Belong escrita por Kim Nari


Capítulo 18
17- Omega perception


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora, eu realmente queria postar esse capítulo mais cedo mas, na minha vida está acontecendo umas coisas muito tristes então eu não consigo escrever ou postar como eu gostaria , espero a compreensão de vocês.



P.s: Agradeço de coração a todos os votos e comentários que vocês deixam nas minhas não sabem como isso me deixa feliz, um bom dia a todos.



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Dois meses depois. Fim da colheita.

 

Itachi

 

As temperaturas já estavam mais amenas e quase não haviam folhas nas copas das árvores, Gaara dormia ao meu lado finalmente depois de uma semana longe dele.

 

Ele ressonava baixinho, dormindo um sono pesado depois da noite longa que tivemos, através da pouca luz que as lanternas proporcionam, posso ver suas costas brancas e as linhas das cicatrizes que se sobressaem na sua pele macia.

 

A cada dia que passa ele fica mais e mais confortável de me deixar vê-las, tocá-las, a cada dia que passa ele se liberta um pouco mais das sombras do seu passado deixando a luz entrar, é um processo lento mas, cada dia que o vejo sorrir sei que é uma batalha que foi ganha.

 

Traço uma linha que parte do ombro até quase o fim das costas com meus dedos acariciando sua pele, deixo beijos nas marcas do seu tormento mas, também é ao mesmo tempo são marcas da sua força de continuar vivendo sem jamais perder a doçura que há em seu coração, sem deixar que o ódio e a maldade entrassem em seu coração.

 

Não sabia que era possível porém, conforme o tempo avança e os meses passam me sinto cada vez mais apaixonado por esse garoto tímido e ruivo que eu conheci em um matsuri a um longo tempo atrás.

 

Ele resmunga um pouquinho durante o sono e se mexe na cama virando o rosto em minha direção, assim eu posso apreciar um pouco mais de seu sono pacifico.

 

No tempo que passei cuidando do fim da colheita pelas nossas terras, dormir ao seu lado foi uma das coisas que mais senti falta, além é claro de todas as coisas que fazem o meu dia melhor e mais feliz só por estar com ele.

 

Como ver seu rosto sonolento ao acordar, seus sorrisos que estava mais e mais frequentes, seu cheiro ou a forma tímida com que demonstra seu amor, senti falta de todos os pequenos detalhes que compõem Gaara formando uma linda pessoa.

 

Me sentia a pessoa mais feliz do mundo por tê-lo como minha família, ainda posso lembrar dos invernos frios na pequena vila próxima a fronteira na qual cresci, quando éramos só eu e ukaasan Sora vivendo em uma pequena casa de madeira afastados do centro populoso e das casa quentes e abastadas de kamuna, desde que posso me lembrar sempre fomos somente ela e eu.

 

Quando era criança não tinha ideia de como o mundo funcionava ou de quão desigual o tratamento poderia variar se você fosse um ômega, okaasan Sora sempre fez de tudo para colocar comida na mesa e não me deixar passar frio mas, mesmo assim para a sociedade conservadora e hipócrita ela era uma vergonha para a sua família por ter tido um filho sem estar casada.

 

Por tudo o que vivemos e por tudo o que ela me ensinou eu me esforçava sempre para ser justo no meu tratamento para com os ômegas, eles já carregavam o pesado estigma de serem domados e submissos as castas mais fortes. Deixo os pensamentos sombrios irem embora conforme vejo Gaara se aninhar contra meu peito passando seus braços ao redor da minha cintura.

 

O observo um pouco antes de começar a acordá-lo, ultimamente Gaara anda muito sonolento e um pouco mais sensível que o normal.

 

Esse é o último dia da colheita, e também o dia no qual oferecemos agradecimentos aos deuses e fazemos um matsuri de fim de colheita.

 

Todas essas festividades tem deixado Gaara muito animado, em uma de nossas muitas conversas noturnas ele me confidenciou que era como se ele estivesse vivendo pela primeira vez, não só existindo esperando o dia de sua morte, isso só me motivou ainda mais a lhe proporcionar todos os bons momentos que eu pudesse, porque vê-lo feliz é como compartilhar um pedacinho do paraíso.

 

─ Meu amor, está na hora de acordar ─ Sussurro próximo ao seu ouvido, vendo-o se arrepiar involuntariamente.

 

─ Só mais um pouquinho ─ Pede manhoso ─ Ainda está escuro.

 

Rio com a sua fala.

 

─ Não está não meu amor, creio até que estejamos um pouquinho atrasados para as festividades.

 

A simples menção das festividades fez com que Gaara abrisse os olhos, os arregalando assustado.

 

─ Por que você não me acordou? ─ Pergunta se sentando na cama, passando uma de suas mãos pelo rosto amassado de sono.

 

Imito seus movimentos me sentando também.

 

─ Na realidade nós não estamos atrasados, eu só queria te acordar mesmo. ─ Gaara se vira lentamente para me olhar, seus olhos verdes ele tenta fazendo um olhar zangado mas, acaba sendo ainda mais fofo.

 

─ Eu queria dormir mais ─ Choraminga ele ─ Ainda estou com sono. ─ Para confirmar o que ele disse seus olhos piscam lentamente e ele boceja.

 

─ Eu sei meu amor ─ envolvo meus braços ao redor do seu corpo o puxando para mim ─ Mas nós precisamos ir, eu sei que você não quer perder as festividades ou a visita ao templo ─ Ele assente com a cabeça beliscando sua própria bochecha para não dormir novamente ─ Quando voltarmos do templo você pode tirar uma soneca, pode ser?

 

─ Sim.

 

─ Agora vamos, o banho nos espera.

 

Ele se põe de pé e espera por mim, a sua carinha inchada e sonolenta está tão fofinha que dá vontade de morder.

 

Ao me ver de pé ele estende os braços para mim, em um pedido mudo de colo.

 

─ Me leva ─ Pede ─ Eu estou cansado. ─ Acho que não tenha nada que ele me peça com essa cara fofa que eu negaria.

 

─ Não durma ─ Alerto.

 

O que não adianta muita coisa, apenas alguns passos depois o sinto ressonar, nem a água quente do banho o faz acordar completamente, Gaara só fica completamente desperto quando saímos de casa e a brisa gélida da manhã o atinge fazendo com que ele trema, mesmo estando bem agasalhado.

 

Em um instinto de proteção ele se encolhe contra mim, procurando calor, vamos por todo o caminho até a casa dos meus pais assim colados um no outro para que ele não fique com tanto frio.

 

Mesmo o frio congelante não o faz perder o brilho nos olhos que ele tem, nas últimas semanas Gaara tem exalado uma felicidade palpável, nem é preciso da marca para sentir o quanto ele está feliz, quase brilhando.

 

Somos recebidos com uma kobati fumegante com chá de pêssego, a casa está uma bagunça cheia de pessoas, Sasuke, Naruto, Zabuza, Haku que está sentado com um bico nos lábios, com certeza queria estar de pé ajudando, Sakura, Ino, Shikamaru e Temari que assim que nos vê vem até nós com uma expressão mista de felicidade e confusão e talvez um pouquinho de irritação 

 

─ Você está diferente ─ Aponta.

 

Agora é a nossa vez de ficar confusos.

 

─ Diferente? Estou normal como sempre nee-chan.

 

─ Não está não, tem algo de diferente em você ─ Volta a afirmar ainda mais decidida, em um movimento rápido ela estreita os olhos e se volta na minha direção ─ O que você fez para ele? ─ Pergunta em uma voz baixa e ameaçadora.

 

─ Nee-chan! O que houve com você? Eu não estou diferente e Itachi não fez nada para mim. ─ Os dois se encaram fixamente sem desviar os olhos.

 

Parecendo sentir a tensão estranha do momento, Haku aparece com um pratinho cheio de anpans com recheio de feijão azuki, sorrindo largo.

 

─ Nada de estresse, hoje é um dia feliz para trazer a prosperidade para a família e para o clã.

 

Ele oferece os anpans a Temari que recusa mas, Gaara aceita se deliciando com os bolinhos parecendo não lembrar mais da quase discussão com Temari, talvez eu possa concordar com ela sobre o fato de Gaara estar estranho, desde a primeira vez que comeu anpan com o recheio de feijão doce ele odiou o gosto porém, agora ele está até repetindo.

 

─ Comida sempre melhora o humor. ─ Haku sorri contente consigo mesmo ─ Agora vamos, precisamos pegar as flores e os incensos para queimar no altar.

 

Ele leva Gaara pela mão até Naruto e okaasan, deixando-me a sós com Temari que não está nem um pouco feliz.

 

─ Eu não sei o que é, mas ele está diferente. ─ Solta antes de ir para junto de Shikamaru que beija sua testa de forma suave. 

 

─ O que deu nela? ─ Sasuke pergunta, me entregando uma bandeja pesada cheia de oferendas.

 

─ Não faço a menor ideia ─ Respondo sem realmente ter uma ideia do que ela estava falando.

 

─ Pode ser ciúmes de irmã mais velha, agora que o irmão mais novo está marcado o vínculo mais forte que ele possui é com você ─ Zabuza aparece com duas bandejas, pelo olhar mortal que Haku está lhe lançando, já dá para ter uma ideia de quem é essa segunda bandeja.

 

─ Talvez ─ respondo olhando para um Gaara sorridente do outro lado da sala, tendo seus cabelos ruivos enfeitados por uma coroa de flores brancas.   

 

Após terminarmos de arrumar os últimos preparativos, seguimos caminho por entre a floresta para o antigo templo construído naquela região que estaria recebendo ofertas em forma de agradecimento pela colheita farta que tivemos esse ano.

 

A caminhada é regada a muita conversas e risadas, Gaara vem ao meu lado no final da fila que seguimos, estamos de mãos dadas e ele não para de sorrir, tão lindo.

 

─ O que foi? ─ pergunta quando percebe que o estou encarando ao invés de andar.

 

─ Você está lindo assim ─ Digo tocando a coroa de flor que enfeita sua cabeça com delicadeza para não desmanchar.

 

Ele sorri e cora envergonhado desviando o olhar.

 

─ Bobo ─ Murmura andando um pouco na minha frente.

 

Apenas rio um pouco voltando a andar para acompanhar seus passos rápidos que vão longe, chego perto dele bem a tempo de ampará-lo em minhas mãos quando ele quase cai.

 

─ Gaara o que foi? ─ Ele se apoia em meus braços, com os olhos fechados.

 

─ Não foi nada eu estou bem. ─ Força um sorriso que sai mais como uma careta em seus lábios.

 

─ Não minta para mim ─ Peço tocando seus rosto. 

 

─ Eu não estou, realmente estou melhor, sempre que a tontura vem ela logo passa, é sempre assim.

 

─ Gaara! Então essa não foi a primeira vez que aconteceu ─ Ele desvia o olhar sem responder ─ Eu sabia, enquanto estava fora me senti mal algumas vezes, sabia que era você. Por que não me contou assim que voltei? ─ Pergunto magoado com a sua falta de confiança em mim.

 

─ Porque não foi nada grave, só uma tontura chata que vai e volta, eu não queria te magoar, nem brigar como estamos fazendo agora, me desculpe. ─ Sua voz é normalmente baixa, mas agora está ainda mais baixa quase temerosa.

 

─ Está tudo bem meu amor, eu me preocupo com você e com a sua saúde, não me esconda mais nada por favor, eu não sei o que seria de mim se algo acontecesse com você, promete me contar sempre que se sentir mal?

 

─ Prometo ─ Sussurra.

 

Beijo sua testa e voltamos a caminhar para acompanhar o ritmo dos outros, que a essa altura já devem ter chegado ao templo, não quero que Gaara fique exposto ao frio mais tempo do que o necessário.

 

Uma parte da felicidade que o envolvia antes, desapareceu depois da sua crise de tontura e da nossa conversa, podia ver o seu esforço para sorrir e ficar feliz quando chegamos ao templo. 

 

Como o esperado havia muitas famílias que faziam parte do nosso clã lá, agradecendo aos deuses pela farta colheita com a qual fomos abençoados esse ano, no meio de tantas pessoas Gaara e eu acabamos nos separando seguindo por direções diferentes, fiquei um pouco menos preocupado por vê-lo seguindo junto de Naruto.

 

As principais oferendas seriam para Shimura o deus da colheita e para o deus Hiro o senhor do fogo e protetor do clã Uchiha, desde tempos imemoriais o clã é abençoado e protegido por ele. Depois de prestar reverências a ambos os deuses junto de otosan como fazemos todos os anos, seguimos para fora das salas de oração e fomos para o pátio central onde vemos todos reunidos, menos Gaara e Naruto que chegam momentos depois parecendo distantes.

 

─ Você está bem? ─ Pergunto à Gaara enquanto o abraço, ele parece tão frágil e desnorteado agora.

 

─ Sim ─ Sussurra ele com a voz embargada e seu corpo trêmulo bem apertado contra o meu.

 

Decido aceitar por hora sua palavra, querendo voltar para casa o mais rápido possível para que ele descansasse e eu pudesse saber o que aconteceu para ele ficar naquele estado.

 

Seguimos o mesmo caminho voltando para casa, podia sentir sua respiração acelerada e uma mistura conflitante de sentimentos divididos entre alegria, medo e tristeza.

 

Estou prestes perguntar o que está acontecendo, quando sinto sua mão apertar meu kimono com força como se quisesse se segurar.

 

─ Itachi... ─ Chama meu nome antes de desfalecer em meus braços, sendo tragado pela escuridão.   

 


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