P.O.V.  Hugo

   Depois de alguns meses planejando a forma perfeita de recuperar o Mapa do Maroto, claro que a Lily quase me matou quando descobriu que eu perdi ele, mas o que eu posso dizer, eu não esperava que o Flich encontrasse ele! O que aconteceu naquele dia foi que eu, Lys e o Louis estávamos armando uma armadilha para o Goyle, (ele tinha jogado o Louis no lago alguns dias antes, então decidimos revidar) mas quando estávamos quase terminando ouvimos um barulho e nos escondemos, o problema foi que eu não percebi quando o mapa caiu do meu bolço e quando Flich apareceu ele, para a minha desgraça, reparou no mapa caído então o confiscou.

   Tinha marcado com todos na Sala Precisa para revisar o plano, dessa vez todos iriam participar, eu, Louis, Lucy, Lily, Lysander e até mesmo o Lorcan, todos estávamos determinados a conseguir o Mapa do Maroto de volta. As pessoas foram chegando pouco a pouco, mas a primeira a chegar foi a Lily.

   - Oi Hugo!- Lily falou um pouco irritada, ela não gostava da ideia de que eu tinha perdido o mapa- Alvo já está me cobrando o mapa! É bom seu plano funcionar!

   - Ele vai!- Falei chegando para o lado aonde estava sentado dando espaço para ela que se sentou- Confia em mim!

   - Eu confio em você!- Ela disse em olhando- Só não estou de muito bom humor hoje, então não estou com muitos pensamentos positivos!

   - O que aconteceu?- Perguntei preocupado, Lily normalmente era um raio de sol ambulante, ela estava sempre sorrindo e alegre, então quando estava trite era porque algo tinha acontecido- Pode contar pra mim.

   - Helena Goldenstain- Ela disse e eu já compreendi, aquela menina era apaixonada por mim, eu já dei um zilhão de foras nela, mas ela continua a me Perseguir e as vezes até a incomodar a Lily, o que me deixa muito bravo- Ela jogou suco de abobora em mim e me disse para ficar longe de você. Claro que eu não vou escutar ela, então eu joguei pudim nela e sai.

   - Não liga pro que ela diz! E nem ouse ouvir ela e se afastar de mim! Vou grudar em você feito chiclete!- Eu disse a abraçando de lado na esperança de fazê-la dar uma risada, que veio junto com a retribuição do abraço- E mais uma coisa, não sei como ela ainda tem esperanças! Nunca que eu vou querer ficar com ela!

    - Bom mesmo!- Ela disse rindo e apoiando a cabeça no meu peito- Não quero uma chata dessas na minha família!

   - Pode apostar que você nunca vai ter!- Eu falei rindo e apoiando o meu queixo em cima da cabeça dela, senti um bom, era suave, mas não reconhecia do que era- Que cheiro é esse?

   - É o meu perfume!- Ela disse dando uma risadinha- É de lírios, só pra variar! Achou ruim?

   - Não! Muito pelo contrario, achei ótimo esse cheiro!- Falei dando mais uma fungada em sua cabeça que a fez rir- Cheiro de lírios! Combina com você!

   - Obrigada- Ela disse baixinho, parecia que estava envergonhada, mas antes que pudesse dizer alguma coisa o Lorcan e o Lysander entram pela porta o que fez com que ela se afastasse um pouco de mim.

   - Eu já disse!- Falava o Lysander- Não deve ter acontecido nada! Ela só devia estar com uma alergia ou algo assim!

   - Eu acho que ela estava chorando! Não discutiu com você porque tu esbarrou nela! Se ela estivesse bem teria começado a te irritar!

   - O que aconteceu?- Perguntou Lucy que apareceu logo depois sendo seguida por Louis- Quem estava chorando?

   - A Luiza...- Lorc disse, mas foi interrompido pelo Lys antes que continuasse.

   - Esbarramos com ela no corredor, ela estava com os olhos vermelhos e com a voz fraca, eu acho que não devia ser nada, mas o Lorc insiste que ela estava chorando!- Lys disse rápido antes que o Lorcan o interrompesse- E se estivesse, o que temos haver com isso? Ela nunca foi gentil comigo!

   - Nossa Lys!- Sophie disse, só agora tinha percebido a presença dela e acho que todos também já que quando ela falou todos olharam para ela meio assustados- Você é um lufano! Devia ser mais gentil, e ela nunca fez nada de grave pra você!

   - Primeiro, DE ONDE VOCÊ SURGIU?- Lysander olhou para ela incrédulo- Segundo, ela nunca foi gentil comigo e não é porque eu sou lufano que eu sou ingênuo!

   - Só me diz uma coisa, você não falou nada pra ela né?- Lily perguntou preocupada- Tipo, nada que a fizesse se sentir mal?

   - Não sei...- Lys falou meio envergonhado.

   - Talvez ele tenha dito umas coisinhas meio maldosas...- Lorc disse coçando a cabeça- Tipo, “tá com alergia a felicidade?”, deu até uma dor no coração, ela parecia uma salamandra triste!

   - LYSANDER!!- As meninas gritaram juntas.

   - Que insensível!- Agora foi o Louis que falou- Nossa! Até eu tenho noção que isso é pesado cara!

   - Eu sei, eu sei!- Ele disse com a cabeça abaixada- ME senti mal depois.

   - Devia pedir desculpas para ela cara- Eu disse e ele concordou acenando a cabeça- Mas agora vamos focar no plano!

   - Certo!- Lily disse se ajeitando onde estava sentada- Vamos revisar a Operação Mapa do Maroto!

   - Louis e Lucy, que são os melhores em convencer, vão fazer o Flich ir para lugares o mais longe possível da sala dele, dizendo tipo “tem uma briga no corredor tal”, mas não se esqueçam de que não podem ficar muito tempo enrolando ele senão ele vai desconfiar, blz?- Eu perguntei para os dois que concordaram com a cabeça- O Lorc e o Lys vão armar algumas pegadinhas que atrasem o caminho dele quando ele estiver voltando, blz?- Perguntei para os gêmeos que concordaram com um sorriso- Enquanto eu e a Lily vasculhamos a sala dele a Sophie vai ficar na porta de olho para ver quando ele se aproximar, todos entenderam?

   - Sim!- Responderam todos em um uníssono.

   - Ótimo!- Falei me levantando- Vamos começar!

         P.O.V.  Lysander

   Eu e o Lorc estávamos responsáveis por armar pegadinhas que atrasassem o caminho de volta do Flich para a sala dele, ninguém merece o Flich, tipo, ele é muito chato e MUITO velho! Não sei como ainda não morreu! Capaz de fazer que nem o Sr. Binns, que morreu, mas voltou como fantasma só para nos encher o saco! Mas voltando ao assunto, eu e o Lorc estávamos indo em direção ao nosso dormitório, a esse horário não deveria ter ninguém então usaríamos esse tempo para planejar as emboscadas, teríamos até a noite para planejar, armar e conferir, e ainda eram 15:00 e só teríamos aula as 18:00. Seguimos em direção ao porão perto da cozinha, para quem não sabe era lá que era o Salão Comunal da Lufa-Lufa, claro que não era simplesmente entrar, a entrada era atrás de uma pilha de barris, você tem que bater, no ritmo de Helga Hufflepuff, para impedir que não-lufanos entrem, se você bater errado uma das tampas explode e encharca a pessoa de vinagre, nunca vi isso acontecer, mas ia ser hilário! Os barris se abrem e aparece um caminho de terra que leva até uma sala circular baixa e aconchegante, fazendo lembrara decoração de um texugo. A sala é decorada com amarelo e preto, as cores da casa, pequenas janelas redondas no nível do chão do castelo mostram vários pés passando, essas janelas fazem a sala parecer extremamente ensolarada, o salão também é decorado com varias mesas e portas de madeira cor de mel, as portas redondas levam aos dormitórios das meninas e dos meninos. Eu e meu irmão seguimos para o nosso dormitório e sentamos nas nossas camas que eram uma do lado da outra amassando o edredom amarelo que cobria a cama macia e confortável.

   - Não estava pensando em nada muito pesado, para qualquer coisa eu inventar uma historinha que me salve- Lorcan falou deitando a cabeça no travesseiro preto que tinha a cama- Talvez bolinhas de gude, com mel para que ele ficasse todo grudento, o que você acha?

    - Meio fraco...- Falei deitando da mesma forma que ele- Mas não espero muita coisa de você nesse quesito, até me surpreendi quando você falou que participaria!

    - Só tive vontade!- Ele disse olhando para o teto- As vezes é bom rir. Principalmente do Flich!

   - Verdade!- Falei rindo, as vezes o Lorc era engraçado, e as vezes também era meio doidinho, falava coisas que poucas pessoas entendiam, não que eu também não fosse as vezes, só não expresso tanto quanto ele- Acho que vou usar um caminho de vidro  com uma teia de chiclete, também não quero me dar muito mal se for pego, o que provavelmente não vou!

   - Convencido! Parece até um cervo topetudo exibindo os dentes!- Ele falou comprovando o que eu disse, às vezes ele fala coisas que poucos entendem, e para quem não sabe o que é um cervo topetudo, ele é... quer saber, estou com preguiça, PESQUISA NA INTERNET!- Já fez o pergaminho de DCAT? Não é só porque o Teddy é praticamente da família que ele vai pegara mais leve com a gente!

   - Não fiz, mas esperava que você me ajudasse nisso!- Falei me sentando na cama e olhando para ele com um sorriso, ele me encarou serio, mas logo depois suspirou e me entregou o pergaminho- Obrigada Lorquinho!

   - Não há de que Texuguinho!- Ele respondeu rindo, é, a Luiza não era a única que me chamava de Texuguinho para me incomodar.

   Fomos para a aula de DCAT que iríamos dividir com a Corvinal, vou admitir, a grande maioria das aulas são chatas (elas podem ser de magia, mas continuam sendo como qualquer aula), mas as aulas de DCAT com o Teddy são muito mais legais! Tipo, antes elas eram só teóricas e agora muitas vezes nós praticamos eles também.

   - Bom dia crianças!- Teddy disse escrevendo algo no quadro que depois se revelou como petrificação- Hoje vamos praticar feitiços de petrificação! E para isso eu quero que façam duplas e pratiquem.

   Eu automaticamente pensei em ir com o Lorc, mas quando me virei para convidar ele, vi que ele já estava em outra mesa conversando com a Sophie, provavelmente ele iria com ela, passei meus olhos pela sala inteira para ver se algum amigo meu ainda não tinha feito dupla, mas não encontrei nenhum então alguém se sentou ao meu lado onde antes o Lorcan estava.

   - Acho que nós sobramos!- Falou a pessoa que tinha acabado de sentar ao meu lado, eu já sabia de quem a voz era, só não queria admitir.

   - Infelizmente!- Disse olhando para ela, ali estava, sentada do meu lado a pessoa que mais me incomodava, Luiza Zabini, mas ela parecia meio triste ainda, ela normalmente tinha um sorriso debochado no rosto, um sorriso que tenho que concordar era um pouco, como posso dizer? Conquistador, ele fazia com que ela parecesse sempre certa, sempre convencida do que falava, era também um sorriso provocador que ela sempre usava para me provocar, mas hoje ela estava com uma feição triste, desanimada, com o cabelo amarrado para disfarçar os nós e sem nenhuma maquiagem, e foi essa feição que me fez lembrar que eu tinha que me desculpa, mesmo a contragosto- Eu queria te pedir desculpas pelo...

   - Não precisa!- Ela falou me interrompendo e me olhando, seus olhos estavam maio vermelhos como se tivesse acabado de chorar- Você não quer fazer isso, não quero que seja obrigado.

   - Ótimo, com as turmas formadas eu quero que vocês treinem o primeiro feitiço!- O Teddy falou antes que eu pudesse responder ela- Petrificus Totalus! E não se esqueçam, pode ser que não consigam de primeira!

   Nesse momento as cadeiras foram arrastadas para loge com um aceno da varinha do Teddy para que logo depois um monte de “Petrificus Totalus” fossem ditos. Eu olhei para ela que já estava a uma boa distancia para praticar o feitiço, respirei fundo e acenei a cabeça dizendo que estava pronto, não esperava que ela acertasse de primeira, ela levantou a varinha um pouco devagar como se reunisse forças para lançar um feitiço.

   - Petrificus Totalus!- Ela disse, o feitiço me atingiu em cheio me deixando imóvel, sem movimento algum acabei caindo no chão, a única parte do meu corpo que se mexia eram meus olhos, realmente não esperava que ela acertasse de primeira.

   - Muito bem senhorita Zabini!- Consegui ouvir o Teddy dizer e ela dar uma risada, que até foi reconfortante, não imaginei que sairia uma risada da pessoa triste que eu tinha acabado de ver- Na primeira tentativa! Agora reverta o efeito com Reflectus Perify!

   - Reflectus Perify!- Ela disse e assim que o feitiço me atingiu eu senti que os meus movimentos voltarem, a primeira coisa que eu fiz foi me sentar e olhar para a Luiza e o Teddy que estavam um do lado do outro, percebi que um sorriso de satisfação, mas ela tinha um pequeno sorriso de canto como se estivesse feliz pelo seu feito porém ainda estava triste para conseguir dar um sorriso do tamanho do Teddy.

   - Continuem!- Ele falou para a sala que tinha parado para ver o que havia acontecido e depois se virando para mim- Agora é sua vez!

   Eu me levantei e me ajeitei um pouco, levantei a varinha e lancei o feitiço, porém nada aconteceu então repeti e dessa vez ela caiu sem movimentos no chão, se fosse qualquer outro momento eu estaria morrendo de tanto rir, mas agora eu só conseguia pensar no semblante triste que ela carregava, e isso me impediu de sorrir.

   - Vejo que tenho alunos prodígios!- Teddy disse, além de mim e da Luiza, o Lorcan, a Sophie e mais dois alunos tinham conseguido.

   - Reflectus Perify!- Disse fazendo com que seus movimentos voltassem, andei até ela e estendi minha mão para ajudar ela a se levantar- Desculpa- Eu não disse isso me referindo só ao feitiço, mas também ao que tinha falado antes, realmente estava me sentindo mal e quando mais cedo eu tirasse isso das minhas costas, mais cedo nós voltaríamos a nos importunar.

   - Está perdoado Texuguinho!- Ela disse pegando minha mão e se impulsionando para levantar, quando ela disse isso ela deu aquele sorriso, aquele sorriso provocador, mas estranhamente isso não me incomodou eu apenas dei um sorriso parecido como resposta- A culpa não foi sua.

   Sai da aula com o Lorc, ele falou que ele tinha conseguido na segunda e riu quando eu disse que também tinha conseguido na segunda, eu falei para ele sobre como a Luiza estava e sobra aquela droga de pena que eu estava tendo dela, mas então depois de falar sobre isso nós decidimos focar nas pegadinhas. Pegamos tudo que precisávamos e fomos em direção ao corredor do escritório do Flich, íamos pegar o mapa na hora da janta então tínhamos mais ou menos uma hora e meia para arrumar tudo, primeiro fomos para o lado esquerdo do corredor e arrumamos a pegadinha que o Lorcan havia planejado com bolinhas de gude e mel, depois fomos para o lado direito armar a minha pegadinha, congelamos uma parte do chão e botamos um tapete em cima para o Flich não perceber fazendo escorregar e ficar preso em uma teia de chiclete! Podia não ser o maior plano do mundo, mas não podíamos exagerar, era só para atrasar ele um pouco.

   A Operação Mapa do Maroto começou, eu estava em minha posição esperando que o Flich aparecesse, tínhamos feito uma armadilha em cada lado para caso ele aparecesse em um lado que não tivesse, provavelmente o Flich já tinha percebido que o Louis e a Lucy estavam atrasando ele então a qualquer momento ele podia chegar e por uma tremenda sorte ele chegou ainda por cima pelo MEU LADO! Ele chegou e era inevitável que ele não pisasse no tapete que o levaria até a teia que seria solta assim que eu apertasse um botão. Eu estava em um lugar escuro onde ele dificilmente me veria, apenas se procurasse o que eu acho que não aconteceria. Dito e feito, ele escorregou no tapete e quando estava na posição certa eu apertei o botão fazendo com que a teia de chiclete caísse em cima dele. Até então o plano estava indo como planejado, o Flich se debatia tentando se livrar da teia, mas com uma coisa eu não contava, com uma menina de cabelos loiros como ouro chegar correndo pelo corredor chorando, quando o Flich viu ela ele instantaneamente começou a gritar.

   - FOI VOCÊ!?- Ele perguntou apontando o dedo para Luiza que parou olhando assustada para ele- RESPONDE! FOI VOCÊ!?

   - O que?- Ela perguntou olhando para os lados procurando uma escapatória, foi ai que ela me viu, ela parou o olhar sobre mim e me fitou com aqueles olhos castanhos, sua feição de preocupada foi para de compreensão, mas não respondeu as perguntas do Flich, simplesmente disse uma palavra como se fosse um sussurro- Texuguinho.

   - FOI VOCÊ!- Flich disse segurando o braço dela- VOCÊ VAI ME PAGAR! A DIRETORA VAI TE DAR UMA BELA DE UMA DETENÇÃO!

   Ela não respondeu nada, ela apenas olhou para mim antes do Flich sair puxando ela pelo braço. Porque ela fez isso? Porque ela me ajudou? Porque ela simplesmente não falou onde eu estava ao invés de assumir a culpa? Por quê? Essa era a única pergunta que rodava na minha cabeça, a única coisa que rodava na minha cabeça, e fique me perguntando e perguntando até que o Hugo me chamou falando que tinha conseguido e que era para sairmos dali.