Falso amor escrita por EllaRuffo


Capítulo 10
Capítulo 10




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Oi lindonas. Vamos de capítulo novo? A empolgação de vocês com essa fanfic me impulsionou a atualizá-la mais rápido do que pensei, mesmo que eu tinha mais planos para esse capítulo antes de postar mas que não coube nele todo, porém posso dizer que essa fic vai começar pegar fogo daqui adiante em todos os sentidos da palavra fogo kkkk. Mas tenham paciência já que estou apenas no começo da história. Enfim espero que gostem. 





Maria entrou no carro dela que estava do outro lado da calçada do restaurante ofegante e toda vermelha do choro que segurava, que quando sentou e as portas se travaram ela gritou dentro dele e finalmente chorou.  Havia imaginado que estar diante de Estevão desde que voltou a vê-lo seria sempre essa luta de sentimentos e ressentimentos vivos dentro de si, mas pensou que estaria preparada para os ataques dele. Estevão a feria com algo que ele cria que ela tinha feito, julgava o amor que ela havia sentido por ele, como falso, o mais impuro dos amores. E como poderia ser tão cego? Maria só pensava novamente que só pôde ter falhado como mulher todas as vezes que se entregou a ele, já que não tinha ficado nenhuma dúvida nele se seu amor foi real. Existe coisas na vida de alguém que não se pode mentir e nem ocultar. Os próprios olhos como janelas da alma entregam o que sentimos. E Maria dentro de si se questionava revoltada tais questões. Estevão nunca notou a verdade em seus olhos e gestos? Cria ele mesmo que ela sempre foi a mulher que agora ele odiava?

As respostas de todas questões de Maria só era uma, que para Estevão algumas fotos com ela desacordada e uma falsa conta que ela nunca saberia da onde saiu, valia mais que qualquer verdade que ele pôde sentir vindo dela dentro do casamento que viveram. Tais provas tão falsas como o amor que ele dizia sentir por ela e que Maria acreditava que foi assim, tinha válido mais que seu amor por ele que sim foi verdadeiro.

E assim ela limpou o rosto e respirou fundo. Não perderia seu dia por Estevão. Ele ainda estava no começo e tinha muito o que fazer. E ela acreditou que seu dia apesar daquele encontro com ele, ainda podia ser um dia bom. E assim ela ligou o carro e saiu dali.

Estevão logo depois também deixou o restaurante. Ele tinha um celular no ouvido estando em uma ligação. Ia voltar para as empresas San Román e se trancaria com Demétrio na sala dele. Já que sabia pelas palavras de Maria que precisaria ser guiado em como começar lutar para reconhecer Estrela como filha e sim, tirá-la dela. 

E Demétrio dentro das empresas San Román e na sala de Bruno, desligou o celular. E então ele disse sério.

— Demérito: Está acontecendo o que já sabíamos. Estevão vai querer cobrar a paternidade da filha de Maria.

Bruno se levantou atrás da mesa dele, abriu uma maleta cinza pegou um bolo de dinheiro e deu a Demétrio. Cria que tudo ainda estava no controle deles, Estevão estava no controle mas tinha que ter cartas nas mangas para poder joga-las se fosse preciso.

E assim ele disse, tão sério como Demétrio havia falado.

— Bruno:  Antes que essa bastarda nos afunde junto com Maria, vamos ter que afundar Estevão primeiro.

Demétrio depois de pegar as notas de Bruno bateu elas na palma de uma de suas mãos, passou em seguida elas entre o nariz e suspirou. O cheiro do dinheiro trazia novamente a ele o sentido de acatar tudo que Bruno falava e porquê traía Estevão daquela forma.

E assim ele disse, pensando que se Estevão conseguisse o que queria não precisariam chegar a tanto.

—Demétrio: Se ele tira a menina de Maria, não precisaremos fazer nada.  Ela vai ter mais um motivo para odiá-lo apenas.

Bruno concordou. Era Estevão e Maria juntos outra vez que poderia prejudica-los. E então ele disse.

— Bruno : Então faça isso. Já fez uma vez. Maria e Estevão tem que seguir separados para o bem de nossos negócios, querido Demétrio.

Depois de falar, Bruno tirou a mala da mesa e saiu da sala. Quando passou pela recepção vendo Lupita, ele acenou com a cabeça e logo entrou no elevador e depois chegou no térreo na área do estacionamento, entrou no seu convencível com a mala de dinheiro ainda na mão e dirigiu para longe das empresas San Román. 

Quase uma hora depois. Bruno descia a frente de um galpão abandonado. Tinha um carro preto na frente dele, e ele parou o dele vermelho e desceu de cigarro na boca e a mala ainda em sua mão.

E então ele entrou dentro do galpão, entrando por um lado de uma porta pequena. Ali, tinha um homem vestido de social com uma mala de rodinha. E ele sorriu e tirou os óculos escuros que usava e disse .

—X: Sempre pontual.

Quando o homem falou, deu a mala de rodinha nas mãos de Bruno e ele lhe entregou a mala de mão.

E satisfeito por mais aquela “transição” Bruno disse.

— Bruno : Até a próxima.

Momentos depois, nas empresas San Román com a tarde avançando, Estevão estava com Demétrio como previa.

O ouvia e ouvia mas nada parecia ser aceitável para ele. Como advogado, Demétrio seria o que o guiaria naquele processo que Estevão ia começar contra Maria, começando com o principal, que era o pedido da investigação de paternidade para assim ele ter mesmo ela não querendo, todos os direitos de pai de Estrela. Pois Estevão estava mais que certo que nunca, que a menina era filha dele. As atitudes de Maria o afirmava aquilo.

Mas o que estava deixando Estevão mais uma vez fora de si, era ouvir de Demétrio que para ele exigir seus direitos de pai sem a prova de paternidade ele não conseguiria nada. E a reluta de Maria em assumir que a menina era filha dele complicaria tudo para ele conseguir a  prova . E por isso ele se enfurecia em pensar que por culpa dela não negar mas tão pouco assumir que Estrela era sim filha dele, que aquela batalha poderia ser longa e cansativa.

E ele bufou esfregando o rosto de pé na sua sala, enquanto Demétrio estava sentado no sofá. Ele estava se sentindo tão injustiçado como homem naquela briga que iria ter com Maria, que ele disse revoltado.

— Estevão : Isso é um cúmulo! Mesmo que eu entre com o pedido de investigação de paternidade, se Maria não aceitar levar minha filha, eu não poderei tê-la? Isso é errado! Quando são elas, as mulheres, a justiça nos colocam em uma forca para assumirmos nossa responsabilidade. E agora que sou eu, um homem querendo meus direitos de pai, fica nas mãos de Maria decidir como e quando ceder!

Demétrio respirou fundo. Estava passando todos os termos que Estevão teria que enfrentar para ter seus direitos de pai reconhecido. E já tinha aclarado todos ainda que ele brigava indignado em não aceita-los. E então ele aclarou agora a questão que ele levantou.

— Demétrio : Na verdade Estevão, se fosse o contrário poderia ser a mesma coisa. Lei nenhuma obriga um homem a fazer um teste de paternidade. Mas o processo segue até ele ceder a lei. Já que a mulher é aconselhada a apresentar provas que tiveram um relacionamento com quem ela diz que pode ser pai dos filhos dela. O processo, só fica mais lento quando há recusa de umas das parte a colaborar. O que é, o que está acontecendo entre você e Maria.

Estevão bufou e foi até sua mesa, ficou de costa para Demétrio e levou as mãos espalmadas nela. Ele não queria perder tempo. O que ele via que perderia naquela batalha contra Maria para ter seus direitos reconhecidos. Havia já perdido desde do nascimento de Estrela e não queria perder mais se quer um segundo da vida dela. Que assim, ele depois de se virar para Demétrio disse.

— Estevão : Eu não quero perder mais tempo, Demétrio! Já perdi 15 anos da vida de minha filha. Não quero perder mais nenhum ano mais! Eu quero logo que essa menina tenha meu nome, quero vê-la, quero estar com ela! Sou o pai dela e exijo meus direitos como tal!

Estevão mexeu desesperado no nó de sua gravata em um gesto comum dele. E Demétrio se levantou e tentou dizer, algo que não tinha dúvidas porém, via Estevão tão certo do que queria e dizia, que disse.

— Demétrio : Está muito seguro que é pai dela, Estevão. Pode ser que não. Talvez...

Estevão não deixou Demétrio falar, de cara feia e vermelha ele apontou o dedo para ele. Sentia mais que nunca que a filha que Maria reapareceu com ela era dele, e cobraria seus direitos nem que fosse a última coisa que fizesse na vida. E então ele berrou de frente para seu advogado.

— Estevão : Sei que sou pai dela!Hoje Maria me deu a certeza! Ela a escondeu de mim! Me escondeu ela para se vingar, Demétrio! Sei que foi por isso! Maria escondeu a existência de minha filha e eu não vou deixar isso barato!

Demétrio então decidido a brigar por Estevão como antes fez, apenas estufou o peito de rosto tenso e deu as palavras que sabia que ele queria ouvir.

— Demétrio : Então estou aqui pra te representar! Amanhã mesmo estarei pedindo a investigação de paternidade que quer Estevão! E esteja ciente que logo Maria e você serão convocados pelo juiz que tentará algum acordo antes de expor a menina ao exame, que ela não quer ceder. Estrela é de menor e farão tudo pensando no bem estar dela. Então ainda que queira tudo rápido, temos que ter paciência!

Estevão suspirou. Desejava achar um jeito que fizesse Maria ceder. Mas sabia que isso seria impossível. Ela o odiava estava claro, o odiou desde do princípio. Porquê só o odiando para traí-lo como ela fez de duas formas e ainda lhe tirar uma filha que ele tanto desejou. E então ele sentou no sofá baixou a cabeça e esfregou a mão nos cabelos e disse .

— Estevão :  Maria não tinha esse direito!Estrela precisa de uma figura paterna. E a minha e não dos amantes que ela já teve! Vou tirar minha menina dela!

Estevão cuspiu seu desejo completamente egoísta e sem querer saber as consequências que teria seus atos. E Demétrio disse.

— Demétrio : Vamos lutar para isso, Estevão. Mas antes de qualquer briga com Maria em frente a um juiz, vamos precisar dessa prova de paternidade. Sem ela, juiz nenhum te dará ao menos o direito de visitas. Ela é o mais importante antes de tudo!

Estevão fechou os olhos e puxou o ar do peito. Na memória dele lhe veio o rosto de Maria. Aquele belo rosto que ela tinha, os lábios, os olhos e os bonitos cabelos negros, que isso tudo nela era o que estava o enlouquecendo novamente. E ele tinha certeza que a beleza de Maria fora do normal era perigosa. Porquê ao princípio o enfeitiçou e agora aquela beleza dela mais ressaltada com o passar dos anos ainda mexia com ele, ele sentiu mais ainda a prova disso no restaurante que por isso perdeu a cabeça e agora ele se arrependia. Já que estava certo que não tinha por onde correr, necessitava de Maria, da sua boa vontade para ter os direitos de pai de sua menina. O que reacendia ainda mais os ressentimentos que tinha por ela. Não bastava ela ter o roubado e o traído no passado, agora no presente, tinha a filha que ele tanto quis só pra ela.

Já era noite. O dia corrido e cansativo que Maria teve chegava ao fim. E ela sentada no sofá da sala com Estrela assistiam uma comédia romântica .

A menina estava deitada no sofá com a cabeça nas pernas dela, que tinha uma almofada e uma bacia de pipoca estava sobre a barriga dela que as duas comiam.

E Estrela gargalhou com uma cena do filme que passava na televisão grande na frente delas e pegou mais pipoca na mão, levantou um dos seus braços e enfiou elas na boca de Maria que abriu assim que viu a mão dela .

— Estrela: Come comigo.

Maria riu pegando o que sobrou da pipoca da mão de Estrela e mastigou o que sentiu obrigada a comer. Ela já sentia que pesava mais do que havia chegado no México. Já que mais uma noite haviam jantado besteira. Lasanha bolonhesa comprada pronta e descongelada no microondas tinha sido a janta rápida delas e agora pipocas com refrigerantes que estava sobre a mesinha na frente delas.  Mas Maria sabia que seria a última vez que não teriam uma refeição mais saudável, já que Marta começaria trabalhar no dia seguinte e cozinharia finalmente para elas.

E tirando sua atenção do filme, Maria ouviu o celular dela apitar ao lado do sofá sobre a mesinha que tinha um abajur e um quadro com uma foto dela com Estrela, e o pegou.

Ela olhou a tela e viu uma mensagem de um número ainda desconhecido por ela não ter salvo, mas ela sabia de quem pertencia. E então ela leu a mensagem.

Amanhã Heitor te espera aqui na minha casa às 19:00. Não falhe com ele. Já falhou durante 15 anos quando o deixou para estar com seus amantes. Então esteja aqui!

Maria arregalou os olhos quando leu o conteúdo da mensagem de Estevão em seu whatsApp. Era a primeira vez que ele mandava uma mensagem para ela naquele meio. E ela trincou os dentes de ódio dele. O  que havia lido poderia fazê-la vibrar se ela não entendesse o que Estevão estava fazendo. Ele estava ditando o jeito e aonde ela veria Heitor, quando ela já havia deixado muito claro que não seria na mansão que ela queria vê-lo. Não seria ele que ditaria a ela como seria seu reencontro com Heitor. Maria não queria aceitar aquilo. E então ela digitou rápido a resposta pra ele.

Me passa o número do meu filho, Estevão! Quero falar com ele! Já deixei claro que na sua casa não piso nunca mais!

Ela mandou a mensagem e respirou nervosa . Estrela ouviu o respirar dela mudar e se sentou, e disse quando viu  Maria suspirar e levar a mão na testa fechando os olhos logo em seguida.

— Estrela : O que foi mãe?

Estrela curiosa, buscou olhar a tela do celular de Maria mas então chegou outra mensagem e ela olhou rápido tirando assim da visão dela o aparelho.

Não vou passar nenhum número! Já estou fazendo demais por você quando nem isso faz em relação a minha filha! Então peça a ele quando vê-lo você mesma! E não esqueça Maria, amanhã às 19:00!

Longe dali.

Estevão sentado por trás da mesa de seu escritório na mansão, ria por dentro. Ele só imaginava a cara de Maria quando lia suas mensagens. Ele havia notado como ela estava cheia de si, abusada e dona de suas vontades. Mas ele pensava que podia tirar fácil sua pose de intocável. E faria isso usando Heitor como havia decidido. Ele mais que ninguém sabia  que ela ciente que o filho a esperava, não se negaria a ir de encontro a ele em qualquer lugar e no caso, na casa dele como ela não queria que por essa razão ele queria fazer questão que ela estivesse na casa dele. Se ela complicaria a luta dele em provar que era pai de Estrela assim como ela havia deixado claro no restaurante e Demétrio mais claro ainda, ele faria igual com ela. Pagaria na mesma moeda jogando aquele mesmo jogo com ela.

Se Maria não facilitaria para ele para favorece-lo em algo, ele faria igual já que ela o queria sofrendo, ele também iria querer e porquê não ver ele mesmo e debaixo do seu nariz, como? Já que ela não tinha e nunca teve piedade dele, fazendo o que fazia com Estrela, ele faria o mesmo sem pestanejar. Já que ele se sentia de mãos atadas ainda sobre a menina, mas sobre Heitor, Estevão sabia que tinha total poder sobre ele assim como ele sabia que ela tinha sobre Estrela. E por isso ele usaria esse poder como ela havia ameaçado que faria também o mesmo com ele em relação a menina.

E assim ele olhou sua mesa. Tinha documentos sobre ela que viraria provas para ele exigir a comprovação de paternidade. Ali no móvel, tinha a certidão de casamento com Maria mas a que foi dela, a de divórcio também que ficou no poder dele e algumas fotos com ela. Mas a melhor das provas ali, era a certidão de nascimento de Heitor que tinha o nome dela como mãe. Tudo que tinha na mesa serviria de provas ao juiz para provar que Estevão e Maria tiveram um relacionamento caso ela negasse e por isso sim, a filha dela poderia ser dele.

Estevão queria seguir a risca as palavras de Demétrio. Pois estava mais que ciente que Maria não facilitaria nada pra ele naquele briga. Então ele faria tudo para ter o que queria.

E ele então pegou uma foto da mesa. Nela eles estavam no parque e ainda jovens. Tinha um verde atrás deles e Estevão abraçava Maria por trás. E na foto, ela levava poucos meses de gravidez de Heitor. E Estevão se sentia um doente, o maior dos sadomasoquistas por não conseguir se livrar daquela foto nem de nada que tinha em sua frente, tirando a certidão de Heitor que lembraria sempre ela, na verdade só a existência dele o lembraria ela . Era mesmo um sadomasoquista e dos piores que ainda tinha também em posse as fotos dela na cama com o amante, e que guardava em um cofre de senha o envelope que tinha a prova de seu falso amor. Ele guardava suas dores em provas física que dizia que ele gostava de sofrer.

E ele então bufou olhando a foto enquanto meditava. Se soubesse que Maria lhe partiria a alma e o coração, faria primeiro isso com ela . Mas voltando com seu pensar logo depois de um suspiro vendo o sorriso dela na foto, Estevão riu amargo com a vida, já que a verdade era que foi tão apaixonado que se soubesse dos planos de Maria, teria sido capaz de tudo para ter o amor dela, mesmo que fosse comprando ele. Seria capaz disso. Seria capaz de tudo para não perde-la.

Ele então se levantou espantando seus doentes pensamentos. Foi envergonhado como homem por ela e não podia perdoa-la nem no passado tão pouco no presente.

E assim a porta do escritório se abriu. E Estevão olhou e viu Heitor passar por ela.

E então ele disse, confiando que Maria faria o que ele impôs, depois de soltar um suspiro lento.

— Estevão: Amanhã. Amanhã, sua mãe estará aqui para que tenha a conversa que tanto quer ter com ela, Heitor, filho.

Heitor ficou mudo. Só entrou no escritório para ver o pai que passou o resto da tarde toda trancado com Demétrio na sala das empresas San Román e o ouvia dizer aquilo de repente. Aquele encontro com a mãe dele, era o que ele havia esperado por 15 anos acontecer, que mesmo que pensou que já não queria, já não necessitava tê-la em sua frente, desde que soube de seu regresso, estava ansioso para aquele encontro ainda que tinha dentro de si uma mistura de sentimentos que falava mais alto a raiva e a magoa que tinha dela. E por isso se feria. Mas a verdade era que sempre esteve sonhando com  o momento, para o bem ou para mal. Já que guardava tanta magoa de Maria que só queria colocar ela pra fora e de frente para ela. E assim ele disse depois que piscou, ainda incrédulo.

— Heitor : Amanhã? E aqui?

Estevão assentiu Exigia que Maria estivesse com o filho deles debaixo de seus olhos, e mais ainda, queria vê-la ceder às suas vontades que ele sabia que a mulher não iria, mas a mãe que ansiava pelo reencontro do filho sim.  Mas naquele momento, quando viu os olhos de Heitor pensou nele. Os olhos arregalados do jovem e a palidez de seu rosto o preocupou como pai, e então ele disse, disposto a voltar atrás com o que fazia, apenas por ele.

— Estevão: Sim, filho. Mas se não quiser posso dizer para que ela não venha. Não é obrigado vê-la.

Estevão tocou no ombro de Heitor e depois no rosto. Ele era seu menino, a única razão que o fez seguir em frente quando pensou que foi destruído por uma única mulher e simplesmente por ama-la cegamente. Heitor. Apenas ele que era o que ficou de verdadeiro no casamento dele com Maria que o fez querer viver e renascer, ainda que sentisse que parte dele estava morto por dentro .

Mas Heitor depois de entender que o reencontro com a mãe dele poderia tardar mais, respondeu Estevão.

— Heitor : Não papai, que seja amanhã como ela quer e aqui como quiser. Já é hora que eu e ela estejamos frente a frente.

Heitor tocou com a mão, a mão de Estevão que estava no ombro dele. E Estevão assentiu e deixou evidente seu medo novamente.

— Estevão : Isso que penso que já é hora, filho. Mas lembre-se, tudo que fiz, foi por amor, foi para protegê-lo. Sabe disso, Heitor. Eu nunca escondi de você a verdade!

Heitor assentiu agora com a cabeça. Sabia pela boca de Estevão que Maria havia escolhido deixá-lo por seu amante. Sabia daquela falsa verdade e por isso entendia desde então que ela tinha escolhido abandona-lo. E assim, ele respondeu o pai.

— Heitor : Ela escolheu isso quando me deixou papai. O senhor foi tudo pra mim em todos esses anos com minha tia Alba. Eu sei e sou grato por tudo que me fizeram.

Estevão sentiu lágrimas vindo nos seus olhos claros. Ele havia se tornado em um homem de casca grossa, apenas casca porquê por dentro dele sofria mais do que aparentava e lidava sendo quem agora era com as dores que tinha. E assim ele disse de voz embargando.

— Estevão : É meu mundo Heitor. Se te tenho contra mim e a favor dela, matará o único de bonito que restou dentro de mim.

Heitor suspirou sentido. Era ciente das marcas que o pai tinha com o  que a mulher que era sua mãe e estava de volta o tinha feito nele. Mesmo que o viu com mulheres maior parte de sua vida, ele sabia melhor agora já um homem, que tinha um pai vazio e solitário todos aqueles anos. Um que não pensava mais em dividir uma vida com ninguém, um que não falava de amor com ninguém e que por isso nunca foi seu melhor conselheiro naquele assunto quando precisou como filho entre suas primeiras conquistas amorosas. A traição tinha levado muito do pai dele e Heitor era ciente e sabia quem era a única culpada de torná-lo em o que agora era.

E assim ele disse, expondo o quanto o amava e tomaria a dor dele se fosse preciso.

— Heitor : Não se preocupe pai. Já disse. Devo muito ao senhor. Nunca faria isso. Que filho seria eu, se lhe virasse a costa? Eu te amo e estarei sempre contigo.

Heitor então abraçou Estevão e ele abraçou seu rapaz em um abraço forte que terminou com os dois sorrindo.

Enquanto no apartamento de Maria. Ela estava possessa com Estevão com o dilema que se encontrava . Não queria fazer o que ele queria, não do modo que ele exigia. Queria estar com Heitor mas do jeito que ela imaginava, que seria em um momento que teria só eles e longe da mansão aonde sofreu a mais terrível das injustiças. Mas agora se via pensando na hipótese de voltar pisar nela, pois Heitor poderia fazer aquilo . Fazer ela ir de encontro a ele nem que fosse no fim do mundo.

Seu amor de mãe gritava desesperado para ela agarrar aquela oportunidade, por não saber se teria outra se não fosse até a mansão. Maria pensava que Heitor não poderia ceder fácil a qualquer convite dela, na verdade, tinha certeza graças a Estevão que deixava claro isso, e por isso temia que se não fosse na mansão outro encontro com ele não aconteceria logo. Além do mais, já estava há semanas de volta e sabia que o momento agora com sua vida nos eixos, iria estar diante do seu filho. Afinal foi por Heitor que ela regressou ao México. Para recuperar seu amor de mãe que ele tinha que ter por ela, que ela era capaz de tudo.

E então ela suspirou e passou os cabelos todos para trás com umas das mãos. Pensava e pensava e se via sem  escapatória, teria que ceder as exigências de Estevão, mas também sem dúvidas, ao ceder estava disposta a começar desmascara-lo para o filho deles.

E assim, Maria ouviu bater na porta e Estrela já entrar no quarto com o celular dela na mão e dizer, baixo. 

— Estrela : Luciano ligou.

Maria apenas pegou o celular e viu a chamada perdida. Havia deixado seu celular na sala quando mandou mais mensagens para Estevão e viu que ele não quis mais responde -lá, e então mandou para Luciano desesperada para contar o que estava acontecendo a ele e buscar uma clareza que ela tinha certeza que ele poderia dar a ela. E como não teve resposta de nenhum deles, seu único escape foi ir para o quarto para não deixar evidente seu nervosismo a Estrela. Mas a menina tinha notado e lido as mensagens também.

O que Maria notou quando a olhou nos olhos, já que ela não tinha uma cara boa. E assim ela disse .

— Maria: Leu minhas mensagens, não foi?

Estrela assentiu. Tinha lido e viu como Estevão seguia grosseiro com a mãe dela e sentiu mais raiva dele, mas também tinha medo e ciúme, medo de deixa-la ir até a casa dele sozinha e ciúme por saber que ela estaria com Heitor. 

E então ela disse a Maria, que tinha largado o celular no meio da cama e cruzado os braços na espera da resposta dela.

— Estrela : Estevão é um grosso!Não quero que vá na casa dele, e se vai, me leva com a senhora. Não quero deixa-la só com aquele homem. Ele vai te machucar de novo, mãe!

Maria suspirou e depois buscou a mão de Estrela e a fez sentar do seu lado na cama, se virou para ela e lhe tocou os cabelos que caiu em seus olhos quando ela baixou a cabeça e disse mansa.

— Maria : Sei que se preocupa comigo, meu amor. Mas isso eu tenho que fazer sozinha. Eu sei lidar com ele. Não se preocupe comigo, já disse. A mamãe está preparada para qualquer coisa vindo dele. Tenha certeza disso.

Estrela ergueu a cabeça para olhar Maria nos olhos enquanto ela alisava seus cabelos depois de suas palavras. Pensava em Heitor também, pensava na hipótese dele também machuca-la e então ela disse.

— Estrela: E se Heitor também ser grosso? Quero estar contigo para defende-la deles.  Por favor me leva.

Estrela abraçou Maria apertando ela. Pela mãe se sacrificaria estar diante de Estevão outra vez apenas para estar com ela.  E Maria a abraçou também e com força e  a respondeu com amor ainda que sofresse em pensar também em como Heitor poderia tratá-la.

— Maria : Se ele agir dessa forma comigo eu saberei lidar com ele também, ainda que me doa, filha. E o melhor de tudo é que de todas as formas, sei que quando eu regressar estará aqui pra mim. E como sempre será minha força pra seguir adiante.

Maria beijou a cabeça de Estrela depois de suas palavras e a menina agarrada a ela como estava, a respondeu com firmeza.

— Estrela : Sempre estarei aqui pra senhora, mamãe. Mas vamos seguir adiante longe daqui. Não te quero com eles dois. Vamos voltar pra Londres e vamos ser só nós duas outra vez!

Quando deixou claro outra vez que queria ir embora, Estrela se afastou de Maria para olhá-la nos olhos. E Maria não gostando em novamente ouvir de Estrela que queria ir embora, com ela sabendo o que as trazia ali, ela disse também firme.

— Maria : Sabe que isso não é possível ainda Estrela. Vim com um propósito e sabia disso. Tem um irmão que merece ter a  mãe dele também ao lado.

Estrela então cruzou os braços e virou o rosto. Nunca tinha precisado dividir Maria com ninguém e por isso não estava a agradando saber que teria que fazer aquilo. E assim ela disse quando voltou olhá-la.

— Estrela : Não vai amar mais ele do que eu, não é?

Maria deu um sorrisinho. Se fosse só aquele o problema de Estrela ela saberia lidar fácil para deixá-la segura. E então ela disse, levantando a cabeça dela com seus dedos levemente em seu queixo.

— Maria : Que bobagens diz, meu amor.

Maria ficou olhando os olhos de Estrela, estudava seu expressão no rosto e via ele ficar mais leve. Até que a menina declarou sem vergonha do que sentia.

— Estrela : Tenho ciúmes, muito, ciúmes! Queria que voltasse ser só nós duas!

Maria retirou a mão do queixo dela e Estrela se levantou dando as costas para ela e cruzando os braços. E então ela disse séria mas baixo.

— Maria : Está deixando muito claro o que sente. Mas está sendo um pouco egoísta, filha. Tem quinze anos e pode já entender muitas coisas.

Estrela então se virou rápido para Maria e disse brava, o que entendia sim mas não gostava.

— Estrela : Sim! Eu entendo! Eu entendo que Estevão é cruel e mal e vai te machucar de novo e que Heitor por acreditar nele, também vai! E eu vou odiá-lo como já odeio o pai dele!  Eu odeio os dois, os dois, os dois!

Estrela falou aos gritos suas últimas palavras e toda vermelha.  O que fez Maria se levantar, ficar maior que ela e torcer os lábios em desagrado pelas palavras dela e o tom alto. Berrar que odiava alguém daquela forma tão rancorosa, era o que Maria nunca esperou vindo de sua menina que sempre foi meiga e calma, ainda que as vezes a teve histérica como qualquer adolescente na idade dela era, mas não daquela forma. Odiar era uma palavra forte. Um sentimento forte para ela dizer em tão pouca idade ainda mais dizer sentir tal sentimento contra o próprio irmão . Já que por ele, Maria não aceitaria. Que mesmo lembrando do sermão do padre Belisário e o remorso mais uma vez latente no seu peito ao ver a filha lidando com ressentimentos, ela sentir eles contra Estevão, por força maior Maria não tinha coragem de rebater eles, mas por Heitor ela faria. E assim ela disse brava para repreende-la.

— Maria : Odiar é uma palavra muito forte vindo da sua boca, Estrela,  ainda mais quando diz sentir pelo seu próprio irmão! Tem que lembrar que ele não tem culpa de nada! Não o odeie!

Estrela chorou vermelha. Maria tinha falado alto como pouco falava com ela. E então ela disse toda magoada.

— Estrela : Está brigando comigo por culpa dele? Está defendendo ele!

Maria viu sua menina chorar mais e seus olhos ficaram cheios de lágrimas como os dela. Via Estrela começar expor de forma agressiva o que sentia pelo modo que falava que nunca tinha visto antes, além de nitidamente a via começar sofrer. O que era o que ela nunca desejou mas estava sendo impossível. De fato estava sacrificando a vida calma e feliz que Estrela teve todos seus anos de vida para expô-la naquela briga por Heitor que ela ia comprar. Ela sacrificava o bem estar de um filho pra ter de volta o outro. E mais uma vez Maria se sentia injustiçada. O que era uma ironia da vida, já que trabalhava ao lado da lei cobrando justiças e leu e releu muitos artigos e códigos penais o que a fazia saber como funcionava a justiça dos homens e que ela também podia ser falha, mas ela sentia que mais falha era a divina que seguia falhando com ela mesmo depois de 15 anos.

E Estrela correu do quarto e Maria deixou uma lágrima descer. Estevão era todo o culpado de tudo. Assim ela o culparia até o fim dos seus dias por não ter tido Heitor durante quinze anos e agora ter Estrela começar sofrer também por culpa dele .

A menina entrou no quarto dela soluçando. A assustava tudo que estava passando e sentindo, o que a fazia cada vez mais querer regressar ao seu país natal. E então ela deitou na cama puxou a coberta e se cobriu até a cabeça para chorar debaixo dela. Enquanto ainda no quarto, Maria ouviu seu celular tocar . De novo era Luciano, mas ela tinha alguém mais importante que ele e que merecia sua atenção. E então ela limpou as lágrimas e saiu do quarto.

E já no quarto de Estrela, Maria acendeu a luz e disse.

— Maria: Temos que conversar, filha.

Ela andou e tentou tirar a coberta dela mas Estrela segurou e disse com voz de choro.

— Estrela: Eu quero voltar pra Londres! Eu odeio esse lugar!

Maria levou a mão na boca querendo controlar o choro que queria vim alto ao ouvir o soluço entre o choro que Estrela deu. Aquele pedido dela ela não poderia atender, não poderia abandonar Heitor de novo, já que dessa vez se fizesse ela estaria errando com ele por agora ter a opção de ficar e lutar por ele.

E assim ela sentou na beira da cama box e de casal que Estrela dormia e a tocou na perna.

— Maria : Disse que estaria do meu lado, filha. E eu disse que precisaria de você ao meu lado quando não aguentasse. Mas vejo que não vai poder e sem você não vou conseguir.

Estrela não respondeu apenas chorou mais. Havia prometido ser a força da mãe se Heitor a magoasse e também a proteção dela se ela precisasse, mas via pelas palavras dela que ela já falhava.

Maria então como viu que não iriam conversar, apenas chorar . Ela alisou a perna dela e apenas disse, pronta pra deixá-la.

—Maria : Eu te amo. Amo mais que tudo, mais que minha própria vida Estrela. Você foi quando nasceu e ainda é, a luz que eliminou a minha vida quando ainda me via no escuro e sem sentido para seguir.  Não deixe a mamãe sozinha nessa . Por favor.

Estrela quando ouviu Maria falar daquela forma, tirou a coberta da cabeça e mostrou o rosto dela todo molhado de lágrimas e seus olhos vermelhos e depois sentou na cama a agarrou pelo pescoço e disse desesperada.

— Estrela : Eu tô aqui mamãe. Não está sozinha. Me perdoa se te fiz pensar isso. Me perdoa, eu estava cega de ciúmes e sendo boba.

Estrela começou beijar todo o rosto de Maria. Desesperada queria reparar o dano que percebeu que estava causando na mãe que tanto amava.

E mais tarde no quarto de Maria, deitada com a única pessoa que ela dividia muitas vezes a cama. Ela tinha Estrela que já estava dormindo ao lado dela, enquanto ela só lhe alisava os cabelos sem poder pregar os olhos.

Tudo estava revolto ainda e de cabeça para baixo. Maria percebia que estava sendo uma ilusão pensar que tudo estava se encaixando, já que o que era sua prioridade, que era seus filhos, ela via que nada estava certo e que tudo estava fora do lugar.  Uma inevitável rejeição era o que a esperava na mansão San Román vindo de Heitor e sua pequena menina mulher, estava sentindo dores e sentimentos pesados que até então ela não precisou lidar.

E as horas foi avançando, que já perto das 3 da manhã Maria conseguiu dormir, mas duas horas depois recebeu uma ligação o que a fez pular da cama e deixar meia hora depois sem escolha, Estrela sozinha no apartamento dormindo.

E às 06:30h, Estrela levantou com o despertador para ir a aula. E o primeiro que ela fez foi chamar por Maria no quarto. E ela então saiu do quarto coçando os olhos descalça e de pijama, quando encontrou uma moça desconhecida na sala e então ela disse, ainda de mão em um olho coçando ele.

— Estrela : Quem é você? E cadê minha mãe?

Vivian sorriu pra adolescente que ela jurou pela preocupação de Maria em quase implorar que ela fosse vê-la, que a filha dela tinha menos de dez anos. O que as pernas cumprida dela que o shorts do pijama não cobria e o volume que mostrava na frente de sua blusinha parte do pijama, provava que ela era já uma mocinha.

E então, Vivian tentou sorrir para cara de sono que Estrela tinha e a respondeu.

— Vivian: Me chamo Vivian. E Trabalho com sua mãe, Estrela. Mas só estou aqui para certificar que ficará bem até dar o horário de sua escola ou Marta chegar. Acho que é esse o nome dela.

Marta começaria estar com elas aquela manhã, e Estrela lembrou disso ao ouvir Vivian. Mas só querendo saber aonde a mãe dela estava, o que não foi aclarado, ela olhou de cima a baixo Vivian e perguntou.

— Estrela : Ainda não me disse aonde está minha mãe, Vivian.

Vivian então suspirou. Não gostava muito de adolescentes, não tinha nem gostado dela quando foi uma. Mas respondeu mansa a filha de Maria que para ela tinha levantado de pé esquerdo naquela manhã, julgando pela cara dela e sua falta de interesse de querer conhecê-la.

— Vivian: Ela está no hospital.

Estrela quando a ouviu arregalou os olhos e então rápido disse de voz chorosa.

— Estrela: O que houve com minha mãe?! 

Enquanto em um dos maiores hospital do distrito do México.

Maria estava sentada em uma poltrona de um leito. A chamada que teve ainda de madrugada a levou ali. E então ela dormiu com o celular sobre a perna e sua bolsa ao lado sobre uma mesinha. Cecília havia sido espancada outra vez pelo marido, mas dessa vez estava em estado grave no hospital. Sedada com morfina para dor, ela aguardava o resultado dos exames para passar por uma cirurgia, que repararia a grave lesão que sofreu no maxilar deslocado com um soco. E assim Cecília tinha um colar cervical ortopédico no pescoço, para quando acordasse não movesse ele nem a cabeça para não agravar mais a lesão, além de ter um dos olhos mais inchado que o outro.  Manolo Canedo, o marido dela covardemente, havia descoberto mais uma vez a busca que Cecília estava para se divorciar dele e não gostou nada. E então resultou em mais agressões físicas, que agora Maria ia pelear de verdade por sua cliente. Enquanto a menor, filha do casal estava com uma tia materna, o que deixava Maria tranquila para cuidar não só dos direitos de Cecília mas também de sua segurança.  Mas para isso ela tinha que acordar e aprovar que ela fosse a delegacia e como advogada da mulher  apresentaria a queixa na delegacia. Já que o médico que atendeu Cecília na emergência, já tinha dado o laudo que ela poderia ter morrido e nem ele como profissional queria que o marido de sua paciente ficasse impune . Mas para puni-lo, Maria precisava da permissão de sua cliente. Ela era ciente como mulher e na área que escolheu trabalhar, que muitas mulheres sofrem agressões todos os dias mas nem todas denunciam e as que tem a coragem de fazer a denúncia, mais da metade retira. E por isso as estatísticas de homicídios de mulheres nas mãos de seus parceiros cada vez aumentavam no mundo todo. E por isso Maria torcia que Cecília permitisse que a justiça fosse feita para ela.

E assim Maria ouviu um gemido. O sono leve que tinha junto com sua cabeça com mil pensamentos que não parou a fez abrir o olhos e perceber que o gemido vinha de sua cliente na cama e ela então se levantou e foi até ela.

— Maria : Oi. Estou aqui com você, Cecília.

Maria disse baixo e procurou a mão da mulher pra pegar e mostrar amparo a ela, não só como advogada mas também como mulher. Os olhos de Cecília abertos estavam vermelhos e nem era pelas lágrimas. Era sangue neles e fez Maria querer chorar. Mas ela sabia que tinha que ser firme ali e seria.

Cecília fez que ia falar. Mas percebeu que era incapaz de fazer aquilo e ficou agitada. Maria então sabendo que tão cedo ela falaria, foi até sua bolsa pegou uma caderneta dela e uma caneta e disse, voltando a até ela.

— Maria : Não pode ainda falar, Cecília. Vai passar por uma cirurgia. Mas vai ficar tudo bem. Está segura agora. Só escreva o que quer falar pra mim.

Maria colocou a caneta com cuidado na mão dela. E Cecília escreveu apenas filha e Maria a respondeu para tranquiliza-la.

— Maria : Ela está com a tia materna, sua irmã. José a levou até ela. Não se preocupe ela está segura e agora deixe que a gente te deixe também. E se dizer sim, agora mesmo denunciaremos seu marido .

Maria suspirou desejando o sim de Cecília de uma vez. Foi Vivian que a acordou com o telefonema e foi José que atendeu Cecília no celular que engasgava no próprio sangue. Os três estavam por ela, e com ela. Mas ela que tinha que decidir se queria a ajuda deles.

E Maria a viu escrever um sim enquanto deixava lágrimas descerem dos seus olhos. O que fez Maria fechar os olhos e agradecer pela decisão certa de sua cliente. Que agora não seria apenas uma briga para ela conseguir o divórcio que sua cliente tanto desejava, mas também seria a briga pra justiça ser feita que Maria iria batalhar por ela.

Mais tarde.

No horário do almoço. Estevão estava em um restaurante e Patrícia estava com ele. O restaurante foi Patrícia que escolheu que por insistência, Estevão cedeu deixar a empresa para almoçar fora dela. Havia passado a manhã toda pensando em Maria, e em como seria tê-la outra vez na mansão e diante do seu filho. Ele nem havia dormido direito. Que na verdade ele sentia que já não sabia o que era dormir bem desde de seu regresso.

O restaurante que estavam, era um japonês que Patrícia gostava de ir e que era requintado mas não o preferido de Estevão, porém ele estava ali fazendo o gosto dela por estar não muito contente por ter Maria metida ainda nos seus pensamentos. O que pensou, que uma hora com Patrícia o faria esquecer de Maria e o fato que a teria em sua casa pela noite.

Uma televisão grande e plana estava presa em um canto perto da mesa deles. E de repente Estevão viu na tela quem não deixava de pensar. De costa, Patrícia não via a televisão, e pegou na coxa de Estevão subindo lentamente a mão na perna dele. O queria ainda aquela tarde. Mas Estevão pegou na mão dela pelo pulso firme demais e ela olhou nos olhos dele que estavam preso em algo que tinha nas costas dela, ela então puxou a mão e resolveu se virar pra ver o que Estevão olhava tanto.

E ali estava Maria. A que ela não via há 15 anos mas não tinha dúvidas que era ela na tv e leu assim como Estevão a faixa abaixo na tela, que a chamava de advogada e junto tinha o nome do senador do México, que destacava o escândalo que Maria era porta voz para tantos repórteres que a cercou, com microfones de emissoras de televisão, gravadores e celulares, entre as câmeras na cara dela.

Longe do restaurante, Maria abordada pelos repórteres na porta da delegacia da mulher, não sabia como tinha vazado tão rápido a notícia que o senador do distrito do México era um agressor de mulheres, o que ela já esperava que tal bomba iria explodir assim que ela apresentasse a denúncia, mas não tão rápido.

E cada microfone, gravadores e aparelhos celulares, frente ao seu rosto vinha com perguntas que Maria sabia que nem todas poderia responder. Não queria expor a vida de sua cliente mais do que já ia ser exposta pela mídia, portanto não daria detalhes do real estado dela no hospital, já que já sabiam que ela estava internada. Mas responderia qualquer coisa para prejudicar ainda mais o senador que logo seria intimado.

Ainda que Maria tinha certeza, que com todo dinheiro que o senador tinha seria liberado e responderia o processo em liberdade, mas a maior certeza que com aquela acusação e as palavras dela ao vivo em televisão contra o senador, era que começaria afunda-lo ao tirar as máscaras que ele tinha de bom homem e conservador . E isso a deixava satisfeita e encorajada a seguir naquela briga sem medo e por Cecília.

E assim ela ouviu mais uma pergunta, feita por um homem.

— X: Como está a esposa do senador? Por que o senador Canedo a agrediu? Ela o traiu?

Maria torceu os lábios e andou. Entre as perguntas que ouviu a maioria foi como aquela. Sempre colocavam a culpa na mulher. Se apanhou do marido teve um motivo, mas se foi estuprada era pior ainda.  E então ela andou rápido, antes que perdesse a ética e respondesse o repórter como devia.

Mas quando chegou a frente de um carro que Vivian estava nele, ela ouviu a mesma pergunta, mas agora vindo de uma repórter. E então ela virou de costas para a porta do carro que ia entrar, encarou os repórteres e os respondeu.

— Maria : Ela está sendo cuidada por excelentes profissionais e muito bem protegida contra seu agressor. É o senador que terá que responder o porquê agrediu sua esposa. E com certeza nada o justificará!

Vivian esperou Maria entrar no carro, fotos foram batidas em direção a elas e ela ligou o carro e saiu de lá em silêncio .

Até que Maria no meio do caminho já mais calma, suspirou, levou a mão na testa e disse, quebrando o silêncio.

— Maria : Esse caso vai exigir muito da gente. Mas vamos conseguir.

Vivian a olhou de lado e assentiu.

— Vivian : Tenho certeza que passaremos por cima desse infeliz como um trator. E agora vamos para o hospital, Maria. José ligou e disse que Cecília já está em cirurgia.

Maria assentiu e colocou o cinto de segurança que tinha esquecido. E depois olhou seu celular que havia deixado no carro . Tinha mensagem de Estrela e Luciano nele e o número que ainda não tinha salvado, tinha vários ligações perdidas.

Longe dali Estevão entrava no carro que chegou no restaurante com Patrícia.

Ele tinha o celular no ouvido e falava grosso com alguém, enquanto Patrícia estava enfurecida. De repente Estevão parou tudo. E era como que ela já não existisse ali e só importava Maria e o fato que ela estava indo contra um senador mais poderoso do país . E Estevão sabia o que significava aquele poderoso. Como um homem de negócios cheio do dinheiro, Estevão tinha conhecimento de como era esse mundo. Astuto com os anos ele já sabia quem tinha escrúpulos e quem não . Já que era diferente, naquele mundo, entre quem só tinha dinheiro e quem tinha dinheiro e era perigoso. Que no caso Manolo era perigoso. Ele fazia parte de um partido que tinha muita sujeira escondida debaixo do tapete, mas apenas invisíveis para quem desconhecia aquele mundo de poderes, e Estevão conhecedor de parte dele mesmo se mantendo longe da política, tinha certeza que Maria estava se metendo em mais lençóis entrando em uma briga contra ele. Ela estava se metendo em um mundo que ela não conhecia mas ele sim.

E depois de ter passado todo tempo no celular e deixar Patrícia na frente de seu consultório, ele ligou para Maria mais uma vez. Que por seu desgosto, ela não atendia.

Ele não a queria naquele caso. Não a queria contra aquele homem que ela desconhecia o que ele poderia fazer.  Estevão não sabia quem era aquela Maria que viu na televisão, mas sabia em que rios estava metido o senador que ela estava jogando o nome dele na lama e carreira sem mais nem menos.

 


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