P.O.V. Hope.

Não sei por quanto tempo eu fiquei no poço. Lá não havia senso de tempo. Só sei que o Malivore começou a chacoalhar como se estivesse sofrendo um terremoto.

Acho que por ser a Tribrida, por eu ser meio vampira, meio bruxa, meio lobisomem e ele ter sido projetado para não conseguir consumir nenhuma das criaturas citadas acima, causei o colapso da criatura. Eu pessoalmente, achei que ia morrer.

Mas, acordei no meio do nada, coberta de lama. Fiquei presa com aquele desgraçado do Ryan Clark. Me levantei e comecei a caminhar. Preciso dar um jeito de me lavar.

Não demorei muito tempo para descobrir onde estava. Estou na Califórnia. Encontrei uma casa qualquer que pelo cheiro com certeza era duma mulher.

—Vessera Portus.

A porta abriu, o alarme não disparou. Usei o chuveiro, coloquei minhas roupas na máquina de lavar, peguei uma toalha e uma muda de roupa emprestada. Além de um pouco de dinheiro.

Eu não queria ter que fazer isso, mas não tenho nada e ninguém se lembra de mim. Olhei no calendário e havia se passado um ano desde... antes.

Deixei um bilhete pedindo desculpas e prometendo que devolveria o que peguei.

Lavei a lama do banheiro, da casa, da máquina de lavar. Não deixei nada sujo. E então percebi... que estava sozinha. Completa e totalmente sozinha.

Eu costumava afastar as pessoas, era rude com elas e agora? Daria tudo para ter um amigo. Mas, ninguém se lembrava de mim. Nem a tia Freya ou o tio Kol.

A solidão esmagadora que sentia no Malivore, veio comigo.

P.O.V. Riley.

Quando eu cheguei em casa, assim que abri a porta senti cheiro de desinfetante. O que era estranho, já que a faxineira só vem na terça feira. E hoje é segunda.

Notei que o box estava molhado e a máquina de lavar tinha sido usada. Verifiquei as câmeras de segurança e era uma garota. Ela entrou na minha casa toda enlameada.

Então, achei o bilhete.

"Sinto muito por ter feito isso, eu não tinha escolha. Prometo devolver tudo o que peguei.-H.M."

Revistei a casa e ela tinha pego metade do meu dinheiro guardado o que na verdade não era quase nada e uma muda das minhas roupas.

Fui falar com a Matty.

—O que ela levou?

—Uma muda de roupas e metade do meu dinheiro guardado. O que não é quase nada. Eu tenho televisões de plasma, computadores de primeira, algumas jóias que herdei da minha vó, mas ela não pegou nada disso. E é óbvio que é a primeira vez que ela rouba de alguém.

—Até deixou um bilhete se desculpando. Vem, cá quem rouba uma casa e deixa um bilhete pedindo desculpas?

—Alguém desesperado e com remorso? Ela usou meu chuveiro e minha máquina de lavar. Mas, fora isso... não tocou em nada. Não estragou nada. Ela até lavou o banheiro e o chão da casa. Já que estava coberta de lama quando entrou.

—Mesmo assim, você trabalha para a inteligência americana, então precisamos ter certeza.

Matty mandou uma equipe da perícia para a minha casa.

—Ninguém toca em nada. Fotografem e etiquetem tudo. Quero saber exatamente o que ela levou. Riley olha os computadores.

—Deixa comigo.

E os computadores não haviam sido ligados. Ficamos monitorando e alguns dias depois a polícia recebeu uma ligação do hospital relatando que algumas bolsas de sangue estavam faltando.

P.O.V. Hope.

Deus! Eu tava faminta. Também, faz um ano que não me alimento ou como. Parei numa lanchonete e só o cheiro da comida fez o meu estômago roncar. Pedi um sanduíche e um milk-shake.

—Meu Deus! Mastiga menina, você vai engasgar.

Disse a garçonete. Precisava pensar para onde eu iria. Posso voltar para a escola na Virgínea ou posso ir para Nova Orleans. Depois de estar alimentada, fui até o ponto de ônibus e perguntei quanto era a passagem para cada lugar e era o mesmo preço.

Família é sempre e para sempre. Está decidido. Vou pra Nova Orleans. Comprei a passagem e entrei no ônibus.