Voltando a Ser Humano escrita por Marry Black


Capítulo 8
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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O pânico de ver a aliança ali consumiu meu corpo com tanta rapidez que cheguei a me sentir nauseado, mesmo sabendo que isso era impossível. -BELLA VOLTE! - Eu tentei impedi-la, queria lhe tranquilizar que as palavras de Rosalie não passavam de blasfêmias cobertas de inveja, mas mudei de idéia, eu poderia falar com quando chegasse em casa, talvez até fosse melhor, assim teríamos privacidade e caso minhas palavras não a convencesse eu poderia lhe provar de outras maneira meu amor por ela.  

Ao invés de impedi-la me virei para Rosalie. - SUA... – Matar Rosalie me parecia uma idéia muito tentadora e com certeza apaziguaria minha ira. Pronto para socar minha amada irmã parti para cima dela, Emmett entrou na frente dela no mesmo instante, enquanto Jasper e Carlisle me seguraram.

-Filho não vá perder a cabeça! – Exigiu Carlisle enquanto eu tentava a todo custo me soltar. – Você vai se arrepender disso mais tarde e... – as palavras de meu pai não surtiam o menor efeito sobre mim, eu realmente queria ensinar de uma vez por todas a Rosalie como ter respeito por Bella.

Eu estava prestes a me desvencilhar de meu pai e Jasper quando a única voz capaz de me parar naquele momento soou em meus ouvidos. - Papai...? – Rapidamente direcionei meu olhar para a origem da voz. Nessie estava parada no batente da porta da cozinha esfregando os olhos, seu ursinho de pelúcia em sua mão. Quando foi que ela acordara? Como se adivinhasse minha indagação ela sussurrou parecendo ligeiramente assustada.  - Ouvi gritos. - É ela tinha nos ouvido.

Suspirei, acalmando-me no mesmo instante, eu não conseguia acreditar que havíamos acordado-a, e para piorar a situação, assustá-la com nossa discussão. Desvencilhei-me de meu pai facilmente, ele sabia que Rosalie fora totalmente esquecida em minha cabeça; rapidamente alcancei minha filha e a peguei no colo.

-Esta tudo bem querida... – Sussurrei, o remorso por tê-la amedrontado me consumia rapidamente. Dei-lhe um beijo na testa, Renesmee abraçou meu pescoço, escondendo seu rosto na curvatura de meu pescoço.

-Fiquei com medo... – Confessou ela quase que mudamente. Aquilo me inundou de remorso, como eu pude permitir que algo assustasse minha menina? Apertei o abraço tentando mostrar a ela que eu estava ali agora e nada mais a afetaria.

-Está tudo bem querida... Está tudo bem... Não foi nada, não há o que temer... - chacoalhei-a levemente.

Renesmee apertou com mais força minhas vestes. - Papai, onde esta mamãe?  - sussurrou ela contra as minhas vestes. Eu tinha certeza de que se meu coração ainda batesse, ele teria falhado uma batida ao ver minha menina tão assustada como estava.

Balancei-a carinhosamente, caminhando alguns passos para longe de minha família. - Ela foi pra casa querida, vamos para casa nós também, já esta na hora de irmos mesmo... Não é bom ficarmos aqui por muito mais tempo. - Eu falei sério e olhei feio para Rosalie. – Mamãe está nos esperando. – Renesmee assentiu com a cabeça, ainda manhosa, mostrando-me que ela deseja agora ir ao encontro da mãe e se refugiar em meu colo e no de Bella apenas.

"Desculpe Edward, eu falei tudo aquilo sem pensar..." – Os pensamentos de Rosalie começaram a invadir minha mente, mas bastou um olhar severo para que a mesma se calasse. Eu sabia bem o quão maldosas e intencionais haviam sido os pensamentos de Rosalie e não deixaria aquele aborrecimento e sofrimento de minha mulher passar desapercebido. Sem dar a chance de Rose tentar argumentar qualquer outra coisa, bloqueie seus pensamentos, ignorando-a completamente.

-Está pronta para ir? - perguntei a Nessie acariciando-lhe os cabelos com carinho.

-Sim. – sussurrou ela quase que mudamente. Minimamente, Renesmee levantou a cabeça de meu ombro e fitou Esme. - Vovó, onde esta minha rosa?

-Esta aqui querida. – Eu sabia que minha mãe e meu pai estavam penosos por nos verem partir tão rapidamente e em meio àquelas circunstancias, mas eu podia ver em sua mente que minha mãe compreendia que no momento era o melhor, para Bella, para Renesmee e para mim. Esme pegou um vaso de cristal para uma única flor, onde estava a flor azul que a guardiã dera a minha filha; prontamente minha mãe me entregou o vaso. - Papai irá levá-la para você esta bem? – Explicou carinhosamente a Nessie enquanto beijava-lhe a testa.

Ainda manhosa, Nessie confirmou com a cabeça. - Obrigada Vovó. – Sorri diante da educação de minha menina. Cada atitude sua graciosa como aquele simples ato enchia-me de orgulho.

Sem dizer mais nenhuma palavra, peguei a aliança de Bella e comecei a correr para casa. Minha mente trabalha com afinco sobre os últimos acontecimentos; o rosto visivelmente ferido de Bella era uma imagem que insistia em se firmar em meu peito, angustiando-me, desesperando-me. Como Bella poderia ter dado ouvidos a Rosalie? Depois de tudo que passamos... Depois de cada jura de amor e prova de escravidão?

Suspirei percebendo apenas agora o quão insegura Bella era, mesmo agora, transformada, tão deslumbrante quanto qualquer outra que um dia ela invejou. Ela nunca se sentiu a minha altura; isso precisava parar, e pararia ainda hoje!

Assim que entramos em casa eu coloquei Nessie no chão entregando-lhe a rosa. – Coloque-a no seu quarto está bem? – sorri para minha menina. Renesmee assentiu retribuindo meu sorriso. – Cuidado para não derrubar. – Pedi enquanto a visa desaparecer pelo corredor.

Dei uma olhada pela sala vazia sentindo meu peito estranhamente doer, o que aquilo significava? - Bella? – chamei-a enquanto me dirigi a cada um dos cômodos atrás de minha mulher. O silêncio foi minha única resposta, ato que deixou-me estranhamente apreensivo. Algo estava errado eu podia sentir.

Entrei por fim em nosso quarto, sento este o último cômodo a olhar, eu sabia que Bella estava lá, tinha que estar; mas ao entrar, encontrei-o vazio.

Antes que eu pudesse expressar qualquer emoção ou até mesmo assimilar o que eu havia constatado. Nessie gritou forte e desesperadamente. -PAPAIII! -  

No mesmo instante eu estava em seu quarto. - O QUE HOUVE? - perguntei aflito ao parar no batente da porta; a cena que presenciei naquele quarto me chocou.

Nessie estava sentada no chão; chorando tão intensamente que nestes poucos instantes suas vestes já se encontravam molhadas, seus olhos tomados pelo medo e pelo desespero, uma carta larga em seu colo, levemente amassada por suas pequenas mãozinhas com pequenas gotas de lágrimas em meio a si.

-Mamãe foi embora... – soluçou ela enquanto suas mãozinhas cobriram seu rosto tentando talvez esconder as lágrimas ou até mesmo acordar de um terrível pesadelo.

Fiquei alguns minutos paralisado, tentando associar o que minha menina havia me dito, tentando processar suas palavras, digeri-las, compreendê-las...

-O... O que você disse..? – Por fim minha mente conseguiu reagir, mesmo que minimamente e eu perguntei atônico, as palavras ainda estranguladas e quase sem ênfase alguma. Renesmee não respondeu, apenas estendeu-me a carta em seu colo. Movido por um choque de adrenalina eu estava ao seu lado em um instante e comecei a ler.

“Minha Pequena Princesa,

Não sei como vou dizer-lhe isso, nem mesmo se estou fazendo o certo, as lágrimas que a muito secaram em meus olhos são derramadas fervorosamente em meu coração. Nunca pensei que um dia sofreria mais do que sofri quando seu pai me deixou, mas descobri da pior maneira possível que uma dor tão aguda, existe. Nunca pensei que chegaria o dia em que eu teria que dizer-lhe adeus sem estar deixando este mundo, minha alma está se quebrando em pedaços tão pequenos que nunca ninguém conseguira juntá-la. Ter você foi a melhor coisa que me aconteceu, meu anjinho, segurá-la em meu braços e receber de ti um sorriso foi a melhor sensação que já experimentei.

Não sabes o quanto me dói estar fazendo isto, mas temo ser preciso...
Preciso me afastar da família do seu pai, e dele também, querida, não posso mais continuar aqui, não posso mais olhar para eles sem... É melhor nem pensar em nada disso. Você não deve nunca tomar minhas dores, meu amor. Seu pai e eu somos...
O importante é você saber que seu pai e eu te amamos mais do que qualquer outra coisa nesse mundo. Você é nossa razão de existir. Ontem. Hoje. E sempre.
Por favor, não pense que estou abandonando-a, pois isso seria o maior ato de blasfêmia. Queria muito poder te levar comigo, meu docinhos, mas não posso; seu lugar é aqui, ao lado de seu pai, ao lado de seus tios e avós; seu lugar é ao lado de Jacob.

Sei que você não vai entender minha atitude, mas acredite quando eu digo que nesse momento, foi a melhor decisão.
Por favor me perdoe, por ir assim, tão de repente, e por não levá-la comigo, mas nós duas sabemos que você não suportaria a saudade que sentiria de Jake. Desculpe-me também por ter sido covarde a tal ponto de não dizer-lhe nada disso pessoalmente, mas temi que as palavras me faltassem, ou que minha decisão fosse alterada...
Mas o que tive mais medo, foi de magoá-la mais do que agora a magôo. Não tive coragem de olhar nos teus lindos olhos e dizer que precisava partir. Sinto-me a pior criatura do mundo por ter feito isso, por isso espero que me perdoe.

Se cuide, meu pequeno anjo, obedeça seu pai e seja uma boa menina!
Virei te visitar assim que for possível.
Eu te amo, minha filha, você é a coisa mais importante da minha vida! Nunca se esqueça disso! Meus pensamentos, minhas orações e meu coração estarão sempre aí contigo.


Espero que um dia você possa me perdoar.

Com todo meu amor,
                                                                              Mamãe."


Entrei em choque, aquilo era... Mas não podia... Bella havia... – Sem nem mesmo comecei a soluçar. Aquele choro desprovido de lágrimas, mas trasbordado pela dor da perda e da solidão.

Bella tinha ido embora. Ela havia me deixado. Meu maior pesadelo finalmente se tornou realidade.

Quase no mesmo instante em que a verdade atingiu-me com um forte soco, a porta de casa foi arrombada, e todos os Cullen entraram na casa correndo. Sim, Alice tinha visto tudo aquilo.

Esme e Alice passaram reto por mim e Esme pegou Nessie no colo, esta a abraçou pelo pescoço cada vez chorando mais. Fiquei grato a minha mãe e minha irmã, eu queria acolher minha filha, abraçá-la e confortá-la, mas eu não conseguia nem mesmo me mexer.

-Por que ela nos deixou Vovó? Por que? - Nessie chorava em desespero, apertava as veste de Esme como se sua vida dependesse disso. - Foi alguma coisa que eu fiz, tia Alice? Foi não foi? – Para minha completa ruína. Renesmee ainda se culpava pela atitude de Bella.

-Não querida, claro que não... - Esme falava tentando acalmá-la. Como meu pequeno anjo poderia se culpar pelas monstruosidades de Rosalie? Minha mulher se fora... Minha filha sofria...  Minha vida havia desmoronado em segundos. Como cinza podia dominar tão rapidamente meu mundo?

Como se meu peito já não sangrasse o suficiente aquelas palavras carregadas de culpa e medo que saíram dos lábios de minha menina, me perturbaram com tanta intensidade que eu me senti vacilar, minha filha estava sofrendo e eu não tinha forças para me mexer e acolhe-la.

Foi então que senti alguém me abraçando, tentando me amparar, tentando não me deixar cair. Pelo cheiro, reconheci ser Carlisle.

-Eu sinto muito, filho... – sussurrou ele aos pés do meu ouvido. Sua voz coberta de compaixão pareceram ferir-me mais ao invés de abrigar-me. Nada, jamais me consolaria. Amargamente, eu sabia disso.

Não respondi nada, não sabia onde encontrar palavras para pronunciar alguma coisa, minha voz havia morrido bem como meu coração.

-Não se preocupe Edward, foi tudo um mal entendido, nós vamos achá-la e trazê-la de volta... - Emmett falou de uma maneira acolhedora, nunca imaginei ver meu irmão sempre brincalhão falando daquela maneira. Eu queria tanto poder acreditar em suas palavras, mas no fundo, eu sabia que não passavam de confortos e acolhimentos vazios que não tinham a intenção de se concretizarem realmente.

Foi então que senti uma mão firme apertar meu ombro, era Jasper, ele apenas sorriu, um sorriso coberto de compaixão, sereno; então, como se as coisas tivessem se tornado muito mais simples, o ambiente ficou calmo, tranquilo, eu comecei a me sentir, não melhor, mas menos pior.

-Filho...Fale comigo... - Carlisle tentou me tirar do meu transe, mas ainda sim eu não conseguia dizer nada. Tudo parecia ter morrido para mim. Que sentido tinha agora minha vida?

-Eu...Eu sinto muito Ed. – A única voz que eu nunca mias desejava ouvir, soou aos meus ouvidos. Era Rosalie.

Eu a olhei lentamente, ela estava parada na porta, com uma cara de arrependida; aquilo me deixou com muita raiva, nem mesmo os poderes de Jasper conseguiriam me acalmar agora.

-Sua... - eu tentei dizer fuzilando-a com os olhos. Meu corpo inteiro tremia de raiva, eu nunca desejei tanto matar alguém como a ela naquele instante. Tentei me aproximar dela, visando seu lindo pescoçinho, desejando arrancá-lo lenta e dolorosamente.

"Papai...?" - Ouvi Nessie me chamar em seus pensamentos. Parando-me. Me trazendo novamente a realidade. Imediatamente virei meu rosto para ela.

Nessie me olhava tristemente, o medo e a dor nunca se fizeram tão intensos em seus pequenos olhos; aquilo dilacerou meu coração falecido, ela estendeu os braços para mim timidamente fazendo-me perceber que minha vida não acabara, eu ainda tinha minha pequena e ela dependia da minha estabilidade para passar por essa fase monstruosa para ambos.

Me aproximei no mesmo instante e peguei-a no colo, abraçando-a com força, tentando consolá-la, tentando me consolar. Ela me abraçou e nenhum de nós falou, afinal... O que havia para ser dito?

Senti os olhos de toda a minha família nos observando, nos observando com olhares de pena, mas isso já não me importava mais. Minha única prioridade era tentar minimizar o sofrimento de minha filha e apenas isso.

-Papai? - Nessie chamou sem levantar o rosto do meu ombro.

-Sim, querida? – sussurrei enquanto a embalava levemente.

-Nós vamos atrás da mamãe, não vamos? – perguntou ela num sussurro, como se não tivesse certeza se queria ser ouvida. - Vamos encontrá-la...?

-Claro que sim, meu anjo, claro que sim... – sussurrei levemente. - Foi tudo um mal entendido, nós vamos atrás da mamãe e explicar tudo pra ela... - eu disse calmamente, tentando me recompor, não por mim, mas por minha filha.

Ela assentiu minimamente. - Obrigada... – sussurrou ela por fim, apertando minhas vestes. Caminhei lentamente até a janela, sem parar de balançar Renesmee. Meu olhar se perdeu na paisagem ao longe.

Como seriam as coisas dali para frente? Bella nos escutaria? Ou partiria para sempre? O que seria de Renesmee? Eu poderia criá-la sozinho? Eu conseguiria ainda permanecer junto aos Cullens depois do que Rosalie fez?

Tantas perguntas... E eu temia todas as respostas...

-Tudo vai dar certo, filha, - beijei o topo de sua cabeça e a trouxe para mais perto de mim. - Eu prometo pra você.


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Notas finais do capítulo

Triste né? Tomara que o Edward consiga encontrar a Bel, né?