Apenas Amigos escrita por Arii Vitória


Capítulo 5
Apenas Amigos


Notas iniciais do capítulo

Pois é, o nome do capítulo é igual da fanfic mesmo, mas é porque esse capítulo finalmente explicará esse maldito título que vocês não devem ter entendido até hoje né?!
Espero que gostem!



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Logan Marques

Alice deve ter algum problema sério de cabeça, concluo isso assim que a vejo me esperando na entrada da casa do Vitão, onde aconteceria a festa. Ela está usando roupas mais curtas do que costumava quando estávamos juntos, e está de braços cruzados como ficava sempre que estava brava comigo. 

—Logan, você é um vagabundo! -ela exclama assim que chego perto o suficiente dela para conversarmos, essa frase me faz perceber porque nós dois demoramos tanto para "terminar" o namoro: eu sempre achei que Alice seria uma péssima ex-namorada. -Você convidou a menina que você pegou na roda gigante pra festa? Sério? -ela pergunta de um jeito que me faz ter medo de respondê-la. 

—A Cíntia veio? -pergunto, não achei que ela fosse mesmo vir, Cíntia parecia ser aquele tipo de pessoa que diz que “talvez” vá comparecer ás festas, mas na verdade fica em casa assistindo Netflix. Alice está me olhando com a típica cara de merda que ela faz quando eu digo algo errado. -O que foi, Alice? Foi você que simplesmente beijou um cara do nada na barraca de cachorro quente dois minutos depois da gente ter combinado dar um tempo. -digo a ela, porque parece que ela não se lembra. 

—Exatamente. Nós combinamos de dar um tempo, Logan! Pra ver se sentiríamos ciúmes um do outro, lembra? Só que o problema é que eu senti. Não achei que você fosse se apaixonar pela primeira boca que beijou depois da minha. -Alice diz, parece estar nervosa porque começa a andar de um lado para o outro depois de falar. 

Sempre apreciei o fato de Alice ser sincera em relação aos seus sentimentos, ela definitivamente não era do tipo que fazia joguinhos ou fingia estar bem quando não estava, por isso nós dois concordamos tão facilmente em dar um tempo. Mas agora, com ela me dizendo explicitamente que sentiu ciúmes de mim, quando eu não senti o mesmo, desejei que ela fosse um pouco mais discreta. 

—Eu só convidei a garota pra festa, Alice! -respondo, definitivamente não é como se eu estivesse apaixonado, encontrei com Cíntia, o quê?, duas vezes na vida? 

—Nós dois sabemos que não foi só isso. Independente do quão brigados podemos estar, sempre vamos nas festas juntos e nos acertamos bebendo cerveja ruim, você não convida outra! -ela retruca, abaixando o tom de voz aos poucos. Estamos na porta da casa do Vitão, então a puxo para um cantinho para que as pessoas possam entrar na festa. 

Não sei o que responder a ela, porque sei que é verdade: nos reconciliamos em festas. Mas dessa vez é diferente, nunca tínhamos combinado de dar tempos antes, e quando chamei a Cíntia para a festa, não imaginei em nenhuma hipótese que Alice estaria esperando que nós fizéssemos as pazes. Até porque meu plano era justamente terminar oficialmente com ela. 

—Essa garota, o que ela têm, afinal? -ela pergunta após perceber que eu não diria nada, depois de longos segundos em silêncio. 

—Eu mal a conheço, Alice! A conheci no parque, naquele dia...

—Vocês se beijaram, Logan! -ela me interrompe, agora está falando como se fosse tudo muito óbvio. 

—E você beijou outro cara! 

—É, mas eu não gostei. Não do jeito que você gostou do beijo dessa garota. E eu sei que você não é de convidar pessoas para festas, você não é nem de conversar muito com gente que não conhece. 

Odeio o fato dela me conhecer bem o bastante para conseguir argumentar contra meus próprios sentimentos. 

—Ei, Logan! -olho para cima, que é de onde a voz, de repente, surge. Se trata de Charles, primo de Alice, ele está na janela do segundo andar da casa. -Tem um cara quebrando tudo aqui, pode me ajudar? 

—Já vou! -grito pra ele, mas ergo os olhos para Alice. 

—Pode ir, acho que nossa conversa já acabou. -ela diz, mas nós dois sabemos que não acabou, mas não faço ideia do que dizer a ela no momento, então vou atrás de Charles.

Entro na casa correndo, e assim que subo as escadas do segundo andar, entendo o que está acontecendo. Cíntia está ali, segurando o riso, enquanto seu amigo Raddar, claramente bêbado, ameaça jogar uma jarra prateada no chão, mas Vitão está gritando desesperado para que ele não faça isso. A graça é que tanto Raddar quanto Vitão estão quase chorando. Charles nem sequer está mais ali. 

—Não faça isso, cara, minha mãe vai me matar! -Vitão choraminga, tentando tirar a jarra das mãos de Raddar. 

—Essa jarra simboliza meu amor por Felipe, assim que eu a quebrar, meus sentimentos irão embora! -Raddar diz com os olhos cheios de lágrimas, ele está falando em uma linguagem meio medieval, e está fazendo movimentos com as mãos como se fosse um rei. Entendo porque Cíntia não consegue segurar a risada. 

—Logan! -Cíntia diz, assim que me vê, tentando cessar o riso. Ela está diferente das outras duas vezes que a encontrei, está usando short e uma blusa de alcinha e seu cabelo está solto, e só então percebo o quão bonita ela é. Quer dizer, só então tenho certeza disso. 

—Você veio! -digo a ela, ignorando os garotos chorões ao nosso lado. 

—Eu achei que o Raddar precisava se distrair, mas acho que álcool só faz ele ficar pior. -ela afirma e em seguida olha para o amigo embebedado. Ele continua ameaçando jogar a jarra no chão. -Conversou com a Alice? 

—Mais ou menos. -respondo a ela, que me olha desconfiada, como se já suspeitasse que isso não acabaria tão rápido. 

Nesse instante, Raddar finalmente joga a jarra no chão, que quebra em pedaços e faz um barulho estrondoso. Vitão solta um palavrão e Raddar pega a outra jarra que fazia par com a, agora, quebrada. 

—Vocês podem tirar ele daqui, por favor? -Vitão grita, implorando. Cíntia ri, e quando a vejo rir, imediatamente sorrio também, mas em seguida ela vai até o amigo e o guia em direção as escadas, para descer de volta ao primeiro andar. 

—Você já vai embora? -pergunto logo atrás dela nas escadas. 

—Ele vai quebrar tudo aqui, tenho que levá-lo pra outro lugar. -Cíntia responde, assim que ela termina de descer as escadas segurando Raddar pelas costas, ele se joga no chão. 

—Não quero ir embora. -ele grita. 

—Quanto ele bebeu? -pergunto, ajudando a levantá-lo. 

—Tudo que se pode beber em uma hora. -ela responde. Nós fazemos força para colocá-lo de pé novamente, mas ele se joga no chão de novo em seguida, dessa vez com mais força, com certeza se machucou porque ele começa a chorar de verdade. 

—Certo, eu levo vocês! -digo a ela, que me olha agradecida enquanto o reerguemos pela segunda vez. 

O levamos até o carro de Raddar, que é um Palio pequeno de quatro portas, Cíntia rapidamente retira as chaves do bolso e as ergue para mim. 

—Eu não tenho carteira. -ela diz, enquanto se esforça para colocar Raddar deitado no banco traseiro do carro. Assim que consegue ela entra no banco do passageiro ao meu lado, assim que ligo o carro, ela diz:

—Desculpa por isso. 

—Tudo bem, eu não estou nem um pouco em clima de festas hoje. -digo e o carro finalmente dá partida. 

—Sua camiseta diz o contrário. -Raddar diz deitado no banco de trás, pelo tom da sua voz ele parece que vai adormecer nos próximos minutos. -É mais gay que todas as minhas roupas juntas. -ele diz em seguida. Olho para minha camisa, é uma daquelas camisas largas e é realmente muito florida, do tipo que aqueles tiozões que riam das próprias piadas usam. 

—Minha mãe comprou pra mim. -digo, Cíntia assente sorrindo, como se soubesse que não é verdade. Ela me passa o endereço de sua casa, e dois minutos depois, Raddar começa a roncar. 

—Caramba! -digo, porque seu ronco é alto como seus berros quando ficou preso na roda-gigante. 

—Então, como foi o papo mais ou menos com a Alice? -Cíntia ergue seu corpo em minha direção, acho que ela faz isso para me olhar enquanto a respondo, mas eu apenas faço que não com a cabeça. 

—Nós falamos sobre Alice no parque, qual o problema agora? -ela pergunta, claramente revoltada com a minha negação para responder sua pergunta. 

—Foi antes de você me beijar e sair correndo. -digo a ela, que volta a olhar para a estrada. 

—Aquilo foi um erro. Um erros dos grandes. -Cíntia fala ainda concentrada no caminho. Primeiramente, acredito que ela esteja dizendo isso por ainda estar constrangida por eu ter dito que não queria fazer ciúmes em Alice, mas eu nunca disse que não tinha gostado do beijo. 

—O que quer dizer? -pergunto, confuso. 

Ela dá uma olhadinha para Raddar no banco de trás, como se estivesse conferindo se ele está mesmo dormindo, e então diz: 

—Nós dois saímos recentemente de relacionamentos longos e complicados. Quer dizer, você ainda nem saiu oficialmente do seu. Mas, o ponto é que eu gostei muito de conversar com você naquele dia, então não vamos estragar tudo! 

—Estragar tudo? -pergunto, dou uma olhadinha de relance pra ela, que está pensando em uma boa maneira de explicar. Tenho a sensação que estou levando um pé na bunda, mesmo com o fato de que foi ela quem me beijou. 

—Não vamos nos beijar em uma noite de bebedeira e acabar no meu quarto sem roupas, e depois acordar de manhã e ter que fingir que isso não muda tudo. -ela diz, agora está falando rápido demais. 

—Ok. Acho que você realmente é louca! -Definitivamente confirmo isso.

—Relacionamentos são complicados, certo? -ela espera que eu confirme. -Eles sempre têm fim, e o amor acaba, como você disse naquele dia. E eu estou precisando muito de um amigo no momento. -ela explica, ou tenta explicar, penso por alguns segundos, não faz sentido nenhum, mas eu acho que entendo o que ela quer dizer. Porque tudo que ela diz ainda faz sentido de alguma forma pra mim. 

—Tudo bem! -afirmo, por fim. 

—Tudo bem o quê? -ela pergunta, me olhando novamente. Viro uma esquina, deduzindo que estamos há uns dez minutos da sua casa. 

—Posso ser seu amigo. -ela permanece em silêncio, então olho pra ela, Cíntia também está me olhando nos olhos, então sorrio, ela continua me encarando. 

—Não acredito nisso. -ela diz, desviando os olhos para a paisagem do lado de fora de novo. 

—Se acontecer de eu me apaixonar por você... -paro um segundo para mudar a marcha do carro e pensar em uma maneira de prosseguir com a frase. -O que não vai acontecer, porque nós nem nos conhecemos e eu mal terminei com a Alice, mas se acontecer... -paro de novo. -Vou engolir meus sentimentos.

—Se você engolir seus sentimentos também não vai ficar estranho de alguma forma? -ela questiona, pensando sobre o assunto. 

—Então... -Estou buscando uma alternativa, mas não encontro nenhuma. 

—Simplesmente não pode se apaixonar por mim. E nem eu por você. 

—Hm... Isso por ser difícil pra você!

Ela ri e me dá um soquinho de leve no braço. 

—Você é um idiota, sabia? 

—Sabe que não pode sair falando para as pessoas não se apaixonarem por você, não é? -eu digo, rindo. 

—Não sei porque me dou o trabalho de conversar com você. 

—E essas frases filosóficas... Você realmente as inventa na hora? -pergunto, tentando não rir. 

—Eu te odeio. Esqueça o que eu disse! -ela afirma, mas também está sorrindo.

Dou uma risada alta, mas em seguida paro o carro do nada. Cíntia se assusta com o parada imediata, afinal há uma pequena quantidade de carros buzinando atrás de mim, mas eu simplesmente faço sinal para que eles passem ao meu lado.

—Você que é louco! -ela afirma, alto o suficiente para que Raddar acordasse se ele não dormisse feito um morcego hibernando. 

—Apenas Amigos. É uma promessa! -afirmo e ergo a mão para que ela possa apertar. Ela me olha como se eu realmente fosse louco. 

—Apenas Amigos, então. -Ela aperta minha mão com força. 

—Legal. -digo, ainda com as mãos dela nas minhas. 

Começamos a rir. 


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Notas finais do capítulo

Eu diria que é aqui que se dá fim a fase inicial da fanfic, ela não deve ter muitos capítulos, mas eu tô amando escrever.
O próximo deve se passar um mês após esse acordo que eles fizeram, ou algum tempo depois, veremos!
Comentem para que eu possa saber suas opiniões!



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