Capítulo 09 - Ritual

 –Vamos Bells. - Jacob gritou da sala de estar. Ele vestia uma bermuda jeans e esperava impaciente Isabella e Leah se arrumarem.  

—Pronto Jacob. -Leah falou descendo as escadas, ela vestia um vestido azul com flores brancas. Bella desceu atrás dela com um short jeans e uma camiseta de manga longa azul celeste. 

—Vocês estão lindas. 

—Você quis dizer que Leah está linda. -Bella murmurou ao notar os olhos de Jacob fixos na garota mais velha. 

—Ciúmes Bell? -Jacob provocou passando os braços pelos ombros dela. -Todos já devem estar lá, que tal nós irmos? 

Os três saíram da pequena casa vermelha e caminharam lentamente até o penhasco, onde a fogueira já queimava alta. Quando chegaram ao penhasco, eles se sentaram em um dos espaços vagos, Jacob entre as duas garotas. 

Bella observou as pessoas ali, Seth estava sentado entre Embry e Quil, Emily estava enroscada em Sam, Kim ao seu lado abraçada com Jared, Paul foi o último que ela viu, sentado bem a sua frente, os olhos negros a observando, uma expressão de culpa marcando seu rosto. 

Ela desviou o olhar quando a voz de Billy chegou à seus ouvidos.  

—Bom, já que todos estão aqui, podemos começar. -Billy disse tirando algumas coisas de uma bolsa de couro. -Antes de tudo, gostaria que vocês fechassem os olhos por um instante, gostaria que de olhos fechados você imaginassem o que mais gostariam de ter nesse momento. 

Bella fechou os olhos e seu primeiro pensamento foi Paul. Ela imaginou os dois conversando sobre coisas do cotidiano, enquanto ela preparava um jantar para os dois... Esse pensamento a assustou, desde quando seu primeiro desejo era Paul?

—Agora, com a mente aberta para as experiências, vocês aceitarão a erva, ela deve ser passada por vocês duas vezes. -Ele disse entregando o cigarro aceso para Paul. -Deixem a mente aberta, uma mente aberta é mais provável a receber uma visita dos deuses. 

Bella observou o pequeno cigarro passar por todos até chegar nela. Ao seu lado, Jacob lhe sorriu reconfortante e ela levou o cigarro aos lábios, ela tragou e sentiu vontade de tossir, mas passou para o próximo da fila e esperou. A segunda tragada foi mais tranquila e ela já podia sentir os efeitos em seu corpo. 

—Agora, vocês vão repetir depois de mim. -Billy disse olhando para o céu. -Queridos deuses, a passagem está livre para que possam se aproximar, estamos dispostos a ouvi-los e recebe-los. 

Todos repetiram as palavras e um vento suave se agitou entre eles, Bella sorriu, uma sensação de paz se aquecendo em seu interior.  

—Cada um de vocês vai receber um pouco do chá, então eu os deixarei. -Billy disse e começou a servir pequenas cuias de barro que foram passadas de mãos em mãos até todos terem uma. 

—Você quer que eu o acompanhe, pai? -Jacob disse entregando seu chá para Leah. 

—Não se preocupe, os deuses irão me guiar. -Ele disse com um sorriso. Bella poderia jurar que, quando Billy estava saindo pela trilha, ela viu uma grande forma prateada atrás dele. 

Ela se virou para Jacob, uma expressão chocada no rosto. O garoto sorriu e confirmou com um aceno de cabeça: ele também havia visto. 

Bella observou quando todos levaram o chá aos lábios e fez o mesmo, o gosto era forte e amargo, e Bella podia sentir os sabores de elementos conhecidos, como hortelã e gengibre. Ela bebeu e depositou a cuia de barro no chão, como todos fizeram.

Ela observou as pessoas no penhasco e viu que alguns se deitavam e apontavam para as estrelas, sorrisos bobos nos lábios. Uma nova rajada de vento passou na clareira e ela viu três grandes formas brilhantes se aproximando dela. 

—Não tema pequenina. -A forma do meio disse. Era uma mulher verde esmeralda, quase translúcida. 

—Eu não temo vocês. -Bella respondeu com convicção. 

—Não estamos falando de nós. -A forma da direita respondeu, era a mesma forma prateada que havia levado Billy pela trilha. 

Antes que Bella pudesse questionar sobre o que eles falavam, a forma da esquerda estendeu uma mão dourada para ela, Bella segurou na mão e deixou-se ser levada. Ela sentiu cócegas quando passou por dentro do fogo, mas nenhuma sensação de calor. 

—Bella... -Paul disse quando a garota estava à sua frente, os três deuses a cercando. -Taha Aki, Liz, Ephraim. -Ele abaixou a cabeça respeitosamente. 

—Sabe Paul, as vezes eu me pergunto se você merece a companheira que lhe entregamos. -Liz disse passando a ponta dos dedos pelo braço de Bella. -Quanto tempo Ephraim? Quanto tempo que ele vem negando-a? 

—Três semanas, talvez um mês ou dois. Afinal, quem sabe? Eu parei de contar na segunda semana. -A forma prateda respondeu com um encolher de ombros. 

—Eu estava tentando protege-la. -Paul sussurrou envergonhado. 

—Eu não preciso de proteção. -Ela falou pela primeira vez desde que foi posta frente à frente com Paul. 

—Será que ainda dá tempo de concertar as coisas? 

—Não é para nós que você tem que perguntar. -A forma dourada, que Bella deduziu ser Taha Aki, disse com um encolher de ombros. 

—Acho que devemos deixar eles conversar agora. -Liz disse para os outros dois.

As formas brilhantes sumiram, deixando apenas Bella e Paul frente a frente. 

—Podemos conversar agora? -Paul perguntou pegando a mão de Bella. -Olha, me desculpe certo? Eu tenho sido um idiota completo desde que nos conhecemos e eu sinto muito por isso. A verdade é que isso tudo é muito novo pra mim, eu não estou acostumado a sentir tanto por alguém. 

—Isso é novo pra mim também Paul, eu tenho medo sabe? Esse sentimento que eu sinto por você é tão intenso, tão forte, que me assusta.  

—Você acha que ainda da tempo da gente concertar as coisas? 

—Acho que sim... Só me promete que não vai fugir amanhã de manhã, me promete que será diferente. -Ela disse se aproximando e tocando o rosto de Paul com a ponta dos dedos. 

—Eu prometo. -Ele disse envolvendo-a em um abraço apertado. Paul cheirou o cabelo dela, apreciando a fragrância cítrica do shampoo.- Me desculpe, por tudo. 

—Está tudo bem Paul, só não me pega mais pelo braço igual você fez mais cedo. -Bella disse contra o peitoral fortificado dele. 

—Certo, juro pela minha vida que isso não vai acontecer mais. -O garoto disse beijando a testa dela. -Quer ver as estrelas? 

Os dois se deitaram lado a lado no chão de pedra e olharam para o céu. A lua estava cheia e grande e as estrelas pareciam ter sido pintadas na imensidão do céu.

—A lua está cheia, você não deveria estar em forma de lobo, correndo pela floresta? -Bella provocou com uma risada. 

—A companhia aqui está melhor. -Ele beijou a bochecha dela. -Olha Bells, acho que eu deveria te levar pra sair, pra compensar o fiasco que eu fui nesses dias. 

—Um encontro? 

—Se você quiser considerar um encontro... Podemos sair amanhã. -Paul respondeu olhando atentamente para o rosto dela. 

—Amanhã é segunda-feira, Charlie não me deixará sair. 

—Eu posso falar com o Chefe, falar que quero levar a linda filha dele em um encontro. 

—Ele vai atirar em você. -Bella riu alegremente, como se houvesse acabado de ouvir a melhor piada do mundo. Ela gostava muito mais desse Paul. 

—Então eu me curarei. 

—Eu não quero ter que explicar ao meu pai o por que de você se curar rapidamente. -Ela disse fazendo ele rir. -Mas eu sei uma forma de você se redimir. 

—Sabe? Então me conte. 

—Vem jantar comigo e com Charlie, tento certeza que você vai ganhar pontos com o chefe. 

—Não sei Bella, já dei um pouco de trabalho pro seu pai. -Ele disse voltando a olhar o céu. 

—Ele me disse que você é um bom rapaz... Vamos Paul, por favor. -Ela disse olhando para o rosto dele. -Se você for, eu aceito sair com você na sexta-feira. 

—Ai é golpe baixo... -Paul murmurou. -Mas tudo bem, eu aceito. 

—Certo, te espero na minha casa amanhã as seis. -Ela falou voltando a se deitar. 

Naquela noite, eles conversaram e começaram a se acertar. Paul entendeu que não poderia ficar longe de Bella, ela era sua vida agora e ficar distante machucaria os dois. Enquanto estava deitada sobre o peito de Paul, aproveitando de seu calor, ela entendeu o que significava ser a companheira de Paul. Ela entendeu que ser companheira dele era ser a parte que faltava, era ser, acima de tudo, uma amiga. 

E eles adormeceram, com a certeza de que tudo ficaria bem