Voltando a Ser Humano escrita por Marry Black


Capítulo 6
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem...!
Logo logo as coisas vão esquentar de vez ;)



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-Começou como um seqüestro “normal”, eles nos mantiveram presos e um quarto sem janelas... – sussurrou Clara, seu olhar ainda preso na paisagem fora. – Todos nós. Adultos e crianças, toda minha família mantida refém. – suas mãos se apertaram. – Achamos que eles queriam apenas nosso dinheiro, estávamos dispostos a dar, só queríamos retornar para nossa casa, são e salvos. Mas eles tinham planos maiores para nós.

Engasguei com que eu vi que estava por vir, mesmo sem conseguir ler os pensamentos da guardiã.

-Os dias passaram, a comida era escassa, mal dava para sobreviver, as vezes eles se irritavam, e nos usavam para desestressar, eles nos batiam sem dó nem piedade, xingavam-nos e cuspiam em nós. – ela fechou os olhos e algumas solitárias lágrimas escaparam por seus olhos. – Algumas vezes eles quiseram se saciar e... – ela respirou fundo, reprimindo um soluço. – As vezes eu ainda consigo senti-los tocando-me... – ela se abraçou, nitidamente transtornada. – Acho que seus cheiros nunca realmente deixaram meu corpo. – Ela não parecia mais falar conosco, estava presa nos males de seu passado.

Fechei meus olhos e permiti através da mente de Clara, uma vez que uma brecha surgiu, o quão intenso e profundo eram aqueles sentimentos, não importava quantos anos passassem o que aquela mulher viveu a assombraria pelo resto da vida.

Um silêncio intenso e desconfortável surgiu entre nós, mas ninguém estava verdadeiramente disposto a quebrá-lo, bem ou mal, aquele era o momento da guardiã, não tínhamos o direito de interferir, principalmente depois de tudo que ela havia feito por nós; precisávamos deixá-la viver sua dor, só isso minimizaria seu sofrimento.

Clara limpou as lágrimas de seus olhos e caminhou até a janela, debruçando-se sobre o parapeito da mesma. – Nós fomos vendidos a um novo traficante, ou assim pensávamos. Ele não era como os outros, ele era sádico, seus olhos tão vermelhos quanto o sangue que corria em nossas veias, era forte, belo, sua pele tão branca quanto a neve, o perigo parecia emanar ardentemente de seu corpo...

-Um vampiro. – sussurrei sem precisar ler em sua mente, a descrição já era mais do que clara para mim. Clara se virou para nós, assentindo, seu rosto mais composto agora, o choro tinha cessado por completo.

-Ele torturou minha mãe e todos os meus irmãos, eu vi cada um deles implorar desesperadamente pela morte e um a um, eu vi minha irmã enlouquecer a ver aquele homem beber o sangue de seu filho em sua frente, arrancando-lhe lentamente a vida de seus olhos. – Estremeci só de imaginar ter que presenciar algo assim a Renesmee. – Um a um, ele foi torturando e matando, até que só havia restado eu. – Clara deu um suspiro cansado. – Eu não estava mais em crise a essa altura, estava serena, sabia o que estava por vir e sabia que em breve eu estaria com minha família. Mas não foi o que aconteceu.

-Em seu ápice de sadismo ele disse que meu sangue era sujo demais para lhe molhar os lábios e ele me tornaria no que ele era, para que eu também dependesse de sangue e matasse pessoas, para que um convivesse com meu próprio ódio, para que eu passasse o resto da eternidade fazendo com outros, o que eu tanto abominei que ele havia feito comigo.

-Ele te transformou. – declarou Rosalie com segurança. A guardiã concordou.

-Mas eu jamais seria igual a aquele monstro, me reprimi, forcei-me a comer comida humana e beber água. – Emmett e Jasper fizeram cara de desgosto. – Eu não seria igual a ele. Aos poucos eu fui me acostumando com aquilo, descobri que sangue animal poderia garantir minhas forças, eu não precisava matar ninguém para sobreviver. Então eu percebi que eu queria sim ser o que quer que ele havia me tornado, eu queria ser igual a ele em força para poder impedir que mais vidas inocentes fossem tiradas. Eu não queria me vingar dele, mas impedir que ele agisse de novo.

Clara abriu um sorriso leve. – Foi então que eu adormeci, pela primeira vez desde que havia me transformado. E sonhei com essa missão, sonhei com esse fardo, sonhei com algo ou alguém me explicando as condições de um guardião e me oferecendo poderes para fazer justiça e re-estabelecer a paz no mundo vampiro, pois as coisas a muito tempo havia saído do controle.

-E você aceitou. – pontuou Bella. Clara lhe sorriu, assentindo.

-Eu já havia perdido tudo, se eu tinha a chance de impedir que outros perdessem tudo também, eu o faria. – Declarou Clara com firmeza. – Quando acordei, a tatuagem estava em minhas costas, os poderes em minhas mãos, e eu já os controlava como se os tivessem por toda a vida.

-E quanto a conseguir transformar vampiros em humanos, isso também é um poder de um guardião? – Rosalie perguntou afoita, sem conseguir esconder sua ansiedade. Carlisle lhe lançou um olhar severo que ela ignorou totalmente.

-Não, não, esse é o meu poder, o que eu trouxe de mais preciso da minha vida humana.

-O que quer dizer? – Perguntou Carlisle.

-Ora, - Clara falou divertida. – Assim como Alice vê o futuro, Edward lê mentes, Bella tem a proteção mental, Rosalie a beleza, Emmett a força, Jasper a sensibilidade para sentir os sentimentos alheios, Esme o amor de mãe e você o autocontrole; eu trouxe da minha vida humana aquilo que me era mais precioso, minha vida humana.

-E você pode transformar alguém permanentemente? – Insistiu Rosalie ambiciosa.

-Não. Sempre é por um período pré-determinado; é como se eu precisasse colocar uma data e uma hora para o vampiro se transformar de volta.

-E se ele morrer antes de voltar a ser vampiro? – Rosalie estava se tornando inconveniente e Clara parecia estar ficando incomodada com aquela insistência quase obsessiva.

-Então você morrerá definitivamente, não há como voltar a vida. – declarou a guardiã com firmeza, e já prevendo uma nova pergunta de Rosalie ela continuou. – Quanto mais tempo ou mais pessoas eu transformo, mais eu me enfraqueço, isso me custa muito caro, por isso só costumo usar em situações como a de hoje, rápido e apenas para intimidar... – Ela cortou sua frase no meio e olhou para fora da janela, como se tivesse visto ou ouvido algo que nós não ouvimos.

-Algum problema? – perguntou Carlisle delicadamente.

Clara suspirou e voltou a nos fitar. – Sinto muito, meu tempo de folga acabou, preciso ir. – Ela tomou a capa de viagem e a vestiu, antes que qualquer um dissesse ou fizesse alguma coisa ela sorriu. – Cuidem-se. – E partiu.


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Notas finais do capítulo

Triste né?