não se importava, gostava de se sentir assim perto dela, era algo bom e gostoso de sentir.

— Se sente melhor? — Naruto pergunta ao vê-la terminar de comer.

— Muito! — ela responde satisfeita.

— Hina, o que estava te incomodando? — Naruto pergunta e vai retirando a louça dos dois.

— Você percebeu? — Hinata pede ao que ele só concorda — Eu não sei, realmente não sei, só tem esse desconforto, essa coisa sufocando e tudo está me estressando tanto.

— É alguma coisa que eu faço? — o garoto pede preocupado, em todos os anos de convivência, aprenderam que conversar era a melhor forma de se entenderem, ainda mais que viviam sozinhos.

— Não Naruto-kun, claro que não, acredite em mim, se eu soubesse te diria. — Hinata responde e Naruto fica um pouco mais aliviado, ela para e pensa se deveria falar mais, conclui que sim, afinal nunca tiveram segredos entre eles — Mas tem outra coisa também.

— O que é? — ele pede encarando aqueles olhos que sempre admirara e pareciam mais brilhantes agora.

— Eu também não sei, mas tenho me sentido diferente, sabe eu fico nervosa e com vergonha quando você fala alguma coisa pra mim, igual fez na sala do vovô. — Hinata conta e tem certeza que suas bochechas ficaram muito vermelhas.

— Você não gosta mais que eu te elogie? — Naruto pergunta um pouco triste, uma das coisa que mais amava fazer, era elogiar Hinata.

— Não é isso Naruto-kun, eu gosto, me sinto especial por isso, mas toda vez que você fala algo, meu coração acelera e minhas mãos soam, e eu não sei o que está acontecendo. — Hinata explica nervosa, acha que deve parecer um tomate agora.

— Quer que eu pare? — ele pergunta confuso, eram quase as mesmas reações que ele estava tendo.

— Não, eu gosto de ouvir. — ela responde sincera e o garoto sorri grande.

— Que bom, eu também estou me sentindo diferente, mas gosto disso. — Naruto conta e Hinata se alivia por saber que não era a única — Hina, você acha que é aquela tal de adolescência que Kurenai-san falou?

— Talvez, talvez seja isso mesmo. — ela concorda e eles passam a lavar a louça juntos, se sentindo melhor por terem conversado.

Quando tudo está devidamente limpo, Naruto vai tomar seu banho, sentia seu corpo todo dolorido, e a água morninha caindo por suas costas aliviava muito as dores, e teve que se manter firme para não dormir no chuveiro. Resolveu sair logo e se vestir, por mais que o inverno já tivesse acabado, os primeiros dias da primavera ainda eram um pouco frios, e não queria arriscar ficar doente; lembrava muito bem da ultima vez que pegou uma gripe, Hinata o fizera tomar aqueles remédios horríveis, além de sempre o por embaixo da água gelada quando tinha febre, não queria repetir aquilo. Naruto veste uma bermuda laranja e uma blusa preta, depois separou suas roupas e as de Hinata e colocou na máquina para lavar, precisavam manter seus uniformes sempre limpos, não sabiam quando iriam precisar deles de novo; enquanto fazia isso, Naruto reparou que seus cabelos estavam muito grandes outra vez, teria que pedir que Hinata os cortasse um pouco mais baixinhos. Saiu do banheiro arrastando os pés, a preguiça começava a tomar conta dele, e não ajudava muito ouvir que lá fora começava a chover fraquinho, aquele som das gotas d'água batendo no telhado era como a música de ninar mais potente do mundo; ao entrar no quarto, encontrou Hinata já deitada na cama, aninhada na manta que ela mesma fizera para eles um ano atrás. Quando Hinata vê Naruto se aproximando para deitar, sente como se ela toda estivesse ficando vermelha só por olhá-lo caminhando, mas não tinha como evitar, Naruto era tão bonito, mesmo ela já tendo visto outros meninos bonitos na vila, nenhum se comparava a Naruto, e aqueles olhos azuis dele, ficavam tão fofos quando estava com sono; sem esperar por convite, ele se aconchega junto dela como sempre fazia, passa os braços a sua volta e encosta a cabeça na dela, e com uma das mãos, passa a acariciar os cabelos da amiga, até que ela pegue no sono.

— Acho que amanhã, antes de buscar o Kono, a gente devia pegar Miyuki, Yukiko e Akina na casa de Kurenai-san.  — Hinata fala bocejando e fechando os olhos, ela sempre dormia rápido quando Naruto lhe fazia aquele carinho.

— Depois Hina, agora vamos descansar. — Naruto responde e dá-lhe um beijo na testa e logo fecha seus olhos.

Eles dormem pelo resto da manhã até o meio da tarde, estavam cansados, e o aconchego de sua cama nunca fora tão bem vindo, por mais que agora ela começasse a ficar pequena para eles, haviam completado onze anos fazia poucos meses, mas já começavam a ter os primeiros surtos de crescimento. Os dois sempre agiam assim, depois de uma missão, ao chegarem em casa, cumpriam todas as suas obrigações, faziam uma boa refeição e se deitavam para dormir e recuperar suas forças; claro que Naruto gostava de dormir sempre que podia, com os anos descobriu que era um grande dorminhoco, mas claro que Hinata não lhe dava folga, mesmo em dias que não teriam missão ou expediente na sede, ela o fazia levantar cedo para estudarem alguma coisa. E foi assim que os dois aprenderam uma imensidão de Jutsus de selamento, descobriram a biblioteca de Konoha tinha três anos, e quando estavam com tempo livre, pegaram o hábito de passar algumas horas lá, aprendendo coisas novas; Naruto não gostava muito, mas aprendeu há tempos que sempre faria o que Hinata quisesse, e estaria encrencado se não fosse assim.

Conforme foram crescendo, foram pegando manias e trejeitos só deles, coisas que deixavam muitas vezes, os seus amigos confusos, sempre que iam para a cabana passar com eles, os outros quatro se sentiam como se estivessem em casa, como se eles ainda fossem os filhos e Naruto e Hinata seus pais; não por que mandassem neles ou coisa do tipo, mas por que agiam igualzinho seus pais, Naruto vivia cercando Hinata de abraços, beijos na testa e palavras gentis, e Hinata vivia afagando o rosto e os cabelos dele, era mandona e não deixava que ele fizesse o que desse na telha, o fazia se agasalhar bem e se alimentar direito, além de ter um cuidado e carinho ao fazer algum mimo para ele. Quando Ino, Neji, Shikamaru e Chouji notaram esse comportamento, perguntaram ao seus respectivos pais o porquê os amigos eram assim entre eles, e só entre eles, já que Naruto não tratava Ino do mesmo jeito, e Hinata, apesar de ter um carinho especial pelo primo, não tratava os garotos com o mesmo esmero; a resposta que tiveram foi que os dois se amavam de uma forma diferente que os quatro não entenderam de pronto, mesmo que eles não soubessem ainda. Depois disso o passa tempo preferido dos quatro, era estudar a relação dos dois amigos, os garotos por curiosidade e divertimento, e Ino por sentir um pouco de ciúmes da amiga, afinal quando conhecera os dois, desejou que Naruto fizesse para ela, o mesmo que o via fazendo por Hinata, mas isso nunca aconteceu, quando ela estava por perto, parecia não existir mais ninguém para o garoto. Mas isso não impedia a jovem Yamanaka, que já sabia diferenciar muito bem suas emoções, de ter alguma esperança, e isso a estava impedindo de ver algo que estava reservado só para ela, mas ela veria, logo veria, no tempo certo.

Naruto finalmente acorda, ao sentir o sol batendo em seu rosto, haviam esquecido de fechar a janela do quarto, ele começa a se espreguiçar na cama, mas congela ao sentir algo molhado em sua bermuda e nos lençóis; o medo o faz suar frio, estava com medo de olhar e descobrir que teve outro incidente, ou descobrir que voltou a fazer xixi na cama. Caramba, ele não fazia isso desde os três anos, como olharia para Hinata depois disso? Pior, como se explicaria para ela? Kami-sama, ele pensava consigo, tudo menos xixi! Mas aquilo não estava na frente de sua bermuda, estava do lado, o que era muito estranho; resolveu verificar o que era por fim, com o coração aos pulos e com muito cuidado para não acordar Hinata, já que assim pelo menos arrumaria uma desculpa, poderia virar um suco na cama para evitar passar por aquele vexame, ergue então a manta e o lençol, mas seus olhos não estavam preparados para aquilo. Sente o ar fugir dos pulmões e ele se esquece como se respira, agora o desespero era outro, Hinata estava machucada? O que tinha acontecido? Ficou com muito medo que fosse algo grave e se colocou a analisa-la, mas não encontrava a fonte do seu ferimento, mas então de onde vinha aquele sangue que lhe manchava o pijama? Isso aconteceu enquanto dormiam, era certo, já que ela não estava assim quando se deitaram, será que tinha sido ele que a machucou? Desesperado ele começa a chamá-la com delicadeza, precisava saber o que aconteceu com ela.

— Hina, acorda. Hina, vamos abra os olhos. — ele chama baixinho.

— Só mais cinco minutos. — ela responde sonolenta, pelo menos não parecia ter dor.

— Não dá Hina, tem alguma coisa errada. — Naruto responde angustiado e ela prontamente se senta.

— O que foi? — ela pergunta buscando no quarto a fonte do problema.

— Por que não me disse que estava machucada? — o garoto questiona preocupado.

— Machucada? Não estou machucada! — Hinata rebate confusa.

— Então por que está sangrando? — Naruto questiona ficando perdido.

— Sangrando? — ela fica confusa e passa a se olhar, é então que Hinata salta da cama apavorada — Kami-sama, o que é isso?!

— Você não sabe? — Naruto pergunta mais assustado enquanto a vê puxando as calças do pijama de um lado a outro.

— Não! O que tem de errado comigo, Naruto-kun?! — Hinata pergunta desesperada, a voz tingida pelo medo e os olhos cheios de lágrimas — Esse sangue veio de mim, sinto ele, mas por que?!

— Ei, calma, vamos descobrir o que é. — Naruto tenta acalmá-la e a abraça.

Ele olha para a cama e para o pijama dela, tinha muito mais do que conseguiu ver antes, isso o estava preocupando muito, sua cabeça trabalhava a todo vapor buscando uma resposta, até que lembra de alguém que poderia ajudá-los.

— Hina, você fica aqui e descobre de onde vem esse sangue, eu vou na vila buscar Kurenai-san! — ele fala e já pega uma calça no armário para se trocar.

— Tudo bem. — ela concorda, não contaria a ele que sabia de onde vinha e por isso estava com tanto medo.

 Kurenai tinha lhe dito uma vez, que essa era uma parte do seu corpo que nunca deveria discutir com Naruto; ela o assiste sair correndo da cabana, torcia para que voltasse rápido, agora que notara que sentia uma leve dor em sua barriga. O garoto corre pela floresta, sabia que era veloz, mas agora era hora de superar seus próprios limites, agradecia mentalmente pela chuva ter cessado e o sol aparecido, ou o chão ficaria muito escorregadio e isso seria um empecilho. Correu o máximo que seu corpo permitia, realmente se superou, mas só tinha o objetivo de descobrir o que Hinata tinha, estava com medo que aquele Nukenin tivesse feito algo que não viram, quando ela foi executá-lo; se praguejou muito por isso, ele sabia que tinha que ter feito dessa vez, Hinata não andava bem e ainda assim deixou que ela fizesse, se algo grave acontecesse com ela, nunca se perdoaria. Chegou aos grandes portões em menos de cinco minutos, desviava de tudo e todos, parecia um raio ziguezagueando pelas ruas, quem o olhava, nunca o tinha visto tão veloz, quando passou pelo parque, viu seus quatro amigos lhe fazendo sinal para parar, o tinham visto correndo de longe. Tinham se encontrado aquele dia para discutir como seria o novo ano de Academia e decidir uma data, para justamente fazer uma visita a Hyuuga e o Uzumaki, que não viam tinha alguns dias já.

— Yoh Naruto! — Shikamaru grita, vendo que ele não ia parar.

— Não posso! — foi tudo que o ouviram gritar por sobre os ombros.

— O que vocês acham que deixou o Naruto assim? — Chouji pede, tinha esquecido até suas batatinhas a meio caminho da boca.

— Não tenho ideia. — Ino responde tão perdida quanto o Akimichi.

— Eu sim. — Shikamaru fala e os outros o olham — Ele estava sozinho, não estava?

— Hinata! — os três chegam a conclusão juntos.

— Vou em casa avisar meu pai, encontro vocês no portão em uma hora. — Neji fala e todos concordam.

Assim os quatro se despedem e vão para suas casas, precisavam saber o que acontecia, mas precisavam avisar suas famílias antes. Na casa de Kurenai, Naruto batia desesperado na madeira, parecia que ia derrubar a porta a qualquer momento, estava ofegante de tanto correr, mal respirava direito, sentia seus pulmões e suas pernas ardendo; ouviu passos pela casa e suspiro aliviado, ela estava em casa, e quando a mulher abriu a porta, se assustou com a expressão no rosto do garoto, nunca vira Naruto tão apavorado quanto agora.

— Naruto? O que aconteceu? — Kurenai pergunta de pronto.

— Não tenho tempo de explicar Kurenai-san! Só vem comigo e ajuda a gente. — ele pede nervoso a puxando pela mão.

— Espera, me diga pelo menos alguma coisa, pra que eu saiba como ajudar. — ela pede já ficando muito nervosa também.

— É a Hinata, ela está sangrando e a gente não sabe por que, não está machucada nem nada, só sangra! — Naruto conta exasperado e volta a puxar a mulher.

— Espera Naruto! Eu sei o que é, só vou pegar uma coisa e já vamos. — Kurenai fala e volta para dentro de casa, Naruto fica mais calmo, mas nem por isso menos impaciente — Vamos, tenha calma que não é nada grave.

Assim eles pegam o caminho de volta para a cabana, a mulher teve vontade de rir do nervosismo dele, mas não faria isso, sabia que ele poderia ficar bravo ou até magoado com ela, e também achava linda sua preocupação com Hinata. Chegaram na clareira em tempo recorde de novo, já que o garoto a todo instante apressava mais sua antiga tutora, e ela o acompanhava, para não desmerecer o esforço que fazia pela amiga. Quando entraram na cabana, foram direto ao quarto, e quando a mulher colocou os olhos em Hinata, teve suas suspeitas confirmadas, ela era oficialmente uma mocinha. Claro que a garota não sabia disso, e por isso mesmo, quando viu Kurenai, correu abraçá-la entre soluços, e vendo isso, Naruto ficou mais apavorado ainda e não sabia o que fazer.

— Ei, está tudo bem minha princesa, não precisa chorar mais, vou te explicar tudo. — Kurenai fala de forma amável, se separa dela e pega uma muda de roupas limpas no roupeiro — Vamos no banheiro, você toma um banho e eu vou te contar. Naruto, fique aqui está bem? Eu já volto.

Ele concorda, mesmo não gostando de ser excluído, mas esperaria que Kurenai lhe explicasse o que estava acontecendo, então aguardou na sala pelos próximos vinte minutos; andava de um lado a outro, roía as unhas, mas nada de se acalmar. Até que a porta do banheiro se abriu e elas saíram de lá, Hinata já estava limpa e não chorava mais, tinha as maçãs do rosto levemente avermelhadas, mas parecia bem; ele fez menção de as seguir, mas Kurenai não deixou, e ele só pode obedecer e suspirar irritado. Aguardou mais uns minutos, e logo viu a mulher saindo do quarto sozinha com os lençóis e a manta sujos nos braços, mas estava sozinha dessa vez, o que fez Naruto quase explodir de preocupação, mas a mulher apenas lhe sorriu indicando que estava tudo bem, e foi até o banheiro com as roupas de cama.

— Senta Naruto, está na hora da nossa conversa. — Kurenai fala assim que volta a sala.

— A Hina? — ele pede angustiado.

— Hinata está bem, já conversei com ela, agora a coloquei para dormir um pouquinho, para que pudéssemos conversar melhor. — Kurenai explica e vê o garoto se acalmando e se sentando no sofá — Naruto, o que aconteceu hoje com Hinata, é absolutamente normal, e foi só a primeira vez que aconteceu. E não se preocupe, vou te explicar tudo! Mas antes, você precisa lembrar de uma conversa que tivemos alguns anos atrás, em que eu expliquei o porquê o corpo de vocês dois é tão diferente, você lembra?

— Sim, eu lembro. — o garoto concorda, recordando a lembrança, fora antes do primeiro aniversário de Hinata na cabana.

— Pois bem, sabendo dessas diferenças, você sabe que seus corpos funcionam de maneiras distintas, e com as garotas, quando seus corpos atingem a maturidade para se reproduzir, elas sangram; todo mês para ser exata. Os garotos geralmente não sabem desses fatos, mas como você viu e como moram juntos e acabaria descobrindo, vou te explicar todo o processo. — e assim Kurenai fez, passou os próximos minutos explicando a Naruto, tudo sobre a reprodução humana, e se segurava para não rir das caretas dele, explicou sobre menstruação e as mudanças do corpo feminino, bem como no corpo masculino, sexo, bebês e suas responsabilidades — Então a partir de agora, uma vez por mês, talvez duas, Hinata vai sangrar e pode ser que tenha algumas mudanças de humor até seu próximo sangramento chegar, ela pode sentir dor durante os dias que durar e vai ficar mais sensível, por isso preciso que você cuide dela quando isso acontecer. As meninas geralmente tem suas mães para lhe auxiliarem nesses momentos, mas o caso dela é diferente e ela só terá você, já que não moro mais aqui.

— Então o que eu faço se ela sentir dor? — Naruto pergunta, ainda estava espantado e perdido com todas as informações que recebera, mas já tinha se decidido que iria ajudar Hinata nesses dias.

— Dê-lhe um medicamento para dor, eu trouxe e deixei no banheiro, umas três gotas devem bastar, também prepare toalhas quentes e aplique em sua barriga, bem aqui. — Kurenai explica e lhe mostra o lugar com as mãos — Pode massagear suas costas também, na linha da cintura, isso alivia bastante.

— Isso doí muito? — ele volta a perguntar, toda aquela conversa o deixou bem preocupado.

— Depende, vai ser Hinata que terá que te dizer, cada uma de nós sente de uma forma e intensidade diferentes, e você terá que ter muito cuidado com o que diz a ela durante esse tempo, pode magoá-la facilmente. — Kurenai fala, achava não aconteceria, afinal Naruto era um doce de menino, mas não custava avisar.

— Tudo bem, eu consigo fazer isso, é como uma missão não é? — ele pergunta mais para si do que para a tutora, era nítido que estava apavorado.

— Sim, vai sim. Mas você entendeu as mudanças que vai sofrer também? — Kurenai pergunta e o vê se remexer inquieto no sofá, até agora seu foco era Hinata, mas percebeu que alguma coisa acontecera a Naruto também, o conhecia muito bem — Naruto, o que você está escondendo? Te aconteceu alguma coisa do que expliquei antes?

— Eu não sei dizer. — ele responde envergonhado, baixa a cabeça e torce as mãos, sentia seu rosto muito quente — Eu acordei com algo em mim, mas não sei o que era.

— Está tudo bem, olhe para mim sim? Não precisa ter vergonha, é normal. — Kurenai fala com o mesmo carinho e amabilidade que falara a garota antes — Hinata sabe disso?

— Não, eu me escondi no banheiro. — ele conta ainda muito vermelho.

— Tudo bem, mantenha isso assim está bem? Como eu disse, isso pode acontecer as vezes, é natural, seu corpo está mudando e se adaptando. — a mulher fala gentil e o vê suspirar aliviado — De meninos eu entendo só o básico, vou pedir que Asuma ou Kakashi conversem com você, para te explicar algumas coisas que não sei, eles poderão te ajudar mais do que eu.

Ela então se levanta para ir embora, por mais que quisesse ficar, tinha saído de casa sem avisar ou deixar recado com ninguém, mas pelo modo mais calmo que seu pupilo caminhava e a forma como estava mais descontraído, sabia que tudo ficaria bem agora; Naruto era um bom menino, ela sabia que cuidaria para que tudo ficasse bem agora. Mais uma vez suas pequenas crianças passariam por uma grande mudança, e mais uma vez teriam que se reestruturar e se adaptar a isso, mas sabia que conseguiriam.

— Kurenai-san? — Naruto pede e ela se vira para olha-lo, tinha surgido uma dúvida muito importante em sua cabeça — Isso não muda o que somos, não é?

— Não Naruto, não muda, apenas fortalece. — Kurenai fala gentil, e percebeu que eles continuariam os mesmos apesar de tudo, e era verdade afinal, estarem juntos em todas as fazes da vida, só os fortaleceria.

— Obrigado, Kurenai-san. — ele agradece muito mais aliviado, sabia que tudo ficaria bem agora.

— Por nada, meu pequeno Shinobi serelepe. — ela responde divertida e o abraça antes de partir.

Quando Naruto fecha a porta, a floresta está banhada por uma luz alaranjada muito bonita, e refletia lindamente nas poças d'água que ficaram por ali, daria um belo quadro. Ele vai até o quarto e entra sem fazer barulho para verificar como a amiga estava, pensando que Hinata ainda estaria dormindo, mas a encontra acordada e pensativa, então se aproxima com calma dela, as palavras de Kurenai pipocavam em sua cabeça, dizendo para ter cuidado.

— Hina? — ele chama baixinho e ela o olha com as bochechas vermelhas — Você está bem? Não tem dor?

— Não Naruto-kun, estou bem, Kurenai-san já me deu um remédio. — ela conta envergonhada, e por mais que a situação fosse constrangedora ao máximo, não se refreou e fez careta ao lembrar do sabor do remédio, ato que arrancou uma gargalhada de Naruto — Ela já foi?

— Foi, disse que não podia ficar por que saiu correndo sem avisar ninguém. — Naruto conta e se deita ao lado dela na cama, aquilo tudo era tão novo, os dois estavam tão perdidos com as novas informações, mas nunca deixariam de ser dois grande amigos curiosos — Como é que é?

— É estranho. — Hinata conta rindo da curiosidade dele — Kurenai-san te explicou tudo?

— Explicou! Hina, eu não sabia que os seres humanos eram tão estranhos assim. — Naruto fala e ela gargalha de verdade.

— Que acha da gente ir na biblioteca, fazer uma pesquisar essa semana? — Hinata pergunta e se diverte com a careta de desagrado dele.

— Não tenho saída mesmo, mas depois a gente vai no Ichiraku, faz tempo que você não me deixa comer ramen. — ele barganha de um jeito resignado.

— Fechado, mas você sabe que não pode viver só de ramen. — ela concorda e o censura ao mesmo tempo.

Sem perceber, os dois iam voltando ao normal, depois do susto e das descobertas; estavam tão entretidos em brincar e implicar um com o outro, que se assustam ao ouvir batidas na porta.

— Naruto? Hinata? Estão em casa? — escutam a voz de Neji e mais batidas.

— Ah droga! — Naruto reclama baixinho.

— O que foi? Eles não sabem disso, não é? Kurenai-san disse que não podemos contar a ninguém, é pra ser segredo. — Hinata fala ficando aflita.

— Não sabem, mas me viram correndo pra casa dela, acho que ficaram preocupados. — Naruto explica e se pragueja por não ter evitado um caminho movimentado.

— O que vamos dizer a eles? Não posso contar isso Naruto-kun. — a garota se desespera um pouco, já era estranho demais que Naruto soubesse o que lhe acontecia.

— Já sei! Vamos dizer que você estava com febre, e eu fui buscar um remédio pra você com Kurenai-san. — Naruto dá a ideia e ela se acalma logo.

— Acho que isso seria bom, e bem convincente. — Hinata concorda e se levanta da cama, para o espanto dele.

— Espera, você não pode sair da cama, eles vão ver. — Naruto contesta e Hinata ri com gosto, pelo visto a tutora escondeu alguns segredos — Que foi? Você não tem que ficar deitada até passar?

— Não, não preciso. — ela responde ajeitando as roupas.

— Agora eu não estou entendo nada Hina, me explica isso. — Naruto pede confuso.

— Kurenai-san me explicou, que se eu usar umas coisinhas que parecem fraldas de bebê, não preciso me preocupar. — ela explica e pega o pequeno pacote que a tutora deixara para ela e lhe mostra —Aqui, o nome é absorvente e serve exatamente pra isso.

— Então se usar isso, você pode vazar a vontade? — Naruto pede encarando o pacote estranho e arranca uma gargalhada dela.

— É por aí, mas vamos que eles vão derrubar a porta. — ela responde e guarda o pacote nos forros da cama.

Eles saem do quarto e vão até a porta da frente, e quando a abrem, encontram quatro pares de olhos que os encaravam assustados, e logo passaram a analisa-los com cuidado. Eles dão passagem aos amigos e fecham a porta, aguardam com paciência que eles comecem a falar, mas como não o fazem, Naruto quebra o silêncio.

— Tudo bem pessoal? — ele pergunta e Neji suspira exasperado.

— Eu que devia perguntar isso! Te vimos correndo pela vila sem Hinata, pensamos que tinha acontecido alguma coisa. — Neji fala e analisa a prima preocupado.

— Está tudo bem agora nii-san. — Hinata fala calma e Neji a encara mais sério.

— Agora? O que aconteceu? — Shikamaru pergunta, estava achando aquilo muito estranho.

— Hinata-chan estava com febre, fui a casa de Kurenai-san pedir um remédio pra ela, por isso estava com pressa. — Naruto explica sério e os três garotos se alarmam.

— O que você tem nee-chan? Está gripada? — Neji começa a pegando pelos braços.

— Não quer ir para o hospital Hina? A gente te leva. — Shikamaru faz coro.

— Quer que eu peça pra minha mãe te fazer uma canja? Sempre me ajuda quando fico gripado. — Chouji fala nervoso, sabia como era ruim ficar doente.

— Estou bem pessoal, de verdade, Naruto-kun já cuidou de mim. — Hinata fala, estava emocionada com a preocupação deles, mas também ficava desconcertada com tamanha atenção.

— Tem certeza, nee-chan? — Neji pede, ainda estava aflito pela informação.

— Gente, ela já disse que está bem, não façam tempestade em copo d'água. — Ino fala pela primeira vez na noite.

— Não seja chata Ino, quando foi você que se gripou, Hinata foi a primeira a te cuidar. — Shikamaru rebate, e faz a Yamanaka se sentir um pouco mal.

— Não pessoal, Ino-chan tem razão, eu estou bem mesmo. Vamos deixar isso de lado e aproveitar que vieram, sim? — Hinata fala e os chama para a sala, queria desviar a atenção deles de si.

— Mas então, por que demoraram a abrir a porta? — Chouji pede sem se tocar e chama atenção ao fato.

— O remédio me deu sono, acabei dormindo um pouco depois de tomar. — Hinata inventa e logo Naruto acrescenta.

— Eu aproveitei que ela dormiu e que a febre baixou e dormi um pouco também, estamos aprontando algumas coisas para essa semana, e andamos cansados por isso. — ele conta astuto e logo os amigos se prendem ao fato de que eles irão frequentar a Academia naquele ano.

A verdade é que os anos de treinamento e de serviços na divisão, os tinha deixado muito bons em inventar desculpas, estavam tão bons nisso, que seus amigos nunca desconfiavam do motivo que os fazia sumir por dias; bom, quase todos, Shikamaru era o único que desconfiava, mas não falava nada, tinha vaga impressão de que se os amigos pudessem contar alguma coisa, já teriam feito isso, confiava muito nos dois. Ele começou a desconfiar, depois de ver de relance, por acaso mesmo, um pedaço de uma tatuagem no braço esquerdo de Naruto, depois daquele dia notou que os dois nunca mais usaram regatas, eram sempre blusas de manga, e o amigo nunca mais tirou a camisa na frente deles, coisa que fazia sempre que estava calor, eram todos pequenos fatos que faziam o jovem Nara desconfiar das atividades dos dois amigos.

— Eu vou preparar a janta. — Naruto fala se levantando, depois de conversar um pouco.

— Eu te ajudo. — Hinata se levanta também, mas Naruto a empurra com delicadeza de volta ao sofá.

— Nada disso, ainda estou te cuidando, lembra? — Naruto fala a ela com tanto carinho, que a deixa constrangida de novo, mas ela atende o que ele disse e fica sentada.

— Eu posso te ajudar se quiser, Naruto-kun. — Ino se oferece de pronto, mesmo não sabendo o que fazer direito.

— Não precisa Ino, você é visita, eu faço isso. — Naruto dispensa e vai para a cozinha.

Ele se concentra em fazer a refeição, com os anos e a ajuda de Hinata, tinha se tornado um cozinheiro até que razoável, e se virava bem no fogão, e enquanto temperava carnes e peixes, se concentrava em ouvir atentamente as conversas de Hinata, precisava cuidar dela agora, teria que descobrir qualquer mudança repentina que indicasse que ela sentia dor, e por sorte seus treinamentos lhe ensinaram a ler sinais, e isso a judaria a cuidar de Hinata muito bem; afinal ela era sua melhor amiga, a pessoa mais importante de sua vida, a trataria como uma verdadeira princesa, por que era isso que Hinata era para ele, era sua Hime, e estaria ao lado dela no que ela precisasse, como sabia que seria em todas as muitas mudanças que a vida reservava aos dois.


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