Unstable companion escrita por Keyla Cardoso


Capítulo 8
Capítulo 07- Rejeição




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 Capitulo 07 - Rejeição

 Bella estava jantando com Charlie, pensativa com tudo que aconteceu naquele dia e em como isso iria influênciar em sua vida.

 –Como foi o seu dia Bells? -Charlie perguntou olhando para sua filha.

 –Meu dia? Pode-se dizer que foi... Surpreendente. -Ela disse se lembrando de Paul. -O que você acha de Paul, papai. -A pergunta saltou de sua boca antes que ela pudesse segurar.

 –Paul? O menino Lahote? -Ele perguntou coçando o queixo. -Já tivemos algumas ocorrências dele, sua maioria por brigas e uma por dirigir embriagado. Por que? Ele fez alguma coisa contra você?

 –Não seja ridículo papai, eu quero saber o que você, como Charlie, acha de Paul. Não quero saber o histórico criminal dele. -Ela respondeu se levantando e tirando os pratos vazios da mesa.

 –Ele é um bom rapaz, briguento, mas bom, dado seu histórico familiar, era pra ser pior. Você já deve saber o tipo de pai que foi o dele... -Charlie disse negando com a cabeça. -Mas as brigas pararam desde que ele começou a andar com Sam, a meses não temos ocorrências contra ele

 Bella imaginou, que Paul tinha outras formas de descontar sua raiva agora. Correndo em forma de lobo pela floresta, por exemplo.

 –Mas porque tanto interesse?

 –Apenas curiosidade papai, apenas curiosidade. -Ela disse colocando a última travessa na geladeira. -Vou me deitar certo? Nos vemos amanhã.

 Bella subiu para seu quarto, escorregou para dentro de seu pijama e pegou uma coberta extra no armário, esse outono estava mais frio e ela precisava se manter aquecida durante a noite.

 Ela se deitou e fechou os olhos, o pensamento vagando até Paul e o que ser companheira dele significava. Bella poderia jurar que ouviu um uivo pouco antes de cair na inconsciência do sono.

 Ω.Ω.Ω.Ω

 As duas semanas seguintes passaram rapidamente, Bella e Paul não se encontraram mais, o garoto sempre fugindo quando ela chegava na casa de Emily ou de Jacob, Bella não tentou outra aproximação, ela estava bem da forma que estava e esperaria até ele estar preparado.

 Agora era uma manhã de sábado e ela estava sentada no sofá de sua casa, com o inverno se aproximando, a lareira acesa se tornará um hábito em sua casa e ela agradeceu à Charlie por tê-la acendido antes de sair pra trabalhar.

 Naquela manhã, ela estava se sentindo estranha, um aperto no peito e uma vontade de chorar, o motivo? Desconhecido.

 –Eu não quero levantar.-Ela murmurou quando o telefone tocou. Ela o deixou tocar até cair a ligação, poucos segundos depois ele voltou a tocar.

 Se enrolando na coberta, ela levantou e caminhou até a cozinha, atendendo o telefone.

 –Alô? -Ela disse de mau gosto.

 –Hey Bells, Charlie está? -A voz grave de Billy, mais rouca quero e costume, chegou até Bella.

 –Já saiu para o trabalho. Está tudo bem Billy? -Bella questionou o homem mais velho.

 –Na verdade não. -Ele respondeu, a voz embargando. -Lembra-se de Harry Bella? Harry Clearwater?

 –Sim, ele está bem? -Claro que Bella se lembrava de Harry, ele era muito amigo de seu pai, ainda naquela semana ela havia visto o homem.

 –Ele faleceu essa madrugada, ataque cardíaco.

 –Meu deus Billy... Como Sue está? E os meninos?

 –Sue e Leah estão devastadas, mas é com Seth que estamos preocupados. -O homem disse assoando o nariz. -Foi ele quem encontrou o corpo de Harry no sofá, o susto e a adrenalina ativaram o gene lupino em seu sangue, nesse exato momento, Seth é um lobo gigante que está correndo pela floresta.

 –Como Sam está lidando com isso?

 –Não sei, ele ainda não voltou desde que soube que Seth era um lobo.

 –Billy, você acha que eu... Ajudo ou atrapalho? Eu sinto que deveria estar aí, mas tenho medo de ser intrometida ou inconveniente. -Bella disse coçando a nuca.

 –Sue e Leah precisam de mais apoio que Emily e Kim podem oferecer.

 –Certo, eu vou só trocar de roupas e estou a caminho. -Bella disse desligando o telefone.

 Ela não sabia o por que da necessidade de estar na reserva, talvez tivesse algo haver com o aperto em seu peito.

 Ela subiu as escadas e colocou uma calça jeans por cima da calça do pijama e vestiu uma jaqueta preta, o cabelo, ela prendeu em um coque bagunçado e desceu as escadas calçando suas botas (um grande desafio para seu desequilíbrio natural).

 Quando ligou sua velha caminhonete e começou a dirigir em direção a La Push, o sentimento angustiante aumentou em seu peito, e ela se viu indo mais rápido que o permitido na estrada deserta.

 A chuva caia rapidamente no vidro do veículo, causando uma dificuldade de visão, mesmo com os limpadores ligados. Bella forçou a visão para enxergar a estrada nublada e viu uma forma humana poucos metros à frente, ela pisou no freio e derrapou alguns metros antes de parar, alguns centímetros da forma húmida de Paul. 

—Por deus Paul, você é louco? -Ela exclamou descendo do caminhão. -Se enfiar assim na frente da minha caminhonete, você é maluco?

 –Você estava muito rápido. -Ele disse sem erguer os olhos para a garota. -E-eu não quis te assustar, só fiquei com medo de acontecer alguma coisa, está tudo molhado...

 Bella observou aquele Paul, tão diferente do garoto irônico que ela conhecia... Ele parecia tão frágil, como um animal ferido.

 –Você está bem? -Ela perguntou se aproximando.

 –Eu estou bem... Me desculpe, pode... pode voltar a ir pra onde quer que você esteja indo, só vá com calma. -Ele disse se virando para voltar pra floresta.

 A mão de Bella alcançou o antebraço dele, o fazendo parar. O toque enviando ondas elétricas para ambos os corpos.

 –Paul, por favor entra no carro, estou indo pra La Push, podemos ir juntos.

 –Eu estou todo molhado, não quero molhar seu caminhão.

 –Agora eu também estou. Sério Paul, entre, eu não me incomodo. -Ela disse sem soltar o braço dele. Ele suspirou e entrou no lado do motorista.

 –Tudo bem, mas eu dirijo. -Ele disse batendo a porta.

 Bella se sentou no banco do passageiro e observou o homem ao seu lado. Os olhos negros estavam fixos na estrada uma máscara inexpressiva cobria o rosto tenso. 

—Certo, o que está havendo? -Ela disse cruzando os braços na frente do corpo, a água fria estava penetrando sua pele rapidamente.

 –Nada, não está havendo nada. -Ele disse sem olhar pra ela. 

—Você está assim por causa de Harry? -Ela sussurrou, sabendo que ele podia ouvi-la. -É por isso que eu estou indo pra reserva, Billy me avisou. 

Quando ele olhou pra ela, o que ela viu a deixou assustada: seus olhos demonstravam mais sentimentos do que ela já tinha visto em anos. Dor, tristeza, desespero... Tudo se misturava nos olhos escuros de Paul, a fachada de "homem mau" derrubada naquele momento de fragilidade. Naquele momento, ela entendeu o porque dos sentimentos gritantes em seu interior, aqueles sentimentos eram os sentimentos de Paul, a angústia e a tristeza do seu companheiro.

 –O que eu posso fazer pra ajudar?

 –Nada. Ninguém pode tirar isso de mim, ninguém pode tirar de mim a maldição de sempre perder as pessoas com quem me importo. -Ele disse voltando os olhos pra estrada, eles estavam entrando na reserva. -Vou te deixar na casa da Emily, você precisa trocar de roupas. Você sabe, pra não pegar um resfriado.

 –Você vai ficar lá também?

 –Não, eu vou pra minha casa. -Ele respondeu jogando a cabeça pra trás levemente.

 –Me deixe ficar com você Paul, por favor. -Ela pediu, as mãos esfregando os braços por cima da jaqueta. -Eu consigo sentir seus sentimentos, todos eles, e eu não vou ficar em paz sabendo que você está sozinho.

 Ele não respondeu, mas Bella viu quando eles passaram direto pela casa de Emily e foram para a casa de Paul, a pequena cabana na orla da floresta. Ele foi o primeiro a desembarcar e à ajudou a descer e correr até a casa.

 –Eu vou pegar uma roupa minha pra você, você pode tomar uma ducha quente se quiser. -Ele disse apontando para a porta do banheiro. -A toalha que está aí é limpa, pode usar também.

 Bella aceitou uma calça e uma camiseta que ele lhe entregou e foi até o banheiro. Ela se despiu, tirando o celular do bolso traseiro da calça, o depositando no lavatório e entrou no jato quente do chuveiro, agradecendo aos deuses pela água quente.

 No outro cômodo, Paul estava sentado em sua cama, os pensamentos na garota em seu banheiro. Ele sabia que era arriscado permitir que ela se aproximasse tanto, mas ele estava sem forças para afasta-la ou se afastar, ele estava ferido e precisava dos cuidados de sua companheira. 

 Ele ergueu os olhos quando ela saiu do banheiro, vestindo apenas a camiseta de manga comprida vermelha que ele havia lhe entregado.

 –Não me serviu, ficou muito grande. -Ela disse indicando a calça de pijama azul. 

Ele correu os olhos pelo corpo dela, começando pelo rosto e pescoço, ambos avermelhados por causa da água quente, a blusa, marcava a curva dos seios e descia até o meio das coxas, grossas e convidativas. 

—Eu estou aqui em cima Paul. -Ela disse divertida. -Vá tomar um banho, então podemos sentar e conversar sobre tudo. 

Ele se levantou, recolheu as roupas dela e sumiu pela porta que levava a cozinha, voltando alguns minutos depois. 

—Suas roupas estão na secadora, fique a vontade. -Ele disse se encaminhando pro banheiro. 

Ele sentiu, com prazer, o fluxo de água morna em suas costas. Ele estava permitindo que ela entrasse em sua vida, ele, Paul Lahote, estava permitindo que Isabella Swan, a filha do chefe, sua impressão, entrasse em sua vida e bagunçasse seus pensamentos. 

Uma coisa era ele fantasiar Isabella em sua casa, cuidando dele... E ele tinha fantasias com ela, com mais frequência do que gostaria de admitir, outra bem diferente, era ela realmente estar lá.  

Ele fechou o chuveiro e enrolou a toalha na cintura, saindo do cômodo, apenas para encontrar Bella folheando seu caderno de desenhos, ele agradeceu aos deuses por ter guardado as folhas com os desenhos dela na gaveta do armário.

 –Você desenha muito bem. -Ela disse enquanto ele vestia uma bermuda. -Como você consegue fazer algo tão realista? -Ela falou virando o caderno pra ele.

 O desenho da matilha na cozinha de Emily estampava a folha branca, os detalhes eram perfeitamente destacados.

 –Memória fotográfica. -Ele disse se sentando na cama.

 –Uau, isso é incrível. -Ela disse colocando o caderno de volta no lugar e indo se sentar ao lado dele. -Agora me conte, qual era sua ligação com Harry? 

Paul suspirou, ele não queria falar com ela sobre isso. Mas com quem ele falaria? 

—Ele era voluntário no orfanato, ele não deixava que os meninos mais velhos me batessem e também brigava comigo quando eu ia atrás de briga. -Ele disse,  um sorriso triste nos lábios. -Harry era a figura masculina mais próxima que eu tive. Ele era um homem bondoso, alegre e espontâneo, ele estava lá na minha primeira transformação e me ajudou a conseguir meu primeiro emprego.

Naquele ponto, as lágrimas rolavam soltas pela bochecha dele. Paul odiava demonstrar fraqueza, mas ele não conseguia se conter... 

—Por que é sempre assim? Por que eu perco todos? -Ele murmurou, a voz cheia de dor e sofrimento. -Agora você entende o porque de eu não querer que você se aproxime? Eu vou acabar te ferindo também. 

Bella se aproximou e abraçou o homem à sua frente, ela também chorava e tentava entender o porque de tanto sofrimento... 

—Não é sua culpa... -Ela sussurrou no ouvido dele. -Todos vão sofrer perdas, todos vão se machucar em algum momento, não é culpa sua. 

Para Paul, aquele abraço era mais íntimo que qualquer relação sexual que ele já tinha tido em sua vida. Ele estava mostrando seus sentimentos e sua alma para a garota abraçada a ele.  

Eles se deitaram lado à lado, as mãos se tocando, e uma comunicação silenciosa entre eles. 

—Paul? -Bella sussurrou depois de um tempo. 

—Sim? -Ele sussurrou de volta. 

—Você sabe que é especial né? Você sabe que se importam com você... 

—Eu não faço questão de ser especial Bella, realmente não faço. Eu não gosto muito quando as pessoas se aproximam. -Ele disse olhando para o teto à sua frente. -Eu já te expliquei o porque, eu sempre machuco os outros, quando as pessoas se aproximam de mais, eu sempre me machuco. 

—Não é egoísmo da sua parte? Você pensa apenas que você irá se machucar se alguém se aproximar, você não pensa nas pessoas que você afasta. -Ela disse olhando para ele. 

—Eu... Eu não consigo mudar isso, não ainda. -Ele disse sem desviar sua atenção do teto.

—Então você vai continuar me afastando depois que saírmos daqui? -Ela perguntou, a dor em sua voz. 

—Provavelmente. -Ele respondeu, um leve encolher nos ombros. 

Antes que ela pudesse responder, o telefone tocou no banheiro, assustando os dois. Paul se levantou e voltou alguns segundos depois com o celular na mão. 

—Seu pai. -Ele disse entregando o celular e rumando para a lavandeira. 

—Alô? -Bella atendeu. 

—Onde você está? Está tudo bem? -A voz de Charlie chegou ao seus ouvidos. -Billy me disse que falou com você antes e você disse que viria, mas não chegou aqui no Sam. 

—Hey papai, estou bem. Lembra-se de Paul? Estou com ele, encontrei ele no meio do caminho e ele estava meio triste pela morte do Harry. 

—Você está na casa dele? -O homem disse nervosamente. 

—Sim papai, estou. Mas fique tranquilo, estamos apenas conversando. 

—Certo, certo... Billy me disse que ele é confiável. Eu te vejo na hora do almoço? Eu e Billy iremos ajudar Sue a preparar o funeral, então estarei na reserva. 

—Sim papai, nos encontramos na casa do Sam certo? -Ela disse olhando para Paul, que acabava de voltar com suas roupas já secas. 

Os dois trocaram mais algumas palavras e Bella desligou o telefone. 

—Eu esqueci de avisar ao Billy que estaria aqui. -Ela disse voltando pra cama. -Mas agora está tudo certo. 

Paul observou Isabella com as sobrancelhas franzidas, o que essa garota estava fazendo com ele? Ele podia imaginar, claramente, uma vida com ela. Ele podia imaginar como seria chegar do trabalho, ou da patrulha, e ela está ali, esperando por ele. E isso estava o matando. 

—Você precisa ir embora. -Ele disse olhando pra parede além dela. 

—Oi? -Ela disse se levantando. 

—Você precisa ir embora. 

—Paul, estava tudo bem até poucos segundos atrás, porque isso agora? -Ela disse se levantando. 

—Eu não quero isso entende? Eu não quero a marca, eu não quero ceder ao imprintig, eu não quero vo... -Ele se interrompeu quando percebeu o que estava prestes a dizer. 

—Então o problema sou eu? É isso que você está querendo dizer? Que eu não sou boa o suficiente pra você? -Bella exclamou se levantando da cama. -Você queria alguém diferente né? Alguém como Emily ou Kim. 

—Eu não disse isso... 

—Mas foi o que você quis dizer. Talvez você estivesse melhor com alguém nativo não é mesmo? Eu, Isabella Swan, a garota sem graça que já namorou um vampiro, não sou boa o suficiente pra você, o grande protetor.

—Bella, espere. -Paul disse quando ela pegou as roupas de cima da cama e se encaminhou para a porta.

—Esperar o que? Você me dizer mais uma vez que não sou boa o suficiente? Eu já tive muito disso por hoje. -Bella disse pegando sua bota na porta e saindo da casa.

A chuva já tinha parado, dando a Bella oportunidade de correr até seu caminhão sem se molhar toda. Os pés, afundando no chão lamacento, roubando um pouco do equilíbrio, já escasso, dela.

Ela entrou na caminhonete e arrancou pela estreita estrada, o motor rugindo pela força exigida dele. Lágrimas rolavam pelas bochechas dela, por que a rejeição de Paul estava doendo tanto? Ela não queria um relacionamento afetivo com ele, então por que parecia que uma parte dela havia sido arrancada. 

Bella parou a caminhonete e encostou a cabeça no volante, ser rejeitada por Edward havia machucado, mas ser rejeitada por Paul, fez parecer que grande parte dela havia morrido, ela respirou fundo e começou a vestir suas roupas novamente. Seu pai e Sue precisavam de apoio, e seria nisso que ela focaria. 

Após usar a calça do pijama para limpar o barro dos pés e calçar a bota, ela voltou a dirigir para a casa do Sam, tentando tapar o buraco que se abria em seu peito.


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