Falso amor escrita por EllaRuffo


Capítulo 33
Capítulo 33


Notas iniciais do capítulo

Olá meninassss, espero que gostem desse capítulo o quanto eu gostei de escrevê-lo.

 



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1 hora depois, Maria se arrumava para sair, deixando Marta com Estrela, mas não só ela. Que colocando brincos a frente do espelho em seu quarto, Maria viu Estrela se encostar na porta a olhando e se virou pra ela dando um sorriso.

Que então, Estrela entrando no quarto, disse sem fazer pergunta e sim afirmando.

— Estrela: Vai sair pra namorar de novo.

Maria negou com a cabeça ainda sorrindo, agora estava mais animada que quando deixou as empresas San Roman. Ela vestia uma calça preta social de cintura alta e uma blusa branca de alcinha por dentro dela, um delicado colar conjunto dos brincos dela estava em volta do seu pescoço que sentando na ponta da cama para calçar os pés, ela a respondeu.

— Maria: Eu não vou namorar, filha. Vou sair com Vivian e o pessoal do escritório. Mas vou deixar você bem acompanhada, hum.

Ela sorriu mais para Estrela, sabendo como que ela precisava sair para não seguir como estava, só pensando em Estevão, em tudo que o nome dele trazia a ela lhe causando mal humor, Estrela também precisava, precisava esquecer pelo menos por uma noite o que aconteceria no dia seguinte, que mesmo em cima da hora ela havia conseguido dar também um motivo para a menina se distrair. Que ainda não sabendo o que a mãe havia planejado, Estrela revirou os olhos e depois disse.

Estrela: Ficarei com Marta. Grande companhia. Mas quero que se divirta por mim, mamãe porque por aqui vai ser um tédio.

Maria sorriu outra vez já em pé sobre um par de sapatos de finos saltos, foi até ela lhe tocou no rosto e disse.

— Maria: Não ficará só com ela, meu amor.

Ela a beijou na testa e voltou para o espelho pra passar batom e Estrela indo até ela perguntou curiosa.

— Estrela: Como assim não só ela mamãe? E está muito cheirosa. Que perfume é esse?

Maria sorriu a vendo por trás dela pelo reflexo do espelho e depois de passar um batom forte e vermelho nos lábios, ela a respondeu.

— Maria: Já verá quem. E sobre o perfume é um novo, querida. Gostou?

Estrela assentiu com a cabeça e momentos depois a campainha tocou e Maria pediu pra ela verificar quem era e do quarto dela, ela ouviu gritos de mocinhas animadas e sorriu.

Havia convidado Maggie ainda no caminho pra casa pra passar aquela noite com Estrela. Assim as duas teriam uma noite com boas companhias já que ela não podia leva-la junto.

Enquanto Maria já pronta esperava Vivian, Estevão chegava encostando o carro dele do outro lado da rua em frente ao condomínio que ela morava.

Dentro do carro, ele suspirou assim que o desligou apagando os faróis em dúvida se descia dele por saber que seria em vão já que nunca seria convidado de livre e espontânea vontade por Maria pra subir ao apartamento dela.

Estava ali mais das 7 da noite, inquieto, impaciente, ansioso enquanto passava na mente dele tudo o que tinha acontecido aquele dia. Maria havia resolvido aceitar as ações deixada por Evandro e já reclamado os direitos delas e ele não estava sabendo lidar com o misto de sentimentos que passava dentro de si... Vozes dentro da cabeça de Estevão que eram as mesmas que narravam o que ele acreditava que era sua maior decepção que viveu no seu passado mais presente que nunca, tentavam bloquear o que mais o deveria importar, que era o fato que teria Maria mais vezes presente em seus dias com ela na empresa.

Estevão tocou os olhos com as pontas dos dedos os fechando. Pensava que ficaria louco a qualquer momento. Tudo acontecia sem prévio aviso desde do regresso de Maria ao México. A volta dela foi suficiente para pega-lo de surpresa,  depois havia descoberto que tinha mais um filho com ela, uma filha que tanto um dia desejou, também depois via Heitor ser conquistado por ela, fisgado como ele sentia que era toda vez que a tinha por perto e agora tinha ela herdeira de Evandro e preste a se tornar mais uma acionista da empresa. E tudo isso acontecia sobre brigas regadas de ressentimentos, mas também de desejo. Desejo que ele sabia que se tornava cada vez mais incontrolável, tão incontrolável que mesmo a tendo contra ele e tomando posse das ações da empresa dele, seguia a querendo que o fazia ser capaz de deixar de lado qualquer sentimento contrário para tê-la por um só momento ou algumas horas nos braços outra vez. Era mais do que desejo o que ele sentia por ela, beirava ao desespero e ele sabia.

De tanto pensar, Estevão viu Maria entrar em um carro estacionado na calçada em frente ao condomínio de prédios que ela morava e não houve tempo nem dele ver quem dirigia, quando ele já ligava o carro pra segui-la.

Com o trânsito intenso naquela noite, quase 40 minutos depois, Vivian entrava em um estacionamento de um elegante bar restaurante com Maria. Dentro dele, já tinha alguns colegas de trabalho delas que marcavam presença em mais uma noite que decidiriam confraternizar juntos.

O lugar estava enchendo e um showzinho ao vivo feito por uma banda, abria a noite que parecia prometer momentos agradáveis aos clientes.

Maria adentrou com Vivian segurando uma pequena bolsa na mão, de cara ela via que o lugar que estavam tinha aquele aconchego do povo mexicano que ela sentiu falta por tanto tempo ter estado distante. E em umas mesas de madeira unida uma na outra com porções e copos de bebidas sobre elas, estavam sentados já um grupo de 7 pessoas que Maria via todos os dias no trabalho e ela sorriu depois que puxou o ar do peito, forçando pensar de novo que estando um tempo ali a faria bem. Era o que ela precisava para esquecer aquela tarde e dos demais dias que andou tendo.

Geraldo quando a viu, sentado na ponta da mesa se levantou. Vivian havia avisado a todos que chegaria com ela, mas igual Tomé, ele só quis acreditar vendo e agora via a morena que estava tomando conta de seus pensamentos se aproximando.

A cadeira ao lado esquerdo dele, estava ocupada por José e ele pigarreou mexendo na gravata e olhando pra ele. José olhou pro lado que Geraldo olhava e viu Maria cumprimentando junto com Vivian duas moças que trabalhavam com eles e entendeu o sinal do seu chefe, dizendo.

— José: Me deve uma, chefinho.

José, pulou uma cadeira depois da que estava, deixando duas vagas e Geraldo fez sinal com a mão pra Vivian, depois apontando pra duas cadeiras ali próximo a ele.

Maria então se aproximou com Vivian e finalmente o cumprimentou com um beijo no rosto dele, Geraldo sentiu o cheiro dela aspirando ele e depois afastou a cadeira mais próxima a ele pra ela sentar, dando entender a Vivian quem ele queria perto dele, fazendo ela sentar na outra cadeira. 

Estevão também chegou no local que enchia de clientes. Ele varreu com os olhos em cada canto procurando Maria, como não viu, ele parou um garçom que vinha com uma bandeja com 3 copos de cervejas e começou desenhar as características dela pra saber se ela havia entrado mesmo naquele local.

Até que um grupinho em pé de pessoas não tampou mais sua visão e ele a viu sentada em uma mesa, linda demais e sorrindo demais, sentada próxima demais de um homem que ele muito bem sabia quem era. E para ele tudo havia se tornado demais naquele segundo até a temperatura do local que pareceu aumentar assim que ele a viu.

Ele fechou a cara enciumado como não devia ficar e disse grosso.

— Estevão: Me arrume uma mesa aonde eu possa avistar aquela.

Ele mirou em direção a mesa que Maria estava fazendo o garçom olhar e depois dizer.

— X: Não sei se vou conseguir senhor, a maioria das mesas já estão reservadas. Sexta-feira a noite, sabe como é.

Estevão bufou, abriu a carteira e tirou duas notas altas de dinheiro e disse, depois que encostou elas no peito do rapaz.

— Estevão: Me arrume a droga de uma mesa próxima aquela, agora mesmo!

Maria tirava do seu colo um casaquinho preto que usava quando chegou por cima de sua blusa e o deixou por trás em sua cadeira

Com os ombros mostrando, deixando mais pele do que era acostumada mostrar no trabalho, fez Geraldo suspirar quando viu e beber um longo gole de sua bebida. Até que um garçom chegou na mesa com 8 copinhos de tequila e limões.

X: Foi aqui que pediram a bebida mais quente da noite?

Vivian esfregou a mão uma na outra animada e disse.

— Vivian: Irra, passa pra cá amigo, que eu preciso esquecer uma certa pessoa.

Maria riu chutando quem era essa pessoa e viu todos também ficarem animados com a chegada da tequila.

Estevão se acomodou em uma mesa que dava pra ter a visão de frente da que Maria estava e de frente pra ela, que ele sabia que assim que ela o notasse ali, ele não passaria despercebido e ele queria, queria ser notado por ela ali. Ele havia pedido uma bebida forte, uísque com gelo em um copo largo e grosso e já bebia atento em cada movimento dela até no mover dos lábios quando a via conversando.

Os minutos passaram e já fazia uma hora que estavam ali.

Maria ainda não tinha notado a presença de Estevão e já tinha virado 2 copos de tequila e depois substituído ele por água gelada para não deixa-la bêbada. Não sabia mais qual foi a última vez que tinha tomado aquela bebida, por isso queria ficar apenas naqueles copos depois de sentir a temperatura do seu corpo já subir com eles.

Geraldo tinha se ausentado da mesa para ir ao banheiro, que então, por vê-lo longe, Vivian buscou Maria e disse perto do ouvido dela.

— Vivian: Eu acho que daqui a pouco teremos que trazer um babador pra Geraldo, Maria. Porque o que ele só está sabendo fazer essa noite é babar por você.

Vivian riu cutucando Maria com o braço e ela tocou o pescoço o pequeno pingente de coração que tinha no seu colar e disse, nervosa não querendo deixar claro aquele momento que Geraldo já havia deixando evidente suas intenções.

— Maria: Ele só está sendo gentil como ele sempre é com todos nós, Vivian.

Vivian revirou os olhos e disse.

— Vivian: Nada disso, lembro daquela manhã que os vi, que mesmo que não tenha sido com ele que você fez, você sabe o que, Maria, está claro que ele está louquinho pra deixar de ser apenas um chefe gentil pra você.

Maria pensou por um momento nas palavras de Vivian que ela sabia que ela tinha razão, mas não querendo falar mais daquilo aonde estavam, ela pegou seu copo de água gelada e disse.

— Maria: Essa certa pessoa que quer esquecer bebendo assim, quem é? É meu Heitor? E já aviso que voltaremos pra casa de táxi, você bebeu e eu também.

Vivian assentiu para as duas coisas que ela falava e encostou a cabeça no ombro dela, suspirou e disse.

— Vivian: Aí sim, Maria é por ele. Eu só estou com ele, mas não sei se ele está fazendo o mesmo comigo. Estou me sentindo muito burra, talvez iludida também.

Maria suspirou dando um leve sorriso. Aquela resposta ela não podia dar para Vivian, não sabia como Heitor era na flor de sua juventude em relação as mulheres, mas apostava que pelo seu modo de ser, era cavaleiro, que por isso não enganaria Vivian prometendo um compromisso com apenas alguns encontros que ela imaginava que eles seguiam tendo. Que por isso ela só pôde aconselha-la.

— Maria: Pergunte pra ele, Vivian. Se está com dúvidas de como ele está levando o que vocês andam tendo, pergunte pra ele.

Vivian suspirou se afastando e bebeu um pouco de cerveja que ela tinha em seu copo e disse, por lembrar o que havia feito escondido de Heitor.

— Vivian: Eu não queria ser controladora, Maria. Não temos nada sério, eu sei disso. Mas é que ele ficou de dormir em meu apartamento uma noite dessas e não fez e quando eu liguei pra casa dele me passando por outra pessoa, soube que ele não havia chegado pra dormir e já era bem tarde.

Maria pensou por um momento nas palavras dela que pareceram ser uma mulher que ela disse que não queria ser, e disse pensando que teria uma resposta boa pra ela.

— Maria: E que noite foi essa?

Vivian deu de ombros fingindo que não ligava e disse.

— Vivian: Foi umas 3 noites atrás.

Maria então deu um sorriso largo e a respondeu.

— Maria: Aí Vivian, há três noites ele dormiu em meu apartamento, comigo que sou a mãe dele e a irmã. Então já pode parar de beber.

Vivian levou a mão na boca depois riu alto e disse.

— Vivian: Aí graças a Deus, Maria! Porque estou morrendo de vontade de transar com ele ao final dessa noite! Obrigada por ter salvado minha noite, amiga!

Vivian abraçou Maria eufórica e quando a largou, Maria disse.

—Maria: Pelo amor de Deus, Vivian fico feliz que salvei sua noite, mas não precisa me dizer o que quer fazer com o meu filho.

Vivian riu depois de ouvi-la, voltando a beber mais animada que antes, enquanto Maria bebeu mais de sua água baixando a cabeça e quando ergueu finalmente depois de 1 hora os olhos dela cruzou com um par de olhos verdes que a mirava com intensidade entre várias mesas.

Maria acabou cuspindo a água de volta para o copo, que então rapidamente ela pegou um guardanapo de papel e limpou o queixo e ao redor da boca que tinha molhado.

Que a vendo branca como o papel que usava, Vivian disse, abanando ela.

— Vivian: Meu Deus, o que foi Maria? Você perdeu a cor de repente!

Maria buscou com os olhos Estevão outra vez ali com ele há alguns metros entre outras mesas e pessoas, olhando em uma linha reta exatamente pra ela e disse baixo.

— Maria: Eu não estou acreditando no que estou vendo.

Vivian buscou olhar pro lado que ela olhava, mas como não conhecia Estevão pessoalmente, mesmo que chegou a vê-lo não o reconheceu, que assim, ela disse.

— Vivian: O que você está vendo? Viu alguém que conhece aqui?

Estevão do lugar dele, mexeu na gravata vermelha vestindo só ela por cima de sua blusa e bebeu mais um gole do seu 3° copo de uísque brincando com um sorriso no rosto por ter percebido que foi notado por Maria.

Maria virou de lado para Vivian mexendo no cabelo pra cobrir parte do seu rosto, na ilusão que Estevão não pudesse vê-la falando quem era que ela esteve olhando, que quando ia dizer, Geraldo voltando pra mesa disse sorrindo.

— Geraldo: Chegou uma banda nova pra tocar e que é minha preferida quando venho aqui, propósito. Acho que vai gostar deles, Maria.

Maria e Vivian olharam pra ele e mais outro rapaz do escritório. E então passou largos minutos com Maria sabendo que era vigiada por Estevão, enquanto a banda nova já tocava e Geraldo falava da banda para ela, precisando muitas vezes levar a boca no ouvido dela para ele ser entendido por ela.

Até que depois da rodada de cervejas na mesa acabar, deixaram outra de tequila e limão.

Daquela vez, Maria pegou mais um copo e virou rápido na boca, com os olhos dela buscando os de Estevão que bufou no lugar dele todo vermelho e já não se aguentando mais ver o que via.

A noite que para ele parecia estar sendo uma tortura com ele vendo de camarote ela do lado de um homem que não era ele e sorrindo com tanta intimidade que ele via, tinha piorado quando ele notou ela beber mais um copo de tequila. Como todo álcool tinha poder sobre as pessoas, mostrarem quem realmente eram para o bem ou para o mal, mas também elevando a libido sexual, ele sabia que com ela não era diferente. Lembrava como ela podia ser fraca pra o álcool e como principalmente a tequila podia abrir as pernas dela, e ele mirou com ódio Geraldo do lado dela que depois de tanto ter falado perto do ouvido dela agora a tocava no queixo fazendo ela olha-lo, o que aquela cena para ele foi a gota d’ água que faltava do seu copo que já transbordava quando ele pensou no que viria depois.

Maria mirou nos olhos de Geraldo, ele limpava o queixo dela com a ponta do dedão um borrado de batom. Ele mirou a boca dela com o batom precisando ser retocado, mas o tom vermelho ainda ali, tão sexy, tão tentador, que quando ele buscou olhar os olhos dela também ele havia percebido que ela olhava a boca dele também, o que fez ela nervosa buscar olhar nos olhos dele outra vez. Que então com os dois se olhando, ele disse baixo pra que só ela escutasse.

— Geraldo: Estou morrendo por um beijo seu Maria a bastante tempo. Mas se for pra ganha-lo essa noite, não queria que fosse na frente de todos.

Ele afastou o rosto do dela e ela fez o mesmo entendendo o que ele queria dizer. Descontente por já estar evidenciando demais seu interesse por ela, mas sabendo limite teria que ser dado ali pra não expor os dois diante dos funcionários que ele tinha presente ali, ele tomou um gole de seu copo de Rum Zacapa para se conter.

E então Maria lembrou de Estevão, o procurou com os olhos aonde ela o viu sentado e só viu a mesa vazia com apenas um copo vazio sobre ela.

Estevão tinha sido carregado dali, quando o garçom que tinha conseguido aquela mesa pra ele e o serviu de bebida aquele tempo todo percebeu pelo jeito do rosto dele o que ele pretendia fazer quando o viu se levantar, que assim, o tirou do meio dos clientes e o levou pro banheiro masculino.

Dentro dele, Estevão tinha jogado água no rosto, apertava o lado da louça da pia com força e dizia com toda raiva e ciúmes, mas também o medo que estava sentindo, para o garçom que estava ali com ele.

— Estevão: Ela não pode. Não pode terminar a noite com aquele infeliz!

E o garçom então curioso, perguntou por trás dele.

— X: Quem é aquela mulher?

Estevão o mirou pelo reflexo do espelho, depois se virou pra ele o respondeu.

— Estevão: Ela é minha, é minha, minha mulher. Só isso que deve saber.

Ele andou esfregando a mão no rosto e o garçom coçou a cabeça pensando que ele estava com mais um cliente corno inconformado ou um que não superava o final do relacionamento. Que então ele disse, o alertando já que ele tinha que voltar ao trabalho.

— Garçom: Se for pra voltar e tentar fazer o que impedi, é melhor que vá pra casa senhor, porquê se repete os seguranças que vão intervir.

Estevão então encarou o rapaz mais novo que ele e disse convicto.

— Estevão: Não vou fazer. Ela vai deixar esse lugar ao meu lado. Só ao meu lado!

Quando Estevão voltou a banda que tocava, cantava uma bonita música que o fez pedir mais um copo de bebida e apreciar o show com uma trilha que parecia que narrava a amargura dele enquanto Maria seguia na mesa no mesmo lugar que antes.

Usted se me llevó la vida – Alexandre Pires

Usted se me llevó la vida y el alma entera.

Y se ha clavado aquí en mis huesos el dolor

Con esta angustia y esta pena.

Usted no sabe que se siente perder

No sabe que se siente caer y caer

En un abismo profundo y sin fe.

Maria da mesa, suspirou quando voltou ver Estevão. Ele a mirava de copo na mão, enquanto a música seguia soando.

Maria baixou a cabeça e mirou outro copo que tinha pedido de água, depois voltou olhar pra Estevão, não vendo os olhos dele mais vivos como antes, pareciam perdido, apreciando a música, sorvendo da dor que a canção deixava explicita, o que a perturbava também a letra dela.

Usted se me llevo la vida y aquí me tiene

Como una roca que el océano golpea

Y aquí pero desiente

Usted no sabe lo importante que fue.

 

— Geraldo: Maria? Está tudo bem?

Geraldo chamou por ela quando a viu como que se não estivesse mais ali, enquanto Vivian pegou de leve em uma mão dela, por já ter notado que ela olhava demais um homem e ele fazia o mesmo com ela, o que já começava despertar nela desconfiança de quem era ele.

Maria olhou para Geraldo e depois para Vivian e não aguentando mais seguir naquele jogo que ela pensava que Estevão fazia com ela estando ali também, ela se levantou rápido disposta pôr um fim nele, dizendo.

— Maria: Eu preciso de um ar. Já volto.

Usted no sabe lo que es el amor

Y el miedo que causa la desolación

Usted no sabe que daño causo

Como ha destrozado a este corazón

Que tan solo palpitaba con el sonido de su voz

Con el sonido de su voz…

Com a música na parte que mais os faziam senti-la, Estevão virou o copo quando Maria passou quase do lado dele e o mirou com raiva, mas dando um claro convite com um discreto mover de cabeça para que ele a seguisse. A noite que ela havia pensado que usaria para relaxar em companhia de boas pessoas, via que a presença de Estevão ali também estava a estragando, o problema que ela queria esquecer aquela noite estava ali vigiando ela.

Ele então bateu mais um copo vazio na mesa depois de ver ela sumir entre as pessoas e as mesas e foi atrás dela.

Maria sabia que ele tinha entendido o recado dela, que quando ela viu que estava próxima o banheiro feminino, ela parou sem entrar nele. O som da música no ambiente seguia tocando alto, as pessoas falavam alto também, o calor humano daquele lugar cada vez mais quente fazendo ela suspirar mais nervosa, até que ela sentiu uma mão por trás dela a segurando pelo braço que ela não precisava se virar para saber quem era.

Estevão ficou quieto sem nada falar. De coração disparado, ele respirou fundo afundando o rosto nos cabelos dela e aspirou o cheiro deles, como se aquele cheiro fosse sua droga, seu calmante e até seu mais doce veneno. Ele ficou quieto, a mão firme no braço dela, com ela tremendo todo o corpo com aquela atitude dele.

Que finalmente, depois dela ouvir ele puxar a respiração dele de seus pulmões ele disse baixo.

— Estevão: Vamos embora daqui. Você e eu. Deixe aquela mesa e vamos, Maria.

Maria suspirou, fechou e abriu os olhos e a boca também, com ele voltando enterrar o rosto nos cabelos dela parecendo ter uma adoração doentia por eles, pelo cheiro deles. Que agora ela precisando puxar o ar do peito para falar, ela disse depois que fez.

— Maria: O que faz aqui, Estevão? O que faz aqui???

Ela se virou então rápido pra ele depois que falou e ele agora a olhando nos olhos, suspirou tendo imagens dela na mesa ao lado de Geraldo, sorrindo pra ele, sorrindo de uma maneira que ela já não fazia pra ele e ele sentiu que constatar aquele fato doía nele, que por isso queria se desarmar de toda raiva que pelo ciúmes ele sentia, para pedir outra vez na esperança que fosse atendido.

— Estevão: Estou aqui pra impedir que faça uma besteira, Maria. Então vamos, hum, vamos embora comigo, vamos Maria, por favor, querida.

Ele foi toca-la no rosto buscando um beijo, mas Maria foi rápida desviando do toque dele. Via aquele pedido dele como um possesso ciúme disfarçado naquela falsa gentileza com a voz mansa que ele havia falado com ela, o que a enfureceu, dando a ela mais raiva de tê-lo ali a vigiando e sentindo o que ele não tinha mais direito de sentir, que por isso ela disse.

— Maria: Está aqui pra estragar minha noite, Estevão! Sei o que há por trás de suas fingidas palavras e não tem mais o direito de sentir e nem de estar fazendo o que faz! Vai embora, me deixa em paz, por Deus!

Depois de ouvi-la, Estevão voltou tentar toca-la e dessa vez conseguiu mesmo que ela moveu o rosto, ele conseguiu fazer ela olha-lo apenas pra ele. Que então ele disse, vendo ela ofegante.

— Estevão: Não tem Deus nessa história Maria, por isso não vou te deixar em paz, não vou embora enquanto eu seguir vendo Geraldo Salgado agindo como um infeliz animal marcando território ao seu lado.

Ele fechou os olhos agora encostando a testa na dela. Estava também ofegante e Maria também fechou os olhos. Ele falava algo de Geraldo que ela via que era ele que fazia. Ele que estava com um animal fingindo um alto controle que não tinha e pensando que ela ainda era algo dele. Que então ela disse quase em um sussurro com as bocas quase coladas.

— Maria: Eu só vejo um homem fazendo isso o que diz e não é ele, Estevão é você. É você.

Estevão a mirou em silêncio, agora descendo as mãos e tocando ela nos braços nus, mirando os seios dela que marcavam mais a forma e o tamanho na blusinha que ela usava para a ocasião. Maria suspirou nervosa com o silêncio dele e com ele mirando a mirava e voltou a dizer.

— Maria: Me perturba, me persegue até quando estou tentando te esquecer, esquecer que você existe por uma só noite, Estevão! Você não pode seguir fazendo isso comigo! Não pode!

Ele levantou a cabeça para olha-la e então roubou um beijo rápido dela e a respondeu.

— Estevão: Também me perturba e eu estou aqui aceitando esse fato! Eu necessito de você Maria. Prefiro viver com o fato que não tenho paz com sua presença do que com sua ausência! Então vem, deixa eu te levar pra casa.

Depois de confessar sua necessidade dela, ele pegou na mão dela, mas ela puxou com raiva e de lágrimas nos olhos pelas palavras dele, ela disse.

— Maria: Vai embora! Vai embora, Estevão!

Ela então entrou no banheiro o deixando ao lado de fora. Estevão bufou vermelho e agora fora de si. Esteve lutando para ser gentil e não fazer o que costumava fazer, mas perante a reluta que via Maria seguir, para ele já não tinha outra opção, que por isso, ele entrou nervoso dentro do banheiro feminino também.

Maria já molhava a nuca na pia do banheiro ao lado de uma mulher, que quando ele chegou ela o viu pelo reflexo do espelho e o ouviu falar, agora como realmente ele estava todo aquele tempo.

— Estevão: Não saio desse maldito lugar sem você, Maria!

Ela se virou pra ele e a mulher que a acompanhava disse.

— X: Precisa que peço ajuda?

Maria negou com a cabeça e então a mulher pegando sua bolsinha saiu com a ideia que chamaria alguém sim.

Que já sozinhos, agora gritando Maria disse.

— Maria: O que você quer Estevão? Está te doendo me ver ao lado de Geraldo? Te incomoda? Porque se te causa algo, me agrada muito já que tive o desprazer de já cruzar com duas mulheres que esteve e uma foi minha melhor amiga!

Ela cuspiu sua indignação que tinha segurado todo aquele tempo na cara dele e depois ofegante ela tocou os cabelos. Estevão a tirava todo o controle que tinha, a tirava do eixo de todas as maneiras o que a perturbava e a deixava daquela maneira, totalmente vulnerável a ele.

Estevão sentiu as palavras dela pesarem. Era uma verdade que não podia negar e não iria, mas se era aquilo que fazia ela não querer deixar aquele lugar com ele e fazê-la cair nos braços de Geraldo, ele ia fazer de tudo para concertar até evidenciar sua situação. Que então ele disse nervoso.

— Estevão: Fala assim por essa tarde, mas eu já não tenho nada com Ana Rosa nem com Patrícia faz tempo! Eu só tenho olhos pra você Maria! Que inferno! É como uma maldição, eu só quero você, só estou querendo você!

Ele a agarrou levando as mãos em volta do corpo dela, a tocando com desespero e a beijando no pescoço. Maria com as mãos tentava fazer ele solta-la, até que usou mais força e conseguiu o empurrando, que então depois ela disse ofegante e desacreditada no que ele dizia.

— Maria: Eu não quero saber de suas mentiras, Estevão! Eu tenho nojo de você! E como você teve mulheres, eu também posso ter outros homens! Eu sou livre!

Quando a ouviu, mais desesperado que antes, ele disse temendo as palavras dela.

— Estevão: Não! Eu não vou permitir que isso aconteça, esteve livre até que regressasse, Maria, agora não está mais! Não está!

Ele então a puxou de novo pra ele e tomou a boca dela, as mãos impacientes desceu apertando o bumbum dela e depois subiu de novo apertando as costas dela com força, com posse enquanto o beijo dele exigia que ela retribuísse na mesma vontade. O que ela fez já quase sem respirar, que quando as línguas se enroscaram, ela gemeu no beijo, sentindo seu corpo acendendo como o álcool havia feito com ela momentos antes. Mas quando o beijo se desfez, ela ofegante se soltou dele cambaleando, tocando nos cabelos e depois no pescoço e disse, querendo se recuperar daquele efeito que ela sabia que era sua derrota na frente dele.

— Maria: Não pode seguir me deixando assim, Estevão. Não, não pode.

Ele sorriu de lado e a puxou pra ele agora sem muita reluta dela por ver o corpo dela ainda sobre o efeito dele, que então ele beijou o pescoço dela e lambeu abraçando ela pela cintura e depois que a boca dele subiu pro lado do ouvido dela, ele disse.

— Estevão: Como não posso te deixar, hum? Com tesão? Me querendo dentro de você?

Ele levou uma mão no meio das pernas dela a apalpou e andou com ela até a parede de um dos banheiros. Com a mão ainda a tocando por cima da calça, ele voltou beija-la, Maria ali já não era mais ela, que tomada pelo desejo que sentia, levou a mão na cabeça dele e puxou os cabelos dele fazendo ele agora gemer satisfeito na boca dela. Ele então já duro, ergueu uma perna dela ao lado da cintura dele para se encaixar melhor no meio delas e ela sentiu a ereção dele roçando nela, a deixando mais molhada do que sentia que já estava. Os dois ali seguiram se beijando como que se o mundo fosse acabar, esquecendo de tudo, de onde estavam até que uma voz fizeram eles se separar tão rápido quanto um raio.

— Vivian: Ahhhhh!

Vivian gritou sem ser capaz de dizer algo mais, os surpreendendo naquela cena. Maria havia demorado demais na sua busca por ar e ela quis ir busca-la quando encontrou com uma mulher que tinha saído do banheiro, que pelas palavras dela, ela sabia que era Maria e que seus olhos constatava sem precisar perguntar que o homem que via era o pai de Heitor. Só podia ser ele.

Enquanto se ajeitavam, Vivian cruzou os braços agora olhando feio pra Estevão. Maria, em silêncio caminhou até o espelho não vendo mais batom na boca dela enquanto Estevão tinha todo ele na boca dele o que fez ele lamber os próprios lábios e ela ver o gesto dele pelo reflexo do espelho.

Foram interrompidos, mas agora ele mais que nunca estava disposto não deixar aquele lugar sem ela. Que então ele disse vendo que o silêncio dela permanecia e  o olhar da mulher que ele não conhecia o queimava por alguma razão que ele podia deduzir.

— Estevão: Eu não vou embora sem você, Maria. Não vou!

Ele arrumou as roupas e saiu em seguida, enquanto Maria respirou fundo olhando agora pelo reflexo do espelho só Vivian atrás dela, que então ela disse baixo, limpando o canto da boca.

— Maria: Acho que não preciso dizer quem ele era já que me olha assim, Vivian.

Vivian negou com a cabeça e caminhou até ela com sua bolsa na mão, ela abriu e tirou um batom do mesmo tom que antes Maria usava e disse.

— Vivian: Não pode voltar pra mesa nesse estado.

Maria olhou pra ela desconfiada por esperar julgamentos e depois voltou olhar para o espelho. Não era só a boca dela que precisava de um retoque, mas também os cabelos que estavam revoltos. Que com a boca ainda sentindo a intensidade dos beijos de Estevão nela, ela disse chorosa.

— Maria: Eu estou perdida, Vivian. Eu o odeio, mas também o desejo como sinto que não posso desejar outro homem igual!

Momentos depois saíram do banheiro, que quando chegaram até onde todos estavam, Vivian foi puxada por José pra dançar uma música que tocava vendo que a maioria dançava em casal, Maria olhou pra ela sendo arrastada com ambas precisando conversar sobre o que tinha acontecido, até que ela ouviu a voz de Geraldo dizer atrás dela.

— Geraldo: Dança comigo, Maria?

Maria respirou nervosa e se virou pra ele. Antes de assentir ela olhou rápido ao redor. Pensou em Estevão se ele poderia estar por perto temendo um escândalo, não o viu, então ela suspirou pensando outra vez que era livre pra aceitar aquela dança como ele era e foi livre para estar com quantas mulheres ele quisesse não só para ter uma simples dança, que então apagando de sua mente que ele estava ali ainda em algum lugar que ela não podia ver mais, ela deu a mão para Geraldo e se misturaram entre as pessoas naquela dança de corpos colados que todos estavam.

Tocava, Cuando se acaba el placer – Alexandre Pires

Hoy hago el amor con otra persona

Pero el corazón por siempre tuyo es

Mi cuerpo se da y el alma perdona

Tanta soledad va a hacerme enloquecer

Quando Maria escutou a primeira parte da música, ela afastou um pouco seu corpo de Geraldo e o olhou nos olhos, que ele então gentilmente trouxe ela de volta pra ele e disse, perto do ouvido dela voltando levar o corpo dela com o dele.

— Geraldo: O que foi? Nunca fez amor com uma pessoa pensando em outra, Maria? A que realmente queria estar? Essa música é perfeita pra quem já sofreu por amor. E quem nunca sofreu?

Ele deu um leve sorriso respirando perto do pescoço dela e ela ficou calada. Outra vez não tinha o chefe dela ali com ela, tinha o homem que começava mostrar seus interesses por ela. Que então ela o respondeu, tentando relaxar com aquela nova situação, com as mãos nos ombros dele sendo conduzida por ele.

— Maria: Já sofri por amor, mas nunca fiz isso.

Geraldo buscou olhar nos olhos dela. Ela parecia dizer a verdade. Que então ele disse de novo levando a boca ao lado de um ouvido dela.

— Geraldo: Isso é bom. Pior coisa é ser usado por alguém pra esse alguém esquecer outra pessoa ou simplesmente fingir tê-la em um momento de prazer. E eu já fui as duas pessoas nesse jogo que é o amor, Maria. Me julgaria?

Ele buscou os olhos dela outra vez e Maria suspirou calada. Pensou em Luciano naquele momento, pensou no fato que não tinha conseguido fazer amor com ele em nenhuma hipótese.

Contaré que es amor.

Juraré que es pasión.

Y diré lo que siento

Con todo cariño

y en ti pensaré.

Dejaré el corazón,

seré todo emoción ...

Ainda em silêncio, ela começou apreciar a letra da música sentindo Geraldo conduzi-la na dança e vendo outros casais na mesma sintonia dos corpos. Que então ela tomou coragem e resolveu, responde-lo.

— Maria : Claro que não te julgarei, Geraldo . As vezes pessoas boas também erram, também machucam alguém mesmo sem querer. A verdade é que um dia vamos ser usados ou usar alguém.

Geraldo assentiu com a cabeça, deixando a música em segundo plano e disse a mirando nos olhos.

— Geraldo: Está linda essa noite, como em todos os dias esteve no escritório, Maria.

Maria baixou a cabeça sentindo que corava, mas também comparando aquele flerte que era diferente vindo de Geraldo. Ele era direto, seguia sendo direto, mas era gentil, não tinha intensidade, não tinha ações que podia deixar ela fora de si, não tinha presa, não podia deixa-la desesperada nem perturbada. Estevão agia tão diferente, tinha agido tão diferente. E ela se envergonhou por desejar que Geraldo despertasse nela o que Estevão podia despertar, o que Luciano não despertou, pois assim, poderia de fato terminar fazendo amor com outra pessoa naquela noite como dizia a música.

Que então voltando olha-lo nos olhos ela o respondeu.

— Maria: Obrigada Geraldo. Você está sendo muito gentil, sempre foi desde que cheguei na sua firma.

Geraldo suspirou querendo que ela entendesse de uma vez que sua gentileza naquele momento não tinha nada haver com a relação que tinha no trabalho. Que por isso, ele disse.

— Geraldo: Estou deixando cada vez mais evidente que gostaria de ser mais do que gentil com você, Maria. Será que irá permitir que eu seja? Eu tenho chances com você?

Maria puxou o ar do peito agora olhando ao redor evidenciando para Geraldo que ela procurava alguém entre eles. Que então depois que fez, ela levantou a cabeça para mira-lo e disse.

— Maria: Geraldo, minha vida está toda bagunçada. Não estou de volta ao meu país pra recomeçar uma vida nova nem ter relacionamentos. Mas é complicado demais para te explicar agora.

Geraldo suspirou agora tentando esconder o que a resposta dela o tinha causado e perguntou o que faria desistir ali ou seguir com o que desejava.

— Geraldo: E se não existisse toda essa bagunça e não fosse tão complicado, eu teria uma chance?

Maria suspirou agora com um sorriso no rosto e o respondeu sincera.

—Maria: Teria, Geraldo.

Geraldo a olhou com um sorriso largo no rosto, que devagar os lábios dele foi se aproximando do dela, mas que Maria virando o rosto acrescentou.

— Maria: Teria chances, mas não estou procurando me relacionar com ninguém agora, Geraldo.

Com a resposta dela e a recusa do beijo que aquele momento ele quis, Geraldo respirou fundo, desceu e subiu a mão no meio das costas dela em uma leve caricia e a respondeu.

— Geraldo: Já entendi que está vivendo algo complicado. Mas posso esperar que descomplique se eu tenho mesmo essa chance, Maria. Ninguém tem uma vida perfeita, a minha por exemplo pode ser mais complicada e bagunçada quanto a sua.

Ao termino de suas palavras, ele beijou o ombro dela. Um beijinho demorado que fez o corpo dela parar e ela virar o rosto para um lado, quando viu Estevão com um olhar de morte sobre eles dois. Ele estava em pé com seu novo copo de bebida na mão, o rosto tenso e a mão que não segurava o copo estava fechada e ela o encarou e virou de volta o rosto para Geraldo. Que então ela disse com pesar, o respondendo.

— Maria: Não espere. Tenho fantasmas em meu passado que estão mais presentes do que nunca em minha vida, Geraldo, não cometa esse erro também.

Ela depois de falar deitou a cabeça no peito dele, virando o rosto pro lado que ela viu Estevão vendo que ele via a cena que para ajudar, Geraldo acariciou as costas dela outra vez e perguntou.

— Geraldo: Também? Quem está te esperando?

Ela havia pensado em Luciano enquanto Geraldo pensava que teria um concorrente naquela luta que começava travar. E ela não o respondeu apenas fechou os olhos e voltou ouvir a música.

La verdad es que miento

Que vivo pensando se te olvidaré

Cuando al fin acabo la ilusión que inventé

Y se va la emoción yo quisiera también ver el tiempo correr

Ela suspirou, agora levou as mãos em volta do pescoço de Geraldo, mas ainda com a cabeça encostada no peito dele ouvindo o coração dele ali aumentando as batidas e sentindo os olhos de Estevão nas costas dela que queimava ela toda.

Estevão era segurado pela dor no lugar que estava, a dor que sentia em vê-la daquela forma nos braços de Geraldo era descomunal, era como estar sentindo sua ferida sendo cutucada. Ele sentou então não sentindo as pernas, nem sua valentia, desejando que aqueles eternos minutos daquela música que o torturava e ainda trazia lembranças que ele viveu ilusões nos braços de outras mulheres tentando inutilmente apaga-la de sua mente, pele e coração. Estavam sendo torturantes minutos que Maria estava nos braços de um homem que não era ele e ele pensava que não podia mais seguir vendo aquilo de camarote.

Sigues dentro de mi pecho y vivo recordando

Cuando pienso en ti yo siento que te estoy amando

Y cuando llega el deseo es tu nombre que llamo

Puede que no seas tu pero es a ti a quién amo

Ele então chamou o garçom falou algo no ouvido dele e tirou mais algumas notas de dinheiro para ele.

Era um basta que ele sabia que podia dar sem precisar causar mais uma briga com Maria naquele lugar se fizesse realmente o que tinha vontade. Terminaria a noite com ela, não Geraldo, seria ele.

E o garçom se afastou depois de guardar o dinheiro no bolso e se enfiou entre as pessoas.

Momentos depois Maria voltava para seu lugar, que quando voltou pra mesa que esteve, ela não viu seu casaco muito menos sua bolsa que antes estavam na cadeira. Ela então olhou na direção que sentiu que encontraria a resposta que queria, e viu Estevão que deu um sorriso pra ela de lábios fechados, depois levantou o copo meio cheio para ela como que se estivesse fazendo um brinde e se levantou deixando o copo na mesa.

Maria ergueu a cabeça, empinou o nariz entendendo que ele estava com os pertences dela mesmo não podendo ver com eles ali, que por isso ela disse brava, para Vivian ouvir.

— Maria: Eu já volto Vivian.

Vivian olhou Estevão sumindo entre as mesas e pegou no braço dela dizendo.

— Vivian: Vocês vão terminar a noite fazendo você sabe o que, Maria.

Geraldo apareceu agora ele trazendo a última rodada da noite de tequila com limão em uma bandeja, dizendo parecendo mais feliz.

— Geraldo: Essa rodada é por minha conta.

Maria olhou os copinhos e pegou um e virou rápido e saiu andando sem dizer nada a ele. Geraldo então olhando Vivian, perguntou.

— Geraldo: Aonde ela vai?

Vivian suspirou e o respondeu.

— Vivian: Não sei exatamente, mas é melhor não esperarmos o regresso dela.

Geraldo colocou a bandeja na mesa e suspirou agora nada feliz. Não era tonto e tinha sentido que algo passava com Maria enquanto dançavam e conversavam, havia notado como ela algumas vezes olhou ao redor deles como se procurasse alguém, que por isso ele pegou um copinho de tequila e virou também, estava ficando louco por ela e não sabia mais como frear o que já sentia.

Maria andou batendo os saltos pra fora do bar restaurante, conseguindo ver agora que Estevão levava algo nos braços e era a bolsa dela junto ao seu casaco que no caminho, o garçom o tinha entregado.

E que quando estiveram sozinhos no meio do estacionamento de céu aberto, ela parou e gritou sentindo que lágrimas nervosas queriam deixar os olhos dela pela explosão de sentimentos junto com ressentimentos que só ele podia causar nela desde que ela havia regressado.

 

— Maria: Não pode seguir fazendo isso comigo, Estevão! Não pode invadir aonde eu moro, não pode pensar que ainda sou sua, não pode me perseguir e me seguir e não pode ter esse maldito ciúme, muito menos esse estupido desejo que segue tendo por mim me condenando a ele também! Não pode seguir fazendo isso comigo, seu desgraçado!

 

 

 

 

 

   

 

   

 

 

 


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Notas finais do capítulo

O próximo capítulo é o último do ano e o responsável por essa maratona porque só escrevi tudo isso pra chegar nele, agora acho que vou precisar dividir ele, então pode ser que seja 2 postado. Obrigada por lerem, bjs.



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