Belong escrita por Kim Nari


Capítulo 2
Leaving Sunakagure




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/780514/chapter/2

Gaara 

Não houve nenhuma festa como tradicionalmente acontece quando alguém se casa em Suna. 

Fazemos uma grande reunião onde reunimos todos do clã para comemorar durante três dias, a nova união que nasce entre os pares, fazemos oferendas e orações para proteção da mais nova família, para que eles possam viver durante muitos e muitos anos juntos e quem sabe até possam se reencontrar na próxima vida. 

São três dias onde emana muito amor e alegria da parte de todos, mas para o clã Sabaku esse é o segundo casamento que acontece sem uma comemoração apropriada como se manda a tradição, como qualquer casal apaixonado iria querer mas esse não é o meu caso, nem ao menos conheço meu noivo, o pouco que ouvi falar sobre ele não me deixa dormir em paz. 

O clã Uchiha é conhecido nos cinco grandes países, a sua fama e poder  precedem seu nome, implacáveis e cruéis esses são os principais adjetivos ligados ao seu nome, ao mesmo tempo que são temidos como inimigos, uma aliança com eles seriam muito bem vinda, acho que esse é um dos principais motivos pelo qual o kazekage aceitou a proposta de Uchiha Itachi, além do obvio de me punir por simplesmente existir. 

Fugir está fora de questão, a segurança foi simplesmente triplicada se eu quase não podia sair de casa antes agora é que eu não posso mesmo, Kankuro também não acha prudente fugir aqui em Suna, ele acha melhor esperar até que estejamos a caminho de Konoha para fugir para bem longe daqui onde ninguém possa nos encontrar ou machucar.
 

Como manda tradição de Suna eu deveria ser entregue pelo líder do clã ao meu futuro marido, mas muito coincidentemente ele está ocupado, o que é bem melhor para nós, seria muito mais difícil fugir se o kazekage e sua guarda anbu estivesse presente, é Kankuro quem vai me levar para Konoha, para as mãos de Uchiha Itachi.

 Se esse fosse um casamento normal eu queria que Temari pudesse estar aqui, me ajudando a preparar tudo, a maquiagem e o meu traje cerimonial para quando fossemos ao templo da deusa mãe pedir bençãos e fazer oferendas, mas ela jamais seria permitida entrar em Suna novamente, muito menos participar de algo que envolvesse o clã inteiro, não depois de ter fugido de seu casamento com o filho do líder de outra vilã, junto com seu guarda pessoal. 

Acho que a família Sabaku está criando uma terrível tradição de noivos fujões,  mas a culpa não é nossa de querer viver as nossas vidas  do jeito que achamos melhor, principalmente sendo um ômega, em Suna os ômegas não podem fazer nada nem frequentar a sociedade ou receber instrução, nós não temos o direito de escolher, somos sempre escolhidos, nos tiraram nossa voz, nossa liberdade, nos tiraram tudo. 

A caravana que vai partir em viajem pelo deserto conosco já está pronta, eles só estão me esperando, está sendo um pouco mais difícil do que eu imaginei me despedir do único lar que eu já conheci dentro de mim há um sentimento de alívio e desespero misturados dentro do meu peito, ao mesmo tempo que tudo o que eu mais quis na vida era deixar esta casa e até mesmo Suna, agora que isso está prestes a acontecer estou completamente assustado com o que vai acontecer a partir de agora.  

Foi proibida qualquer demonstração de afeto que os empregados pudessem ter com a minha partida, eles não podem falar  ou fazer nada mas posso ver nítido como água suas emoções tão misturadas assim como as minhas, felicidade por estar partindo e medo pelo desconhecido. 

A única que se atreve a desobedecer meu pai é Chiyo-sama, ela é uma das servas mais antigas da casa uma ômega que viu e sabe demais, meu pai não faria nada contra ela, ele tem medo que descubram o monstro que ele é. 

Já estamos a um bom tempo sentados no meu futon apenas nos abraçando. Vou sentir muito a falta dela, ela foi a única mãe que  conheci, cuidou de mim e fez tudo o que podia para que o kazekage parasse com os castigos. 

—--- Vai ficar tudo bem meu menino, você não sabe o quanto eu orei os deuses para que você ficasse livre. ---- ela acaricia os meus cabelos antes de nos afastar para me olhar, seus olhos assim como os meus estão cheios de lágrimas. ---- E agora isso está realmente acontecendo meu querido, você vai ser livre. 

Ela me dá um de seus  sorriso brilhantes que mesmo após uma das muitas surras que eu levei me fazia querer levantar e viver, esses sorrisos brilhantes me faziam acreditar que o mundo fora de Suna poderia ser um lugar bom.

—--- Arigatô Gozaimasu Chiyo-sama por ficar ao meu lado todos esses anos e por tratar das minhas feridas e cuidar de mim como a minha mãe teria feito. 

As lágrimas que ainda estavam contidas, agora transbordam livremente por seu rosto já enrugado e cansado depois de tantos anos trabalhando para essa família. 

—--- Não precisa agradecer menino Gaara, eu fiz tudo com muito amor, ainda que isso não tenha sido o suficiente para evitar  o que você passou, me perdoe Gaara-chan, eu não  te protegi o suficiente. 

A abraço bem forte, ela fez mais do que podia sem a sua ajuda eu não teria resistido por tanto tempo. 

—--- Shh, não diga isso Chiyo-sama, você sempre fez mais do que podia, quantas vezes arriscou ser punida ao me levar comida e água naquela sala, Okaasan eu nunca vou me esquecer do que  você fez por mim, portanto não chore, eu vou ficar bem, vai ficar tudo bem. 

—--- Gaara. 

Ela me olha um pouco espantada por tê-la chamado de mãe, mesmo que  essa não seja a primeira vez que a chamo assim. 

O shoji do meu quarto é aberto sem muita delicadeza, um dos guardas anbus do kazekage espera do lado de fora com cara de  poucos amigos, pego as últimas coisas que vou precisar, e saio do quarto não sem olhar uma ultima vez para okaasan, que ainda está sentada em minha cama me olhando partir. 

—--- Sayonara okaasan. ---- Digo antes de fechar o shoji. 

Sou acompanhado a todo o tempo pelo guarda até a porta da casa, não vou sentir falta dessa casa aqui nunca foi meu lar, mas sim das pessoas que sempre tentaram me ajudar, disso sim vou sentir muita falta.

Não há comoção, mas sim austeridade da parte de todos, Kankuro com suas pinturas no rosto está mais serio que nunca os guardas parecem a ponto de arrancar a cabeça de alguém a qualquer minuto, uma presença que eu não esperava está aqui. 

O kazekage em seus trajes formais do cargo de lider dessa vila está lado a lado com Kankuro e alguns de seus guardas. 

—--- Finalmente você resolveu aparecer ---- Diz tentando me alfinetar. ---- Achei que eles chegariam antes de você. 

Demoro um segundo para entender o que ele falou, eles ? quem são eles, mesmo em meio ao calor de uma cidade fundada no meio do deserto um gelo se apossa de mim, antes que eu ou Kankuro possa perguntar quem seriam eles, vejo uma pequena comitiva se aproximar, homens em sua maioria alfas e betas de Kimono preto com um simbolo vermelho e branco gravado nele, se aproximam de nós.

O kazegake abre um sorriso que destoa de seu rosto sempre tão serio e soturno, ele da alguns passos se aproximando de mim, seus braços me envolvem em um abraço, coisa que ele nunca me deu em meus dezoito anos de vida. 

Não retribuo o abraço estou imóvel, paralisado cheio de terror com o que está acontecendo, os planos de fugir estão indo por água abaixo. 

—--- Eu aprendi a lição com o que aconteceu com a Temari Gaara, ou  você achou mesmo que eu ia deixar seu irmão que sempre te defendeu te levar para Konoha para que vocês fugissem, manchando o nome da família ainda mais ao rejeitar de uma maneira desonrosa a aliança com os Uchihas, não Gaara eu não ia permitir uma coisa dessas mesmo que me enoje a sua relação com ele, assim como nunca vou permitir que você seja feliz.   

Ele tira seus braços de cima de mim, mas continua sorrindo quando a comitiva dos Uchiha chega até nós, olho para Kankuro mas ele está sutilmente cercado por trés guardas anbus, seus olhos queimam em puro ódio. Sem som, somente movendo os lábios digo para ele não tentar nada, isso só vai piorar as coisas e nada vai mudar, o que está feito está feito. 

Fui tão tolo por realmente acreditar que poderia ser livre e feliz, os sonhos que só me permite nutrir  poucas semanas atrás são arrancados de mim um por um, sinto uma falta de ar e minha visão ficar embaçada pelas lágrimas que ameaçam cair, mas as seguro com força não posso dar esse gostinho a ele de me ver derrotado.

Mal presto atenção na conversa que os homens tem, estou tão entorpecido que nada mais faz sentido, só percebo alguma coisa quando Kankuro me abraça forte quase esmagando as minhas costelas e sussurrando bem baixinho no meu ouvido que eu não devo temer que no momento certo ele vai me buscar.

Caminho quando me é dito para ir, sem realmente prestar atenção em nada nem ninguém ao meu redor sinto que posso cair a qualquer momento, forço meus pés a darem um passo por vez na esperança de que essa sensação ruim passe.

Consigo aguentar bem, mesmo tendo alfas e betas ao meu redor formando um circulo para me impedir de fugir, ninguém fala comigo ou entre si, a não ser os dois alfas de chacra mais forte que vão à frente do grupo.

Um deles usa uma máscara cobrindo parte de seu rosto, e uma espada enfaixada em panos que vai colada a suas costas, ele volta e meia olha para trás na minha direção, já o outro, só olhou para mim uma vez e eu podia jurar que já o vi em algum lugar, tudo o que posso ver dele é seu longo cabelo negro preso numa trança.

 Perdi a conta de quanto tempo se passou ou de quanto já andamos para chegar até os portões de entrada e saída de Suna, a cidade toda já se tornou um borrão ao meu redor e os sons são apenas um ruído irritante no meu ouvido que não consigo fazer parar. 

O calor se torna insuportável para mim que nasci e cresci no deserto, o mundo ao meu redor que é só um borrão indestinguivel começa a girar, o ar se torna cada vez mais difícil de respirar, não tenho força para puxa-lo, sinto minhas pernas cederem e uma comoção se forma ao meu redor. 

Luto para me manter consciente e entender o que está acontecendo,  mas a escuridão é mais profunda e  mais forte que eu, sinto braços passaram por debaixo dos meus joelhos e pelo meu tronco, me segurando com firmeza mas sem me machucar, sinto o vai e vem de alguém andando, assim como um cheiro suave de lírios e algo á mais que não é exatamente um cheiro mas sim uma sensação de frescor e ar puro, ouço palavras suaves e gentis que chegam emboladas até o meu cérebro, mas posso jurar que elas são carinhosas e todas para mim. 

O mundo finalmente para de girar e fica escuro de vez como uma noite de lua nova sem estrela alguma. 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Belong" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.