Deep End escrita por Erin Noble Dracula


Capítulo 22
Problemas de Família




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P.O.V. Henry.

Os grupos de ódio anti-vampiros são muitos. Especialmente pessoas mais religiosas. Que odeiam as bruxas porque praticam magia.

E um bombardeiro suicida quase matou a minha mãe e a parceira dela. Era uma festa, mas eles atacaram e vários vampiros ficaram feridos, muitos realmente morreram.

A parceira da minha mãe, Elizabeth ficou muito machucada. E para tornar pior este não foi o único ataque. Os malucos envenenaram o vinho que algumas bruxas usariam num ritual, elas estavam fazendo um brinde ao acordo recém-assinado, á paz. E acabaram mortas.

Mas, felizmente graças a algum tipo de encantamento, algumas das bruxas envenenadas sobreviveram.

O hospital de Los Angeles está lotado. O doutor Cullen está ajudando os outros médicos a cuidar das bruxas e dos vampiros.

Quando eu cheguei, vi a minha mãe biológica cheia de fuligem e a parceira dela deitada num leito de hospital recebendo sangue intra-venoso.

—Mãe?

Ela olhou pra mim. 

—Oi. Esta é a primeira vez em muito tempo que você me chama de mãe.

—Soube do ataque. Como você está?

—Estou bem, mas Elizabeth... a filha dela Luisa morreu. Ela estava perto demais da bomba.

—Então, os vampiros podem ter filhos.

—Geralmente não biológicos. Luisa foi gerada. Ela nasceu humana como a maioria dos vampiros.

—Sinto muito por ter sido tão... idiota.

—Você não foi um idiota Henry. Eu fui. Você tem o direito de ficar chateado, magoado, de me odiar. E mesmo se me odiar, mesmo que me despreze sou sua mãe e eu vou amar você. Sou sua mãe Henry, eu te perdoaria por qualquer coisa que fizesse. E Deus sabe que eu tenho minha cota de erros. Mas, toda a minha vida humana eu fui fascinada por vampiros e sempre fui prisioneira. Meus pais, seus avós eram muito religiosos. Toda minha vida me disseram que pessoas que eram homossexuais eram pecadores, que era errado e quando eu percebi que eu era... me senti culpada, me senti como uma aberração. E um dia, depois de você ter nascido é claro, conheci a Elizabeth. E por Deus ela era uma vampira! E ela era lésbica, como eu. Nos apaixonamos e eu fui impulsiva. Eu queria estar com ela para sempre. Queria uma saída daquele casamento, daquela farsa. A única coisa boa que veio dele... foi você.

—Porque você não me procurou depois de se transformar?

—Eu não podia. Não me transformei sem saber. Eu sabia no que estava me metendo. Depois que você muda, existe uma coisa que você deseja sob todas as outras, pela qual você acaba matando... sangue. Eu não podia chegar perto de você filho, sabendo que podia te matar. Se eu te machucasse nunca poderia me perdoar e nunca para um vampiro... é um tempo muito longo. Depois do meu primeiro ano, depois de aprender a manter o controle, eu voltei, mas sabia que não podia mais ser sua mãe do jeito que você precisava.

—Porque não?

—Ter que se mudar várias vezes para as pessoas não perceberem que eu não envelhecia, isso te impediria de fazer amiguinhos. Não poderia sair ao sol sem me expor, ou seja não podia te levar no parquinho e te empurrar no balanço. Então, pensei que a melhor coisa que eu poderia fazer por você seria... ficar morta. Mas, não se passou um dia. Nenhum que eu não pensasse em você. Que eu não fosse te ver.

Disse a minha mãe fazendo careta.

—Porque está fazendo careta?

—Estou chorando filho. Vampiros não produzem lágrimas. Estou tão orgulhosa de você, do homem que se tornou. E sou grata á Julia, por ser a mãe do meu garotinho.

Logo a parceira da minha mãe se recuperou.

—Olá Henry. É um prazer finalmente conhecê-lo. Sua mãe fala tanto de você. Ela falou de você vinte e quatro horas por dia por trinta e três anos. Você tem os olhos dela, sabia?

—É. Eu sabia.

P.O.V. Hope.

Isso é horrível. Eles estão mortos. Eles morreram e é minha culpa.

—Ei, Tribrida. O que foi?

—Eles estão mortos. Muitos Clãs morreram. Um Coven inteiro de bruxas morto durante um ritual. E é minha culpa!

—Como pode ser sua culpa?

—Eu revelei o segredo. E agora, extremistas malucos envenenaram o vinho que as bruxas usaram durante o ritual, encheram a garrafa de cianeto. E um bombardeiro suicida se explodiu numa festa cheia de vampiros e muitos morreram, alguns ficaram feridos incluindo a mãe do Henry e a parceira dela.

—A mãe do irmão do Mac morreu?

—Não. Ela só ficou ferida. Henry me ligou. Ele está no hospital com a mãe.

—Uma vampira foi hospitalizada?

—Sim. Eleonor só teve ferimentos superficiais, mas a parceira dela ficou entre a vida e a morte. Perdeu a filha, o nome dela era Luisa.

—A filha dela era...

—Vampira. A explosão a matou. 

—Espera, bombas podem matar vampiros?

Idiota. Eu sou uma idiota.

—Ótimo. Agora dei a um bando de humanos que trabalham para o governo uma forma de chacinar Clãs inteiros. Clássico eu.

P.O.V. Riley.

Ela se sentia culpada e aquilo com certeza era mais que tristeza, era desespero.

—Eu só... eu só queria ajudar. E agora... eu estou sozinha.

—E quanto aos seus pais?

—Eles estão seguros, mas não estão aqui. Mantive eles fora disso.

—Como?

—Com um feitiço. Sei que os humanos vão usá-los contra mim se eu der chance. Por isso eu os escondi. Eu quero morrer! Meus amigos estão mortos! Eles estão mortos. E é minha culpa. E eu preciso dos meus pais! Mas, não posso ter eles comigo porque coloco eles em perigo! Eu não posso viver assim, eu não quero viver mais assim.

Uma imortal suicida.

—Não é sua culpa. O bombardeiro suicida, os grupos de ódio.

—Eu previa uma reação violenta, mas nunca pensei que chegaria a este ponto.

Na festa de aniversário alguém com uma câmera filmou quando a Hope se transformou e aquilo vazou na internet e agora as pessoas sabem que vampiros e lobisomens e bruxas existem. 

Eles estão lutando para obter seus direitos, por paz.

Olhando em volta na casa dela que era na verdade uma mansão, notei que haviam várias antiguidades. Incluindo facas esquisitas e livros.

Peguei um dos livros e comecei a folear, estava escrito numa língua esquisita.

—Que língua é essa?

Hope se aproximou e respondeu assim que bateu o olho no livro.

—Latim. Tenho grimórios em latim, o da minha vó está em inglês galego, alguns estão escritos em Aramaico.

—Grimórios? Como livros mágicos de feitiços?

—Não tem como nesta frase. 

—E você entende o que está escrito?

—É claro.

Então vi um livrinho com a capa colorida cheia de glitter e lantejoulas. E na capa estava escrito em letras de forma:

Grimório da Hope.

—Meu primeiro grimório. Eu escrevi quando tinha sete.

Os feitiços estavam escrito em inglês. Inglês atual e as palavras eram simples.

—Você escreveu feitiços quando tinha sete anos? Quando eu tinha sete, ia a escola aprender as capitais dos estados.

—Foi antes da minha mãe apagar a minha memória.

Na casa também tinham velas, muitas velas em todos os cômodos.

—Tem medo de apagão?

Ela riu.

—Bruxas são servas da natureza. Para fazer feitiços mais complexos ou até mesmo simples, podemos ter ajuda. Ajuda dos elementos, da natureza. Se nos esforçamos muito sozinhas temos... problemas. O nariz sangra, dói, a gente desmaia.

P.O.V. Henry.

Minha mãe me convidou pra ir na casa dela e eu decidi dar uma chance. Quando cheguei era nada do que eu esperava. Era uma casa normal.

—O que?

—Não sei, nem sei o que esperava.

—Caixões, masmorras e um fosso?

—Basicamente.

Ela riu.

—Você é realmente humano.

Notei que haviam fotos. Fotos de mim. Pela casa inteira, fotos que eu tinha colocado nas minhas redes sociais. E de mim criança.

—Como conseguiu essas fotos?

—Eu tenho amigos que são bons com tecnologia e eu te sigo nas suas redes sociais. Todas elas. Facebook, Instagram, Twitter. Somos vampiros, não aberrações. Temos contato com o mundo exterior, laptop, internet. Televisão. Porque você não vai tomar um banho Lizzie. Precisa de ajuda?

—Vou ficar bem. Depois é sua vez.

Nós passamos na frente de um espelho enorme e ela tinha reflexo.

—Você tem reflexo!

Ela riu de novo.

—Sim, eu tenho. Crucifixos são meramente decorativos, e água benta é apenas água. Eu nunca gostei de alho, nem quando era humana. Mas, também não me fere.

—Estacas?

—Mito. Senta ai filho, vou fazer alguma coisa pra você comer.

Havia uma fotografia onde estavam minha mãe, sua parceira e outra garota. Também negra.

—Luisa?

—Sim.

Ela tinha a cabeça raspada e era meio hippie.

—Você teria gostado dela e ela de você.

Elizabeth veio descendo a escada.

—Sua vez.

—Tudo bem. Você está bem?

—Não, Eleonor não estou bem. Minha filha está morta! Ela está morta! Foi assassinada por humanos ignorantes! Eu a salvei de morrer de varíola, mas não pude salvá-la destes desgraçados!

Ela teve esta explosão de raiva.

—Sinto muito, amor. Mas, sabíamos no que estávamos nos metendo quando decidimos apoiar a Hope.

—Eu sei, mas ainda dói.

—Eu sei. Ela era como se fosse minha filha também.

Minha mãe subiu as escadas numa velocidade humanamente impossível.

—Sinto muito pelo o que aconteceu com a sua filha.

—Obrigado, Henry.

—Não acredito que uma bomba pode matar um vampiro.

—Sim. Pode. 

—Eu não sei como funciona com os vampiros, mas quando perdi minha mãe... minhas duas mães, por mais que as pessoas dissessem que lamentavam e me prestassem condolências sinceras... não ajudava. Foi difícil prosseguir, voltar para a escola, para a faculdade. Mas, estar na faculdade era melhor do que estar em casa. Porque tudo na nossa casa me fazia lembrar dela.

—É. Conosco é igual. Pensei que aquele acordo que foi negociado durante meses ajudaria. Parece-me que eu estava enganada. Tenho oitocentos anos, eu já vi coisas, coisas lindas e coisas terríveis. Sobrevivi a muitas guerras, pragas, pestes, mas a pior doença é a ignorância. Medo. É um fogo que queima desde o nascimento até no mais gelado dos corações. Ele motiva ou paralisa até o melhor de nós. Ou é usado com arma pelos piores. Como o pai de Hope por exemplo.

—O pai da Hope?

—Alecssandro Volturi. Os Volturi existem desde muito antes de você e muito antes de mim. Alguns dizem que Aro, Caius e Marcus foram os primeiros vampiros que já existiram. Mas, agora estão mortos. A criança derrubou um Império que durou mais de cinco mil anos. 

—Como eles morreram?

—Aro foi o vampiro do sacrifício.

—Sacrifício?

—Sim. Para quebrar a maldição que os impedia de serem híbridos, Alec e Jane Volturi tiveram que fazer um ritual. Sacrificando um membro de cada espécie e a Doppelgganger. Caius e Marcus serviram de caça. Sua morte foi vingança.

Quando mais elas falavam, mais eu entendia o porque da Hope ser tão importante e como as coisas funcionavam. Os vampiros e lobisomens tem uma rixa milenar que este Aro começou quando assassinou a família biológica do pai da Hope. A família Volturi é realeza vampira, os Di Luppo são realeza lobisomem e a família Levesque realeza bruxa. Os Clãs são sempre de vampiros. Se é um grupo de vampiros é um Clã. Os Cullen e o Volturi eram rivais até os pais da Hope se apaixonarem.

Se é um grupo de bruxas, então é um Coven. Um Coven pode e geralmente é composto de mais de uma família. Se uma bruxa trai o Coven ela morre. Uma vez que ela jura sua lealdade não tem mais volta.

Então, temos os lobisomens. Um grupo de lobisomens é uma matilha. E ás vezes se uma matilha faz aliança com outra, eles viram uma alcateia.

Esses três grupos de seres sobrenaturais formam as facções. E existem tribos dentro das facções. Não é aleatório. Eles tem organização social, hierarquia, cadeia de comando. Isso é um mundo dentro do mundo.

Uma sociedade dentro da nossa sociedade.

—Por isso chamam de submundo.

—É o meu garoto. Sei que as coisas estão... complicadas, mas acho que é por isso que quero fazer isso. Elizabeth Monroe, você me daria a honra de ser minha esposa? 

—Casar? No cartório? No papel?

—É.

—Não se isso é possível, Eleonore.

—Porque não?

—Primeiro, porque somos vampiras e segundo porque como você está viva outra vez, o seu casamento com o seu ex-marido...

—Ainda vale. Bem, consigo um divórcio. Não acho que o Max vai se opor.

E ai foi aquele quiprocó né? Elas foram atrás do meu pai para conseguir o divórcio, tiveram que ir ao cartório e pronto. Legalmente, meus pais estavam divorciados. Então elas duas foram arrumar vestidos de noiva e um padre disposto a casá-las, um lugar para fazerem a festa, para trocarem os votos.

—Filho, você gostaria de ser meu padrinho?

Olhei bem pra cara do meu pai e ele só assentiu com a cabeça.

—Claro. É bom te ter de volta mãe. Eu te amo.

Disse abraçando-a. Ela era tão gelada.

—Eu também te amo filho. Sempre e pra sempre.

—Pois é, Eleonor, os anos foram gentis com você.

—Sabe, o amor de uma boa mulher, protetor solar e literalmente vampirismo. Espero que algum dia possa me perdoar Maxi. Eu te amo, mas não romanticamente. Sempre fomos mais amigos do que qualquer outra coisa.

—Eu não posso fazer muita coisa né, Ellie? Acho que lá no fundo eu sempre soube que você jogava para o outro time.

Meus pais eram amigos de infância. E agora vamos ter um casamento.


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