No dia seguinte, Odette em sua forma humana notou uma estranha movimentação na floresta, na noite anterior ela tinha ido procurar por Luna, mas não a achou, achou somente Phillipe desesperado e preocupado com ela, o que fez Odette ficar preocupada também, ela tinha decidido que iria procurar por Luna, não podia deixar sua melhor amiga morrer.

Odette foi até o local onde tinha ouvido algo e Siegfried saiu de lá com uma espada na mão, ela tomou um susto.

—Siegfried, o que veio fazer aqui? - ela perguntou.

—Te matar é claro, hoje você não escapa - ele respondeu.

—Me escuta, eu sei que o meu Siegfried, o Siegfried que eu me apaixonei ainda está aí dentro - Odette falou.

—Ele está morto, assim como você - falou o príncipe e jogou a espada nela, por sorte ela conseguiu desviar mas a espada passou raspando cortando seu braço.

—AHHHHH - Odette gritou de dor.

Siegfried a empurrou contra a parede pegando novamente sua espada.

—Eu tenho que te matar - ele disse.

Odette olhou nos olhos dele, ele não fazia nada, apenas olhava nos olhos dela também, até que uma pequena pedra atingiu sua cabeça, parecia que tinha vindo de um estilete.

Odette olhou assustada, havia um menino e uma menina olhando pra ela, os dois pareciam ser adolescentes.

—Não se preocupe senhorita, você está salva agora - disse o garoto.

—Quem são vocês? - perguntou Odette.

—Meu nome é Ivana e esse é meu irmão Nikolai - a menina apresentou.

—Nós somos gêmeos - acrescentou Nikolai.

—Quantos anos vocês tem? Cadê os pais de vocês - Odette perguntou.

—Somos orfãos senhorita, nós moramos na floresta desde que nossos pais morreram, o tempo que passamos aqui tentamos salvar aqueles que estavam em perigo e procurar abrigo, parecia que você estava em perigo - falou Ivana.

—Não, quer dizer sim...eu também tenho uma irmã gêmea e ela enfeitiçou o homem que eu amo pra que ele me mate - explicou Odette.

—E cadê ele agora? - perguntou Ivana.

Odette olhou pra trás onde Siegfried havia caído no chão, ele havia sumido

Um pouco distante de lá, Luna estava correndo na mata, ela havia passado a noite tentando perseguir a bruxa e não havia conseguido, ela estava com fome, cansada e com sede, mais mesmo assim tinha que continuar, não iria descansar até achar a bruxa.

Ela achou uma gazela na floresta e imediatamente atirou uma flecha em seu coração pra que ela não sentisse dor, não aguentava mais, ela ascendeu uma fogueira e comeu a gazela enquanto sentava no chão e pensava aonde a bruxa poderia estar, derrepente ela ouviu uma movimentação, tinha alguém observando ela de longe, Luna finalmente reconheceu, era a bruxa.

Ela largou os pedaços da gazela assada e correu atrás da bruxa, a bruxa tentou fugir mas Luna acertou uma flecha bem no pé dela fazendo ela cair, depois ela chegou até ela e a segurou com violência contra a parede.

—Você... eu sei que foi você que fez aquilo, jogou uma praga na minha vila e alterou o clima lá! Desfaça isso agora! - gritou ela.

—Receio que eu não posso - disse a mulher de meia idade.

—Como assim? Faça isso agora! - Luna gritou apertando mais ela contra a parede.

—Não cabe a mim fazer isso, apenas você pode - explicou a bruxa.

—O que? O que eu devo fazer? - perguntou Luna.

—Deve matar o responsável por isso - a bruxa explicou.

—O que? - Luna perguntou confusa.

—Aquele homem, Fleury, ele que fez um acordo comigo, pagou um preço muito caro pra que eu jogasse a praga na vila, o único jeito de acabar com tudo isso é matando ele - explicou a bruxa.

—Do que você tá falando? Eu não mato - Luna disse.

—A escolha é sua, ou você mata o responsável por tudo isso ou seu povo inteiro irá acabar morrendo - explicou a bruxa.

—Deve haver outro jeito - Luna disse.

—Não tem - a bruxa falou.

Luna soltou ela com violência e saiu correndo dali, tinha que resolver isso de uma vez por todas.

40 minutos depois, a jovem chegou ofegando até a casa do vidente, ela sabia o que deveria fazer.

Já estava escurecendo, Odette tinha ido até um local seguro com Ivana e Nikolai, eles ascenderam uma fogueira enquanto conversavam sobre suas histórias.

—Poderiamos ficar com você durante um tempo senhorita? É que gostamos muito de você - pediu Ivana.

Eles haviam passado a tarde conversando enquanto riam e contavam suas histórias, pela primeira vez em muito tempo, Odette não se sentia mais sozinha.

—Mas é claro, desde que parem de me chamar de senhorita, já disse pra me chamar de Odette - disse ela sorrindo.

—Obrigada Odette - falou Nikolai e ele e Ivana foram até lá pra abraçar ela.

Odette se sentia muito melhor com aqueles adolescentes lá, parecia que eles iriam formar uma família, ela mal podia acreditar no que estava acontecendo, derrepente eles ouviram um barulho vindo de dentro da floresta.

—O que foi isso? - perguntou Ivana.

—Eu vou lá olhar - disse Nikolai pegando seu estilete.

—Nikolai cuidado...

—Relaxa Ivana, quantas vezes já passamos por isso antes? - perguntou o menino.

—Estaremos esperando por você, qualquer problema corra pra cá - Odette disse.

—Eu volto rápido, prometo - Nikolai disse e saiu correndo pra dentro da floresta escura.

por algum motivo, Odette se sentia nervosa e com medo.

—Seu irmão sabe lutar? - perguntou Odette.

—Sim, nós dois sabemos, aprendemos a nos virar sozinha já faz um tempo, ele vai voltar - Ivana garantiu.

Se passaram quinze minutos e Nikolai ainda não havia voltado.

—O que será que aconteceu? - Odette perguntou.

—Ele vai voltar, ele tem que voltar - disse Ivana desesperada.

—Você quer esperar aqui? - perguntou Odette.

—Não, temos que ir pra lá, Nikolai pode estar com problemas - falou Ivana angustiada.

Ela e Odette resolveram entrar na floresta, estava frio e as árvores estavam um pouco espinhentas, além disso o céu estava mais estranho e assustador do que nunca, parecia estar uma mistura de amarelo com vermelho, Odette nunca havia visto o céu desse jeito.

—Ele não deve estar muito longe - Ivana disse.

Elas andaram mas um pouco até verem uma cena capaz de gerar um trauma em alguém pelo resto da vida.

—AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH - gritou Ivana

Nikolai estava no chão com a cabeça arrancada, completamente morto com os olhos abertos.

—AI MEU DEUS! - Odette gritou com as mãos à boca.

—NIKO, NÃO! NÃO! NÃO! NÃO! - Ivana gritava enquanto chorava desesperadamente.

Odette só conseguia chorar enquanto olhava pro garoto morto.

Ivana levantou ainda chorando.

—Quem poderia ter feito isso? - Odette perguntou.

—EU NÃO...

Ivana foi interrompida pois teve seu coração arrancado e caiu no chão morta, era Odile.

—IVANA NÃO! - gritou Odette chorando cada vez mais.

Só poderia ser ela, Odette nunca ficaria em paz enquanto Odile estivesse viva pra a atormentar o resto de sua vida.

—Oi irmã, gostou da surpresa? - Odile perguntou sorrindo.

—PORQUE?! O QUE VEIO FAZER AQUI, VEIO ME MATAR? - perguntou Odette.

—Ora mas é claro que não! O que te fez pensar que eu faria isso com minha irmãzinha...quem vai te matar vai ser ele - Odile disse e Siegfried apareceu com uma espada partindo pra cima de Odette.

Odette desviou e fez ele tropeçar no chão, ela tentou sair correndo mas ele a segurou pelos pés fazendo ela cair também, depois ele a levantou e a empurrou contra uma árvore estendendo sua espada.

Ele só olhava pra ela com a espada estendida.

—O que está esperando?! Mate-a, agora! - ordenou Odile.

—Sieg...sou eu Odette, você sabe disso, você sente isso - Odette falou.

Siegfried fechou os olhos e começou a ofegar.

—Eu estou mandando você dar o fim nela, não se atreva a desobedecer sua rainha - Odile falou.

—Olhe pra mim, você sabe que não consegue fazer isso, sabe que o único feitiço mais poderoso do que qualquer outro é o amor, prove que seu amor por mim é maior e mais forte do que qualquer outra coisa Sieg...você disse isso lembra? Disse que nada poderia mudar o que sente por mim e eu digo o mesmo, nada vai mudar o que eu sinto por você, mesmo que você esteja diferente, eu não vou desistir de você jamais, eu jamais te deixarei ir de novo, eu te amo com tudo que tenho e vou te amar até meu último suspiro - Odette explicou.

Siegfried fez uma expressão triste enquanto ofegava, parecia que ele ia chorar.

—SIEGFRIED! MATE-A AGORA! - gritou Odile.

—Te conhecer foi a melhor coisa que já me aconteceu, eu me sentia sozinha completamente na escuridão, mas você foi a minha esperança, você foi a minha luz e ainda é, independente de qualquer coisa, eu nunca vou desistir de você, eu te amo e você me ama também, vamos... você é mais forte que isso, nosso amor é mais forte que isso - disse Odette.

Siegfried largou a espada e lágrimas escorreram de seu rosto

—Odette! - ele falou beijando ela enquanto os dois choravam.

—O QUE É ISSO?! EU MANDEI MATA-LÁ AGORA, SEU FROUXO! - gritou Odile e tentou atacar ele, mas ele deu uma cotovelada nela fazendo ela cair no chão e apontou a espada pra ela.

—Acabou, seu feitiço e suas maldades acabaram, eu não sou mais seu cachorrinho...não importa qual feitiço você faça,eu não te amo e nunca vou te amar, você nunca mais tentará ficar entre mim e Odette de novo e mesmo que tente, não irá conseguir - o príncipe falou.

Odile rosnou e fez uma cara de raiva.

—Isso não ficará assim, guardem minhas palavras...muito em breve eu irei faze-lós queimar em suas próprias peles...eu mal posso esperar pra ver, e quando acontecer, pode ter certeza...vai ser da pior maneira possível! - disse Odile furiosa e se transformou no cisne negro voando pra longe.

—Siegfried - Odette disse abraçando ele.

—Tá tudo bem...tá tudo bem eu prometo - ele falou abraçando ela de volta.

Na vila, Luna chegou completamente séria, estavam todos fora, morrendo de frio e de fome enquanto Fleury causava uma revolta e não prava de gritar com seus seguidores, todos estavam com tochas de fogo.

—LUNA! - Phillipe gritou correndo até ela pra beija-lá, Sophia, Maia e Nathaniel correram até ela também.

—OLHA SÓ QUEM CHEGOU! A RESPONSÁVEL POR TUDO ISSO! A "LÍDER" QUE ABANDONOU O PRÓPRIO POVO E OS DEIXOU MORREREM AQUI! - gritou Fleury.

Todas as outras pessoas gritavam com ele.

—Você...é o único responsável por isso tudo Fleury - Luna falou fraca, quase desabando no chão.

—O QUE?! HAHAHAHAHAHAHAHAHA AGORA A PUTINHA DE QUINTA QUER ME CULPAR POR AS COISAS QUE ELA FEZ, DÁ PRA ACREDITAR NISSO?! - Fleury perguntou.

O povo estava calado

—Você fez um acordo com aquela bruxa, fez um acordo pra que ela jogasse uma praga e alterasse o clima daqui, assim a vila ficaria em crise e você iria me culpar, ao colocar todos contra mim, você iria me dar o golpe e assumir a liderança e assim a maldição acabaria, pois tudo faz parte daquele feitiço - Luna explicou olhando pra ele com desgosto.

—HAHAHAHA VOCÊS ACREDITAM MESMO NO QUE ESSA PIRRALHA FALA SOBRE MIM? VAI VER FOI ELA QUE FEZ ISSO TUDO! ELA É A CULPADA, MATEM ELA! - Fleury gritou.

Mas ninguém se mexeu, parecia que o povo não sabia em quem acreditar.

—Eu já sabia que você não prestava, mas nunca imaginei que pudesse chegar até esse nível, eu tenho pena de você, pena e nojo, mas não fique feliz...não fique achando que não vai pagar pelo que fez, isso tudo acaba agora - Luna disse pegando uma flecha e mirando no coração dele.

—Vai atirar em mim Luninha?! HAHAHAHA nós dois sabemos que você nunca mata e nunca teria coragem de...

Luna disparou a flecha até o coração ele fazendo ele cair no chão morto e chocar todas as pessoas.

Derrepente tudo ali parecia estar mudando, o clima ficava cada vez menos frio e as pessoas que estavam doentes se levantavam curadas, todos estranharam tudo.

—O que? - Luna ouvia as pessoas falaram olhando chocadas em volta delas, parecia que tudo estava de volta ao normal.

Phillipe sorriu e abraçou a noiva.

—Eu disse que você iria conseguir - falou ele botando as mãos no rosto dela.

—Nós dois conseguimos - ela o corrigiu e o beijou.

Todos em volta sorriram e foram até Luna pulando de alegria, pedindo desculpas, implorando por perdão e saudando ela, embora ainda estivessem surpresos com sua atitude de matar Fleury.

—Você conseguiu! Me desculpe ter duvidado de você, Luna, você provou de vez ser a guerreira que sempre precisavamos! - disse um homem.

—Você é minha heroína, Luna - disse outra pessoa.

Luna deu um pequeno sorriso, não estava se sentindo nada bem levando em conta como haviam sido suas últimas horas.

Phillipe se deu conta e a pegou nos braços.

—Acho que ela precisa descansar...e vocês também - disse Phillipe.

Nathaniel pegou o corpo pesado de Fleury para arrasta-ló até o estábulo.

De noite, Luna entrou no estábulo e olhou feio pro corpo de Fleury, ela olhou pra flecha que ainda estava em seu coração e a retirou.

Fleury suspirou assustado, ele estava vivo.

—O que aconteceu? - ele perguntou.

—Você  morreu e depois voltou - Luna explicou séria.

—Você...você atirou em mim eu me lembro, porque estou bem agora? - ele perguntou.

—Você não está bem Fleury, as coisas não vão voltar ao normal como você imagina, eu atirei em você com uma flecha especial, uma flecha encantada que ao penetrar em você faz você ficar morto por hora, mas quando retirada você volta a viver, consegui isso na casa do vidente, eu posso ser qualquer coisa...mas uma assassina como você eu não sou e jamais serei - explicou a arqueira.

—Então? E agora? Vai me matar de verdade? - ele perguntou.

—Não, não irei, acabei de dizer...mas nem por isso você vai ficar bem, você está expulso dessa vila pra sempre, e se algum dia tentar voltar dessa vez não tem mais chance, o povo vai até você e aí sim você vai morrer de verdade - Luna explicou.

—Você se acha muito esperta não é garota? - perguntou Fleury furioso.

—Esperta? Acho que a palavra melhor  seria inquebrável, pelo menos pra alguém como você, essa conversa está encerrada, eu espero que você tenha levado ela a sério porque senão, já sabe o que vai acontecer, você não pode me derrotar Fleury, pessoas como você estão destinadas a ficar na merda pra sempre exatamente onde deveriam estar e não aqui... adeus - Luna disse.

Nathaniel e Phillipe entraram e levaram Fleury de lá, ele gritava e rosnava.

—ISSO AINDA NÃO ACABOU! VOCÊ AINDA VAI PAGAR BEM CARO POR ISSO! - ele gritou enquanto era levado.

Luna suspirou aliviada enquanto Phillipe e Nathaniel levavam ele ate a floresta, derrepente apareceu uma figura do nada na frente dela fazendo ela tomar um susto.

—O que você pensa que está fazendo aqui? - perguntou Luna pra bruxa.

—Você descumpriu o combinado, ele deveria estar morto - a bruxa falou.

—Acho que você se enganou comigo, eu não sei com que tipo de pessoas você convive mas eu sou diferente delas, eu...não...sou uma assassina - Luna disse friamente.

—Se eu fosse você eu tomava cuidado mocinha....coisas ruins acontecem quando me desobedecem - a bruxa falou.

—Ah é? Então mostre, vá em frente, tente me derrubar, eu não tenho medo de você e jamais terei, talvez você se ache uma rainha porque é poderosa mas você não é nada...e se causar mais algum prejuízo pra minha vila eu juro que vou acabar com você - Luna falou.

—Mas como é corajosa...fico admirada, talvez agora você ache que é invencível, mas minha jovem...você pode escapar de várias coisas menos do destino, nos vemos muito em breve - a bruxa disse e desapareceu