A Última Chance escrita por Caroline Oliveira


Capítulo 11
Decisão


Notas iniciais do capítulo

Hello pessoal!! Estou de volta para mais um capítulo!! Prepararem seus corações para nosso casal favorito e algumas surpresinhas!!
Boa leitura!

OBS: o capítulo começa com a continuação do ponto de vista do Caspian!



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— Pensei que não conseguiria dançar com você essa noite – Comentei quando nos demos as mãos e eu tomei sua cintura para começarmos a valsa.

— Por que achou isso? – Perguntou como quem nada queria, mas Susana era incapaz de esconder o cinismo. Ela sabia que eu estava morto de ciúmes, que só de pensar que ela poderia cair na lábia do cretino do filho de Macrino...

— Jamais houve dama mais requisitada num baile como você – Desvencilhei-me de sua provocação – Mas parece que, dentre todos, Maximino é o mais insistente.

— O mais agradável, eu diria – Ah, isso sim me tirou do sério.

— Agradável? – Repeti indignado – Até mais que eu?

— Não sabia que estávamos incluindo você na comparação – Respondeu.

— É sorte sua não o conhecer bem.

— Qual seu problema com ele? – Indagou – Ele fez algo de errado para deixar uma impressão tão má assim?

— Imagino que não saiba com quantas moças ele costuma ser “agradável” – Nesse momento eu já havia perdido as estribeiras. Não era possível que os boatos da ausência de vergonha de Maximino não tivessem chegado aos ouvidos dela!

Susana não se aguentou e riu. Eu ergui as sobrancelhas perplexo. O que ela estava achando tão engraçado?

— Bem, mas falando sério – Susana ainda sorria quando disse isso – Não deveria estar com ciúmes de mim.

Separamo-nos durante a dança para que eu a girasse pelo salão, o vestido vermelho armando suas camadas e tornando o movimento ainda mais bonito. Voltamos a nos aproximar em seguida.

— Eu sei – Admiti com um pouco de ressentimento – Mas não posso evitar. – Foi quando ela me encarou com seus olhos azuis cintilantes que me transmitiam tanta paz – Pensei que não viria.

— E não vinha – Respondeu – Mas, além da insistência de Lúcia e da princesa Neriah, eu... não podia ser tão egoísta. É um dia importante para você e, antes de qualquer coisa, você é meu amigo. E eu quero que seja feliz.

Senti meu coração falhar uma batida e a boca coçar para dizer tudo o que eu almejara dizer um dia. Aquelas três palavras com significado único, que somente ele poderia resumir tudo o que eu sentia por ela.

— Susana, eu... acho que cometi um erro com você – Seus lábios se entreabriram ao me ouvir – Eu não deveria ter desistido de você tão facilmente.

As luzes do salão se apagaram de repente, interrompendo-me. Ouvimos as exclamações confusas e assustadas das pessoas.

— Fique perto de mim – Trouxe Susana para mais perto do meu tronco com uma das mãos em suas costas. Ela apoiou uma das suas em meu peito – Guardas! O que está havendo?

Um punhado de luz branca atravessou as janelas e eu podia sentir uma aura de poder muito forte vinda dela. Como na vez em que Liliandil desceu dos céus na ilha de... Ramandu.

Quando a luz se posicionou no centro do salão e assumiu a forma de um homem velho, de cabelos e barba brancos, tal qual suas vestes, as luzes voltaram a se acender no salão de baile.

— Ramandu – Pronunciei, como forma de anunciar que era uma figura de paz. Susana se afastou de mim ao me ouvir, obviamente notando que aquele era supostamente meu futuro sogro. – É uma honra que tenha vindo. – Sinceridade não era bem o que eu expressava ao falar.

Eu descobrira que Ramandu poderia ser bastante manipulador e ardiloso quando queria. Liliandil tinha conhecimento de que eu não a amava e cogitou a possibilidade de desfazermos o compromisso um ano atrás, mas Ramandu a convenceu de que seria interessante que ela fosse a próxima rainha de Nárnia. Com Susana tão perto, eu pressentia que ele talvez se tornasse algum tipo de problema.

— Imagine, meu rei – Esboçou um sorriso acolhedor que não me despertava confiança - Como eu não poderia estar presente do noivado de minha filha?! – Ele indicou Liliandil com a mão.

Ela sorriu para ele, mas quando o pai desviou o olhar, a estrela trocou um olhar receoso comigo.

— Bem, que a música continue! – Foi a minha deixa para que os faunos começassem a tocar – A festa deve continuar.

As pessoas se voltaram para as próprias conversas depois disso.

— Desculpe ter que deixá-la – Pedi a Susana – Mas faço questão de continuar essa conversa depois, está bem?

— Claro. Acredito que seu "futuro sogro" deseja apreciar sua companhia. – Ela olhou para Ramandu disfarçadamente – E pela sua cara, ele não é muito maleável.

 

Pedro Pevensie

Desde que chegou, Ramandu manteve Caspian ao seu lado. Liliandil participava da conversa, mas era de seu feitio ser bastante sincera, inclusive em suas expressões faciais, que demonstravam certo desconforto com a situação, qual fosse o motivo.

— Qual será o problema de Ramandu e aqueles dois? – Edmundo perguntou quando me trouxe um copo de vinho – Está tudo muito estranho desde que ele chegou.

— Ele pode ter percebido alguma coisa enquanto Caspian e Susana dançavam – Dei de ombros – Ninguém é tão burro que não tenha percebido o envolvimento dos dois.

— E isso incomoda você? – Ergueu uma sobrancelha.

— Você também com essa história? – Indaguei – Por que acham que eu vejo problema em tudo?

— Porque você é mandão – Edmundo riu da minha cara e eu lhe dei um soco leve no braço.

— Majestades! – O Tisroc se voltou para Caspian outra vez – Permitam-me entregar mais um presente artístico aos seus convidados, rei Caspian!

 — Fique à vontade – Consentiu Caspian com um aceno de cabeça.

— Minha flor de lótus, Hiandra – Ele indicou a bela dançarina e cantora outra vez. Eu a tinha perdido de vista desde que ela foi formalmente apresentada a nós – Nos dará a honra de uma canção.

Imediatamente lembrei da bela canção que ela ensaiava mais cedo. A orquestra acertava os últimos detalhes com Hiandra sobre a melodia. As pessoas abriram espaço no salão a pedido das outras dançarinas, para que ela pudesse fazer sua apresentação.

Ela se posicionou no centro e a melodia foi iniciada. Hiandra passou a dançar, movimentos leves, lentos e delicados, que combinavam com a melodia que começou a embalar nossos corações e pensamentos.

There's a place out there for us

More than just a prayer or anything we ever dreamed of

Ela fechou os olhos numa expressão genuína, que sentia cada nota e palavra entoada.

So if you feel like giving up 'cause you don't fit in down here

Fear is crashing in

Close your eyes and take my hand, yeah

Seu rosto assumiu uma expressão decidida, como uma guerreira que estava prestes a entrar no campo de batalha, como uma sonhadora que persistia por um desejo inalcançado.

As outras moças passaram a dançar nos cantos do salão, deixando-a brilhar no centro, visível para todos.

We can be the kings and queens

Of anything if we believe

It's written in the stars that shine above

Ela se posicionou no centro, fez uma base sólida com as pernas e jogou o corpo junto aos braços para trás, como se o mundo se abrisse diante dos nossos olhos.

A world where you and I belong

Where faith and love will keep us strong

Exactly who we are is just enough

There's a place for us

Passei a me concentrar nas palavras daquela música, que vinham de encontro com tudo o que eu passara nos últimos anos.

Era engraçado pensar que todas as vezes em que nos sentíamos encurralados, insatisfeitos com o nosso mundo, Aslam e a Magia Profunda nos faziam voltar a Nárnia. Eu me sentia grato por ter a honra de lutar por uma terra de seres tão corajosos e valorosos, na qual eu me sentia mais em casa do que no meu próprio mundo.

Fomos tirados dos nossos lares pela guerra que assolava o mundo, afastados de nossos pais sem qualquer outra opção. Um ano depois, quando voltamos de Nárnia e fomos obrigados a nos acostumar com a Inglaterra outra vez, nada me fazia feliz em Londres e tudo me tirava do sério.

Nárnia sempre foi o nosso refúgio. Era onde podíamos ser quem nós realmente éramos, onde o nosso destino era bem mais grandioso do que poderíamos imaginar. Em apenas alguns dias, todo o meu cansaço do trabalho e dos estudos se foram e...

Meus pais. Eu me esquecera completamente deles. Da dor que sua perda causou, da falta que eles faziam e que nunca mais poderia ser compensada. Eu não vivera o meu luto, não tinha tempo para isso.

There's a place for us

Hiandra finalizou a canção e a coreografia e todos aplaudimos sem pestanejar. Uma curiosidade repentina me atingiu: onde ela aprendera aquela canção?

 

Duas horas depois

Caspian X

Ramandu me deu sossego apenas com o fim do baile, quando ele finalmente decidiu conversar com Coriakin, seu velho amigo.

Os convidados aos poucos se foram; os que moravam ou estavam hospedados no castelo se recolheram e os que vieram da cidade se dirigiram a suas casas.

Susana se foi com Lúcia, que levava o jovem Erlian de volta a Orestila, sua tia. A rainha gentil me lançou um olhar e eu o correspondi, uma promessa da continuação de nosso diálogo.

— E então? – Liliandil deu um passo em minha direção – O que decidiram?

Não era exatamente uma decisão conjunta, afinal Ramandu me interrompera no momento que eu faria a Susana a proposta da minha vida. Mas eu estava decidido a não condenar Liliandil a uma vida infeliz e incompleta ao meu lado.

— Não sei se ela me aceitará, ou se poderá permanecer em Nárnia ao meu lado. Mas não posso continuar enganando a todos, a você e a mim. Foi um erro ter deixado chegar até o baile de noivado, mas... não posso me casar com você.

Ela sorriu sem mostrar os dentes e baixou a cabeça. Não era como se estivesse feliz, mas sim como se confirmasse uma suspeita.

— Eu imaginei – Confessou – E eu respeito a sua decisão. Estarei aqui caso precise e desejo de todo o coração que seja feliz.

Sorri igualmente a ela, profundamente grato por sua compreensão.

— E não se preocupe – Pedi – Eu falarei com seu pai. – Seu rosto assumiu uma expressão tensa – Sei que é disso que tem medo, mas nada acontecerá. Estamos decidindo isso em conjunto, não estamos?

— Sim – Assentiu – Realmente espero que ele entenda.

 

Susana Pevensie

Quando o baile acabou, encontrei-me com Lúcia para nos recolhermos, não sem antes acompanhá-la para deixar o pequeno Erlian com a tia. O garoto se animou na companhia de minha irmã e Gael prometeu levá-lo aos estábulos para ver o potro que nascera a pouco tempo.

— Será que o tal Rilian o abandonou? – Lúcia perguntou enquanto caminhávamos aos nossos aposentos. Subíamos as escadas – Eu sei, pareço estar obcecada por essa história, contudo estou realmente com pena do menino. De Rilian também. Ele é bastante irresponsável, eu sei, mas... acho que é mais perdido do que realmente mau.

— Eu entendo você – Assegurei – Passamos exatamente a mesma coisa com Edmundo, lembra? Se ele teve jeito e hoje nos enche de orgulho, por que o tal Rilian não pode?

Maneou com a cabeça, concordando.

— Com licença – Fomos surpreendidas por Ramandu quando viramos a esquina do corredor. Sua luz branca irradiava no corredor iluminado por míseros castiçais. – É uma honra conhecê-las, majestades – Ele nos fez uma reverência, que retribuímos – Será que posso lhe falar, rainha Susana?

Não pude evitar arregalar os olhos. Encarei Lúcia, que deu de ombros discretamente. Foi quando percebi que meus guardas não estavam me acompanhando. Apenas o par de guardas de Lúcia nos seguiam.

— Pode dizer na frente da minha irmã – Foi a decisão mais acertada. Não confiava em Ramandu, não estava armada e sequer sabia que tipo de poderes uma estrela poderia ter – Lúcia é de minha profunda confiança.

— Pois muito bem – Ele passou a caminhar, as vestes brancas arrastavam no chão, acompanhando seus passos – Vossas majestades devem ter um pai.

Suas palavras me pareceram a maior provocação da história. Mas ele não podia saber, podia?

Respirei fundo.

— Nós tivemos um pai – A essa altura, Ramandu andava por trás de nós – Ele... – Eram palavras duras – Faleceu faz pouco tempo.

— Oh, que pena – Não tinha um pingo de emoção em sua voz – Bem, mas enquanto estava com ele, vosso pai deve ter tido uma atenção especial por suas garotas, zelando por sua reputação, companhias, seu futuro.

— Não estamos entendendo onde quer chegar – Lúcia retrucou. Ramandu passou por ela e se colocou em nossa frente outra vez.

— Eu sou uma estrela, majestades – Falou o óbvio – Mas como pai, sou bastante semelhante aos patriarcas humanos. Às vezes, parecido até com os progenitores animais. – Aquilo estava começando a me soar uma ameaça – Eu zelarei pelos interesses da minha filha, a começar por seu matrimônio e a coroa que a acompanha. Não permitirei que se coloque no caminho da minha Liliandil.

Sorri seu humor, indignada.

— Não estou no caminho de ninguém – Esclareci – Eu voltei a Nárnia sob ordem de Aslam por uma razão bem óbvia: Nárnia está enfrentando uma seca terrível e misteriosa, uma maldição que precisa ser quebrada. Não vim aqui encalhar a sua filha!

— Eu realmente espero que tenha isso em mente – Seu rosto assumiu uma expressão tão ou mais feroz que a minha. – Não medirei esforços para realizar os sonhos dela.

— Os sonhos dela – Lúcia se pronunciou – Ou os seus?

Ramandu se recompôs. Encarou a nós duas sem dizer qualquer palavra e se retirou.

— O que foi isso? – Indaguei a Lúcia, não que eu esperasse que ela tivesse uma resposta. Só notara quão raivosa eu estava quando ele se fora. – É o cúmulo do absurdo eu ser questionada sobre...

— Susana, calma! – Interrompeu ela – Ele já foi embora e não vai voltar.

Respirei fundo. A raiva não passou, mas pelo menos pude controlá-la.

 

Liliandil, a estrela

De volta aos aposentos que Caspian delegou para mim desde que eu viera morar no castelo, passei a retirar as joias e os adornos que usara no baile. Não estava acostumada a usar tantas joias, mas as de prata com pedras azuis sempre me encantavam.

Desfiz o coque, retirando grampo por grampo. Normalmente as damas tinham o auxílio de criadas para se organizar, mas não me sentia à vontade com isso. Podia fazer essas coisas sozinha.

Eu começara a desfazer as tranças quando meu pai adentrou no quarto num rompante.

— É o cúmulo! – Esbravejou, assustando-me, fazendo com que eu soltasse o grampo e que ele caísse no chão. – As antigas rainhas de Nárnia não são nada apropriadas.

— O que o senhor foi falar com elas? – Franzi o cenho.

— Fui colocar a rainha Susana em seu lugar, coisa que você deveria ter feito desde que ela chegou! – Pronto, sobrou para mim – Ela tem que respeitar a sua posição como futura rainha de Nárnia, atual noiva do rei!

— Não mais, meu pai – Pronunciei, preparando-me para a queda do mundo sobre meus ombros.

Ele parou de se agitar para voltar-se a mim.

— Como é? – Seu tom calmo demais era o que me dava mais medo. – Ele... ele ousou desfazer o compromisso com você por causa daquela vadia?

— Pai, cuidado com o que diz – Adverti e ele se indignou – O senhor sabe que Caspian não me ama e eu não vou obrigá-lo a casar-se comigo por um capricho seu!

— É o que veremos! – Seus olhos arderam em fúria e a luz ao seu redor tornou-se mais forte. Ele me deixou sozinha no quarto.

— Pai! Pai, o que você vai fazer?! – Larguei os grampos e descalcei os sapatos para correr atrás dele.

 

Susana Pevensie

Lúcia ficou no quarto dela e eu segui para o meu, ainda chateada pelo infeliz ocorrido com Ramandu. Caspian estava noivo da filha dele, acabaram de anunciar o noivado para todo o mundo! Que ameaça eu poderia ser?

Arfei ao perceber que o aposento ainda estava escuro. Era puro comodismo meu, afinal as criadas sempre o deixavam iluminado, mas com o baile e toda diversão lá embaixo, devem ter esquecido. Nada que eu não pudesse fazer.

Caminhei para dentro devagar, tão aérea que esqueci de fechar a porta e sequer me dei ao trabalho que acender uma vela.

Recordei a recente dança com Caspian. Era como a continuação da dança de cinco anos atrás – para ele, claro –, em seu baile de coroação. Como se aquela noite não tivesse acabado, como se aqueles jovens recém apaixonados jamais houvessem se separado.

Eu teria dançado com ele a noite toda. Apesar de estarmos afastados, apesar de ele estar prestes a se casar com outra moça, sua presença era tão reconfortante que todas aquelas adversidades se tornavam apenas detalhes.

— Não há necessidade de acender as luzes, majestade – Uma voz nas sombras me surpreendeu. Meu coração disparou em sinal de alerta – Deixe que eu mesmo faça isso.

Eu não reconhecia aquela voz. Era masculina, provavelmente jovem.

O rapaz fechou a porta e eu recuei alguns passos quando ouvi a chave a trancando. Ele não parecia ter entrado por ela, não naquele momento. Era como se tivesse vindo da escuridão, como se tivesse me esperado chegar.

Ele caminhou para cada ponto onde havia castiçal, ou candelabro e acendeu cada vela de modo terrivelmente paciente.

— Obrigada, mas – Tentei não transparecer o medo que estava sentindo – O que faz sozinho em meus aposentos, no escuro?

— Precisava confirmar uma coisa – Disse simplesmente. Com as luzes acesas, pude ser seu rosto. – E não poderia fazê-lo naquela agitação do baile.

Ele parecia atordoado, cansado. Os olhos azuis escuros estavam levemente opacos, tristes e sem vida, a pele bronzeada estava pálida, como a de alguém doente. As olheiras profundas e a camisa surrada apenas contribuíram para a figura miserável.

— Se era só isso, por que trancou a porta? – Eu precisava ganhar tempo e sair dali o quanto antes. Eu não procurara meu arco desde o dia em que chegara, sequer sabia onde estava e, claro, ele já teria tirado toda faca, lança ou qualquer arma que pudesse me ajudar. Eu estava em apuros.

— Vamos logo ao que interessa – Ele retirou a espada da bainha devagar, a luz das velas refletindo na lâmina e eu tentei não parecer tão assustada quando vi as manchas de sangue – Ah, o sangue – Ele seguiu meu olhar para a espada – Percebi que seus guardas seriam empecilhos também.

Foi quando me dei conta. Por um momento, pensei que Ramandu houvesse se livrado dos guardas para algum propósito mal-intencionado, mas eu me enganara. Fora ele, o rapaz diante de mim.

— O que quer de mim? – Mantive a voz firme. Ele queria me causar pânico, mas eu não cederia.

— Você conheceu uma pessoa muito importante para mim – Começou ele num tom ressentido, magoado e ligeiramente furioso. – E o tirou deste mundo antes que eu pudesse conhecê-lo!

— Seja claro! – Exigi com toda a autoridade que pude colocar na voz – E abaixe esta espada! Não vai conseguir nada senão a morte se me ferir!

— Que diferença faz se você destruiu a minha vida antes mesmo de eu vê-la cara a cara – Ele só podia estar louco e eu estava perdida, trancada com o louco dentro do quarto. – Você matou o meu pai! – Ele foi se aproximando de mim, segurando a espada com uma das mãos.

Lembrei-me imediatamente de quando Caspian invadiu os aposentos de Miraz antes de mim e Pedro para um acerto de contas. Eu não gostei nada da semelhança daquela situação e essa.

— Seu pai era... algum soldado? – Perguntei enquanto recuava, os olhos percorrendo o quarto em busca de qualquer coisa.

Esbarrei na mesa de refeições e me assustei, mas ele não esboçou reação. Desviei da mesa e segui de costas, para o mais longe possível dele.

— Ele era um rei! – Falou entredentes – E você é uma traidora! Tirou a vida dele quando ele já estava rendido!

Aquilo sim era loucura. Eu jamais mataria um soldado rendido, nunca.

— Eu nunca faria isso! – Deixei claro – Por que não abaixa essa espada e me explica do que raios está falando? Quem é o seu pai?

E então ele surtou, apressando os passos contra mim, sua lâmina cada vez mais próxima do meu pescoço.

Andei mais rápido de costas até esbarrar na parede e perceber que ele estava perto demais para que eu conseguisse ir para outro lugar.

Sua espada me alcançou, o metal frio tocou minha pele e me fez estremecer. O garoto tremia, estava possesso de raiva, mas muito nervoso. Eu não tinha bem certeza se ele sabia o que estava fazendo.

De repente, um feixe de luz enorme passou por baixo da porta.

Por sua desobediência, audácia e desrespeito!— Ouvi a voz de Ramandu no corredor, alta e estridente, seguida dos gritos que pareciam ser de Liliandil.

Pare!— Caspian gritou.

Está a machucando! — Bradou Edmundo.

Eu a destituo da posição de minha herdeira, a proíbo de retornar aos céus e retiro toda a magia que lhe foi concedida até que se retrate! – Continuou Ramandu, a voz sequer falhava mediante os gritos da filha.

O loiro se distraiu com os sons do conflito lá fora, tirando os olhos de mim e fitando a porta. Foi quando vi uma pequena mesa encostada na parede, próxima a mim. Estiquei o braço sorrateiramente e peguei a primeira jarra de prata que consegui, batendo em sua cabeça com o máximo de força.

Ele urrou com a dor e caiu no chão, com a cabeça sangrando. Corri para a porta.

— Socorro! Alguém me tira daqui! – Gritei, batendo na porta com os punhos.

Puxei a maçaneta, mas ela não abria. Onde raios o garoto maluco colocou as chaves?

— Acha que escapará tão fácil assim? – Ele desafiou antes de passar um dos braços pela minha cintura, colocando meu corpo ao seu e apertando a espada contra meu pescoço.

Eu esperneei e gritei em seus braços, tentando me libertar a todo custo, mas ao sentir a lâmina ferir meu pescoço, parei. Ele me jogou no chão e minhas costas gritaram em protesto. Rastejei para longe dele, as lágrimas de desespero começavam a cair dos meus olhos.

— Você matou Miraz – Acusou e eu ergui as sobrancelhas em surpresa – Atirou uma flecha de pena vermelha do monte de Aslam logo depois do rei Caspian ter poupado a vida dele.

— Você é... filho de Miraz?


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam da cena do Caspian e da Susana? E do aparecimento do Ramandu? E o que dizer do surto do rapaz misterioso no final do capítulo? Me contem tuuudooo!

Só para lembrar, a música que a Hiandra canta é a There's a Place for Us, da Carrie Underwood.

Eu queria avisar também que pode ser que eu tenha alguma dificuldade em postar um capítulo novo na semana que vem, tenho quatro provas muito difíceis na faculdade, mas tentarei arranjar um tempinho na sexta, como tenho feito!

Beijos! Vejo vocês nos comentários!



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