Depois de beijar a inocente mulher, o príncipe se afastou.

—Sinto muito eu não resisti - ele explicou

Odette não falou nada, apenas colocou às mãos a boca.

—Foi seu primeiro beijo? - o príncipe perguntou.

Odette fez que sim com a cabeça.

—Imaginei - Siegfried falou.

Eles ficaram um tempo calados.

—Você gostou? - perguntou Siegfried.

—Sim, eu gostei, era o meu sonho, sentir seus lábios nos meus pelo menos uma vez, poder toca-ló sem medo e sem culpa - Odette disse.

—Era o meu também, minha mãe quer me arrumar uma esposa, quer que eu me case com uma nobre ou com alguém que faça parte da realeza, mas nenhuma das moças que ela me apresentou me atraem pois meus pensamentos estão sempre em você, é com você que eu quero ficar e somente com você - ele falou pegando as mãos dela.

—Eu também quero ficar com você, mas não posso - falou Odette.

—Como assim não pode? - perguntou Siegfried.

—Siegfried, eu sou um cisne em metade do meu dia, uma humilde e solitária, se nem minha mãe aguentava isso, imagina você? - Odette perguntou.

—Eu não me importo, eu só quero ficar com você - disse o príncipe.

—Não podemos - Odette falou e se afastou.

—Odette...

—Por favor, Siegfried, me deixe sozinha - ela pediu e foi embora deixando o príncipe arrasado.

Na vila, Luna afiava suas flechas quando um homem jovem e muito bonito apareceu sorrindo pra ela.

—Pois não? - ela perguntou e logo reconheceu o homem, era o mesmo que tinha falado sobre a cura pra o envenenamento de Phillipe.

—Eu estive me perguntando se conseguiu achar a cura - ele falou.

—Sim, sim, muito obrigada, eu fui procurar você pra agradecer mas não te encontrei em canto nenhum, você é novo aqui? - perguntou a jovem guerreira.

—Sim, antes eu morava na floresta mas meu primo me encontrou e me convidou pra morar com ele aqui na vila, já tinha ouvido muitas histórias sobre você, me disseram que era bonita, só nunca imaginei que fosse tanto - ele falou sorrindo.

Luna não sorriu, ficou calada e depois de uns instantes falou:

—Qual é o seu nome mesmo, rapaz? - ela perguntou.

—William, William Turner - ele disse.

—William, acho que houve um mal entendido, sabe que eu sou noiva, não? - ela perguntou.

—Sim, eu estava apenas fazendo um comentário, senhorita - William falou.

—Ah sim, me...me desculpe, eu que estou sendo paranoica e por favor me chame de Luna - Luna disse.

—Gostaria de me acompanhar em uma caminhada, Luna? - William convidou

—Está bem - ela disse e se levantou, eles olharam pra os lugares da vila e começaram a caminhar lado a lado.

—Bem, eu reparei que você vive com esse seu arco e flecha, a quanto tempo sabe usa-ló? - ele perguntou.

—Desde os cinco anos - Luna respondeu.

—Nossa, então você é profissional mesmo - ele comentou.

—Sim, eu na verdade gosto muito de ensinar crianças a usar o arco e flecha, ensinar elas a se defenderem sozinhas sem serem dependentes para que no futuro sejam corajosas e orgulhosas de si mesmas - ela explicou.

—Aposto que elas erram bem mais do que você - William falou.

—Na verdade eu nunca erro - Luna disse com um pequeno sorriso de lado.

—Uau! Você poderia me ensinar também, sempre quis lutar com arco e flecha - William disse.

—Claro, se quiser, faço com o maior prazer - disse Luna.

William olhou pra ela sorrindo e aproximou sua mão de seu rosto, Luna pegou a mão dele com força, rapidez e violência antes que tocasse seu rosto.

—O que pensa que está fazendo?! - ela perguntou.

—Eu só ia tirar essa flor que caiu no seu cabelo - ele explicou tirando a flor roxa que havia caído em seu longo e lindo cabelo escuro.

—Ah, entendo sinto muito eu não sou assim, é que eu conheci um vidente e ele falou uma coisa que me deixou aflita e estou preocupada que isso seja verdade - explicou ela.

—Entendo, você diz preocupada pra não dizer que está com medo - disse William.

—Eu não tenho medo - Luna falou firme.

—Até mesmo os mais corajosos sentem medo as vezes, Luna - William disse.

—Ora, ora,ora, vejo que está com um cara novo, seu noivinho sabe que anda botando chifres nele? - perguntou Fleury ao aparecer e se aproximar.

—Chega Fleury! - Luna disse furiosa.

—Está nervosinha é? Talvez você esteja mesmo fazendo ele de corno, sua vadia - Fleury disse.

Luna o empurrou com violência contra a parede e apertou seu braço.

—Seu desgraçado, escroto de merda - ela disse apertando o braço dele com cada vez mais violência.

Fleury gritava de dor e algumas pessoas ao redor olhavam.

—Luna, chega, não faça isso, você é melhor que isso, esse cara não vale nem o seu toque - William disse.

Luna o soltou empurrando ele e suspirou.

—Essa é a última vez que eu lhe poupo por seus comentários, na próxima vez eu juro que eu lhe ponho pra fora da vila e ficarei muito feliz de fazer isso, pode crer - ela disse e chutou ele no chão.

—Luna! - uma voz de longe falou.

Luna parou de prestar atenção em Fleury que fugiu dali e as pessoas foram embora, menos William, Luna viu que a voz era de Odette que estava se aproximando dela.

—Luna, preciso falar com você - disse a moça.

—Claro, se importa de falarmos outra hora, William? - perguntou a arqueira.

—Sim, claro, nos falamos depois - William disse e saiu.

—Quem é aquele? - Odette perguntou.

—Não me pergunte - Luna disse e elas começaram a andar.

—Eu estou em crise - Odette explicou.

—Porque? Aconteceu alguma coisa? - Luna perguntou.

—Eu realmente estou apaixonada - Odette explicou.

—Nossa, isso é ótimo, porque parece triste? - perguntou a arqueira.

—Ele é o príncipe, ela sabe sobre a minha maldição, mas eu não posso ficar com ele, ele não vai aguentar viver com um cisne - respondeu ela.

—Odette, se ele não aguentar ele é um babaca e um frouxo - falou Luna.

—Seja sincera, Luna, se você se apaixonasse por uma pessoa que se transforma em um cisne, iria se importar com isso? - perguntou Odette.

—Claro que não! Eu acho que quando amamos alguém vale a pena lutar pela pessoa não importa os defeitos que ela tenha! - Luna explicou.

—Fácil falar não é? Você nunca se apaixonou e nunca irá se apaixonar por um cisne, sempre foi e sempre será o Phillipe - Odette disse.

—Não, não irei, mas aceitaria a pessoa do jeito que ela é, quem não aceita não merece nem o olhar da pessoa, confie em mim,Odette, se ele realmente te ama ele não vai desistir de você - Luna falou.

Odette sorriu e abraçou ela.

Se ao menos fosse fácil

No reino de Label, o príncipe Siegfried se encontrava no seu quarto com os pensamentos novamente em Odette, ela não a tirava da cabeça de jeito nenhum, as imagens do sofrimento da jovem partia seu coração em milhares de pedaços, ele tinha que dar um fim naquilo já!

Ele resolveu sair da cama, se trocar e pegar sua espada, iria até Tinibris, procuraria por Rothbart e daria o fim nele de uma vez por todas.