A Última Chance escrita por Caroline Oliveira


Capítulo 13
Amor e Dever


Notas iniciais do capítulo

Boa noite!!! Calma, calma, não queiram me apedrejar! kkkkkk eu sei que nunca deixei vocês tanto tempo sem capítulos, mas é que meu estoque de capítulos tinha acabado e eu tava completamente sem tempo de escrever novos! A faculdade ta consumindo meu tempo e meus neurônios e olha que eu só to no segundo período kkkkkk
Mas aos pouquinhos eu consegui fazer as cenas.
Agora a trama de aventura vai começar a se armar! Preparem-se!



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Susana Pevensie

A madrugada avançava e nenhum de nós tinha intenção de dormir tão cedo. Tantas coisas haviam acontecido numa só noite, tantas emoções, desde desespero até a maior das sensações de felicidade e amor que eu já tinha experimentado.

O beijo que Caspian e eu trocamos ainda pairava sobre minha mente, tal qual a situação de Liliandil me angustiava. Eu jamais fizera questão de ser sua amiga, no fundo a interpretava como minha rival, mas ela havia sido tão corajosa e leal que eu me sentia envergonhada de ter agido daquela forma.

Caspian e eu seguimos de mãos dadas para a enfermaria. Obviamente os olhos de Lúcia e principalmente os de Pedro fitaram aquele gesto curiosos.

Assim que nos achegamos ao grupo, Coriakin saiu da sala, com a testa suada, o aspecto cansado, carregando um livro de magia e dois frascos.

— Como ela está? – Indagou Caspian.

— É delicado dizer, majestade – Ergueu a sobrancelha esquerda – Ramandu lhe tirou todo o seu poder e, com ele, parte de sua energia vital. Liliandil costuma usar a forma humana, porém acredito que todos temos consciência de que, por ser uma estrela, as coisas funcionam diferente com ela. Uma estrela, quando perde sua energia, deixa de brilhar, se é que me entende.

É, entendíamos. Se Liliandil se apagasse, aquilo significaria a sua morte. E em mundo nenhum aquilo era justo.

— Mandou me chamar, Milorde? – Garvis apareceu no corredor e nos fez uma reverência.

Ouvi vagamente Caspian dar-lhe ordens expressas para reforçar a segurança do castelo outra vez, bem como descobrir como Rilian entrara na fortaleza sem permissão, ou testemunha.

Eu ainda me perguntava o que Caspian faria com o primo – ainda soava bastante estranho se referir a Rilian assim, mas era o que parecia verdade. Muito ainda precisava ser investigado.

Caminhei até a enfermaria devagar, sentindo os olhos de Lúcia em minhas costas.

— Ed está com ela – Avisou baixinho – Está muito preocupado.

— Tem razões de sobra para isso – Comentei antes de entrar, deixando a porta entreaberta.

Liliandil repousava no primeiro leito da enfermaria. Meus passos foram lentos e pesarosos. Eu sentia culpa. Culpa por ter sido a causa de seu rompimento com Caspian e, por isso, o motivo do surto de Ramandu contra ela.

Ela já era bastante branca, mas as bochechas estavam sempre rosadas, bem como os lábios. Agora ela estava pálida, a pele sem vida, cinzenta. Sua testa brilhava de suor e ela transparecia a falta de força em seu semblante desacordado.

Edmundo segurava a mão de Liliandil perto do rosto, olhando para ela apreensivo e triste. Todos sabíamos que eles costumavam passar algum tempo juntos planejando a reconstrução de Cair Paravel, projeto esse que eu sequer tivera oportunidade de conversar sobre com Caspian. Meu irmão se importava com ela.

— Ele sabe quando ela acorda? – Referia-me a Coriakin.

— Ela acorda e adormece – Respondeu, deixando a mão dela sobre a cama, disfarçando até bem a surpresa e a vergonha de eu ter aparecido.

— Não quer ir descansar? – Perguntei, aproximando-me dele. Pousei a mão em seu ombro e ele colocou a dele sobre a minha. – Todos estão exaustos da festa e de tudo o que aconteceu. Convença Pedro e Lúcia a irem dormir. Eu vou daqui a pouco.

Emundo não discutiu. Ele deu duas tapinhas bem leves na minha mão e se levantou da cama. Recolhi minha mão e cruzei os braços, fitando o rosto de Liliandil enquanto Edmundo saía devagar e cabisbaixo.

Sentei-me na beirada da cama, próximo ao local onde Edmundo se sentara anteriormente. Retirei uma mecha de cabelo grudado na bochecha de Liliandil, repousando-a no travesseiro.

— Eu jamais quis que isso acontecesse – Caspian apareceu no ambiente, parando a poucos metros do leito – Ela sempre foi tão boa... não merecia isso.

Encarei os olhos de Caspian, que refletiam a mesma culpa que eu sentia. Baixei os olhos, mirando o nada.

— Acha que... se você voltar atrás – As palavras doíam no meu peito – Se reatar o compromisso... se casar com ela... acha que Ramandu a curaria?

Ouvi Caspian arfar levemente.

— Está mesmo cogitando essa possibilidade... depois de tudo o que acabamos de dizer um para o outro? – Seu tom era calmo, mas levemente ofendido. Eu entendia.

Dei de ombros.

— Só estou perguntando – Respondi – Afinal a nossa felicidade nunca será plena se construída sobre a lápide de alguém.

Ele pareceu compreender, mas fitou as botas ao invés de mim. Ponderava, imaginei.

— Eu creio que não – Respondeu, então, a pergunta que lhe fiz – Ramandu me considera um homem sem palavra, sem honra... não vai me querer na família, de qualquer forma.

Passei as mãos pelo rosto.

— E como vamos ajudá-la? – Indaguei, o desespero começando a tomar conta. – Se ele não restaurar sua energia, ela vai morrer!

— Eu sei disso! – Exclamou, sem intenção de ser grosso – Bom, vou falar com Glenstorm. Ele conhece as estrelas, consegue observá-las. Pode perceber se Ramandu tem algum interesse em ajudar a filha, ou se há algum outro jeito de ajudá-la. Coriakin pode encontrar alguma resposta.

— Não acho que vá funcionar – Retruquei – Eu sei que ele tem boa vontade, mas já faz dias que estamos procurando informações para entender aquela profecia e nada! Vai chegar o dia em que Nárnia não terá mantimento, que os animais e as plantas vão morrer e não...

— Susana, calma! – Ele veio até mim e pousou as mãos em meu rosto, enxugando lágrimas que eu deixara cair – Deixar de ter fé agora não vai nos ajudar. Aslam precisa nos ajudar, ele é o único que pode. Mas eu acho que ele não vai fazer isso se desistirmos.

Pisquei um par de vezes e me levantei, tirando suas mãos do meu rosto para segurá-las com as minhas. Suspirei.

— Você está certo – Reconheci – Eu tenho o infeliz hábito de ter pessimista. – Ele sorriu de canto – Costumava ser bem desagradável da primeira vez que meus irmãos e eu viemos, mas... acho que estou melhorando.

— Você é perfeita para mim – Senti minhas bochechas queimarem.

— Gostaria que fosse verdade – Sorri para ele – Eu não sei se sabe, mas... meus pais faleceram em um acidente.

— Lúcia me disse – Confirmou, o sorriso sumindo de seu rosto, tal qual o meu.

— Antes, apesar de todas as dificuldades, os desencontros, nós sempre tínhamos a esperança de que estaríamos todos juntos um dia – Desabafei – Mas quando eles foram, bem ali na minha frente... depois de Aslam ter dito que não voltaríamos mais, depois de tudo o que passamos... eu não tinha mais esperança de ser feliz.

— Mas agora você está aqui – Ressaltou – E eu não vou permitir que nos separem, nem que nada aconteça a você. Aslam a trouxe aqui e eu acredito que não apenas para salvar Nárnia outra vez. Talvez essa seja a sua, a nossa oportunidade de sermos felizes.

Sorri para ele, os olhos marejados diante de suas palavras de esperança.

— Caspian? – A voz fraca e sonolenta de Liliandil soou no ambiente. Virei-me para ela e Caspian se aproximou dela no leito.

— Lilian – Chamou ele. Os olhos de Liliandil pareciam perdidos, apesar de abertos, como se ela nada enxergasse – O que está sentindo?

— Parece que... – Falou devagar. Caspian se agachou ao lado da cama e eu pousei as mãos em seus ombros, atrás dele – Minha cabeça vai explodir... e meu corpo parece estar queimando numa fogueira.

— Tem algo que possamos fazer por você? – Perguntei. Ela virou a cabeça para mim, os olhos piscaram vagarosamente – Existe alguma forma de curá-la?

— Talvez uma... fonte de luz concentrada – Respondeu, apesar de eu não ter entendido muito. – Na escuridão absoluta...

— Explique melhor, Lilian... – Caspian teria falado o nome todo se ela não tivesse caído na inconsciência outra vez.

[...]

Caspian e eu nos despedimos com um beijo lento e mais curto que o anterior. Estava sendo mágico me permitir sentir e receber o amor que sentíamos um pelo outro, apesar desse sentimento estar sendo levemente ofuscado pela preocupação com Liliandil e pelo caos que Nárnia vivia.

Devia faltar uma ou duas horas para amanhecer, havíamos passado boa parte da madrugada acordados, com tantas coisas acontecendo durante somente uma noite.

Tirei as joias, os sapatos, o vestido de festa e a maquiagem. Desfiz o penteado, o cabelo ficando levemente marcado na parte trançada.

Antes de me deitar, caminhei para a sacada do aposento. O vento frio fez meus ossos tremerem, mas ainda assim encarei o céu, e depois as florestas.

— Mostre-nos um caminho, Aslam – Pedi ao vento – Se está ouvindo o meu pedido, por favor, nos mostre o que devemos fazer. Revele quem é o nosso inimigo, como podemos reverter essa seca, como podemos curar Liliandil!

O vento frio da noite desértica se transformou por alguns momentos em uma brisa quente e suave que acalentou a minha alma. E ali, tive certeza de que Aslam me ouvira.

 

No dia seguinte

Caspian X

Acordei mais tarde do que gostaria, porém não tão tarde a ponto de perder boa parte dos compromissos da manhã. Pedi a doutor Cornelius antes do dejejum que solicitasse uma reunião com os lordes do conselho e outra com o duque de Galma, o tisroc da Calormânia e o rei da Arquelândia. Noticiaria a todos os recentes acontecimentos e minha decisão de não mais desposar Liliandil.

Depois de alguns minutos de ter começado a tomar café da manhã, Pedro se juntou a mim à mesa.

— Lúcia, Susana e Edmundo demoraram para conseguir dormir e acho que só acordam mais tarde – Comentou ele ao ser servido por um servo.

— Não quis dormir até tarde também? – Perguntei.

— Já estava acostumado a dormir tarde e acordar cedo. Em meu mundo, passei a trabalhar à noite e ir a universidade pela manhã, já era rotina.

— Então seguiu com os planos de tornar-se médico? – Pedro havia comentado sobre isso quando discutimos o fato de ele lutar o duelo contra Miraz em meu lugar.

— É, e não me arrependo – Assegurou.

Ficamos alguns momentos em silêncio, até que Cornelius veio até nós.

— Majestades – Ele fez uma reverência. Meu pobre tutor já estava bastante idoso, mas acho que gastaria até a última gota de suas forças para me auxiliar no que fosse e não me ouviria se eu dissesse para se aposentar – A reunião com os lordes do conselho está confirmada para as onze, milorde.

— Obrigado, professor – Falei com sinceridade – E os nossos convidados?

— Eu enviei mensageiros para transmitir o convite e estou aguardando a resposta, porém como os boatos já circulam pelos corredores, creio que não hesitarão em ter uma assembleia.

— É sobre o noivado? – Indagou Pedro.

— No caso da corte, sim, mas quanto aos monarcas, quero finalizar os detalhes das relações comerciais e saber quando pretendem partir. Logo entraremos em um racionamento, então não podemos sustentar três cortes em luxo enquanto nosso povo passa fome.

— Concordo plenamente – Pedro sorriu orgulhoso – São pouquíssimos os reis que pensariam como você.

— Você pensaria – Acusei.

— Claro – Retrucou com falso orgulho.

— Receio ter que deixá-los, majestades – Cornelius disse com uma segunda reverência – O mago Coriakin deve ter comentado sobre a lenda da lança no território arquelandês. – Assenti – Creio que estamos perto de descobrir a veracidade dessa lenda e no que ela nos pode ser útil.

— Pode ir, professor – Concedi.

O silêncio pairou brevemente sobre Pedro e eu.

— Susana e você se acertaram, não é? – Ele indagou do nada. Creio que estava se perguntando isso desde que nos viu juntos na enfermaria, contudo não tivera oportunidade de questionar.

— Digamos que sim – Confessei sem jeito. Era costume telmarino pedir a benção dos pais ou do irmão mais velho ao acertar qualquer compromisso com uma dama e eu passara por cima de tudo isso, movido pela paixão. – Eu teria falado com você antes se tudo não tivesse sido...

— Vocês têm a minha benção, Caspian – Pedro assegurou e eu não pude deixar de sentir alívio – E bem, Susana já está crescida para decidir com quem deseja se casar, eu jamais tive intenção de ser contra. – Eu já aguardava o porém – A única coisa com a qual me preocupo é com o nosso destino aqui.

— O que quer dizer?

— Todas as vezes, sem exceção, fomos levados de volta ao nosso mundo – Pedro explicou, detalhando tudo o que eu temia – Mesmo quando achávamos que ficaríamos permanentemente, quando reinamos por quinze anos, voltamos para a Inglaterra.

— Mas não faria diferença se deixassem claro que desejam ficar? – Indaguei – Vocês decidiram voltar nas últimas duas vezes, eu presenciei isso.

— Eu sei – Concordou – Tínhamos os nossos pais esperando, tínhamos um dever a cumprir no nosso mundo. – Os olhos de Pedro encararam o nada – Agora que se foram, está tudo tão incerto... até mesmo lá. Não quero ser pessimista, longe de mim colocar besteiras na sua cabeça, mas eu me importo com Susana e com você também! Não quero que tenham que se separar outra vez!

— É a última coisa que quero, pode crer – Falei por fim.

[...]

Eu ouvia a agitação dos nobres e conselheiros na sala do trono antes mesmo de entrar. Os guardas prestaram suas reverências e a porta da sala foi aberta para mim.

— Milordes – Interrompi o burburinho com o cumprimento.

Os lordes do conselho se calaram, me reverenciaram e tomaram seus assentos, dissipando a confusão instalada antes de eu chegar.

Subi os degraus do pedestal e sentei-me no trono.

— Então? Que novas trazem para mim?

— Milorde – Theodor foi o primeiro a se pronunciar. Levantou-se de seu assento e se dirigiu ao centro do salão – Como o senhor havia determinado, organizamo-nos para fazer as investigações pertinentes ao saque aos carregamentos vindos das plantações.

— E houve algum progresso? – Indaguei.

— Investigamos não só o trecho da estrada, mas as florestas próximas. Encontramos o corpo de um narniano, um anão, arqueiro, dentre as matas.

— E como ele foi morto? - Trumpkin indagou, o jeito carrancudo de sempre. O que me surpreendeu foi ele não estar ciente dos resultados das investigações. Eu tiraria boas satisfações com Theodor sobre isso depois.

Theodor indicou um soldado no fundo da sala, próximo à porta, que segurava algo embrulhado em um pano azul escuro. O soldado caminhou até ele e revelou uma cimitarra suja de sangue.

Encarei Theodor nos olhos e ele ergueu as sobrancelhas para mim, como se confirmasse minha suspeita.

— Não podemos acusá-los sem mais provas – Eu me referia aos calormanos.

A cimitarra dentre todas as espadas era a arma típica da Calormania, utilizada pela maioria dos soldados do Tisroc. Eu duvidava muito que as intenções do Tisroc em relação a Nárnia fossem boas, mas saquear um carregamento no nosso território e abandonar uma arma bastante incriminadora?

Apesar de não confiar neles, temia que fosse uma armação para nos levar a uma guerra e essa era uma hipótese impossível de cogitar naquele momento. Nárnia sofria com as baixas da guerra civil telmarina/narniana até hoje e tínhamos vencido as batalhas com Calormania no Grande Deserto apenas com a graça de Aslam.

— Se me permite, Majestade – O Texugo pediu – O que acontecerá se ficar provado que o saque foi de autoria de nossos convidados?

Respirei fundo.

— Terei de exigir reparação – Respondi – Exigirei a devolução da carga e indenizações pelas vidas dos soldados que foram mortos. Dinheiro nenhum os trará de volta, mas será de grande ajuda para as famílias que perderem seus parentes e assim, sua fonte de renda. – Encarei Theodor – Quero que inclua Trumpkin e Texugo no grupo de investigações e dê ouvidos a seus conselhos e argumentos. Já está na hora desse conselho agir com unanimidade.

Eu sabia que os telmarinos conservavam o preconceito contra os narnianos pela estúpida ideia de que eram inferiores e, por isso, evitavam trabalhar em equipe com eles.

— Sim, Milorde - Theodor assentiu, com certeza a contragosto. Dispensou o soldado e voltou para seu assento.

— Alguma outra questão? – Perguntei a todos.

Alguns dos telmarinos se entreolharam. Trumpkin expirou como um dragão prestes a cuspir fogo. Devia ser por isso que estavam discutindo mais cedo.

— Majestade – Lorde Agris se pronunciou – Se bem lhe parecer compartilhar as circunstâncias conosco, ficaríamos honrados em saber o motivo pelo qual vossa excelência desfez o compromisso com Lady Liliandil, logo após tão feliz baile de noivado.

As palavras formais camuflavam o tom de cobrança, aquele era um jogo que infelizmente aprendi a jogar. Você poderia dizer quase qualquer coisa ao seu soberano se encontrasse a forma certa de falar.

Não me era novidade o fato dos telmarinos estarem ansiosos para que me casasse e tivesse filhos. Eles costumavam se sentir seguros com Miraz e, bem ou mal, eu não retirei seus direitos na maioria dos assuntos. Caso eu não tivesse filhos, o trono ficaria vago e uma nova disputa de poder aconteceria.

— Lady Liliandil é uma moça extraordinária, de caráter e bondade ímpar – Falei – Ninguém, nem mesmo eu, tenho o que dizer de contrário. Acredito, entretanto, que mais importante que produzir um herdeiro, assegurar dinastia, está a minha e a felicidade dela. E em prol disso desfizemos o compromisso.

— Mas, majestade – Theodor interferiu – Como rei, o senhor já deve ter percebido que há coisas que devemos colocar acima de nossa felicidade. A estabilidade do reino é uma delas.

— A estabilidade do reino, ou a sua, milorde? – Levantei-me do trono – Não sei se ficaram cientes, mas o sobrinho de Lorde Macrino, Rilian, entrou nesse castelo com a intenção de assassinar a rainha Susana e, ao ser confrontado por mim, afirmou ser filho bastardo de Miraz!

Os presentes soltaram sonidos de surpresa.

— Como isso é possível? – Agris indagou.

— E ainda se valeu da audácia de me questionar a respeito dos senhores - Apontei para os telmarinos – Insinuou que muitos dos senhores apoiariam o herdeiro de Miraz neste mundo caso fizesse uma reivindicação ao trono. E será mesmo que isso é uma falácia?

— Assim o senhor nos ofende, milorde – Lorde Malum comentou, de cabeça baixa – O que fizemos para despertar tamanha ira de vossa majestade?

A porta do recinto foi aberta. Susana e seus irmãos entraram no ambiente tentando serem discretos, mas sua chegada foi obviamente percebida por todos.

— Eu entendo – Comecei – que para a tradição telmarina, o casamento e os filhos de um rei são assunto dos nobres e do povo também, mas as coisas mudaram, senhores. Se há algo que aprendi nestes anos é que a justiça, a sabedoria e o amor pelos súditos é que devem reinar, e não uma dinastia, ou o sangue real. – Fitei Susana, mesmo do lado oposto da sala – Eu me casarei por amor, se a mulher que amo me aceitar.

 

[...]

Susana Pevensie

Terminada a reunião, os lordes narnianos e telmarinos foram saindo. Caspian e Edmundo foram imediatamente ter com Glenstorm para pedir que observasse as estrelas à noite. Ouvi Trumpkin se aproximar, elogiando a postura de seu rei – do jeito dele, obviamente, afinal NCA nunca teceria elogios abertamente para alguém.

— Glenstorm observará os céus – Noticiou Edmundo ao se aproximar de nós com Caspian – Espero que nos dê boas notícias.

— Ele acha que Tarva e Alambil podem ser contrários à postura de Ramandu – Explicou Caspian – Talvez queiram ajudar Liliandil.

— Espero que ajudem – Lúcia disse – Eu fiquei muito assustada ao vê-la caída no chão sem energia alguma, quase morta. E Coriakin disse que ela pode piorar.

— Nem pense nisso – Retrucou Edmundo.

— Bem, algum compromisso à tarde, Caspian? – Lúcia indagou.

— Uma reunião com o Tisroc, duque Macrino e o rei Naim – Explicou ele – Com certeza serei questionado quanto a prisão de Rilian e o rompimento com Liliandil. – Maneou com a cabeça em sinal de tédio – Algum de vocês quer vir comigo?

— Eu adoraria – Respondi – Mas não quero me encontrar com Ahadash tão cedo.

— Acho que vou com você – Lúcia respondeu – Quero saber como estão lidando com Erlian quanto à prisão do irmão. O menino é muito apegado a ele e não quero que façam a cabeça dele contra nós também.

— Eu preciso procurar uma pessoa – Pedro respondeu. Uma interrogação se formou na minha cabeça, mas não achei que fosse alguém importante.

— Vou ficar com Liliandil – Decretou Edmundo.

— Então, estamos resolvidos – Caspian falou por fim – Lúcia, eu gostaria de rever as cláusulas do acordo comercial, pode me ajudar com isso?

— Claro! – Ela se empolgou.

— Vejo você mais tarde? – Indaguei, ainda um tanto envergonhada por solicitar passar alguns momentos com Caspian na frente dos meus irmãos.

— Claro – Sua resposta foi curta, porém cheia de significado para nós. Seus olhos brilharam, assim como os meus deveriam estar brilhando para ele.

Edmundo virou a cara, cheio da “melação” e pigarreou.

 

Lúcia Pevensie

Saí na companhia de Caspian da sala do trono. Estava imensamente feliz por Susana e Caspian finalmente terem se entendido, pelo menos era o que parecia. Ambos passaram muito tempo longe um do outro, Caspian até mais se pararmos para pensar que em Nárnia o tempo sempre passava mais rápido, e mesmo assim não conseguiram esquecer do sentimento sorrateiro que lhes surgiu durante a guerra e tomou seus corações completamente.

— Ah, eu ia perguntar – Comecei – Mas preferi não fazer isso na frente de todos – Meu tom e jeito já denunciavam sobre o que eu falaria. O sorrisinho de Caspian demonstrava que ele já estava se preparando para minhas perguntas nada discretas – Mas aquilo que falou na sala do trono foi um pedido de casamento?

Ele soltou uma risada.

— Não exatamente – Respondeu – Claro, por mim eu me casaria com sua irmã hoje mesmo, porém quando o momento de pedir sua mão chegar, quero que seja de um modo mais... especial. – Maneou com a cabeça, dessa vez um tanto envergonhado em falar de Susana comigo – O que eu quis dizer é que não deixarei minha chance de ser feliz com Susana escapar desta vez. Se me casarei, me casarei por amor com ela.

— Awn, não sabe o quanto eu fico feliz por vocês! – Abracei Caspian de lado e ele me recebeu com uma risada – Já posso chamar você de cunhadinho?

— Acho que ainda é cedo para isso – Observou.

— Ai, não é! – Retruquei.

E assim fomos conversando até seu gabinete.


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Notas finais do capítulo

Eai?? O que acharam??
Como podem ver, já estão descobrindo que os calormanos não vieram a passeio! E a reunião com os reis, principalmente com Ahadash, promete!
Comentem o que acharam! É muito importante para conduzir a história!
Como eu disse, talvez a postagem se atrase um pouco por causa da falta de tempo, mas não pensem que eu desisti da fanfic!!
Beijos! Até a próxima!



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