A Última Chance escrita por Caroline Oliveira


Capítulo 15
Confiança


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas! Demorei mas cheguei!
Espero que gostem do novo capítulo! Boa leitura!
Ah, e muito obrigada pelos comentários! Eles me estimulam muito a continuar e muitas leitoras tem sido assíduas e comentado todos os capítulos! Agradeço de coração!!



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Lúcia Pevensie

Saí do quarto em disparada para as masmorras, surpreendendo os guardas parados à porta.

—  Majestade, está tudo bem? – O fauno indagou.

— Está! Não precisam me seguir! – Avisei sem sequer olhá-los.

Cheguei a cambalear algumas vezes por causa do sono interrompido e pela queda. Sequer tinha pego o robe para cobrir a camisola que usava e o vento forte e frio da noite logo me alvejou.

Avancei pelo corredor com passos largos e apressados, os pés descalços contra o chão gelado. Repassei mentalmente as imagens do sonho várias vezes, lembrando-me das palavras de Aslam.

— O garoto, Lúcia. O garoto sabe quem ela é. De seus lábios saíram as mentiras que o levaram à masmorra. De sua boca sairá a voz que a incriminará.

Com a visita das cortes, o fim do noivado e o tudo o mais, Caspian ainda não havia interrogado Rilian formalmente. No fim das contas, isso era até bom; dava tempo ao rei de se acalmar em relação a ele. Quando Susana me contara o surto de raiva que Caspian tivera nas masmorras, custei a crer.

Garvis procurava mais informações a respeito do modo como Rilian entrara no castelo. Lorde Macrino havia solicitado uma assembleia com Caspian para interceder pelo sobrinho, porém não havia sido atendido ainda.

Quando comecei a descer as escadas para o térreo, cruzei com alguém, mas sequer prestei atenção em quem era.

— Lúcia? – Era Edmundo, que me chamou assim que passei por ele – Onde vai?

— Depois eu explico! – Respondi, finalmente chegando ao nível térreo e avançando pelos corredores transversais.

Corri pelo castelo, alarmando alguns guardas, mas nada que me impedisse de chegar ao meu destino. Sentia o suor escorrer pelas minhas costas, os cabelos voarem com a correria.

Enfim cheguei às masmorras. Os soldados que guardavam a entrada me deixaram passar, embora visivelmente desconfiados e até constrangidos pelos meus trajes. Me preocuparia em ter vergonha disso depois.

Desci um pequeno lance de escadas até que cheguei ao portão gradeado que antecedia o corredor de celas. Ele tinha como guarda um Minotauro que cochilava assentado num banco de madeira baixo.

O cadeado do portão estava aberto, pendurado. Estranhei, mas o tirei da grade e abri o portão, que rangeu enferrujado.

— Ei, quem está aí?! – A criatura perguntou atordoado, fungando para sentir o meu cheiro.

— Rainha Lúcia – Respondi sem sequer virar-me para ele.

Caspian havia ordenado que colocassem Rilian na cela mais profunda, então rumei para o fundo do corredor, não deixando de verificar as outras celas por precaução.

— Mas quando vão tirá-lo daqui? – A voz de uma criança soou no corredor. Era a voz de Erlian, o pequeno irmão de Rilian.

Quando finalmente alcancei a cela, pude ver o menino trajando vestes de dormir assim como eu, agarrado às grades que o separavam do irmão, que ajoelhado em sua frente compartilhava lágrimas com o menino.

— Eu não sei, Lian, eu não sei – Ele afagou os cabelos do garoto, que chorou ainda mais – Eu fiz uma besteira enorme, preciso pagar por ela.

A cena partiu meu coração. Toda a urgência em falar com Rilian foi atenuada. Eu sabia exatamente o que era aquilo: ver o irmão à mercê das consequências de seus próprios atos e nada poder fazer. Eu temera por Edmundo, temera que a feiticeira ganhasse o direito de tirar a vida dele com suas próprias mãos, logo ela que foi a causa da desgraça dele.

A ofensa de Rilian fora contra minha irmã, porém. Eu jamais pensaria que ele fosse capaz de algo assim. Para mim ele era apenas um perdido, um rapaz sem rumo ou esperança. Ele teve a coragem de colocar uma espada no pescoço de minha irmã por Miraz, que trouxe apenas sofrimento para Nárnia.

— Mas você é bom, eles têm que saber que você é bom – Lamentou-se Erlian, tentando enxugar as próprias lágrimas, apesar de continuar chorando.

— Com licença – Pedi aos dois. Rilian levantou-se de imediato e o pequeno Erlian me olhou com medo que eu lhe desse bronca por estar ali. – Você não deveria estar aqui, Erlian.

— Eu sei, majestade, desculpe-me – Seus olhos refletiam uma culpa e uma inocência que me arrepiaram, meu coração se derreteu completamente. – Eu só queria ver o meu irmão, ninguém deixou eu ver o meu irmão.

Sorri para ele.

— Está tudo bem – Assegurei e me aproximei dos dois. Estendi a mão para o pequeno, que a pegou, não sem antes trocar um olhar triste com o irmão. Rilian assentiu para ele, como se dissesse que tudo ficaria bem – Pode me esperar com o guarda lá em cima?

— Eu tenho medo dele – Confessou. É, minotauros não tinham feições convidativas, infelizmente.

— Ele não fará nada a você – Prometi – Diga a que fui eu quem o enviei.

Erlian assentiu e caminhou lentamente corredor afora. Ele já tinha onze anos, mas a ausência dos pais e a criação deficiente dada pelo irmão podem ter comprometido seu amadurecimento. Ele falava como uma criança de oito ou sete anos.

— Não brigue com ele por isso – Rilian pediu, secando as lágrimas, o som das correntes soou à medida que ele mexia as mãos.

— Eu não sei como ele conseguiu entrar aqui, mas não vim aqui por ele – Retruquei – É algo mais sério.

— Deve ser mesmo – Ele lançou um olhar para um olhar rápido para a camisola longa amarelo claro que eu vestia.

Apesar de ruborizar, tentei ignorar o comentário. Fui até as grades que nos separavam e segurei uma delas com a mão direita.

— Preciso que me diga uma coisa – Prossegui – Quem lhe disse que a rainha Susana matou Miraz?

— Não achei que fosse ser interrogado pela senhora a essa hora da madrugada – Debochou emburrado e com tédio.

— Isso é sério! – Arregalei os olhos para ele levemente. Ele me fitou – Tenho fortes razões para crer que a pessoa que lhe disse isso é a mesma que amaldiçoou Nárnia com essa seca terrível!

— Eu não sei quem é a mulher! – Esclareceu – Eu estava bêbado e estava de noite, escuro. Ela me abordou na rua, dizendo que sabia algo de meu interesse. Era vidente e não me disse seu nome. Pouco me lembro de seu rosto.

Suspirei frustrada. Pensei que Aslam tinha dito que ele sabia quem era! Ele disse que... de sua boca sairá a voz que a incriminará.

—  A voz... – Sussurrei e Rilian esperou que eu explicasse. – Se voltasse a ouvir a voz da mulher, seria capaz de identificá-la?

Rilian piscou um par de vezes, baixando o olhar. Fitei o ferimento na lateral de sua boca, fruto do soco que Caspian lhe dera. Estava inchado, mas o corte já estava coagulado e mudando do vermelho para o marrom.

— Sim – Falou por fim – Jamais esqueceria aquelas palavras. Mexeram muito comigo.

Seu tom assumiu uma intensidade tocante. Ele havia sido enganado, era óbvio. E naquele momento eu sentia uma ponta de arrependimento em seus olhos, apesar de ele ser bastante orgulhoso para admitir.

— Obrigada – Eu disse sinceramente – Tenha uma boa-noite.

Eu já ia me virar quando ele me chamou.

— Majestade, espere – Pediu. Voltei-me para ele – Quem lhe disse essas coisas? Quem disse que eu poderia apontar a pessoa que amaldiçoou Nárnia?

Ofereci um sorriso singelo.

— Aslam disse.

Ergueu as sobrancelhas.

— Ele existe mesmo?

— Sim, claro. Ele venceu a feiticeira branca, me coroou rainha e nos auxilia sempre.

— Então confia em mim para ajudá-la em sua missão? - Os olhos de Rilian demonstravam certa surpresa e culpa pela minha atitude com ele. – Eu quase matei sua irmã.

Pensei um pouco antes de responder.

— É verdade que tenho boas razões para me ressentir de você. Era meu desejo ajudá-lo quando quase me derrubou do cavalo aquele dia. – Ele reprimiu um sorriso ao me ouvir. – Mas você colocou a vida da minha irmã em risco por nada. – Respirei fundo – Mas se Aslam o indicou para auxiliar-nos, não tenho por que duvidar dele. Confiança, porém, é algo que se conquista, Rilian.

O loiro encarou meus olhos por alguns instantes até que dei as costas para ele e voltei pelo mesmo caminho que tinha seguido antes.

— Lúcia! – Pedro exclamou quando subi as escadas. Edmundo estava com ele, provavelmente se encontraram no corredor dos aposentos e vieram atrás de mim – O que foi falar com aquele cretino?

— Temos que conversar – Respondi – Mas Susana e Caspian também precisam estar presentes.

— Ok, vamos chamar... – Edmundo foi interrompido por gritos de agonia, a voz conhecida que logo alarmou a todos. – Liliandil de novo.

— Vamos ver! – Pedro falou e os dois correram em direção à enfermaria.

— Venha, Erlian – Falei ao pequenino que já havia parado de chorar. – Vou levá-lo ao seu quarto.

 

Edmundo Pevensie

Saí das masmorras em disparada de volta à enfermaria. Os gritos de Liliandil denunciavam um novo acesso de calor em seu corpo, um colapso da energia que ainda restava nela e que a fazia queimar de dentro para fora.

Ela estava bem antes de eu encontrar Lúcia; me convenceu a ir descansar, me garantiu que ficaria bem. Estava tranquila, logo dormiria. De repente, porém, todo o tormento recomeçara.

Pensar em Ramandu me fazia tremer de ódio à medida que procurava o caminho para a enfermaria de onde eu estava. Que pai faria uma coisa daquelas? Logo a Liliandil que era boa, gentil, corajosa e justa! Por que um castigo tão severo? Ele não estava vendo o que a filha estava sofrendo? Não se compadecia de sua situação?

Logo cheguei à enfermaria, cujas portas estavam completamente abertas. Coriakin foi a primeira pessoa que vi: ele fazia uma de suas magias para controlar a temperatura da água da grande banheira colocada no local para atenuar o calor do corpo da estrela.

As servas seguravam Liliandil na banheira, que ainda gritava e gemia tamanha era a sua agonia.

— Lilian! – Exclamei ao vê-la. Seus cabelos colavam na testa, fosse de suor, fosse pela água. As bochechas estavam vermelhas e a expressão de dor em seu rosto cortou meu coração. – Lilian, aguente firme! Vai passar!

Peguei uma de suas mãos. Era uma coisa que sempre fazíamos quando ela ficava daquela forma: ela apertava a minha mão quando a queimação era forte.

— Eu não aguento mais, Edmundo – Lamentou-se com lágrimas – Eu preferia ser apagada! Eu preferia que meu pai tivesse me apagado!

— Não fale isso! – Protestei, as lágrimas chegando aos meus olhos – Você vai ficar boa!

— Como ela está? – Ouvi a voz de Pedro atrás de mim, provavelmente dirigida a Coriakin.

— Estou tentando dissipar o calor com a água – Coriakin explicou – mas além do fato de que os reservatórios estão quentes por causa do calor do dia, as crises da estrela estão cada vez mais fortes. Precisamos de uma fonte de água gelada maior.

— Que tal o Grande Rio? – Virei ao ouvir a voz de Caspian.  Ele chegou junto a Glenstorm, Windren, Garvis, Lúcia e Susana – Apesar de estar abaixo de sua capacidade habitual e ter levado sol o dia todo, é um rio que costuma ter águas bastante geladas. Pode ser uma chance.

— Será seguro sair com ela a essa hora? – Indaguei.

— Acionamos Glenstorm, Windren e Garvis justamente para isso – Susana explicou – Não podemos deixar Liliandil assim.

— Eu quero ir com ela – Tratei de declarar.

— Podemos ir você, Pedro e eu – Susana sugeriu e suspirou, trocando um olhar rápido com Caspian – Liliandil sacrificou os planos de seu pai pela minha felicidade. Já é hora de eu começar a retribuir.

Caspian piscou um par de vezes. Eu não podia dizer com certeza, mas as coisas não pareciam bem entre os dois. De novo.

— Pedro, pode ir com Garvis preparar uma carruagem e alguns cavalos? – Caspian pediu – Vou pegar suas armas.

Pedro assentiu e acenou com a cabeça para Garvis e os dois saíram. Caspian saiu junto.

— Talvez Ramandu se compadeça dela ao vê-la à luz do luar – Glenstorm falou – Observei os céus como vossas majestades me solicitaram: o firmamento está agitado. Ramandu e sua esposa tem discussões frequentes; os irmãos de Liliandil se dividiram a favor ou contra a atitude do pai. Tarva, Alambil e outras estrelas influentes aconselham-no, mas ele não cede. O coração de Ramandu se endureceu quanto a filha. Mas não creio que ele tenha conhecimento do sofrimento que a está fazendo passar.

— Pois eu gostaria que ele estivesse na pele dela! – Retruquei com ódio.

— Não fale assim – A voz fraca da estrela ao meu lado pediu.

Suspirei.

— Eu sei que ele é seu pai – Falei a ela – Mas olhe o que ele fez com você! Um pai pode repreender, é dever dele corrigir e ensinar, porém um castigo que lhe tire a saúde é desumano!

Ela nada respondeu, apenas fechou os olhos e voltou a chorar. Eu jamais chegaria a imaginar o quanto ela estava sofrendo. Além de todas as dores, a maior delas era saber que o próprio pai a havia submetido a isso.

 

Liliandil fora corajosa em nos defender da ira do pai, de evitar que Ramandu cometesse um desatino, afinal caso sua magia concretizasse seu objetivo, não somente eu e Pedro estaríamos mortos, mas Caspian também, deixando o trono de Nárnia vazio.

E por sua coragem e compromisso com a verdade e a justiça ela foi praticamente assassinada pelo pai. Ele tirou sua essência e comprometia sua vida agora. Nenhum de nós sabia como aquilo funcionava dentro de Liliandil, mas eu temia que aqueles acessos de dor e queimação ceifassem sua vida bem diante dos meus olhos. Esses pensamentos corroíam meu coração.

[...]

Susana Pevensie

Depois de ouvir Glenstorm, decidi voltar aos aposentos para encontrar uma roupa apropriada para a ocasião, visto que eu usava vestes de dormir.

Troquei-me em questão de segundos. Peguei um dos vestidos mais simples do guarda-roupa, afinal não iria querer camadas e camadas de saia me atrapalhando caso precisasse lutar. Estávamos em alerta desde a notícia dos salteadores que roubaram a carga da colheita.

Vesti um agasalho também e prendi os cabelos com um elástico que encontrei numa das gavetas.

Suspirei. Os pensamentos pararam sobre Caspian mais uma vez. O que teria dito o Tisroc a ele para ficar estremecido comigo? Sentia-me culpada a cada vez que ele me questionava sobre minha permanência em Nárnia. Havíamos combinado que aproveitaríamos os momentos que conseguíssemos! Será que não era suficiente fazer o presente valer a pena ao invés de sacrificá-lo pensando no futuro?

Saí dos aposentos ainda ponderando quando ele me apareceu, como manifestação física dos meus próprios pensamentos.

— Eu vim trazer o seu arco – Avisou levemente sem jeito. Ele segurava a aljava com as flechas de pena vermelha e o arco dentro. Minhas iniciais estavam gravadas ali, refletidas à luz da lua que entrava pelo arco do corredor.

— Obrigada – Aproximei-me dele devagar, hesitante. Não era o momento para discutirmos nossa situação, mas minha língua coçava para falar.

Peguei a aljava e evitei olhar para ele. Então, Caspian elevou meu queixo delicadamente com uma das mãos.

— Eu gostaria de me desculpar – Declarou por fim. Entreabri os lábios e senti o coração acelerar.

— Estamos com pressa, Caspian, Liliandil precisa de ajuda.

— Eu não deveria ter pedido para você sair daquela forma... nem voltar a questionar sobre sua permanência em Nárnia.

— Não acredito que tenha sido só isso – Retruquei – O Tisroc derramou veneno em seus ouvidos sobre mim, não derramou? A respeito de Rabadash, eu suponho. É a única coisa que pode ter contra mim.

— Eu sei que já é a segunda vez que minha imprudência te magoa – Reconheceu ao lembrar-se da primeira, quando quase ressuscitou a feiticeira por ódio de Miraz.

— Depois nós conversamos melhor – Afastei-me, tirando meu rosto de sua mão – Só quero que pense sobre uma coisa: amor é confiança, Caspian. É algo a ser construído.

Não me permiti chorar na sua frente, não daquela vez. A primeira lágrima caiu apenas quando eu já estava virando o corredor me direção às escadas.

Pedro Pevensie

Já havia dado as ordens para preparar a carruagem, bem como Garvis solicitou um grupo de soldados para nos acompanhar. Havia pouquíssimas pessoas pelos corredores e pelo pátio do castelo e à medida que a noite avançava, o frio aumentava também.

Caspian havia deixado a Rhindon comigo e fora procurar Susana para dar a ela as flechas e o arco. Eu havia dado a espada a ele, porém ele fizera questão de me "emprestar". Era bom estar em posse dela outra vez, no entanto.

Esperei a todos nas portas do castelo quando um guarda de uniforme arquelandês se aproximou.

— Majestade – Ele me fez uma reverência – Trago uma mensagem do general Tácito e da princesa Neriah de Arquelândia.

— Para mim? – Indaguei, surpreso. Certo que Tácito era uma companhia agradável e parecia ser um rapaz honrado de bom, mas o que ele teria a me dizer àquela hora da madrugada?

— Sim, senhor – Respondeu o guarda, aproximando-se para manter o sigilo – Eles pedem que o senhor visite os aposentos do general Tácito assim que for possível; é algo importante e que requer discrição.

— Nenhuma pista do que se trata? – Franzi o cenho para ele.

— Diz respeito à uma moça, não tenho conhecimento de mais detalhes – A menção a uma moça me colocou em alerta. Logo pensei em Hiandra. Eu a havia procurado durante o dia, mas sequer a encontrara.

— Diga aos seus senhores que irei pela manhã – Falei a ele, que me reverenciou novamente e seguiu caminho para dentro do castelo.

Apertei o cabo da espada e bati a ponta dos pés, agitado. O que será que Tácito e Neriah tinham para me dizer? E o que uma moça tinha a ver com isso? 

Edmundo Pevensie

Eu carregava Liliandil nos braços desde a enfermaria, arrancando olhares curiosos dos guardas. Coriakin me acompanhava e Lúcia havia se despedido de nós antes de sairmos. A estrela tremia um pouco desde que foi tirada da banheira, mas seu corpo ainda estava quente o suficiente para incomodar minhas mãos ao entrar em contato com ele.

Susana já estava na carruagem; ela cuidaria de Liliandil durante o percurso. Pedro estava montado num cavalo e segurava as rédeas de um outro para mim. Glenstorm e Windren chefiavam um grupo de soldados que nos acompanhariam.

— Vai ficar tudo bem, Lilian – Falei a ela – Eu prometo.

[...]

O vento forte da noite levava as águas do rio de um lado para o outro, mas não achava que a correnteza fosse nos causar qualquer tipo de risco.

Pedro ajudou Susana a trazer Liliandil para fora da carruagem e eu entrei na água do rio até que a metade das pernas estivessem submersas. Estavam frias o bastante.

— Liliandil – Susana falou, recebendo um murmúrio baixo em resposta – Edmundo vai entrar com você na água. Vai precisar prender a respiração.

— Está bem – Assentiu por fim.

Tomei-a em meus braços outra vez, o calor voltando a consumi-la outra vez. Embora não gritasse de novo, as lágrimas de dor voltaram aos olhos azuis escuros da estrela.

Respirei fundo e mergulhei com ela.

Como era de se esperar, as águas do rio estavam escuras por causa da noite, não conseguia ver muito além de alguns peixes minúsculos e sentir areia, pedras e pequenas plantas no fundo com os pés.

Avancei na escuridão com Lilian, esperando que a água gelada das profundezas dissipasse a agonia em seu ser.

Foi quando, de repente, Liliandil passou a brilhar em meus braços. A luz em volta dela voltou, mais forte e ofuscante e eu quase não conseguia olhar para ela. Fechei os olhos, mas a continuei segurando, afinal duvidava que Liliandil soubesse nadar.

Quando o ar nos faltou, subi com ela de volta à superfície e sua luz explodiu em contato com o ar.

Foi quando vi Ramandu à beirada.


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Notas finais do capítulo

Eaiii gente? E essa treta do Caspian e da Susana? Poxa, logo agora que eles ficaram juntos! E esse sonho da Lúcia, no que acham que vai dar?
Ramandu apareceu de repente, em meio a todo o desespero que Liliandil e Edmundo estão passando. O que vocês acham que ele quer agora?

Respondam nos comentários!! Beijos! E até a próxima!!



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