Apenas Amigos escrita por Arii Vitória


Capítulo 1
Preso em uma comédia romântica


Notas iniciais do capítulo

Nesse primeiro capítulo vocês vão conhecer o Logan.
Nos vemos lá no final!



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Logan

Alice está me encarando de longe. Consigo perceber isso mesmo estando de costas, ela está me lançando aquele olhar que pergunta “O que deu em você hoje?”, é parecido com o olhar da minha mãe quando eu não quero socializar na mesa de jantar.

Ela sabe que eu não a amo mais. Ela me conhece mais do que eu mesma, então ela simplesmente sabe que já faz tempo que não sentimos um pelo outro o que costumávamos sentir. Quando ficar perto de alguém é tão prazeroso que você simplesmente não consegue ir embora. A gente era um daqueles casais que era até irritante para as outras pessoas ficar perto, a gente lia os pensamentos um do outro, as vezes ela ria das minhas piadas antes mesmo de eu contá-las porque já sabia o que eu diria.

Talvez todo aquele amor tenha apenas se desgastado, pelo menos é o que meu pai diz sobre minha mãe, que o amor foi se desgastando com o tempo até não sobrar mais nada. A verdade é que eu acredito mais naquela outra teoria, aquela que diz que ás vezes a gente só acorda numa quinta feira e não gosta mais de alguém. O nome disso é crescer, mudar, parece triste, mas acontece com todo mundo. Você ama alguém, e então não ama mais.

Minha irmã diz que o verdadeiro amor nunca se desgasta, mas isso foi antes do Brad Pitt e da Angelina Jolie se separarem, depois disso ela também ficou um pouco desesperançosa com esse lance de amor.

Eu, Alice, sua melhor amiga Eva, e seu primo Charles (que tentava desesperadamente impressionar Eva) estávamos no parque quando a conversa que tanto adiamos começou a acontecer. Ela deixou Eva e Charles na fila da roda-gigante e me chamou em um canto. Perguntou se eu queria abrir o relacionamento. Ela sabe que eu não acredito nessa confusão, sem contar que eu não queria apenas ficar com outras pessoas, aliás esse era o menor dos problemas, nós namoramos a quase três anos, eu nem me lembro mais de como é querer ficar com outra pessoa.

—Então acho melhor terminarmos definitivamente. -Só quando ela diz é que cai a ficha. É tão estranho ouvi-la que quase me arrependo.

—Darmos um tempo! Darmos um tempo é a expressão mais adequada. -eu digo porque por um instante estou com medo de nós terminarmos e eu sentir falta dela amanhã de manhã, é horrível, eu sei, mas é o que eu sinto.

Charles e Eva estão gritando em auto e bom som na fila da roda-gigante. Chegou nossa vez.

—Darmos um tempo?! Tudo bem pra mim. -Alice diz, me dá um beijo no rosto e corre pra roda-gigante, esquecendo de mim. Vou logo atrás. 

—Certo. Só pode até três pessoas, alguém vai ter que sentar em outro lugar. -O homem que toma conta da roda-gigante nos avisa assim que nós quatro nos sentamos e percebemos que está apertado demais para usarmos o cinto.

—Ahh. -todos dizem, desapontados.

—Eu vou! -exclamo rapidamente, os três não parecem se incomodar, então sigo o homem até alguma cabine que tenha apenas duas pessoas.

Só quando me sento com eles é que percebo que se trata de Cíntia Lima e Raddar Marques, do mesmo ano que eu no colégio.

—Ah! E aí pessoal?

Nunca devo ter trocado uma única frase com eles no colégio, principalmente porque acho que os dois não falam com mais ninguém lá além deles próprios.

—Oi… hm… Lucas, certo? -Cíntia pergunta, acho que ela está brincando. Não que eu seja o mais popular do colégio, mas ela certamente deve saber meu nome.

—Logan Marques. E você é a Cíntia, certo? -estendo a mão pra ela, que aperta imediatamente.

—Isso, e esse é o Raddar! Ele não é muito de pegar nas mãos das pessoas. -ela diz, apontando com a cabeça para Raddar, que está no meio de nós.

—Tudo bem. -digo, e a roda-gigante finalmente começa a andar.

Não sei o que Cíntia e Raddar são um do outro, mas ele parece extremamente nervoso, então ela segura a mão dele.

—Ele não gosta muito de vir ao parque. -ela explica, olhando pra mim. Me simpatizo com ele porque aquela ida ao parque em particular não estava nada agradável até então.

A roda-gigante não dá nem uma volta completa até parar completamente. Com nós três bem ao topo. Não faço ideia do porquê do brinquedo ter parado, mas espero que consertem logo porque Raddar está gritando no meu ouvido.

—Ei, Raddar! -Cíntia se vira para ele, mas seus gritos são altos demais para ele poder ouvi-la. O cara realmente têm pavor de roda-gigante. Nada melhor para completar esse dia maravilhoso! -RADDAR! -dessa vez ela grita mais alto que ele, o que o faz finalmente parar os berros e olhá-la. -Não é nada demais! O cara deve ter parado o brinquedo sem querer, tá bom?

—Na verdade, não foi sem querer. -eu digo, agora chocado com o que estou vendo acontecer lá embaixo. Tem um garoto alto segurando uma caixa de som na cabeça. A música In Your Eyes está tão alta que soa por todo parque. Exatamente como no filme “Digam o que Quiserem”. O garoto está fazendo uma declaração de amor para alguém que está nesta roda-gigante! Estou preso em uma comédia romântica, o dia realmente só melhora!

—Digam o que quiserem, sério? -Cíntia bufa, Raddar olha pra ela incrédulo.

—Você ama esse filme! -ele fala pela primeira vez na noite desde que estou presente, entregando Cíntia.

—Eu amo o filme, mas ele não poderia ser mais original? Alugar um carro vermelho, como em Gatinhas e Gatões, ou…

—Fazer uma serenata na arquibancada como em 10 coisas que eu odeio em você? -pergunto, me integrando do assunto, porque conhecer filmes teens dos anos oitenta é uma das poucas vantagens de se ter uma irmã mais nova.

—Exatamente! -Cíntia afirma, virando-se para mim novamente. 

—Minha irmã tem treze anos. -explico a eles quando Raddar também me olha, e de repente a roda-gigante está girando de novo, nos fazendo comemorar. Mas ela para depois de poucos segundos, pelo menos não estamos mais no alto.

—Droga! -Raddar grita.

—Você tem medo de altura? -pergunto a ele, porque meus ouvidos estão implorando para pararem de ser tão maltratados. Ele não responde, então Cíntia rapidamente se pronuncia:

—Ele tem medo de tudo.

—Ei! -ele nega, a empurrando de leve.

—E vocês são namorados? -pergunto porque minha curiosidade fala mais alto.

—Não! -os dois afirmam imediatamente, fazendo caretas, como se a fosse a pergunta mais ridícula de todos os tempos.

—Ele é meu meio-irmão. Minha mãe largou o inútil do meu pai e casou com o pai dele quando nos mudamos para cá. -Cíntia conta, mas eu apenas assinto com a cabeça.

Nós três olhamos para baixo, observando enquanto uma garota sai correndo da roda-gigante e corre para os braços do cara com a caixa de som. A caixa de som caí no chão, e fico com pena do cara, deve ter custado caro, mas ele nem liga, apenas beija a garota como se nada tivesse acontecido.

Fico me perguntando se faria algo assim por Alice, mas depois afirmo pra mim mesma que não sou o tipo de cara que faz isso pra ninguém.

—Tenho que admitir que foi fofo. -Cíntia confessa.

—Constrangedor. -Raddar dá sua opinião.

—Por que é constrangedor? -Ela pergunta a ele.

—Declarações em público. -ele responde, bufando em seguida.

—É, tenho que concordar com ele! -digo.

—Ah, fala sério, garotos! Vai dizer que não tem nenhuma pessoa que faria vocês fazerem algo grande assim? -Cíntia pergunta, voltando a olhar de forma apaixonada para os dois lá de baixo, que continuam se beijando. Raddar nega com a cabeça, eu penso um pouco antes de responder:

—Talvez a Angelina Jolie. Tenho uma queda por ela desde sempre. 

Cíntia solta um sorriso, sorrio também, e a roda-gigante volta a andar novamente, agora definitivamente, até finalmente sairmos do brinquedo.


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Notas finais do capítulo

quer lugar melhor para fazer novos amigos do que no topo de uma roda gigante?
por favorzinho, se não for pedir demais, deixem comentários pra mim, apareço mais rápido assim!
beijões!



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